Sem piti não há amor, meu guri
09/09/14 02:52
“Você não aguenta meu primeiro piti-mulherzinha, já corre daqui”, disse ela. “Que homem é esse, meu Deus?”, completou.
Cronista bisbilhoteiro, acompanhava a D.R. no bar e bodega Cameroon, de Mossoró (RN), onde estive para a X Feira do Livro. Aliás nem chegou a ser uma discussão de relação. O cara já fugiu, deu linha.
(E olhe que é difícil sair do Cameroon, um daqueles bares onde você encontra bons malucos falando de literatura russa como quem trata do Fla x Flu de domingo ).
Piti. Além de achar essa palavra “piti” genial, continuei a ouvir a moça,-uma dessas morenas sem igual que a gente só encontra na Chapada do Apodi e arredores.
Agora ela desabafa com duas amigas, depois de uns bons goles no azuladíssimo copo de tiquira:
“Quando corre do primeiro piti vejo logo que não tem futuro”, diz. “Imagina numa crise mesmo, coisa mais do que comum na vida dos casais, imagina na hora do parto”.
Realmente ninguém aguenta o mínimo queixume ou discussão. Vaza. Preguiça geral para o exercício primário da convivência.
“Ah, você é louca”, normalmente manda o macho, sem argumento e de bode para o namoro, caso, cacho etc. Pega a reta e põe a perder qualquer possibilidade de laços de ternura.
E assim, de raso em raso, até conhecerá o sexo, mas nunca o grande erotismo que se chama intimidade.
(Garçom, mais tiquira, por favor, a pioneiríssima aguardente indígena).
Se não aguenta “os distúrbios secundários da histeria”, como a definição do “Aurélio” para o pitianismo, imagina a humaníssima histeria de fato e de direito.
Ah, sim, o piti não é exclusividade feminina. O colérico macho enciumado, vade retro Satanás das Costas Ocas, é uma praga.
A crônica, porém, começa e termina com o piti-mulherzinha, como diz nossa amiga que motivou aqui a nossa prosa.
Antes um bom piti do que apenas o mimimi da rapaziada cada vez mais ao estilo MacunaEmo –tem a preguiça do Macunaíma e o chororô de um jovem roqueiro Emo.
Não há amor com 100% de bons modos e obediência cega aos manuais de etiqueta.
Sem piti não há amor, meu guri.
“Satanás das Costas Ocas” é a cara do meu Ceará. Agora deu saudade do meu Cratinho de Açúcar. Xico, adoro ler os seus textos. abraços!!
Amo essa expressão, Elba. Cariri roots. beijos
Problema não é o piti, mas o tamanho da TPM. Tem amigo que disse que a atual ex-namorada tinha uma tpm que durava mais que dois meses.
Caro Xico Sá,
Gosto dos seus textos, mas nem sempre da forma como aborda alguns temas. Entendo que como escritor, a você seja permitida a licença poética e outras divagações. Mas como homem, como ser humano, vejo com preocupação essa tendência a rotular de preguiçoso os homens que não se dedicam a suportar ‘piti’ de mulher. Ok…você, que provavelmente se vê ou se vende como ‘macho alfa tradicional’, vai dizer: tudo bem, sem piti, não tem mulher de verdade. E eu vou dizer… discordo de novo. Acho que ‘normalizar’ a histeria é dar um salvo-conduto para todo tipo de absurdo. Quando estão menstruadas, as mulheres têm o salvo-conduto da tensão pré-menstrual pra fazer absurdos. Engravidam e ganham mais 9 meses de salvo-conduto. O moleque nasce e ganham mais uns cinco meses (possibilidade de depressão pós-parto) e depois disso, aí sim, o cara se ferra: o salvo-conduto ganha outra explicação – ‘você não é mãe, não sabe o que está falando’. Para finalizar, gostaria de usar um raciocínio semelhante ao da pitizeira do seu texto: ‘se por uma coisas simples, a mulher já dá piti, imagina quando a coisa for séria?’ Tô fora”
Caro, concordo em parte contigo, às vezes o cronista exagera, hiperbolicamente, as situações. Mas não trato na crônica da histeria permanente, sim de um piti mínimo e o cara já correr fora, entende?, como na cena descrita e real de Mossoró. Piti como uma manifestação secundária de histeria,nem chega a ser uma histeria de fato. Gracias por colaborar aqui com o debate, amigo, a boa crítica so ajuda. abraço
Piti, ok. Mas tiquira não rola nem para engolir o piti!
