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Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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De Gabriela a Jolie: o poder do vestido

Por xicosa
28/02/12 00:20

Fã declarado de mulher com vestido, vibrei com a fenda do Versace da beiçudinha Jolie.

A perna direita que a moça mostrou no Oscar tem lugar cativo no lado esquerdo do peito.

Observo, com o alumbramento de sempre, que o número de mulheres com vestidos cresceu neste verão. É chute e tara, evidentemente, mas vibro com o meu impressionismo.

Quem tem medo de um par de pernas desavergonhadamente à mostra?

V de vingança, V de vestido.

Tem homem que relaxa, admira a sua mulher em uma ousada peça.

Tem homem paranoico que põe logo a sua tromba de marido.

V o V de vingança de todos os micros, médios e macros vestidos.

Tubinhos, pretinhos básicos, com e sem alça, os brejeiros floridos…

E o tomara-que-caia, amiga, você já testemunhou a queda de pelo menos uma alça dessas na vida?

É lenda. Minha amiga Lin diz que não. Já foi vítima e foi testemunha.

Por mais que a gente seque, nunca vi uma peça  do gênero despencar na minha frente.

Vi quase.

O que importa é que nada nos cai tão bem ao desejo quanto um vestido.

Todo homem que é homem ama passear com uma mulher com a mais linda dessas peças.

Seja um Versace,  seja um baratinho de chita, como o da cena da Sônia Braga no telhado –no papel de Gabriela, a novela.

Homem que é homem, seja de SP, Paris, Nova York ou do sertão dos Cariris, vai à Maison ou às Casas Pernambucanas e traz uma bela peça de presente para a amada.

Até mesmo o Fabiano, que mal tinha um cobre no bolso, personagem do livro “Vidas Secas”, do gênio Graciliano, voltava da cidade com um corte de pano estampado para cobrir só o couro e o osso da sua mulherzinha querida.

V de vestido, decotes de todos os ossinhos, para deixar mais faceiras as gazelas, dar mais graça e maciez às cheinhas, realinhar a beleza  das afilhadas de Balzac, faiscar a brasa das belas cinquentonas e mergulhar as sexagenárias no banho de loja como se saltassem felizes na piscina de Cocoon, o filme.

A peça nos põe, homens de todas as gerações e gostos, mais românticos. O mais tosco dos canalhas sucumbe como um romeiro de joelhos diante de uma santa.

Gracias, Jolie, reacendeste o debate! Para alguma coisa este Oscar serve.

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O Oscar e outras 9 causas impossíveis

Por xicosa
27/02/12 02:30

Calma. Impossíveis até esta madrugada.Eu disse até agora. Um dia vai dar certo. Principalmente se o mundo não acabar no fim do ano, como diz a profecia dos maias.

1) O Brasil ganhar um Oscar. O tio Sam não quer conhecer a nossa batucada, como disse a jornalista baiana Joana Rizério.

2) Ricardo Teixeira deixar a CBF.

3) O Vasco deixar de ser chamado vice da Gama.

4) O Corinthians levar a Libertadores. Fuerza, São Jorge!

5) O fim do foro privilegiado para julgamento de políticos e autoridades.

6) O fim do reinado tucano no governo paulista.

7) O fim do reinado petista no governo federal.

8) O fim do jet ski, dos triciclos e quadriciclos nas praias brasileiras.

9) Os aeroportos funcionando pelo menos no padrão baixo nível das rodoviárias.

10) A volta da pornochanchada, a excelência da sétima arte brasileira. Como era gostoso o nosso cinema.

Contribua você também para ampliar a lista. E que São Judas Tadeu, o padroeiro do ramo, nos proteja nesta segunda-feira, amém.

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Benditas sejam as moças que pedem gostoso

Por xicosa
25/02/12 17:08

 

Depois da vadiagem e das cinzas, final de semana inteiro de encanto radical e devoção às moças aqui no blog. Benditas sejam as moças, meu caro Joaquim Ferreira dos Santos.

Depois do choro em público, como vimos no post anterior, enumeramos uma outra grande virtude de uma fêmea: a arte de pedir.

A pedido de uma delas, aliás, uma linda afilhada de Balzac, é que republico esta crônica das antigas, texto desconhecido dos meus mais novos leitores.

Como ia dizendo, como elas pedem gostoso.

Como elas são boas nisso.

Resistir, quem há de?

