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Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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Quando o homem deseja a amiga da mulher

Por xicosa
18/02/13 14:07

“Os Desajustados”: exemplo de boa convivência

Ou Quando a mulher deseja o amigo do marido, o amigo do bofe, o amigo do namorado. Saia justa e plissadinha, cueca apertada, calça justíssima ao melhor estilo ovos partidos. Ao debate, meus democráticos leitores.

Saiu a conta científica para uma daquelas coisas que até a Velhinha de Taubaté já sabia: 45% dos machos desejam amigas das mulheres deles.

O número é alto, convenhamos. Ainda mais se levarmos em conta que o índice de sinceridade masculina para estes casos é sempre abaixo da realidade.

A pesquisa, óbvio, é coisa de norte-americano. Está no “The Normal Bar”, que acaba de sair no mundo gringo, conforme leio aqui no IG, em alentado texto do Ricardo Donisete.

Ainda sem tradução ao português, o livro é do trio Chrisanna Northrup, Pepper Schwartz e James Witte. Os autores se gabam de terem feito a mais ampla pesquisa do planeta sobre relacionamentos. Vai saber!

Fiquemos apenas com esse dado do tesão dos homens pelas amiguinhas da primeira-dama.

Pior é que, quase sempre, desejamos a que a nossa mulher mais implica. Aquela amiga chatinha e de mais difícil convivência. Normalmente é loira, natural ou pintada, vai saber por que diabos.

Até ajudamos  a falar mal do proibido objeto de desejo. Uma peste!

A gente não sabe mesmo onde colocar o tesão.

Desconfio destes números, mas vamos lá, botemos fé na pesquisa: entre as mulheres, apenas 26% desejam os nossos melhores amigos.

Ser traído por um amigo, uma amiga, dói mais, diz a cartilha da moral e dos bons costumes.

Mas vem cá, ter uma mulher que não deseje e não seja desejada pelos nossos camaradas de boteco é uma desgraça, uma pobreza, uma miséria.

Não respeito amigo que não deseja, nem que seja mui disfarçadamente lá na estranheza da sua timidez de uma aloprado Jerry Lewis, a minha santa mulherzinha.

Amigos não-desejados também não valem a pena. Sinal que ando com um bando de caubóis idiotas e desinteressantes.

Óbvio ululante e chuvosamente molhado que há um código de conduta, por mais que vivamos no faroeste com nossos mustangs e pangarés.

Desejo, porém, é sempre bom e eu gosto.

Drama é quando não fica apenas no tesão e vira aquela parada que o Roberto cantou: comigo aconteceu, de gostar da namorada de um amigo meu. Sinuca de bico sem giz no salão.

E você, amigo, amiga, têm um manual de ética para essas broncas?

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Como remendar os estragos do amor

Por xicosa
14/02/13 13:27

“Vou lhe dizer agora / O que outro não lhe diz /Se errar uma vez /Dou castigo para não se acostumar /Se errar outra vez /Mando embora /Pra saber me respeitar” (Genival Santos, clássico da dor-de-cotovelo).

Corações aflitos recorrem à comiseração do cronista, digo, de Miss Corações Solitários, nas cinzas das horas pós-carnavalescas.

Muitas separações e desatinos.

Quem acha que errou e foi culpado(a) pela ruptura, suplica por um remendo na besteira cometida. Quem ficou a mascar o jiló do abandono, resmunga, roga pragas e pretende entender o que se passa –principalmente- na cabeça dos homens.

É o caso de uma linda senhorita de Sorocaba. Depois de uma temporada de corte, sedução e promessas, ela, moça difícil porque incrível, cede. Mal começa o usufruto amoroso, o desalmado toma o chá de sumiço, sem pelo menos um cruel “a gente se vê” etc.

Óbvio que voltará –a moça é incrível, repito- com o rabinho e macheza entre as pernas, com uma daquelas ficções baratas dignas do mago Paulo Coelho.

Agora um episódio com protagonista de saias: um amigo viajou mil léguas submarinas para ver a moça, a moça não resistiu a uma safadeza com a ex, sim, a ex, e o deixou a ouvir os bumbos de um maracatu retardado, voltando para casa cansado com seus estandartes no ar.

Tem também a folga do baiano estudioso que mora no estrangeiro. A moça, soteropolitana que habita SP o aguardou o ano inteiro. Subindo pelas paredes, como se diz. Um amor antigo. Ela queria um amorzinho de praia, no sossego, ou uma folia colados, talvez dentro do mesmo abadá, se possível. O sujeito, macho arretado, bate o pé e reivindica o direito de brincar sozinho em um bloco –está muito tempo longe da Bahia e “precisa dar uns beijos de boca” na rua.

O jovem de São João del-Rei conta que não gosta de mentira. Daí confessou à sua bela mineira de BH que ficou com outra. A gazela partiu para nunca mais. Ele quer saber se tem jeito de convencê-la, uma vez que se amam.

E assim um fardo de missivas. Ah, ia esquecendo do amigo que foi flagrado, na cama mesmo, com outra. Morto de arrependido,  ama mesmo a sua mina, deseja remendar a xícara amorosa no pós-cinzas.

Como Miss Corações Solitários é a favor do amor, aconselharia, no pacote, o perdão irrestrito. Sabe muito bem, porém, que não existe mertiolate imediatista para a ferida do orgulho. É ciente mais ainda que o período carnavalesco amplia e incentiva a safadeza inata.

Não cai, porém, a nossa estimada e conselheira Miss cigana, no conto grotesco do “lavou, tá novo”. Creio que cada um vem ao mundo com uma cota de perdão para gastar no amor e nas amizades. Uma vingançazinha também é de lei nestes casos, ela recomenda. Não necessariamente a receita lupicínica do “só vingança, vingança, vingança aos deuses clamar”.

Estaí: é uma vingançazinha para limpar o sangue do pecado da ira. Um bom começo. E vamos conversando caso a caso. Fica uma questão:

-Chifre de Carnaval conta ou a testa é ungida com a cinza da quarta?

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O papa e as freiras carnavalescas

Por xicosa
11/02/13 17:14

Se o papa renunciou, tudo está permitido.

Só me resta parafrasear aqui o velho Fiódor, no seu “Crime & Castigo”, e correr atrás das freiras carnavalescas. “Crime & Castigo” que nada. Isso é coisa de um dos irmaõs Karamazov.

Ah, freirinhas. Como me devoto a esta óbvia fantasia religiosa. Melhor ainda se forem da ordem das Carmelistas descalças de Santa Tereza, Rio de Janeiro.

Das fantasias clichês, com ou sem Carnaval, a de freira é a que mais agita a testosterona. Melhor ainda se usada por uma fêmea realmente pudica.

Usada por uma sonsa, no mínimo. Porque toda sonsa, amigo, é um furacão na cama.

Noviças!

A fantasia de diabinha já me encantou um dia. Passou. O inferno, de tão óbvio, não é sexy.

Nesse sentido o Carnaval e o seu aparente liberou-geral também não é caliente. Contradições futebol clube.

O Carnaval é disperso. Você não sabe onde colocar o desejo.

Deixando a religião de lado, a de aeromoça ainda me comove. Por tabela ainda me lembra a transa de Emannuelle (Sylvia Kristel, que Deus a tenha) em uma aeronave a 30 mil pés.

Comoção semelhante com a fantasia de enfermeira. Ah aquela gostosa que vi em Olinda, no “I love cafusú”, uma legítima Ana Nery da sacanagem tentando salvar os combatentes nas frente de batalhas.

Só não era mais linda que a mulher do nariz grande que bailava na pista dos “Seguranças de LalaK”. Um sucesso no Preto Velho. Como aprecio uma fêmea com nariz pronunciado. Está na hora, aliás, de escrever sobre elas. Aguardem.

A mulher de nariz grande tem em menor grau possível a tal inveja do pênis da qual tratava o doutor Sigmund. Isto é que é psicanálise selvagem para tempos momescos.

Se o papa renunciou em plena festa da carne, algo inventado pela Igreja Católica, comemoremos.

E meu bom Deus, já dizia um dos melhores dos vossos servos, louvado seja Santo Agostinho:

Senhor, livrai-me das tentações, mas não hoje!

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A cura pela carta de amor

Por xicosa
07/02/13 20:15

O melhor livro de correspondência do mundo

Eu já sabia. O leitor mais antigo também sabe da minha campanha permanente sobre o poder, inclusive de cura, de uma carta de amor.

Agora vem a ciência e bate o martelo. Pesquisa dos EUA, óbvio, ô povo para gostar de uma amostragem. Desta vez foi uma equipe da Universidade Northwestern.

Casais que expõem os sentimentos, em apenas três singelas cartinhas por ano,  vivem bem melhor. Batata. Carece nem da velha Dê-erre, a mitológica discussão de relação.

Agora lembro uma que recebi no City Hotel, em uma temporada na beira do Guaiba, POA. De paralisar de amor aquela missiva que saiu de uma moça de letra “A” da cidade do Rio de Janeiro.

Outra A, do Recife, me escreveu a partir de uma fábula do escritor Alberto Moravia. A letra “A” domina meu alfabeto amoroso, não é, mulher-que-passeia?

Pela volta da carta de amor, repito:

A carta escrita à mão, com local de origem, data, saudações, motivos, despeço-me por aqui etc, papel fininho e pautado.

Como canta o Roberto, escreva uma carta, meu amor, e diga alguma coisa por favor.

Agora Beatles: Ô, mr. Postman!

Tem também aquele do Waldick, nosso Johnny Cash baiano: “Amigo, por favor leve essa carta/ e diga àquela ingrata/ como está meu coração…”

Chega de SMS e emails lacônicos e apressados. Debruce a munheca sobre o papiro e faça da tinta da caneta o seu próprio sangue.

Não temas a breguice, o romantismo, como já disse o velho Pessoa, travestido de Álvaro de Campos, todas cartas de amor são ridículas, e não seriam de amor se ridículas não fossem.

O que você está esperando, vá ali na esquina, compre um belo papel e envelopes, e se devote.

Se tiver alguma rusga, peça perdão por escrito, pois perdão por escrito vale como documento de cartório.

Se o namoro ainda não tiver começado, largue a mão desses aplicativos e paquera no Face e atire a garrafa aos mares.

Às moças é consentido, além dos floreios e da caligrafia mais arrumadinha, a reprodução de um beijo, com batom bem vermelho, ao final, perto da assinatura.

Assim como me fez Dee e o seu bocão pós-Jolie.

Que os amigos, e não apenas os amantes, se correspondam, fazendo dos envelopes no fundo do baú os seus rascunhos existenciais.

É o que tenho feito com o Joaquim Ferreira dos Santos, o homem das amigas, no blog do IMS. O cronista me escreveu uma hoje de arrepiar.

Despeço-me por aqui, sem mais para o momento, XS

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Não deixe a cantada morrer

Por xicosa
05/02/13 11:27

Educação sentimental para jovens

Vem agora esse aplicativo do Facebook para facilitar –ainda mais- a comilança, como diria o meu amigo Marco Ferreri. Eu te marco, tu me marcas, então tá combinado,  é só sexo e amizade.

O nome do brinquedinho é Bang With Friends, o BWF. Sem arrodeios, trepe com amigos.

Assim muito objetivo e direto, sem gastar o latim e o lero-lero. Tudo bem, sintoma dos nossos tempos –chega de mascar o chiclete Ploc da nostalgia.

Sejo com amigos ou futuros inimigos, no problem, vamos nessa. Aqui mesmo, em posts anteriores, falei do bom risco de estragar uma amizade.

O que incomoda, meu caro, é outra coisa.

Estamos perdendo a sagrada arte da cantada, os fragmentos do discurso amoroso, a dramaturgia da conquista, o suspense Hitchcock do xaveco, a incerteza que instiga e aumenta a fissura, a fome de tudo.

O bom, mesmo na mais banal das transas, é o processo de desejo, o sexo falado antes do sexo deveras feito. O que se diz um para o outro, mesmo que tudo aquilo só dure por uma festa.

Os idiotas da objetividade, como chamava o tio Nelson, já destruíram a imaginação dos jovens. Agora querem eliminar qualquer tipo de linguagem que não seja dois cliques e uma penetração mal-conduzida.

Quando falo de imaginação, falo de masturbação, este recurso tão caro a todos os machos, principalmente aos rebentos, aos rabiscos de homens.

A punheta com enredo, sejamos diretos, está praticamente morta. Em vez de criar uma narrativa do desejo latente, 1 minuto de pornotube.

Não se masturba mais pela prima, a coleguinha da classe, a vizinha do 202 etc. Isso fará falta no futuro, em matéria de criatividade, às novas gerações.

Mas chega de aplicar o Piaget de boteco com esses moços, pobres moços. Voltemos ao  Bang With Friends.

Nada mal que um encontro seja armado pelas redes sociais e seus penduricalhos. Lindo. Não à toa, alguns amigos tratam o FB por “facebuça” e outras baixarias de porcos chauvinistas.

O que me incomoda é que a coisa seja tão direta. Sexo bom carece de sedução e cantada, mesmo que o encontro seja pista do Love Story ou no último cabaré da Lapa.

Assim como o entre sem bater, não trepe sem cantar.

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Código do bom-tom: sexo anal não se pede

Por xicosa
04/02/13 02:51

Um jovem, moço mesmo, ali na casa dos vinte e poucos anos, pede um autógrafo em um dos meus livros e, com a timidez de um Woody Allen juvenil versão Brooklin paulistano, indaga se pode fazer uma pergunta que não pôde fazer em público, no debate sobre os quereres das mulheres etc .

Solene, nervoso, óculos maiores do que os meus, diz que precisa de um conselho para a sua vida amorosa. Uma dica. Com o fuzuê de gente por perto, cochicha no meu ouvido.

Quase passo a pergunta ao amigo Marcelo Rubens Paiva, que autografava ao meu lado, na Livraria Cultura, no Market Place, SP, “As verdades que ela não diz” (Ed.Foz).  Paiva certamente daria uma melhor resposta ao noviço.

– Como pedir sexo anal à minha namorada? –era a indagação do moço, pobre moço.

Contou que já estavam havia uns dois anos juntos e nada do  gênero, ao contrário de alguns amigos, que haviam praticado o ato sexual mais heterodoxo.

Meu caro leitor, ponha uma coisa na cabeça:

Sexo anal não se pede.

Sexo anal é dádiva, oferecimento, mimo, presente.

Atitude da menina que louva aquele que bem merece.

Pode ser também, em alguns casos, medida emergencial para tentar segurar o vagabundo que está de partida. Pode ser, mas não é regra.

Se você insiste, meu Woody do Brooklin paulista, fica chato, já era. Se você força, pior ainda. Aliás, forçar a barra nunca, amigo, respeite a moça que ela merece.

Sexo anal, a menos que seja uma mocinha mais perversa –nada contra!-, só acontece em momentos especiais. Uma viagem à uma praia mais distante, por exemplo, é uma ocasião e tanto.

Você pode até sugerir, de leve, ao acariciá-la na cama, na delicadeza, toques dos dedos etc, mas, repito, sem forçar a barra. Se sentir que não tem chance, que ainda não chegou a hora, esqueça, meu rapaz, relaxe e continue amando, digamos assim, pelas vias mais convencionais.

Assistir juntos a clássicos do cinema erótico como “O último tango em Paris” (na foto acima), que trata –poeticamente!- do tema… também ajuda a iniciar a jovem no assunto. Gera uma oportunidade para os dois, quem sabe, conversarem livremente sobre o desejo em pauta.

E vou ficando por aqui, meu rapaz, e tomar meu café da manhã com uma gostosa tapioca com manteiga de garrafa, tipo assim, meu guri, o derradeiro tango do Agreste.

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Viver não tem alvará, baby, viva a rua

Por xicosa
03/02/13 04:30

Se a rua é perigosa, imagina lá dentro da coisa fechada, o labirinto dos labirintos…

Outra dia a discussão era bem diferente: só boate e shopping são seguros, o resto é risca-faca, faísca, mundiça, sol por testemunha, ignorância, bagunça, perigo.

Era a discussão na mesa, a távola dialética dos homens e mulheres que não acreditam nas verdadezinhas comezinhas e imediatas.

Trouxe nossas incertezas, só sei que nada sei, aqui pra mesa redonda do blog.

Pois é, diz uma amiga, Marília, todo mundo corria para as boates ou para o shopping center, lugares das diversões e compras segururíssimas, mas aí começaram a discutir os alvarás…

No que pulamos, do nada, como todas as conversas de bar, para um assunto que, talvez, quem sabe, ainda tenha a ver com o último parágrafo:

Em um momento de rebuliço nas casas noturnas –óbvio efeito de Santa Maria, como se o truque moral e midiático virasse uma eterna porta corta-fogo-, SP vai às ruas, agora sem as proibições e frescuras do kassabismo, para brincar um grandioso Carnaval de véspera.

Sem pânico em SP, simbora, Inocentes & Clementes, pianinho, pianinho, como sempre pediu o nosso amigo genial Benito de Paula.

No que sussuro no ouvido da minha (possível) pequena:

-Viver não tem alvará, baby!

Se é que você me entende.

Embora seja legal demais se cercar dos cuidados técnicos obrigatórios, blablablá, viver é perigoso, como diziam nos sertões-veredas… imagina nas cidades grandes!

Falemos de uma coisa parecida, mas nem tanto, só para ajudar na maquinaria dos assuntos.

Não, não quero dizer que tudo é acaso, lance de dados, etc, seria muito irresponsável e poético.

Só quero dizer hoje que toda vez que SP, uma cidade acostumada aos vícios da exploração privada e ainda sem jeito para as virtudes públicas, festeja na praça, esse mundo todo que somos nós, polaquinhas & paus-de-arara,  se agiganta, fica maior que um sonho de Gulliver.

Ontem foi bonita a festa, pá, com a saída de blocos como Os Soviéticos, Bangalafumenga, Sargento Pimenta, Pimentas do Reino e Kolombolo etc. 

E repare que é o julgamento de quem acabara de chegar do complexo Recife/Olinda, duas cidades coladas que já nasceram, desde o boi voador do conde holandês Mauricio de Nassau, ainda no século XVIII, com vocação para celebrações públicas.

Ontem a farra foi na Vila Madalena. Pasme. Faltou até cerveja na cidade que mais sabe gelar coisa boa no mundo. Hoje, endomigados corações continuam o que pode se tornar a grande prévia de rua do país. Tem, na mesma vila, Confraria do Pasmado e outros blocos.

Na região central é a vez do Acadêmicos do Baixo Augusta, na artéria do mesmo nome, segue o corso da existência.

Não há civilização sem carnaval de rua ou festa pública. Carecemos de tal animalidade como a França precisou do existencialismo. Cada qual com suas pitangas sartreanas.

É tanto que SP inventou a Virada Cultural para fugir à barbárie do ingresso eternamente pago, caro e muitas vezes injusto.

Toda grande cidade do planeta tem uma bela festa a céu aberto.

Amsterdã tem umas duzentas, Berlim nem se fala, Recife é covardia, vocação de nascença, talvez seja a campeã do gênero no universo.

Óbvio que foi em Kingston, na Jamaica, que vi as mais quentes pauleiras de rua. Juro. Com vinis prensados quase ali na hora, como caldo de cana, e os negões só no scratch –nos discos e nas bundinhas- ajudados pelo vento de Jah e sua fumaça divina.

O Rio é cada vez melhor na coisa, Belém mistura sagrado e profano, Salvador tem a manha, sabe muito, apesar de cobrar pelos seus abadás caríssimos.

