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Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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God bye Emmanuelle

Por xicosa
19/10/12 18:11

 Quando o amigo Eduardo Beu me deu a notícia, não tive dúvida, peguei um barquinho no rio Paraguaçu, em Cachoeira, na Bahia, onde me encontrava na Flica, bela festa literária, e sai perdido, como aqueles caras que perderam Deus e passaram a acreditar em  Jim Jarmusch.

Havia feito, uma semana antes, um tributo a ela, no Wonka, em Curitiba, recriando a letra de “God bye Emmanuelle”, de Serge Gainsbourg, no projeto “Trovadores do Miocárdio”.

A morte da atriz holandesa Sylva Kristel, a Emmanuelle, aos 60 anos, me deixou à deriva. Por isso demorei tanto para escrever sobre.

Essa mulher foi tudo. Essa mulher levou a linha do destino da minha mão direita de tantos gozos do vício solitário.

Essa mulher me matou de gozo, essa mulher não morre nunca no meu pobre juízo.

Se um homem que é homem tem mais de 40 anos… esse homem se derreteu, alguma vez na vida por essa respeitável holandesa.

Que me desculpe, amigo, estou emocionado, embora tenha buscado na fuga do Recôncavo baiano o esquecimento dessa morte.

Mesmo lesado, perdido, não teve jeito. Só pensei em ti, Emmanuelle, principalmente você amando um homem em pleno voo lindo e noturno.

Eu te amo, Emmanuelle, que a vida lhe seja leve.

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Que bonito é uma fêmea com apetite

Por xicosa
17/10/12 11:23

 

“A comilança”, filme inspirador. Recomendo

Fazia tempo que não via uma mulher comer com tanto gosto e determinação.

Todas as fomes, fome de tudo, fome de viver.

Foi agora em Curitiba, no Gato Preto, em um jantar dançante neste lugar ímpar, o melhor da madruga na cidade dos vampiros literários.

A moça devorava uma costela, especialidade da casa, em um cenário que reúne profissionais da noite e amadoras. Ambiente incrível com direito a uma dupla –tecladinho e voz- de músicas românticas e gauchescas.

Como comia gostoso aquela dama. Lambia os beiços às duas da madrugada. K., minha musa existencialista, que o diga. Voltávamos do Wonka, onde apresentei com o Fausto Fawcett mais uma edição do projeto “Trovadores do Miocárdio”.

Aquela comilança da curitibana me faz retornar ao tema do medo das mulheres diante da balança.

Você, amigo, sai com a pequena, e ela só belisca, qual um passarinho, uns saudáveis farelos ou engole umas folhinhas sem graça.

Que desgosto.

Você caprichou na escolha do restaurante, acordou com água na boca por um prato que só você sabe onde encontrá-lo, quer fazer uma presença, fazer bonito com a cria da sua costela.

Que desgosto, a gazela mira o ambiente com “nojinho”, de tão fresca. Uma estraga-prazeres, eclipse de um belo sabadão ensolarado.

Ah, nada mais bonito do que uma mulher que come bem, com gosto, paladar nas alturas, lindamente derramada sobre um prato de comida, comida com sustança.

Os olhinhos brilham, a prosa desliza entre a língua, os dentes, sonhos, o céu da boca. Ela toma uma caipirinha, a gente desce mais uma, sábado à tarde, nossa doce vida, nossos planos, mesmo na velha medida do possível.

Pior é que não é mais tão fácil assim encontrar esse tipo de criatura. Como ficou chato esse mundo em que a maioria das mulheres não come mais com gosto, talher firme entre os dedos finos, mãos feitas sob medida para um banquete nada platônico.

Época chata essa. As mulheres não comem mais, ou, no mínimo, dão um trabalho desgraçado para engolir, na nossa companhia, alguma folhinha pálida de alface. E haja saladinha sem gosto, e dá-lhe rúcula!

A gente não sabe mais o que vem a ser o prazer de observar a amada degustando, quase de forma desesperada, um cozido, uma moqueca, uma feijoada completa, uma galinha à cabidela, massa, um chambaril, um sarapatel, um cuscuz marroquino/nordestino, um cabrito, um ossobuco, um bife à milanesa, um tutu na decência, mocotó, um baião de dois, uma costela no bafo, abafa o caso!

Foi embora aquela felicidade demonstrada por Clark Gable no filme ”Os Desajustados”, quando ele observa, morto de feliz, Marilyn Monroe devorando um prato de operário. E elogia a atitude da moça, loa bem merecida.

Além do prazer de vê-las comendo, pesquisas recentes mostram que as mulheres com taxas baixíssimas de colesterol costumam ser mais nervosas, dão mais trabalho em casa ou na rua, barraco à vista, intermináveis discussões de relação…

Nada mais oportuno para convencê-las a voltar a comer, reiniciá-las nesse crime perfeito.

Moças de todas as geografias afetivas e gastronômicas, aos acarajés, às fogazzas, aos pastéis, aos cabritos assados e cozidos, ao  sanduíche de mortadela, à dobradinha à moda do Porto, ao lombo -de lamber os lábios!-, ao churrasco de domingo para orgulho do cunhado que capricha na carne e sabe a arte de gelar uma cerva. E aquela fava, meu Deus, com charque, enquanto derrete a manteiga de garrafa, último tango do agreste.

O importante é reabrir o apetite das moças, pois, repito, senhoras e senhores, o velhíssimo mantra: homem que é homem não sabe sequer -nem procura saber- a diferença entre estria e celulite.

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Amores na firma: o caso da estagiária

Por xicosa
15/10/12 18:09

Episódio de hoje: o caso da estagiária. É sério, amigos, o amor na firma é sempre uma boa história para começar a semana.

Só quem tem algum rolo na repartição ou na empresa torce para que acabe logo a folga.

Recebo sempre queixas e relatos, em busca de conselhos, deste gênero. Principalmente de estagiárias que se apaixonaram ou se enrolaram com os seus superiores, digo, superiores hierárquicos.

É o que narra a leitora Y., que me pede encarecidamente que não revele seu santo nome. Jamé, mon amour.

“Venho aqui só pra dizer que acho que preciso e mereço um post seu, como um conselho para um caso perdido que tantas de nós nos encontramos. Meu caso é típico de novela do SBT”, conta a bem-aventurada moça de São Paulo.

Estar em uma roubada é inevitável, perder o humor jamais. Parece o caso da senhorita Y. Linda!

Breve resumo, nas palavras dela: a moça faz jornalismo, começa a estagiar, conhece o editor que não é tão bonito, mas é charmoso, inteligente, carinhoso, fofo, diz que gosta, mas -e SEMPRE TEM UM ‘MAS’- namora, sim, ele tem namorada!

O cara faz declarações a mil, diz que tenta mas não consegue ficar longe da estagiária, dá chocolate, carona, mensagem de bom dia, boa noite, boa tarde, mensagens de “estou pensando em você” etc.

Terminar com a namorada que é bom… necas! Fica só na promessa. O cara, na faixa dos 30, namora há três anos com a dita cuja e fica naquele vai-não-vai do samba de Ossanha.

“Não duvido que ele goste sinceramente de mim, mas e aí? Que fazer? Ser enganada é foda, mas ser a famosa ‘a outra’ também é”, desabafa a queridíssima senhorita Y.

Compreensiva e generosa ao infinito, pelo menos na sua carta a este cronista, Y. diz que não é ciumenta. Basta se sentir amada e querida. Está limpo. O que a incomoda, me conta, é pensar em estar causando o sofrimento da “eleita” , digo, da namorada dele. Ela quer porque quer casar.

Senhorita Y. confessa que é doloroso saber que tem uma outra pessoa no meio desse drama/trama. Uma pessoa crente que é amada.

Romântica, confessa que sente duplamente: por não concretizar o seu amor de fato e também por ser um possível entrave no amor deles. Pelo que entendi, é isso.

O que fazer? Ela pergunta. Bronca, amiga Y. Difícil mesmo. Já vi, vivi, testemunhei muitos amores de redações. Não tenho receita.

Vi estagiárias vingarem em amores demorados. Vi estagiárias penarem chupando o frio chicabon da solidão e, às vezes, do desemprego. Vi de tudo.

Na média de tudo que assisti na vida, fosse você daria um tempo para ele pensar na vida, me afastaria um pouco e o deixaria em uma sinuca, afinal de contas é muito cômodo o papel dele nessa história.

Se estagiário(a) já sofre apenas com as duras humilhações trabalhistas, como bem sabe o amigo Allan Sieber, imagina na dupla jornada do amor e da sorte.

Meus leitores, principalmente minhas leitoras que viveram esse drama, talvez tenham melhores palpites. Vamos ajudar nossa amiga Y. Comovido, peço vosso palpite aí nos comentários.

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Gente que não sabe quem é Carminha

Por xicosa
13/10/12 22:38

Já fui mais noveleiro. Não deixo, porém, de dar uma espiada e sei, minimamente, quem são Carminha, Nina e Tufão. Com a mineirinha Débora Falabela, aliás, fiz até um clipe –sim, sou um vagabundo pop hahaha- do Sidney Magal. Beijei os pés da lindeza, repetindo meu vício, minha tara na vida real.

Dou uma espiada, vez por outra, nas novelas, desde a genialidade de “Saramandaia” (Dias Gomes). No momento, porém, os personagens que mais tenho admirado são as figuras que não fazem a menor ideia de quem matou o Max. Não sabem e riem dos que querem saber.

Alguém canta “oi, oi, oi” e estas pessoas, genialmente desligadas, acham que é mais um comercial involuntário de uma firma telefônica. Alguém fala do “Divino” e elas pensam apenas no Ademir da Guia, o ex-jogador do Palmeiras que tem esse apelido.

Admiro mesmo estas pessoas. E não estou falando de intelectuais esnobes perdidos em tantas notas de rodapés. Trato dos machos & fêmeas bem normais. Como meu pai, por exemplo. Quase todo mundo lá no Sítio das Cobras, em Santana do Cariri, ligado em “Avenida Brasil” e ele, tranquilamente, ouvindo o canto da mãe-da-lua.

Tudo bem. O velho Francisco não vale. É um exemplo muito sertão-veredas. Então convoco a Wanda, amiga de SP, moderníssima, que ama viver por fora. “Que lixão é esse que tanto falam?”, me perguntou ontem, ao telefone, em pleno horário da novela.

E assim tantos e tantos outros que não fazem parte da massiva audiência. São admiráveis pela capacidade de não se envolverem com as grandes ondas. Caso do amigo Pedro, ex-vizinho do Recife, que saiu do twitter por quase nunca ter ouvido falar nos dez principais assuntos comentados.

Não consigo ser um deles, mas como invejo estes “lesados”, como se diz no Nordeste. Não perdem tempo com a maioria das modas & modinhas. A impressão é que vivem mais a vida deles mesmos. Só impressão. Não tenho tese sobre o tema.

O que você acha, amigo(a)? Você consegue viver longe da novela da vez?

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Campanha permanente pela carta de amor

Por xicosa
11/10/12 02:24

A carta escrita à mão, com local de origem, data, saudações, motivos, despeço-me por aqui, papel fininho e pautado, pelos Correios, portadores ou menino de recados.

Como canta o rei Roberto, escreva uma carta, meu amor, e diga alguma coisa por favor.

Agora Beatles: Ô, mr. Postman!

Tem também aquele do Waldick Soriano, nosso Johnny Cash baiano: “Amigo, por favor leve essa carta/ e diga àquela ingrata/ como está meu coração…”

É nossa campanha permanente pela volta da carta de amor, manifesto sempre repetido neste blog.

Chega de SMS e emails lacônicos e apressados. Debruce a munheca sobre o papiro e faça da tinta da caneta o seu próprio sangue.

Não temas a breguice, o romantismo, como já disse o velho Pessoa, travestido de Álvaro de Campos, todas cartas de amor são ridículas, e não seriam de amor se ridículas não fossem.

