O berro selvagem do "chupa" no futebol
29/02/12 11:12Hoje é dia de “chupa”. Assim como toda quarta e todo domingo.
É o grande grito, movido a testosterona, que ecoa nos edifícios e botequins durante o futebol.
Uma leitora, que sugeriu o tema desta crônica, me pergunta se não vejo um certo homossexualismo enrustido, ou inconsciente, nesta linguagem berrada pelos machos.
Ela não suporta a “selvageria” e sempre tenta ir ao cinema para evitar a guerra do “chupa” no seu prédio no bairro da Pompeia.
É de uma deselegância sem fim, violenta mesmo, e já testemunhei pancadaria entre vizinhos aqui da rua Fernando de Albuquerque, travessa entre a Augusta e Consolação.
“Chupa, são-paulino”, berrou o vizinho corintiano do terceiro andar para o tricolor da janela abaixo.
Sururu na área. Deu polícia e tudo.
Ah, nós homens, esses eternos bobos selvagens, sussurram as moças a essa altura.
Como já escrevi na minha crônica esportiva na Folha, não faço ideia da data de criação e muito menos de onde surgiu o retumbante “chupa”. Faz ideia, meu amigo?
O escritor João Silverio Trevisan, no entanto, autor do genial “Seis balas num buraco só” (ed.Record) decifraria com facilidade o suposto grito macho.
O berro pode ser usado de várias formas.
Tem o genérico “chupa, são-paulino”, “chupa, gambá”, “chupa, porco” etc, quando o alvo é o clube, a entidade.
Tem o “chupa, Luxemburgo”, “chupa, Leão”, “chupa, Muriçoca”, quando o alvo é um técnico que desperta a fúria inimiga.
E tem o chupa fulanizado, dirigido nominalmente ao vizinho, ao amigo, ao garçom, ao dono do estabelecimento, no caso dos botecos.
Outro dia, ainda na Vila Pompéia, em uma casa dividida entre palmeirenses e corintianos ouvi um impensável “chupa, pai!” enfeitado com todas as exclamações possíveis. Coisa de tragédia grega.
O que acho inconcebível, pela falta de delicadeza, é o “chupa, fulaninha”, o berro medieval para uma amiga ou para a namorada fã de outro time.
Ah, esses moços, pobres moços que tratam as gazelas como se fossem os manos da esquina.
Sim, o macho está perdido e a fêmea se acha a bala que matou Kennedy, mas sem essa, amigo, sem revanche nessa hora, vamos dar bons tratos à bola, pegar no colo, deitar no solo pátrio e fazê-las musas, divas, as admiráveis e eternas crias das nossas costelas.
E o chupa é nacionalíssimo, com a sua variante forrozeira “chupa que é de uva”, como ouvi outro dia em Vitória da Conquista.
Quem chupa e quem não chupa este ano no futebol brasileiro? Tem “chupa” ai na sua cidade também?
Xico, me parece que a origem é a mesma de muitas expressões usadas entre homens para ofensa: sugerir que o outro faça algo homossexual (para “machos”, é essa a ofensa). chupa é só mais um “vai tomar no cu”. é homofóbico (não criminalmente homofóbico, antes que reclamem), como o é quase todo o vernáculo das torcidas de futebol.
Chupa Pai! foi fd heim!!!kkkk
Ninguem fala chupa sao Paulino. Falam chupa bambi, mesmo, como vc muito bem sabe? Por que escrever então no seu texto chupa gambá, mas nao chupa corinthiano? Proteção para o time bambi?
Tem o “chupa” consciente ou será inconsciente , do “chupa mas não morde”.
horrível perceber em que ponto chegamos!!! de tanto ouvir “chupa” “ai se eu te pego” entramos nessa tb e sem perceber sai um “chupa” e outras cositas mas. fazer o que? tempos modernos!!! mas que é horrivel, é!!!
Caro Xico, o “Chupa” não é apenas popular no Brasil. Lembra do gde Diego Maradona, então técnico da Argentina, que mandou, em entrevista coletiva, seus desafetos chuparem e continuarem chupando.
No mais, forte abraço
peraí pessoal..perai..deixa ver se entendo..ninguem aqui, inclusive o colunista nunca viu (passa todo sabado no canal sony)
SNL Saturday Night Live, que ha 36 anos é considerado o melhor programa de televisão do mundo??????????? se vissem um aprenderiam muito inclusive pq se diz sucks
a torto e a direito…
assim vc me mata, assim vc me mata… Ai seu eu te pego!
Assim vc me mata… Assim vc me mata! Ai seu eu te pego!
São Tomé gritando “Chupa Curintia” pra São Jorge, porque São Paulo não tá na Libertadores… Pode isso Arnaldo?
Alem do chupa que é de Uva em Conquista, aqui em SSa tinha o senta que é de menta. São usados como afeto en tre torcedores do Tricolor de Aço e do Vicetória.
