10 dicas para o 'detox das polêmicas´ na internet
05/02/14 03:04A amiga escrita-fina Vivi Whiteman, igualmente jornalista –quem mandou também não estudar!-, criou um termo genial: detox de polêmica.
Viciada, como a maioria de nós todos, em dar boiadas para não sair de um debate virtual, prometeu publicamente realizar tal desintoxicação. Não conseguiu, óbvio, oba.
Li a promessa genial de V.W. e rabisquei, nos meus guardanapos morais, os dez passos para atingir esta condição de verdadeiro monge tibetano em meio ao sururu diário da internet –seja a pauleira das torcidas organizadas dos partidos ou facções, seja o rebuceteio (sic) propriamente dito das fofocas e futricas.
1) Para que perder tempo lendo um colunista/blogueiro, de esquerda ou de direita (volver!), que você já sabe a opinião desde criancinha? Masoquismo, já dizia o lendário Marquês de Sade, só presta no amor e no sexo. Corra, Lola, corra.
2) No tribunal do feicibuqui, caro Tom Zé, recomendo a esses moços, pobres moços: não seja Barbosa nem Lewandowski, muito menos Gilmar Mendes. O barato é o Projeto Pilatos. No máximo uma carinha irônica de emoticons. Se você finge até orgasmo, Lola, por que não fingir também uma posição ideológica ou um alienado e desligado meia nove?
3) A única questão consensual nas redes sociais é meteorológica. Finalmente uma unanimidade sensata, tio Nelson. Jure não postar nada além do que um jocoso “o mamãe o que calor, ô mamãe ô que calor, calor calor na bacurinha!”Já para a piscina regan aqui de casa, corra, Lola, corra.
4) No futebol, limite-se a um “chupa CBF”, a um“Chupa Galvão”. Evite, principalmente, os preconceituosos “chupa bambi” (São Paulo) ou “chupa Barbie” (torcida do Náutico). Chupa, Lola, chupa, que isso tudo não passa de uma grande bobeira.
5) Evite comparar as Helenas do novelista Manoel Carlos. Sem essa literatura comparada toda, Lola. Chega de fazer do twitter, Lola, apenas uma sala de tv com gente desconhecida. Tv é um eletrodoméstico de família, Lola.
6) Mantra de todo aquele que deseja realmente a desintoxicação de polêmicas: “Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça, dando milho aos pombos”(música de Zé Geraldo). Essa não é do seu tempo, Lola, ao youtube, Lola.
7) Se madame detesta de cara o samba, pra quê brigar com madame? O esquema ho-ba-la-lá de João Gilberto, mesmo que você goste apenas de rock, Lola, é uma bela saída, funciona.
8) Em vez de brigar sobre a legalização (ou não!) da maconha, fume unzinho e relaxe, Lola, relaxe.
9) Vale também, Lola, a nova versão do velho adágio da ornitologia popular: passarinho que tuita pedra sabe o tamanho do cu que tem. Por ai, Lola, esse negócio de ditado nunca foi a minha praia.
10) Sendo mais direto ainda -que mané metáfora-, vale a velha placa de advertência do busão: fale ao motorista somente o indispensável. Desintoxica, meu amor, desintoxica!
Como na promessa de Santo Agostinho, meu preferido entre as entidades católicas, Senhor, livrai-me das tentações, mas não hoje. É isso que parece que estamos a recitar.
Ou, para ser mais contemporâneo, o “no, no, no” do hino da modernidade suprema, a canção “Rehab” da gênia das gênias Amy Winehouse (linda ali arriba na foto).
E chega de tesinhas, teses e tesões. Agora chegou a vez e a hora da sua contribuição para o nosso impossível detox de polêmicas. Bem que tentei. Alguém se atreve?