A carta, mesmo com todas as modernidades e invencionices, ainda é o melhor veículo para declarar-se, comunicar afinidades e iniciar um feitio de orações.

O que você está esperando, vá ali na esquina, compre um belo papel e envelopes, e se devote.

Se tiver alguma rusga, peça perdão por escrito, pois perdão por escrito vale como documento de cartório.

Se o namoro ainda não tiver começado, largue a mão dessas cantadas baratas e internéticas e atire a garrafa aos mares.

Uma boa carta de amor é irresistível. Mas não vale copiar aqueles modelos que vêm nos livros. Sele o envelope com a língua, como nas antigas, lamba os selos, esse pré-beijo dos lábios da futura amada.

De novo o cliclê de Pessoa, para encorajá-los mais ainda: “As cartas de amor, se há amor, têm de ser ridículas”.

Às moças é consentido, além dos floreios e da caligrafia mais arrumadinha, a reprodução de um beijo, com batom bem vermelho, ao final, perto da assinatura.

Que os amigos,e não apenas os amantes, se correspondam, fazendo dos envelopes no fundo do baú as suas histórias de vida.

Pela volta da carta, que já é por si só uma maneira devota, um tempo que se tira, sem pressa, para dedicar-se a quem se gosta. Pela volta da carta, pois o que se diz numa carta é de outra natureza, é o bem-querer em tom solene.

O que você está esperando, meu amigo, minha amiga, largue esse cronista de lado e debruce-se sobre a escrivaninha. Uma mesa de bar ou de um café também são bons lugares para assentar as suas mal-traçadas linhas.

Lembrei-me agora de um começo clássico de missivas: “Venho por meio desta dar-te as minhas notícias e ao mesmo tempo saber das tuas…”

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Inventar demais no sexo é um perigo

Por xicosa
09/10/12 13:47

Existem várias maneiras de arruinar a grande noite. A noite dos sonhos, a noite do meu bem, como cantaria Dolores Duran.

Uma delas, além da ansiedade que pipoca no corpo como sarampo, é tentar reinventar a roda, digo, o sexo, como se fosse possível recriar o Kama Sutra.

Não tente reinventar os guias eróticos nas primeiras noites. Ao contrário do que supunha a lindeza do lirismo de Manuel Bandeira, as almas até podem se entender desde o primeiro flerte, os corpos não.

Faça como a moça da canção “Goodbye, Emmanuelle”, do Serge Gainsbourg. Ela não aprendeu a amar nos manuais, ela precisava de sua dose de “eu te amo” pelo menos uma vez por ano.

Não tente reinventar o Kama Sutra nas primeiras noites, deixo o eco como mantra nesta página.

A dramaturgia da cama não é para amadores.

Não é qualquer donzelo que resiste às firulas –supostamente inovadoras- da alcova, à ginástica das pernas, à coreografia dos braços e ao bate-coxa propriamente dito.

A verdadeira e religiosa pornografia é a intimidade. Somente nesse estágio podemos tudo.

Ai sim, quando atingimos esse nirvana, Manuel Bandeira volta a ter razão: podemos até dispensar as almas, pois os corpos já se entendem à vera.

Passa a valer o verso do mesmo poeta: “Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma”.

Não acredite no pacote completo de óleos para massagens, incensos a granel, vendas nos olhos, algemas e outros badulaques. Isso é o pacote completo da revista “Nova”, mega sugestivo, não necessariamente um grande orgasmo.

Não acredite nas confusas artimanhas de pernas e mil um malabarismos. Isso é coreografia do Circo de Soleil, não obrigatoriamente um bom sexo.

Com tantas acrobacias forçadas, você pode levar o seu parceiro a uma contusão ou até uma fratura mais séria.

Coitado, ele pode ter que fumar aquele cigarro pós-coito em uma clínica ortopédica ou em um milagroso massagista japonês.

Se bem que outro dia, uma dessas jovens inventivas acabou proporcionando um momento inusitado a este velho cronista. Um milagre.

Combalido pela falta de potássio e entregue aos malabarismos da moça, tive um cãibra que fez, por acaso, o maior sucesso.