BH também faz na rua e Minas ferve em Ouro Preto, embora meu coração bata agora em Nepomuceno, a reinvenção do amor, sempre, meu sentimento do mundo mistura caos urbano e metafísica da roça.

Enfim, brinquemos de ser alguma coisa. E chega de tese. Sejamos crianças de domingo, como cantava o Fellini, tempos depois reverberado lindamente por Chico Science & Nação Zumbi, a maior banda que o Brasil já teve.

Há controvérisa? Lindo. Qual sua maior banda brasileira?

Viver é perigoso.

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O "ficante fixo" e a ilusão de ótica

Por xicosa
01/02/13 20:08

La Cardinale esperando o bofe errado

Reclamar de marido, tudo bem, pensa que é fácil viver sob as telhas ou sob o forro de gesso da desacontecência apijamada?

Viver né conforto de veludo não.

Viver é catabio, quebra-mola, sustenidos sustinhos.

A maior safadeza do universo, porém, é o tal do ficante. Pense numa imoralidade!

Nem fica nem sai de cima.

Num sabe sequer a diferença entre rima pobre e rima rica.

No tempo do ficar quase  nada fica, nem a rima antiga, saca?

O ficante é uma praga.

Tem gente que usa a expressão, aspas, ficante fixo.

Getúlio Vargas, o homem da CLT, acharia isso vergonha pouca.

Contradição do cão: como assim ficante fixo, como assim frila fixo, como assim não assinar carteira nem do amor e do sexo?

Como assim se não tenho quando preciso!

Que coisa mais sem regulamento. O cara faz a vida dele como quer e imagina, inclusive cá esposa,  e você, gostosa, à mercê dum homi-elipse, tipo assim tem mas tá quase sempre faltando.

Oi!!!

Ficante errante, trem desgovernado, não sabe nunca o que tá perdendo, fica aí ruminando seu capinzim da leseira, té quando?

Tome tenência minino.

Ou fica ou sai de cima.

Ficante, sempre no  suspense Hitchcock, a nega nunca sabe quando vem na casa dela, só quando o bicho está paudurescente e necessitado? Corra, Lola, corra. Como diz uma amiga, não tolero nem por um bolero vida noves fora zero.

Mande o menino gozar por ele mesmo, ele não se acha? Egotrip nele! Ou você, amiga, é desaguadora de testosterona errada?

Chega.

Ficante, ficância, o homem e suas circunstâncias, o homem e suas roubadas, ficar, o infeliz verbo, sintoma do nosso tempo, se o miserável quer apenas ficar, hoje e sempre, que tal ele ficar esperando lá fora, não importa se com ou sem fila, que espere na chuva, na goteira monumental do pinga-pinga sem alma.

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Vale a pena ´estragar´ uma amizade

Por xicosa
30/01/13 21:12

Los tres amigos do HQ em busca de três amigas

– A gente é amigo –ela dizia.

Tinha dúvida se avançaríamos o sinal.

– Vamos estragar essa amizade! – eu dizia, com algum humor, óbvio, mas falando sério.

Era o risco. Nada calculado, como pede a vida à vera na tribo do pueblo chamado coragem.

Nessa onda,  o que era apenas uma amizade de alguns encontros por ano, virou um amorzim gostoso. Que durou uns três anos, com muita intensidade e o melhor sexo em câmera lenta nas siestas à beira mar de Pinas & Copacabanas.

Muitas vezes, amigo(a), vale a pena “estragar uma amizade”.

Lembrei da minha história porque o tema tem sido constante nas cartas recebidas por Miss Corações Solitários, a cigana do blog que responde aos corações aflitos.

“Há sempre uma tensão sexual entre homens e mulheres, mesmo que seja em um encontro entre um monge a mais zen das fêmeas”, sopra aqui a própria Miss, essa cigana nascida da união de um espanhol da Andaluzia com uma índia cearense da gruta de Ubajara.

Óbvio que se constroem amizades longas e sinceras entre um rapaz e uma moça. Seria idiotice afirmar o contrário.

O que digo é que isso não pode ser uma coisa fundamentalista. Às vezes nem existe essa amizade toda e lá estão os dois a morrer de tesão e evitando o clima. Inútil fofice.