Coisas do futebol meu amigo. chega aqui em iremos no pituaço para você ver como é que é.
Abraço!
CHUPA QUE É DE UVA, LAMBE QUE É DE TANG, SENTA QUE É DE MENTA…e por ae vai…
Na verdade falta virar mais homem esse que grita o inconcebível ‘chupa’ indelicado para a mocinha.
Porque é mesmo hora de dar colo e falar o chupa com carinho, sussurrado no ouvido, pra fazermos com gosto.
Pode até ter agressividade, mas tem que ser aquela agressividade na hora e do jeito certo. Pode até ela fazer uma desforra de um jeito ‘delicinha’.
Bobinhos os “machos” que fazem diferente…
Vamos à origem histórica dessa nobre expressão: tudo começou ali, na avenida Liberdade, antes da ponte, quando o time do meu bairro (pausa pra escalação: xinfron, sequelado, urtiga, bisóin e solé; maritaca, calango e ôi de kombi; capsilone, catabri e fôrro-de-sela) disputava um torneio anual contra o escrete do flamengo das cinco bocas. A base do esquadrão adversário era a freguesia do bar da toca, formada basicamente por indivíduos do joelho e palma da mão arranhados. Naquele ano, reza a lenda que o nosso maior e mais bem dotado craque (em todos os sentidos), o inigualável “Ôi de Kombi”, fizera uma aposta com o artilheiro do Flamengo, que naquele dia não fez a menor questão de entregar o jogo. Vencida a partida, e devidamente cobrada a aposta, ouviu-se no matagal à margem do monumental estádio das Cinco Bocas o urro bestial de Ôi de Kombi: Chupa, Framengo… chupa!
Isso é q é arqueologia. ta explicado tudo agora.abrazo
Esse foi o comentário mais lindo q li na minha vida !!!Vontde de dar uma chup…
Olha Chico ou Xico, a expressão chupa está muito além do que qualquer símbolo fálico ou qualquer coisa froidiana que a explique. Nela esta contida um monte de desabafos, como um bem feito, um dançou, um prefiro te xingar da minha janela do que chegar nas vias de fato. Apesar do comentario preconceituoso de MARCELLO ORSI na sua coluna eu dira sim, chupa pra um corintiano, desde que não estivesse com meu relógio ou carteira por perto. abraços.
Que eles xupam relógios é ?
Xico,so joga no escuro quem tem intimidade com a bola.Esse negocio de chupa pra la chupa pra ca e coisa de otario insatisfaca de meio homen.Agora /pedir pra uma leide chupar e fora de contesto.Tem se m,ais que trata las de melhor maneira ou no colo com muito carinho.
É, Xico. E tem também o “chupa” poético, com rima e tudo. Outro dia, depois de levar o rolex (sem trocadilho) do cara, um assaltante gritou pro Edmundo: Animal, ch.. o meu p…!
ré ré ré ré…
Esopo total.nada mais romantico!abs
Xicosa de futball eu não cuido
mas, esse negócio de xupar começou na decada de 60
ao menos no Mangue
esse mesmo que Zienbiski disse “onde todos os caminhos iam dar”
E como xupavam, e sem camisinhas, que o Virus ainda não havia sido inventado
era tempo dos xatos mas, xatos mesmo, se é quer você me entende
abs
compreendo totalmente,caro Djalma.e viva o Mangue.abs
Ops!
Zbigniew Marian Ziembinski
07/03/1908, Wielisczka, Polônia
18/10/1978, Rio de Janeiro (RJ)
desculpem
gente, eu sou gay e acho super sexual esse lance de gritar ‘chupa não sei o quê’. Sempre que gritam fico louca!
gracias,amigo,pela contribuição ao debate.abraço e volte sempre
Quando era criança, escutava direto meu irmão e os amigos, jogando bola e dizendo “chupa minha rola!”.
A opinião é batida, mas acho que no fundinho o suposto macho gosta de gritar pra outro homem engolir seu companheirinho.
Chupem SANTA e NÁUTICO!!!!
O ano era 1978. No Mineirão lotado, a zebra São Paulo derrota o favorito Atlético Mineiro, nos pênaltis, em atuação memorável de Waldir Peres, e conquista o seu primeiro Pindoramão. Naquela noite, na Paulista tingida de vermelho, branco e preto, o coro trovejante das multidões era “Chupa, Leão! Waldir na seleção!”.
Xixo, acho q o Gláucio apontou certo mas errou o alvo.
A origem da expressão parece mesmo ser de “chupa essa manga” como se fosse uma coisa difícil de fazer. Mas, como o passar do tempo, virou mesmo o “chupa” que todos imaginam, ou seja, o famoso e delicioso (pra quem gosta) chupar pau. Acho que é uma ofensa porque na cabeça de quem fala isso está a ideia de que quem gosta de chupar pau é uma pessoa inferior (mulher ou homossexual). