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Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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Crônica do amor que começa

Por xicosa
26/04/13 22:01

Esta semana não tem jeito, esta semana é de conversa com Paulo Mendes Campos. Reler o homem dá nisso.

José Carlos Oliveira, mais um gênio da Cachoeiro de Roberto, Rubem Braga, Sérgio Sampaio etc, respondeu a PMC quando este escreveu, em 1964, “O Amor acaba”, um dos mais populares textos da literatura brasileira.

Ao reler a resposta, cocei os dedos para rabiscar também a minha versãozinha vagaba. Ei-la:

E quando começa o amor, Paulo? E quando começa o amor, Carlinhos Oliveira?

O amor começa, vos digo, em uma noite de sexta, a noite do pecado por excelência, o amor de uma comerciária que saiu de casa de vermelho, calcinha no capricho, crente que o amor principiaria, ela leu no horóscopo, Sagitário seu signo, o amor principiaria, qual o Gênesis, calcinha no esmero, o fiat lux, antes do último ônibus, no barzinho, na vida simples da música ao vivo, lua cheia, papel crepon, batata frita, o beijo-ou-não-beijo, será que ele presta?

Em Arcoverde, no sertão de Pernambuco, ao encontrar uma morena de Garanhuns, terra de 17 tons de morenidade, o amor começa. Era uma morena caldo-de-feijão-vermelho, melanciosa boca, buceta de manga rosa, batismo cítrico, diocesano, vida macuca.

O amor começa em qualquer geografia, LSD ou GPS. Na colina silenciosa do Pacaembu, SP, revendo um filme de Cassavetes, com as coisas dos anos 70 o amor rebobina e reverbera como o replay de ácido que teima a não sair do juízo, eternas ondas.

O amor começa, principalmente na rua da Aurora, Recife, na luz do fim de tarde, não peça que eu explique, são os mistérios do Planeta.

E quando você menos espera, o amor começa, sabe onde?, no joelho de Camila Pitanga. Um amigo meu, muito tempo atrás, viu que a nega sentia dores no joelho, talvez de um mau jeito na pista de dança. Pegou o gelo do uísque e botou nas dobradiças da deusa. Reacendeu os olhos da marlinda. Se aquele amor não deu certo, problema do amor mesmo, mas que algo começou naquele instante, ah santa fagulha!

O amor começa “ah lá em casa”.

Pobre de quem acha que o amor precisa que a fila ande. O amor é mais ligeiro, rápido, o amor é tão avançado, o amor é centroavante em impedimento.

Amor não carece de tira-teima.

Amor é impedimento. Como quem ama homem ou mulher casada, por exemplo. Isso não significa que o amor não tenha começado, mesmo de forma proibida, o amor não pede licença, o amor detesta o cartório, o amor cara-de-pau simplesmente começa.

O amor é tão lindo que às vezes já começa subindo os créditos do filme, uma transa e the end. Vai duvidar que era amor o que deveras sente até hoje!

O amor começa num lual. Costuma ser o amor “cuidado frágil”. Nunca confie num amor que começa com todo aquele cenário perfeito, maré cheia, música hippie, lua idem, tudo no clichê da lindeza.

O amor tem que começar, por exemplo, na contramão, o amor tem que começar em São Paulo, para depois evoluir até a beira da praia, uma pousada, o sal marinho que salva os velhos safados, uma metida em pé romantiquinha antes do jantar e da larica, a fome de viver, a perna bamba diante do garçom que pensa “já fui bom nisso”.

O amor começa quando o cafa cita na mesa “o amor acaba”.

O amor acaba quando o cafa é tombado e recomeça tudo de novo.

Por essas e por outras é que fico aqui bem paradinho, coladinho, porque se o amor se mexe muito, o amor já era, amar é coisa de superbonder, amor é stop, amor é…, parou, amor é estátua e um gato brincando por cima.

Quem nasceu primeiro: o amor acaba ou o amor começa?

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Comentários

  1. Chachico comentou em 30/04/13 at 20:31

    Que o amor existe, existe! Mas, é tão raro que quando acontece vira filme. Por outro lado, a traição vira novela de Gloria Peres.

  2. rt comentou em 29/04/13 at 16:12

    tem um caso famoso na roda de amigos, de um camarada, castigado, ausente de beleza, mas, por isso mesmo, de uma simpatia fora do normal, que há tempos não tinha uma noite com uma mulher e vendo o sucesso do irmão que era gay, resolveu mudar de time também. no dia que saiu de casa cheio de intenções conheceu uma mulher lindíssima, ela gostou do jeito fanfarrão e estão juntos até hoje, vivendo as venturas e desventuras do mundo a dois.

  3. Eduardo Thees comentou em 29/04/13 at 13:42

    Xico, seus textos são ótimos; procure no google: LIVRO CIBERCELULAS. Você se surpreenderá!

  4. Adriano Cavalcante comentou em 29/04/13 at 9:44

    Poeta mineiro:

    Amor – Vida

    Vivi entre os homens
    Que não me viram, não me ouviram
    Nem me consolaram.
    Eu fui o poeta que distribui seus dons
    E que não recebe coisa alguma.
    Fui envolvido na tempestade do amor,
    Tive que amar até antes do meu nascimento.
    Amor, palavra que funda e consome os seres.
    Fogo, fogo do inferno: melhor que o céu.

    Murilo Mendes
    (1901-1975)

  5. Um do povo comentou em 29/04/13 at 2:53

    O amor tem prazo de validade, assim como o mais barato copo de requeijão, à venda em qualquer secos & molhados de esquina.

    Depois de um tempo, coalha, azeda, ou acaba; por isso é indispensável comer rápido, se lambuzar, encher a amada de leite, por dentro e por fora, não cuspa não, menina, tenha modos!

    O amor-requeijão acaba, mas as pessoas guardam o maldito copo de vidro, talvez na esperança de que um dia o amor volte. À merda o desapego budista, o copo fica! E o entopem de vinho promíscuo de tetra pack, café preto coado no pano engordurado de rotina, água de torneira com tons de madeira, cloro e coliformes, qualquer coisa que preencha o vazio do copo. Mas não adianta. O amor do copo já foi embora faz tempo. O saco esvaziou, dessa têta não sai mais leite.

    E o copo acompanha o macho solteiro por anos, por toda a vida, muitas vezes solitário, na prateleira, escondido lá no fundo, pra visita não ver, o amigo pau-pra-toda-obra, só dois dedinhos pra parar de tremer, de pensar naquela que te esvaziou.

    Quando o amor azeda, tem quem encha o copo com amizade e continue chamando de amor. Tem também o comodismo, a dependência, o medo de ficar só, a idade, os filhos, as contas pra pagar, o que os vizinhos vão pensar. Tudo cabe no copo de requeijão. Tudo pra fingir que o amor ainda existe.

    Quando o requeijão acaba, jogue a porra do copo fora, assim como a segunda escova de dentes da pia. Queime cartas, memórias e sutiãs, faça um ato machista de autopreservação e libertação daquele que agora te oprime, macho do sexo frágil.

    Só guarde as calcinhas, mais eternas que diamantes, e que têm personalidade própria. Vão-se as mulheres, ficam as calcinhas. Dê a calcinha de presente pra próxima, diga que comprou só pra ela.

    Queime tudo, inclusive estas metáforas baratas da madrugada da segunda-feira sem lei. Mas deixe o copo lá, do lado daquela garrafa de cerveja travestida, sem rótulo, cheia de caninha, que seu tio trouxe de Minas, “foi um vizinho meu que fez, melhor canelinha que já tomei”.

    Bote mais dois dedinhos, e vá comprar requeijão. Mas jogue a porra do copo fora. Um copo de cada vez.

    “Of course it’s possible to love a human being if you don’t know them too well.” – C.B.