Miss Corações Solitários pede de novo a palavra:

“Além do mais ninguém come inimigo(a). Nem os canibais de Garanhuns conseguiram tal feito”, diz a peste.

Você aí amigo de Poços de Caldas que escreveu com a dúvida com a amiga que ainda é sua priminha, você aí carioca que assinou como “Musa do Jobi”, você  aí que escreveu como “Scarlet de Floripa”, você aí que esqueci de mencionar o nome agora… Relax, não há problema algum nisso, sempre vale a pena abrir o jogo, correr o risco.

Em tempos de amor líquido, em que ninguém pede mais em namoro e muitas vezes fica falsamente no lero-lero, vida noves fora zero de uma amizade sem graça, melhor ir fundo, apostar no passional social clube.

É estragando uma amizade que se ganha um amor surpreendente.

Sim, você corre o risco de se pegar rindo, nervoso(a), sem graça na falta de jeito na hora do sexo –depois que passar o efeito do cigarrinho de artista ou da bebida. Mas aí já estamos falando daquelas amizades de muitíssimos anos, cinco, uma década por diante etc.

O que também terá valido a pena, ora. Afinal de contas uma amizade sincera não vai se acabar assim com uma falsa trepada.

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Para acordar os homens e adormecer as crianças

Por xicosa
30/01/13 03:15

Embrulhei o estômago, como se diz na minha terra, e nada consegui escrever sobre a tragédia de Santa Maria até agora.

“Embruei o estambo”, como se diz mais precisamente na mesma prosódia gonzaguiana do sertão-blues do assum preto, símbolo do luto e das dores do mundo, com ou sem grades e gaiolas.

Se bloqueei como escrevinhador, os amigos do ramo escreveram por mim. Cada qual ao seu modo e sentido:

Fabrício Carpinejar, com um poema que reacordou as palavras e os homens de um silêncio nunca dantes. Lembrei do Drummond, vide o vinil do Clube da Esquina, que preparava uma canção para acordar os adultos e adormecer as crianças. Dormem os meninos, eles estão apenas dormindo, como disse um dos pais diante do choque.

Nada mais acertado por parte de “O Globo” do que publicá-lo na cumeeira da primeira página. Outros meios reproduziram o poeta e cronista gaúcho.

André Barcinski, colega aqui de blogs da Folha, com uma análise precisa de quem conhece os labirintos kafkianos para “legalizar” uma casa noturna. Ja foi dono de uma em SP. O texto repercutiu no mundo inteiro.

João Valadares, com uma reportagem (Correio Braziliense) que mostrou que a dor da gente, caro Chico, sai no jornal –sem carecer, nem de longe, dos métodos das montanhas dos sete abutres e outras carnicerias.

Fico aí apenas nos textos que li mais atentamente.

É bom citar  também a visão cosmopolita de Clóvis Rossi. Mencionou que a tragédia é marca do subdesenvolvimento arraigado, mas não esqueceu de dizer que a tevê espanhola cuidou de alertá-lo sobre dramas semelhantes ocorridos no tal Primeiro Mundo.

Embrulhei o estômago, estambo, embruei.

Não saiu sequer aquela velha opinião formada sobre tudo, sempre no bolso do casaco do blogueiro para cumprir o ofício.

Imagina para a família, mas imagina sobretudo para uma mãe.

Imagina para as mães que irão arrumar os quartos dos seus meninos e meninas depois que abaixar a poeira, a fumaça, o barulho da comoção pública.

Em quaisquer circunstâncias, o peso, do morto ou do vivo, é da mãe.

Até no crime e castigo, uma mãe é quem tira cadeia, quem cumpre a pena do filho, como me dizia ontem, no Recife, Naire Valadares -mãe do João, repórter, citado aí acima. Advogada com vasta experiência no sistema prisional, Naire sabe do que está falando.

Não há punição dos homens, por mais que severa aos tais culpados da tragédia do Rio Grande, que torne a terra mais leve para elas.

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