Um simples “posso pegar essa cadeira, moço?” vira um épico, noooosa!

É o jeito de pedir, o ritmo safado da interrogação, a certeza de um “sim” estampado na covinha do sorriso.

Quantos segredos se escondem na covinha de uma mulher.

Pede que eu dou.

Pede todas as jóias da Tiffany´s, minha bonequinha de luxo!

Estou pedindo: pede!

Eu imploro, eu lhe peço todos os seus pedidos mais difíceis.

Pede todos os vestidos originais de Yves Saint Laurent. Todas as bolsas caras e metidas da Chanel ou Louis Vuitton? Pede que eu compro nem que seja uma pirata no camelô.

Não me pede nada simples, faz favor.

Já que vai pedir, que peça alto. Você merece.

Como é lindo uma mulher pedindo o impossível, o que não está ao alcance, o que não está dentro das nossas posses.

Podemos não ter onde cair morto, mas damos um jeito, um truque, um cheque sem fundos.

Até aqueles pedidos silenciosos, quando amarra a fitinha do Senhor do Bonfim no braço, são lindamente barulhentos.

Homem que é homem vira o gênio da lâmpada diante de uma mulher que pede o impossível.

Ah, quero o batom vermelho dos teus pedidos mais obscenos. É Wando que se recebe.

Quero o gloss renovado de todas as vezes que me pede para fazer um pedido, assim, quase sussurrando no ouvido: “Amor, posso te pedir uma coisa? Posso mesmo?”

Um castelo na Inglaterra?

Sim, eu dou na hora.

Que o Corinthians seja campeão da Libertadores?

Sim, eu opero o milagre.

Como no pára-choque, o que você pede chorando que não faço sorrindo?!

Um papel de estrela no novo filme de Almodóvar?

Deixa comigo que já tomo um drinque com ele e adiós.

Pede, benzinho, pede tudo.

Que eu largue a boemia, pare de beber e me regenere?

Pede, minha amada, que o amor tudo pode, por você cumpro as promessas de todos sambas de regenerados.

Que eu suba na pedreira Paulo Leminski, em Curitiba, e declame os mais lindos poemas de amor verdadeiro?

Só se for agora, estou indo.

Os melhores cremes da Lancôme? Vou a Paris agora, nem que seja a nado.

Eu lhe peço, me pede.

Não pede mimos baratos… Pede ATENÇÃO, por exemplo, a mercadoria fora de catálogo e a mais cara do mundo no momento.

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Chorar em público revela mulher superior

Por xicosa
24/02/12 17:09

Anna Karina no filme "Viver a vida"

Eis mais uma, entre as tantas, vantagens das fêmeas sobre os marmanjos: a coragem, o destemor, a arte de chorar em público.

Se o choro vem, as mulheres não congelam as lágrimas, como os moços, esses moços, pobres moços…

Não guardam as lágrimas para depois, como nós, que sempre adiamos as cachoeiras interiores, não levam as lágrimas para derramar escondidos na alcova.

Pior ainda é o homem que não chora nunca. Além de fazer mal ao coração, esse tipo não merece muita confiança.

As mulheres não, falo da maioria das fêmeas, desabam em qualquer canto e hora. Se estão mal de amor, choram na firma, no escritório mesmo, na fábrica, choram no trânsito, choram no metrô, simplesmente desabam.

Como invejo as lágrimas sinceras das moças.

Quantas vezes a gente não se preserva, por fraqueza, enquanto as lágrimas, em queda d´água, batem forte no peito machista e viram apenas pedras do gelo do uísque.

Como invejo as mulheres que misturam sim o trabalho com o drama furioso da existência.

Desconfio da frieza profissional, das icebergs de tailleur, que imitam os piores homens e guardam tudo para molhar o travesseiro solitário numa noite de inverno.

Ora, as mulheres podem ser infinitamente poderosas, administrarem plataformas de petróleo nos mares e chorarem um atlântico diante de uma indelicadeza da vida.

Lindas e comoventes as mulheres que choram em público, nas ruas, nos cafés, nos bares, nos restaurantes, no táxi. São antes de tudo umas fortes. Tristes dos que estranham ou ficam envergonhados com o mais verdadeiro dos choros.

Triste dos que acham que não levam a sério, que tratam como sintomas da TPM e chiliques do gênero, que fracasso. Ora, até mesmo os choros de varejo, não importam as causas, são comoventes. Chorar engrandece.