A perna esquerda ficou dura, dei uma mexida brusca, tentando apenas levar a perna ao teto para me livrar da dolorosa contração espasmódica do tecido muscular.

Quase morri.

E não é que me consagrei, amigos. A agoniada ninfomaníaca em flor subiu pelas paredes. Viu naquela manobra de sobrevivência a mais avançada técnica indiana.

Acontece. Mas prefira não.

Na dúvida, amigo, amiga, vai pelo método mais simples nas primeiras noites. Concentra. Não adianta querer mostrar que manja dos bambuais do Kama Sutra e fingir uma intimidade que demora meses para ser alcançada.

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Falando aos corações desiludidos

Por xicosa
08/10/12 11:24

De 89 missivas e mensagens recebidas nos últimos dias por Miss Corações Solitários -a conselheira sentimental deste blog-, 50 tratavam de desilusões amorosas. De machos & fêmeas que dizem categoricamente: não quero mais amar a ninguém.

Pensando nestas almas aflitas, nesta primaveril segunda, rasbiquei esta breve e rasteira filosofia de consolação:

Triste de quem fica desiludido(a) e evita outro amor de novo, cai no conto, blasfema, diz “tô fora”, já era, tira onda, ri de quem ama, pragueja e nunca mais se encontra dentro das próprias vestes.

Como se o amor fosse uma bodega de lucros, fiado só amanhã, um comércio, como se dele fosse possível sair vivo, como nunca tivesse ouvido aquela parada de Camões, a do fogo que arde e não se sente, a da ferida, aquela, o Renato Russo musicou e tudo, lembra?

Triste de quem nem sabe se vingar do baque, sequer cantarola, no banheiro ou no botequim, “só vingança, vingança, vingança!”, o clássico de Lupícinio Rodrigues, o inventor da dor-de-cotovelo, a esquina dos ossos úmero com os ossos ulna (antigo cúbito) e rádio, claro, lição da anatomia e da espera no balcão da existência.

Tudo bem não querer repetir, com a mesma maldita pessoa, os mesmos erros, discussões, barracos  e infernos avulsos e particularíssimos.

Triste de quem encerra o afeto de vez, como se aquela mulher e/ou aquele homem “x” fossem fumar o king size, duvidoso e sem filtro, lá fora, e representassem o último dos humanos.

Chega do clichê e do chavão de que todos os homens ou mulheres são iguais.

São, mas não são, senhoras e senhores. Cada vez que uma folha se mexe no universo a vida é diferente.

Todos os machos e todas as fêmeas são novidades. Podem até ser piores, uns mais do que os outros, porém dependem de vários fatores. Não adianta chamar o garçom do amor e passa a régua para sempre por causa de apenas um(a) sujeito(a) –como se representassem a parte pelo todo da panelinha do mundo.

O que não vale mesmo é eliminar o amor como proposta mínima na plataforma política de estar vivo.

Já pensou quantos amores possíveis, como diria o Calvino, você estaria dispensando por essa causa errada?

E quem disse que amor é para dar obrigatoriamente certo?

Amor é uma viagem. De ácido.

Amar é… dar ou levar pé-na-bunda.

Depois, como se diz, a fila anda, mesmo que mais demorada que a do velho INPS ou do que a dos ingressos para a final do campeonato.

E tem mais: a única vacina para um amor perdido é um novo amor achado. Vai nessa, aconselho! Só cura mesmo com outro.

Sim, o amor acaba, se não entenderam ainda… corram a ler o gênio mineiro Paulo Mendes Campos: em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

Vamos esquecer a ilusão católica do até que a morte separe os pombinhos e viver lindamente o amor e o seu calendário próprio. Muitas vezes não temos o amor da vida, mas temos um belo amor da quinzena, que de tão intenso e quente logo derrete. Foi bonito.

Vale tudo, só não vale o fastio e a descrença.

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Pompéia, do rock e do amor, faz 102 anos

Por xicosa
05/10/12 22:24

Palavra do Rei Roberto que ainda hoje ecoa no bairro: “A Pompéia é a Liverpool paulistana”.

