Amor, sexo & comida: qual o prato certo
21/02/14 12:07Te escrevo com uma dúvida que me veio à cabeça: existe algum prato, receita, que seja infalível para conquistar? Com açúcar e com afeto, como cantou o Chico. Ou com manteiga, na malemolência do Marlon Brando”.
A ilustrada leitora se refere, óbvio, ao filme “O último tango em Paris” (na foto), com a cena clássica em que o velho Brando besunta a jovem Maria Schneider para o sexo anal.
“Sabe, essas coisas gastronômicas/amorosas que afligem o ser humano na hora de ir para a cozinha preparar algo para alguém nessas ocasiões?”
Ô, se sei, aqui em casa se chama entrega em domicílio ou delivery, digamos assim. Mas compreendo deveras a questão, querida leitora L.
“Digo isso porque eu e meus amigos caímos em um debate recente sobre qual a melhor receita para – em termos contemporâneos – pegar alguém. Eles acham que um risoto de alho poró seria uma opção equilibrada, com poucas chances de errar.
Pode até ser, mas insisto que insisto que, quando a moça quer mesmo, não importa se é um miojo feito no micro-ondas ou a receita mais refinada que existe. O que importa é a intenção.”
Não existe mesmo receita ideal, L. Nunca vi alguém deixar de pegar alguém, para usar o termo da sua carta, por ter errado no ponto da comida. Se houver o fumegante desejo no ar, já era, pode ser uma dobradinha ou a mais refinada e picareta iguaria.
Óbvio que, na pegada metrossexual e/ou moderninha, o alho poró é mesmo um grande fetiche. Prefiro o alho de verdade, muito mais forte e excitante, mas não seria por causa do inocente vegetal Allium porrum, que deixaríamos de satisfazer a dama.
Prefiro algo mais forte, como um cabrito ou cordeiro, por exemplo. Cada um, cada dois, e vamos simbora.
Reconheço, no entanto, que ostras e frutos do mar são sempre grandes pedidas. Um homem de boa vontade aprecia e sabe que na ostra, desde Casanova, está o grande segredo de uma bela noite.
A gastronomia, porém, estimada leitora, tem sido o truque máximo utilizado pelos ditos “homens sensíveis” para abater as suas presas.
Não confunda, todavia, a afetação do homem-hortinha, aquele que se orgulha de usar temperos cultivados no próprio quintal, com delicadeza ou futuro na relação. Pode ser apenas mais um truque moderno. Corra Lola, corra.
Essa solenidade toda em torno da comida, com direito a altar no “espaço gourmet”, sei não, prefiro nem esticar os meus comentários.
Aliás, quando você toca em miojo, me ocorreu um lampejo mais do que óbvio e ululante: taí o grande prato. O tempo de preparo é equivalente à duração dos novos relacionamentos.
Mais sobre amor, sexo & comida, você pode ler aqui, caríssima leitora, nesta outra crônica sobre receitas para mulheres tristes.
Boa sorte, amiga, com ou sem olho poró.