Desculpe pelo “sesus”…rs
Xico, independente da crônica de hoje (ótima por sinal) te adoro. Já me disseram que você é uma fraude (rsrs), que seus textos só servem para nos ludibriar mas não me importo. Sesus textos gostosos já me ajudaram a superar alguns dias ruins, já me fez deixar de sentir culpa em várias situações. Valeu!!!Beijo grande.
Tinha ouvido falar deste moço. Aqui e ali, resolvi lê-lo. Que chatice hoje consolidada neste texto. Se ele está com bola cheia, de fato estamos na sargeja da crônica!
Amigo Xico Sá, um piti de vez em quando até se faz necessário e até adiciona um tempero nas relações, tem quem fuja dependendo da circunstância, pimenta é boa, mas para cada língua que a prova tem o limite. Sem dizer que piti, acontece pelas mais variadas razões, e tem piti de todos os jeitos. Estou no Metro e a Falsa Magra de Lábios Carnudos, saca o celular e começa a passear pelo facebook, conforme o post a expressão facial vai mudando, até chegar em uma carranca de ódio. Não pensou, ligou ali mesmo:
Sabe a fulana de tal, que você adicionou hoje, pode deletar agora e quando eu chegar em casa esteja lá pra conversar. Desligou, o rosto se enterneceu imediatamente, voltou a passear pelo facebook. Seu Cabra , tome tento, elas se conhecem e sabem do que cada uma é capaz. Estava escrevendo um texto, relacionado a ciúmes e facebook, mas lendo o seu, fiz uma edição e resolvi deixar uma parte aqui, para dar um exemplo de “Piti”…rsrsrs
Xico, please, escreve sobre “O colérico macho enciumado, vade retro Satanás das Costas Ocas.”?
Bjoka
Grande Xico Sá!
Vejo aí uma pontada de “Ame e Dê Vexame” de Roberto Freire. Não na busca pelo amor anarquista, mas o amor em sua essência: liberdade.
Vale ainda a frase citada no livro, de Luis Fernando Veríssimo, citada por Freire logo no início:
“Mas eu desconfio que a única pessoa
livre, realmente livre, é a que não
tem medo do ridículo.”
Beijos
Com apenas 3 semanas de namoro que promete futuro, ontem dei meu primeiro piti, discreto, porque sou assim, mas foi um piti.
O resultado foi a certeza que quero esse homem pra mim, pois contornar com sinceridade e carinho da maneira que ele fez nunca tinha visto.
Me deu certeza e confiança pois procuro um bom homem que ama minhas qualidades e defeitos.
Adoro ler você Xico !!
Amei!! Esses dias atrás, conversei com meu amor sobre isso…Ele e eu toleramos os pitis um do outro há quase 25 anos. Alguns já se tornaram previsíveis e engraçados, rs. ‘Amor’ que não tolera piti é fogo de palha.
Cá entre nós e na moral? Piti é um saco! Corrigindo: um pé no saco!! Nada mais broxante, chato, inconveniente que gente dando piti.
Já entrei na famigerada era dos “enta” e te falo que minha tolerância e fase de “relevar” pitis já passou.
Minha parca maturidade pede alguém com o mesmo nível. O mundo anda muito complicado pra ficar ouvindo nhém-nhém-nhém por besteira. Deu piti? Tô fora!
Corrigindo: inclusive…
Xico, independente da crônica de hoje (ótima por sinal) te adoro. Já me disseram que você é uma fraude (rsrs), que seus textos só servem para nos ludibriar mas não me importo. Em várias situações me ajudou a superar dias ruins com seus textos gostosos, já me fez deixar de sentir culpa em várias situações, hoje in clusive. Valeu!!!Beijo grande.
Se o autor é otário o suficiente para se relacionar com mulheres desequilibradas é problema dele. Agora não venha ditar aos outros como viver.
Velho otário.
eita cabra educado da porra! parabéns e vá ler freud, seu sabichão de meia tigela,pra sacar a parada!
Caro Cronista:
Além da resposta, creio que você deveria mandar um fardo de feno para o autor do comentário. Vai ser burro assim, lá no pasto!
Voltando ao assunto, piti é como barulho de motor: incomoda pra caraca, mas o troço só anda com ele.
Com mulher eu gosto de agarrar,morder ,zunhar,e dar uns tapas na bunda,mas só na alcova…de resto dispenso. Paz e amor ,bicho e uma fumacinha pra relaxar.
Na jornada do amor, o piti é uma encruzilhada que se repete, testando a ombridade daquele que se julga apaixonado.
O piti é o “corredor polonês” que não pode ser evitado, se não pela fuga covarde.
Nada mais sublime do que lidar, entre tapas e beijos, com uma fêmea enfurecida e seu piti fervoroso, arquitetado e preciso.
Há honraria para cabras como eu, que não costumam partir ante as explosões daquela que apoderou-se dos cafunés na barba rala?
rs
Sempre um deleite ler-te, mestre Xico!
Muito interessante seu comentário.
Será que existe honraria em cabras como eu, que atravessam as ressacas de emblemáticos pitis em pelo menos 5 anos de romance?
O que dizer dos caras que não fogem, mas permanecem inabaláveis ante as chicotadas da contrariedade feminina?
Mestre Xico, o piti é uma encruzilhada repetitiva na jornada do amor, ou empaca, ou atravessa.
Baita crônica!
A vida é assim. Piti: hoje aturo eu, amanhã você atura. Claro que não vale dar piti-o-tempo-todo-por-tudo, que haja bom senso, mas a parceria é feita pra isso: não vazar no primeiro piti.
Sem Piti não há amor, não há mulher boa, não há sexo caliente, não há tardes de domingo de conchinha no sofá vendo o Corinthians, meu bem!
Saudações de BH!!
Noutro dia, eu tava veno (tradução do mineirês: “estava vendo”) que ao longo da vida nos esforçamos pra tudo: a ascensão ou mudança de carreira; a atividade física – nem que seja a boa e velha caminhada no quarteirão…
… Mas não nos preparamos para os dilemas emocionais nem para os relacionamentos.
Nesse campo, a educação que muitos de nós recebemos; os livros mais vendidos; as discussões a que assistimos na TV e os medicamentos que nos receitam indicam que estamos nos DOPANDO pra não sentir as intempéries da vida.
Não sabemos lidar com elas.
TUDO nos convence que merecemos e devemos fazer qualquer coisa pra “ser feliz”; “viver em paz”; etc. e, portanto, ELIMINAR o que seja um obstáculo a isso. Incluindo a pessoa que até o 1º ou 2º “piti” acreditávamos amar.
É uma pena que na 1ª ou 2ª tormenta, saltemos pra fora da embarcação, sem a persistência que poderia nos levar a uma ilha paradisíaca (mesmo com alguns siris mordedores ou canibais à espreita – nada é perfeito).
Ao meu redor, pululam as separações. Também ao meu redor, poucos casais juntos há mais de 40 anos. Que ainda suportam os “pitis” um do outro – muitas vezes públicos, pra espanto ou diversão alheios.
Pena que tudo indica que as novas gerações, afeitas à velocidade, à satisfação garantida, etc. talvez não experimentem A DELÍCIA de amar o mesmo homem (ou a mesma mulher) por muitos anos.
Todo dia, de um jeito diferente.
Beijão da SUA FÃ mineira inveterada, Xico.
Fique com Deus!!
~~~
ótima reflexão. gracias .beijo
Que comentário fantástico !!!
Até que enfim alguém que teve aulas de interpretação de texto. Ufa… 🙂
Odeio homens que dão pitis…alto lá….
imagina quando o bicho pegar de verdade…!!
Machos e fêmeas deveriam entender que a vida “Doriana” só acontece na Tv! =)
boa, xará. so na tv mesmo. e depois de muitos ensaios.abs
Perfeito !!!
É triste, os encontros nada sério não costumam nem durar a tempo pro piti, quando muito o cara costuma dar no pé ou com a desculpa que quer liberdade ou que não aguenta passar vergonha com a namorada chorando na rua.
taí outro belo tema: o cara q não aguenta mulher chorando. haja homem fraco.abs
Nossa! adorei a crônica e concordo, sem pitibulismo ( é o que a minha psicologa diz – piti com Pitty bull -) não há amor, não há sexo de reconciliação, não há graça, porque gente que se prese ( pelo menos brasileiro) adora um barraco! hahaha um barraco apaixonado então … Ah!
Sem piti, não há nada!