O cara se referia, obviamente, à terra dos Beatles.

A Pompéia, ainda prefiro com o assento original, é o pico do rock´n´roll de SP. De lá vieram os Mutantes, The Rebelds, Made in Brasil, Tutti Frutti, entre outros.

O bairro completa, neste sábado, 102 anos.

Neste final de semana de eleições, que a história da resistente vila operária sirva de exemplo contra a nova ordem de caretice que tenta se consolidar de vez nesta cidade.

Ali, em um sobrado da rua doutor Augusto de Miranda, 998, com direito a jardins suspensos, vinis de Neil Young na vitrola Tecnics e a minha Anna Karina mineira, fui muito feliz.

Flores da feira, risotos com paroles, paroles, paroles, filmes na TV, cine-cama domingueiro com cachorro quente, a luz do sol de “Lucia y El sexo” etc.

Sim, o amor acaba, os intuitivos gatos que o digam: sempre somem de casa antes dos finais e pequenos desastres.

É aquela parada drummondiana: as coisas findas muito mais que lindas estas ficarão.

Gracias, Pompéia, por tudo.

Ali gastei o ideal de amor sob o mesmo teto. O caminhão de gás tocava Ennio Morricone, como ela dizia dias depois, e a lua furava nosso zinco.

Ali também recebia o doutor Sócrates para tragos no botequim do Expedito, sempre com o seu papa-capim nas alturas e um silencioso coração mineiro.

A Pompéia que, apesar da atual fúria assassina imobiliária, resiste. É o único bairro que ainda mantém, em alguns armarinhos e oficinas, o respeito ao horário de almoço. Só abrem depois.

Para comemorar a data, o bravo Centro Cultural Pompéia realiza, neste sábado (06/10), o seu festival de jazz. Ali na rua Cajaíba esquina com a Cotoxó, em frente ao Tiro Liro. Mais abaixo, na Padre Chico e arredores, tem a feira de artes.

A Pompéia das enfermeiras do São Camilo, as mais charmosas da cidade.

Pompéia do PF madrugador do Souza e do latifúndio em forma de parmegiana do Degas. Sem esquecer, jamais, dos belos ombros das nadadoras das piscinas do Palmeiras.

Parabéns ao berço do rock nesta data querida.

E você, habitante ou ex-habitante do bairro, favor listar mais coisas legais da área.

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Para quem curte quadrinhos eróticos

Por xicosa
04/10/12 21:07

Aprendi gostar de quadrinhos eróticos com os catecismos de Zéfiro –é, caro Neil Young, sou um homem velho à beira dos 50.

Aí sim, 69 tons de erotismo!

Mas o motivo deste post não é ruminar o chiclete Ploc da nostalgia adolescente.

Quero apresentar, para quem ainda não teve a chance, a Giovanna Casotto.

Safada!!!

Uma safada no melhor dos sentidos. Muito prazer. O prazer é todo nosso.

Recomendo, em urgência urgentíssima, o álbum acima. Bom proveito. Pode pular à vontade o textinho do prefácio de autoria deste velho tarado que vos escreve.

A HQ é um belo atentado à paz dos sentidos, como diz o cara do episódio “Só Dez Segundos”, diante da heroína de oclinhos e vulva peludíssima, amazônica.

Assim são as mulheres de Giovanna, essa brava artista italiana. São fêmeas fartas, gostosas, sem frescuras anoréxicas.

As mulheres de Giovanna nos lembram, pra gente continuar no mesmo território da safadeza à italiana, os filmes do Tinto Brass, aquele do “Calígula” , do “Monella –A Travessa” e de “A Pervetida”.

Até com os pés as mulheres de Giovanna são capazes de levar um homem aos jardins do nirvana. Como na história em que a bella ragazza  masturba, unhas vermelhíssimas ao fundo, o jovem motorista. Sim, o erotismo em seu mais alto grau pede carona.

Os pés das heroínas deste álbum são mesmo um caso à parte. Vale atentar para o sempre o caprichoso plano detalhe.

Nas lições de anatomia deste traço, temos também as bocas gulosas e pintadas em fellatios  nada amadores.

Em “Papéis”, umas das histórias mais acertadas e concisas em palavras, a harmonia entre o blow job -para usarmos a universalidade lingüística deste ato- e a expressão dos olhos da heroína é um primor. De tirar o fôlego de machos & fêmeas.

E você, amigo, qual a sua heroína de HQ preferida?

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Mestre Hobsbawn e 10 vantagens da feiura

Por xicosa
03/10/12 20:55

Tudo bem, não me conformo com feiúra sem acento, mas vamos jogar o jogo do acordo transatlântico.

O professor Eric Hobsbawn, que sempre amarei, morreu, e não escrevi nada sobre tal sábio. Falha quase de caráter.

Agora releio “Bandidos”, livro dele que me fez, inauguralmente, amá-lo, um libelo que trata do banditismo por questão de classe, como sampleou Chico Science.

Eis que encontro outro professor, o amigo André, torcedor do Operário(MS), 3º lugar no Nacional de 1977, cabra das ciências da FGV. Ele me alerta, ali no belo caos da Mercearia São Pedro, sobre como a fealdade pode render uma grande obra.

Em sua auto-biografia, Tempos Interessantes, Hobsbawn diz, desavergonhadamente, que só se dedicou aos estudos por ser o aluno mais feio da turma.

Entendo muito o que falas, mestre.

A feiura é a maior vantagem de um homem sobre a terra. Relembro ai, em tua homenagem, nobre Hobsbawn, um decálogo que escrevi tempos atrás sobre o assunto. O feio e o bonito que já leram, desconsiderem, mas careço repeti-lo:

I) Saiba, amigo, que a beleza é passageira e a feiúra é para sempre, como repetia o mal-diagramado Sérge Gainsbourg –o francês que só pegava mulher fraca, como a Brigitte Bardot e a Jane Birkin, entre outros colossos. Sim, aquele mesmo francês cabra-safado autor do maior hino de motel de todos os tempos, “Je t´aime moi non plus”, claro.

II) Saiba que as mulheres, ao contrário da maioria dos homens, são demasiadamente generosas. E não me venha com aquela conversinha miolo-de-pote de que as crias das nossas costelas são interesseiras. Corta essa, meu rapaz. Se assim procedessem, os feios, sujos e lascados de pontes e viadutos não teriam as suas bondosas fêmeas nas ruas. Elas estão lá, bravas criaturas, perdendo em fidelidade apenas para os destemidos vira-latas.

III) Saiba que o feio, o mal-assombro propriamente dito, saiba também e repita um velho mantra deste cronista de costumes: homem que é homem não sabe sequer a diferença entre estria e celulite.

IV) Saiba que mulher linda até gay deseja e encara, quero ver é pegar indiscriminadamente toda e qualquer assombração e visagem que aparecer pela frente.

V) Saiba que homem que é homem não trabalha com senso estético. Ponto. Que não sabe e nunca procurou saber sequer que existe tal aparato “avaliatório’’do glorioso sexo oposto.

VI) Saiba que as ditas “feias” decoram o Kama Sutra logo no jardim da infância.

VII)  Saiba que para cada mulher mal-diagramada que pegamos, Deus nos manda duas divas logo depois de feita a caridade.

VIII)  Saiba que mulher é metonímia, parte pelo todo, até na mais assombrosa das criaturas existe uma covinha, uma saboneteira, uma omoplata, um cotovelo, um detalhe que encanta deveras.

IX) Saiba que me desculpem as muito lindas, mas um quê de feiúra é fundamental, empresta à fêmea uma humildade franciscana quase sempre traduzida em benfeitorias de primeira qualidade na alcova, como o melhor sexo oral do planeta, para não esticarmos demais a prosa.

X) Saiba, por derradeiro, irmão de feiúra, que a vida é boxe: um bonitão tenta ganhar uma mulher sempre por nocaute, a nossa luta é sempre por pontos, minando lentamente a resistência das donzelas.

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