    • xico sa comentou em 29/04/13 at 3:39

      Um do povo sábio!!! mucho bom!!! abrazo

    • Fabia comentou em 29/04/13 at 11:10

      Fantástico!

  6. juan comentou em 28/04/13 at 18:36

    Como o amor começa ? como acontece ? De onde ele vem ?….. Não sei !! Apenas comece , venha , aconteça……

  7. Fabíola comentou em 28/04/13 at 18:15

    O amor existe, portante nem acaba, nem começa. Sabe, no documentário do Vinicius de Moraes, a Betânia, diz que certa vez entrou em um bar e la estava ele sozinho e caidinho… Ela estava acompanhando de uma mulher e ao apresenta-los, diz Betânia que os olhos dele, logo reavivaram… De lá, já saíram (Vinicius e a mulher) juntos… O que me remete a pensar, que só entende isso, quem tem amor no peito… De nascença. Não o amor de conveniência, inventado e lógico. Amor existe, apenas.

  8. Sara comentou em 28/04/13 at 18:02

    Lendo essa passagem me deu vontade de ouvir novos baianos… Pq tem coisa que provoca um turbilhão de sensações num dom pacato. Leitura como esta tem essa façanha… O amor pulou o muro…(Sábio Drummond))

  9. Renata Argentino Milanez comentou em 27/04/13 at 22:20

    O amor…ah o amor…o amor comeca e termina ou termina e comeca….mas ele eh tao bom, mas tao bom…..que delicia ler esse A M O R…..

  10. Osvaldo comentou em 27/04/13 at 17:21

    concurso de punheta na Paraíba
    http://www.youtube.com/watch?v=eHabvvPD_DI

  11. sergio barros comentou em 27/04/13 at 14:16

    Xico ,descuLpa o abuso de comentar neste espaço democrático ,que você nos dá,uma coisa que não tem nada a haver com o assunto.Mas vai;Angola expulsou os canalhas evangélicos,por exploração de gente humilde.ACORDA BRASIL.

    • Xico comentou em 27/04/13 at 16:39

      A casa eh sua, amigo. Abs

  12. sergio barros comentou em 27/04/13 at 12:40

    ….mas,se o amor pra nós chegar,de nós ,de algum lugar.com todo seu tenebroso esplendor.Mas ,se o amor já está,se a muito tempo que chegou e só nos enganou,Então não fale nada,apague a estrada,que seu caminhar já desenhou.Porque toda razão,toda palavra,vale nada, quando chega o amor….grande baiano Caetano.

  13. João Carlos comentou em 27/04/13 at 12:25

    http://papo-petisco-pinga.blogspot.com.br/2012/08/bar-do-bigode.html

    • Eustaqui comentou em 27/04/13 at 12:27

      Velho achei surreal esse bar…kkk… Quero ver o Xico encara o banheiro de la. Hardcore!

  14. savia ferraz comentou em 27/04/13 at 11:45

    Ai Xico o amor pode começar só de ver “O cara arrumando um pacote de mudança da filhota.Aí fica a certeza de que mesmo sendo proibido ele já começou,fazer o Quê?
    Linda crõnica….

  15. Marcilele comentou em 27/04/13 at 11:04

    http://papo-petisco-pinga.blogspot.com.br/2012/11/posso-escrever-os-versos-mais-tristes.html

  16. Fábia comentou em 27/04/13 at 10:47

    O amor é um mar.O amor é um mar sem margens.O amor é um mar revolto.O amor é um mar sem ondas.O amor é um mar que se encontra com o rio, como se vê na praia dos Carneiros.O amor é o doce com salgado.O amor é um mar aberto.O amor é uma valsa de arrecifes.O amor é um barco que tem escrito na proá ” Madalena”.O amor é pescador.O amor é pegador.O amor é dor.O amor é um beija -flor.O amor é válido,seja como for.

  17. Djalma Toledo comentou em 27/04/13 at 9:56

    Xicosa disse: “Amor é impedimento. Como quem ama homem ou mulher casada, por exemplo.”

    E começou um Amor Proibido com o misterioso surgimento de uma minuscula foto 10 x 10 mm talvez.

    Mas, coisa rara o Xicosa falar em Amor Proibido.

    Ou Prohibido:

    ”
    Yo sé que aunque tu boca me enloquece
    besarla está prohibido sin perdón.
    Y sé que aunque también tú me deseas,
    hay alguien interpuesto entre los dos.
    Quién pudo presentir que el verdadero amor
    nos golpearía de este modo el corazón;
    ya tarde, cuando estamos sin remedio,
    prisionero de la equivocación!”
    (Letra: Carlos Bahr)

  18. Jairzinho comentou em 27/04/13 at 8:26

    os preços dos remedios subiram demais. FORA DILMA!! FORA PT!!! INFLAÇÃO VOLTANDO PELA INCOMPETENCIA DO PT

    • sergio barros comentou em 27/04/13 at 13:58

      Incopetencia de cú é rola,meu amigo.Vai te catar.

  19. 什么食品容易黑发 comentou em 27/04/13 at 3:29

    你是怎么想的呢?

  20. Nina comentou em 27/04/13 at 0:14

    O amor começa quando chama de “nego”.

  21. Lua Deitada comentou em 27/04/13 at 0:07

    Genial! Prazer em ler.

  22. Silvana Farinatti comentou em 26/04/13 at 23:58

    Xico Sá, o amor começa quando tem que começar… mulher só ama que ela admira, e este tipo de amor por mais que voc6e diga para si mesma que acabou, que não veja mais o cara, e que nem se falem… quando é amor mesmo ele perdura… ele fica e não sai. Vc sai a comparar todos os homens e o que sobra? Ou melhor quem sobra? ninguém porque o amor que vc sente pelo homem escolhido te deixa cega e só ele presta…

    • Helio Souza comentou em 03/05/13 at 11:01

      Parabéns pela sinceridade! Várias vezes eu já ouvi mulher dizendo: Gosto muito do meu marido, gosto como cuida dos filhos, mas ele não é o amor da minha vida!

  23. Natália Nolli Sasso comentou em 26/04/13 at 23:27

    Que delícia de crônica, Xico! A sexta ficou mais lua, mais linda.
    Coisa boa se ler!

  24. Núbia Lima comentou em 26/04/13 at 22:47

    Querido Xico!!!! vc consegue se superar!!! “17 tons de morenidade”??? procure direitinho que tu me acha e tudo pode começar!! Uma excelente cronica, irretocável!! eu ainda leio o manual das moças… isso porque você continua solteiro!!
    um “xeiro” pra vc Xico Sá!

    • Juan comentou em 27/04/13 at 16:30

      procure direitinho que tu me acha ? Núbia , até eu fiquei com vontade de te procurar rsr

      • Jessica comentou em 30/04/13 at 16:28

        Juan, também represento um desses tons de morenidade.. 😉

  25. andreia comentou em 26/04/13 at 22:45

    querido xico….fico com o “amor cara-de-pau simplesmente começa” acabar é um detalhe… o começar que é uma delicia… um tesao…incendiario….gostoso… rapidinho ou nao….se vai acabar…. nao sabemos ou notamos depois….beijo .

    • victor comentou em 26/04/13 at 23:11

      gostei demais disso

      • andreia comentou em 27/04/13 at 19:26

        que bom q gostou…. simples assim que é o melhor… bj

  26. Anahi comentou em 26/04/13 at 22:38

    Adoooooroooo seu brogui :-)!

  27. Lily comentou em 26/04/13 at 22:21

    Q vontade de ler a resposta de José Carlos Oliveira! Tem algum link??

  28. ju comentou em 26/04/13 at 22:20

    “Pobre de quem acha que o amor precisa que a fila ande. O amor é mais ligeiro, rápido, o amor é tão avançado, o amor é centroavante em impedimento.”
    Adorei, Xico!

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