Fazer amor depois de lágrimas, então, é sentir o sal da existência, romanticamente, sem medo de ser ridículo ou cafona.

Acabei de testemunhar uma dessas lindas e corajosas moças, chorava no metrô da avenida Paulista.

Por que chorava aquela moça?

A moça não escondia os soluços do choro. Terá discutido a relação, a velha D.R., à boca da estação Paraíso? Veste roupa de trabalho sério, e chora.

Daqui a pouco estará sentada na sua cadeira de secretária, exímia, bilíngüe, a serviço da grana “que ergue e destrói coisas belas”.

Teria levado um pé-na-bunda, um fora? Teria visto o casamento pelo binóculo do titio Nelson Rodrigues? Perdoa-me por me traíres?

A moça que chorava sabia que o amor -repito o que já disse mil vezes no blog- é como o metrô na avenida Paulista: começa no Paraíso e termina na Consolação.

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10 coisas esquisitas no início do fim do mundo

Por xicosa
23/02/12 03:45

Finalmente o ano em que mundo vai acabar começou. E começou repleto de paradoxos e estranhezas.

Um ano assim meio Carrie, a estranha (na foto), como no filme estranhíssimo dirigido por Brian De Palma em 1976. Gênio do mal-assombro.

Não há estranheza, porém, no gol perdido de Deivid, na virada do Vasco sobre o Flamengo não conta. Se fosse no sexo não seria apenas uma brochada (ou broxada, como admitem alguns dicionários), seria uma castração, caro doutor Freud.

Norrrmal.

Vamos às 10 coisas mais esquisitas deste início do ano da graça de 2012:

1) Luiz Gonzaga, o maior artista brasileiro de todos os tempos, fugia do carnaval como o diabo da cruz. Foi o grande vencedor da folia momesca. Só deu ele na melhor festa de rua do mundo, homenageadíssimo no Recife. Deu o Rei do Baião na cabeça no triunfo da Unidos da Tijuca.

2) Kassab, com aquela cara de leso, pode entrar para a história como o primeiro político a engambelar o Lula. Fechou apoio ao petista Haddad e deve cair nos braços de Serra na disputa pela prefeitura de SP.

3) São Paulo, o clube, contrata Justus para atrair investidores. Precisa dizer mais alguma coisa?

4) Uma colaboração gringa: Ron Wood diz que Rolling Stones “estão prontos” para nova turnê. Sosseguem, minhas pedrinhas preciosas!

5) Paris, Urgente: Brigitte Bardot, tão libertária em muitos anos de vida, apoia histericamente o fascismo dos Le Pen nas eleições francesas. Só ouvindo a música do Tom Zé, agora mesmo, sobre a velha e gostosa musa!

6) Madri, caliente: cansada de se curvar ao Brasil, a Europa agora se curva a uma cópia fiel da Monalisa do acervo do Museu do Prado.

7) Lei Antiálcool é a única coisa que dá certo no Carnaval de São Paulo. Recorde de multas. No que o meu amigo Pereira, paulistano da gema, viva o Brooklin Novo, parodia o tio Nelson Rodrigues: “A pior forma de solidão é a companhia de um paulista sóbrio na folia momesca”.

8) Botar um bloco na rua em SP, caro amigo Sergio Sampaio, é mais burocrático do que enterrar um morto no interior de Cuba. Pra liberar a alegria é um tédio cartorial sem fim junto às subprefeituras.

O cordão Kolombolo, que sai na Vila Madalena, foi interrompido pela polícia ainda na véspera carnavalesca.

O bloco Acadêmicos do Baixo Augusta acabou exilado em um estacionamento alugado.

9) Manchete cotidiana: Jovem é morta após reagir a cantada durante Carnaval no Rio. Pior é que não é apenas no Carnaval. Muito menos somente no Rio. O puxão de cabelo e o beijo à força, essas tremendas delicadezas em matéria de cantada de macho escroto, continuam rolando em Salvador e nas ladeiras de Olinda.

10) O rodízio de carros em SP volta a vigorar e não sentiremos menor efeito. Defendo o esquema meio a meio. Metade fica na garagem e metade vai pra rua –uma vez que essa obsessão maluca pelo automóvel não tem jeito mesmo!

Como diz o amigo Peréio, habitante da Bela Vista, “sou pedrestre, puerra!”

Deixe agora, amigo, aí nos comentários, a sua contibuição às coisas esquisitas deste 2012 que começa agora. Sim, só o senso comum me interessa.   E bom fim do mundo a todos!

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Em busca da macheza perdida, homem se fantasia de homem

Por xicosa
21/02/12 16:12

A nostalgia do macho perdido fez muitos marmanjos se vestirem de homem –e não mais da fantasia de ser mulher- nesta folia. Óbvio que o enunciado deste Freud de pé-sujo não vale para as “Virgens de Olinda”, o maior bloco de travestidos do mundo.

Também vi homens fantasiados de Laerte no carnaval de Pernambuco. Como o DJ Dolores, no capricho e na estica na festa do “I Love Cafusú”. Coisa fina!

O que mais chamou a atenção, repito, foi a nostalgia de ser homem à moda antiga. Ou homem simples. Como ensina, paulofreirianamente, o cafuçú-mor Reginaldo Rossi nos seus shows para os suburbanos corações.

Um popular, um passante, um homem de bairro, um homem provedor com o pão debaixo do braço na volta para o lar doce lar.

Um homem de capanga. Não um homem de nécessaire.

Pena que seja apenas uma vaibe nostálgica, uma fantasia carnavalesca.

Pois como bem sabemos, da capanga básica com, no máximo, uma latinha de Minâncora, um cortador de unhas (tipo Unhex) e um tubo de polvilho antisséptico Granado,  chegamos a uma sortida nécessaire de cremes e frescuras.

Daí para uma sobrancelha desenhada foi um pulo.

Tudo isso começou, repito, quando Deus, de uma costela de David Beckham, criou o metrossexual.

Perdido no mato sem cachorro ou GPS, esfoliado e mal-pago, o macho parece tentar uma desforra contra o avanço histórico da fêmea.  Justamente no campo da cosmética.

Sintoma do triunfo do metrossexualismo , que deixa o seu rastro de peles lambuzadas e mulheres divididas.

Há quem goste. Tenho percebido, porém, um coro de moças perplexas diante deste novo caubói sensível da montanha.

As últimas queixas que ouvi de amigas intrigadas com seus rapazes delicados:

“A bancada de potinhos de creme dele é maior do que a minha, como é que pode uma coisa dessas”.

“Outro dia, repare, ele demorou mais para se arrumar do que eu, de tanta dúvida que tinha com as vestes. Nos atrasamos para o cinema”.

“Fico revoltada quando um marmanjo, e dito hétero, fura a fila da clínica de depilação. Eles são cada vez mais presentes”..

“Outro dia ficamos disputando o espelho do banheiro do hotel, vê se pode!”

Pode sim, minha querida, o macho-jurubeba, o dito cavalheiro à moda antiga, já era, não passa de fantasia carnavalesca.

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Do homem dominado ao macho-tupperware

Por xicosa
20/02/12 14:56

Se o Carnaval 2011 foi a festa do homem dominado –“vou não, quero não, minha mulher não deixa não”, como resumiu o hit-, a farra deste 2012 é do macho-tupperware.

Este tipo especial é aquele marmanjo que a predadora moderna pega na noite, normalmente muito borracho e sem condições técnicas de uso, para abater no dia seguinte.

Tal criatura é presa fácil em qualquer noite. No Carnaval, porém, o acesso é no balaio, na baciada. Você, amiga, cata às tuias, aos montes, em qualquer beco do Recife Velho ou nas ladeiras de Olinda.

Nesta madruga, por exemplo, testemunhei a minha amiga M.Y. arrastando uns três para casa. Parecia uma corda de caranguejos.

Especialista em homens do gênero, a danada pegou dois no “I Love Cafusú” e o outro na “Sala da Justiça”, um super-herói cansado de guerra, um capitão-lama que virou tijolo nesta manhã de segunda-feira.

A bela afilhada de Balzac, mulher linda nos seus três ponto nove turbinada, merece. Acabou de abater os mancebos e já correu para o bloco “Amantes de Glória”, na praça do Arsenal, em busca de novidades.

É, amigo, sinal dos tempos.

O macho desse tipo, assegura M.Y., é uma dócil criatura que não dá quase trabalho. É o cara ali na faixa dos 40 ou mais, já foi casado ou se trata de um solteiro convicto e não vai grudar na barra da sua saia como faria um imaturo homem jovem.

O sujeito que se guarda como a um bom fiambre no tupperware, reforça a amiga, é quase perfeito: apaga assim que deita na cama, portanto não corre o risco de desfiar besteiras ou tecer falsas promessas.

É praticamente um homem sem mentiras, o que se torna um épico em se tratando da raça, diz M.Y., com mais uma demão nas suas peculiares tintas do exagero.

A criatura do gênero nem sempre percebe a sua condição de presa guardada para o abate matinal.

A não ser os profissionais do ramo, figuras menos machistas que flanam pela noite com o desapego e o lirismo de um poeta do século XIX. Estes adoram e ainda fazem sonetos, com odes ao acaso, enquanto a predadora ingere sua inocente tigelinha de iogurte com cereais.

Para M.Y., é bom que se frise, pouco importa se o tal sujeito tem pendores românticos ou não passa de um tosco que usa apenas 10% da sua cabeça animal.

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Homem do gás é o fetiche sexual da hora

Por xicosa
17/02/12 18:09

Nada do velho mecânico sujo de graxa,  o pescador da praia deserta ou caminhoneiro na banguela do desejo e da sorte. O fetiche da vez é o homem do gás.

É o grande bagaceiro deste carnaval. Ele estava na prévia-cabaré do bloco “I love Cafusú”, no Recife, ele já está nas ladeiras de Olinda, ele é onipresente na farra momesca.

Aquele barulhinho e tudo no botijão, tec-tec-tec, prefixo incendiário dos vendedores do gênero, virou Mozart para o ouvido das moças, as moças prendadas, as moças que cozinham os nossos juízos e fazem sarapatel dos nossos corações em plena lua de mel.

O encanador, esqueça, o operário teve o seu tempo entre as belas comunistas dos anos 70. O leiteiro, adeus, foi atropelado pela vaca mecânica. O carteiro, coitado, foi mordido pelos cães modernos da impaciência, a carta de amor também, meu bem, já era.

Adeus urso pé-de-lã, civilizadíssimo, bons modos, amante da discrição e do silêncio, o sábio come-quieto, esqueça.

A hora e a vez, reza a crônica de costumes, é do nada discreto homem do gás. Celebrado pelo grupo Tanga de Sereia, aqui em Pernambuco, o malaco, o ligeiro, o tinhoso, o tampa de Crush dos novos tempos não é apenas mais um Ricardão passageiro, coisa de moda, tendência etc.

O homem do gás é o novo terror dos lares, mal-assombro sem mistério que age em plena luz do dia, ali por volta das onze e meia, quando o tempero da vizinha reacende a vida, quando a fome e a vontade de comer dançam a valsa da “mucica”, quando a panela de pressão apita na curva.

Pense numa criatura por quem não podemos mesmo botar a mão no fogo. Imagine numa criatura altamente periculosa e inflamável.

“Eu tão necessitada,mandei ele entrar/ Não esqueço jamais/ E com o meu corpo em chamas/ Fiz amor com o homem do gás”, diz a edificante letra de Paulo Roberto, rapaz decente do “Tanga”.

Mas perdição mesmo é o clipe da  música do Tanga de Sereia com a atriz Hermila Guedes no papel da honesta chofer de forno & fogão. Um sucesso aquele shortinho amarelo!

É, amigo, o cafuçu da hora é o homem do gás, todo cuidado é pouco com esse cabra, pois ele chega justo na hora em que você reclama da comida de casa, na hora do enjôo, do fastio de viver, exatamente naquela fase que negamos amor & fuego  à pessoa amada.

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Por que o Carnaval do Recife/Olinda é o melhor do mundo

Por xicosa
16/02/12 20:02
by José Cláudio

 

1) Tem o melhor jazz do planeta, o frevo. De Capiba, Nelson Ferreira às reinvenções de Spock e banda Eddie.

2) Não tem corda para separar os foliões com-abadás da “pipoca”. E olhe que Pernambuco foi a terra-mor da Casa Grande & Senzala.

3) Tem o Homem-da-meia-noite, o maior e mais elegante galanteador da história.

4) Tem música para quem obrigatoriamente não curte som de carnaval, vide festival Rec Beat.

5) Tem o Urso Mimoso de Afogados e mais uma centena de agremiações do gênero.

6) As meninas erotizam nas fantasias com sinceridade – vide as jambo-girls mais lindas do planeta.

7) Os maracatus formam o espetáculo mais psicodélico de todas as galáxias.

8) Tem Nação Zumbi. Ponto.

9) A festa “Sem Loção” radicaliza e “toca o puteiro” na zona portuária.

10) As Coroas de Aço Inox, lindas afilhadas de Balzac, provam que a beleza não carece de botox. Elas fazem a festa da zona norte no Hipódromo.

Evoé, Momo!

Crônica carnavalesca diária aqui no blog. Direto do Hellcife. Vem brincar comigo. De máscara sou mais bonito!

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Etiqueta: até que o Carnaval os separe

Por xicosa
15/02/12 12:58

Evoé, Momo! O blog mais amoroso do país, sempre preocupado com o que restará dos casais depois das cinzas da quarta-feira, deixa aqui algumas dicas para os foliões enamorados.

Resumo do baticum: como sobreviver inclusive aos tremendos e naturalíssimos barracos momescos.

Você sabe, amigo, você entende, amiga, é difícil brincar o carnaval com as algemas amorosas em punho.

Comédia de erros mais troncha. Pobres casais que resolvem pôr a algema e sobreviver juntinhos à prova de sacanagens e adultérios provisórios.

E aqueles pombinhos acolá, repare bem, se separaram antes do cocorocó dionisíaco do Galo da Madrugada.

Não sobreviveram às saídas do “Enquanto isso na Sala da Justiça”, do “I love Cafusú” nas ladeiras de Olinda. Não aguentaram nem a maciota do “Urso Manhoso da Mustardinha” no Pátido de São Pedro.

Cada um para o seu lado até o bacalhau da quarta. Até as cinzas cristãs para benzer e encobrir os chifres na fronte do artista.

Seja no Recife, Rio ou Salvador, a mesma pipoca do amor e da sorte. Danou-se.

Porque separação de carnaval não conta, é resenha de horas, fábula com urso do pé de lã como protagonista, os Ricardões clandestinos da vida.

Barraco para turista ver que não somos cool, ah, de jeito nenhum, que não somos frios, que não somos ingleses, que o meu sangue ferve por vocês, minhas jambo-girls fantasiadas de colegiais, diabinhas ou de freiras.

Quantas vezes já vimos essa comédia?

Existem os que se separam na semana pré ou na véspera do glorioso sábado de Zé Pereira. Haja nego a inventar confusão sem sentido a semana toda. Cantando o tempo inteiro “Me dê motivo!”

Haja lavagem de roupa suja, pendengas antigas, roupa que já virou molambo, pano de chão, qualquer coisa serve para uma boa refrega.

Passar na cara do outro uns chifres que de tão velhos já viraram artesanato, pente, bugiganga de hippie, enfeite do Bar dos Cornos…

Me dê motivo! Que comédia! Tudo para dar uns beijos na boca de uns belos desconhecidos e desconhecidas.

Traição de carnaval não conta, meu irmão, perdão pela ignorância, mas sai na urina.

Na quarta lá estão vocês, dividindo a mesma aspirina, a mesma rotina-tapioca da harmonia dos lares.

“Então tá combinado, cada um vai para o seu lado.” Bom se pudesse ser assim, mas o sangue quente não deixa, somos passionais, corações à cabidela, corações ao molho sanguinolento.

Vai ser sempre um drama, diz que me ama, porra. Então tá combinado, coincidência de pensamento, cada um na sua safadeza.

Então tá combinado, se quer aprontar, não me atarracha um chifre público, vai lá no privê do Baile dos Casados, lá em Afogados, Recife, Pernambuco.

Então tá combinado, tu brincaste todo à vontade no bloco das Virgens, vestido de heterossexual enrustido, agora me deixe, peste!

Pense! Pense num casal mal-intencionado! Esse sim, um raro casal relax, civilizadíssimo, fica beijando de três, quatro, valha-me Deus, seriam do bloco dos pansexuais?

Eu já vi esse filme, viste? Se é um casal de primeira viagem, primeiro carnaval de mãos dadas, menos grave, embora os perigos rondem a carne do mesmo jeito.

E quando um dos dois vira o maior moralista desse mundo, conservado em barris de bons costumes, condenando até o beijo no rosto mais inocente?

Pense em dias em que se vive perigosamente. E a graça é essa. A boa onda da festa da carne. No melhor sentido cristão que deu origem à fuzarca.

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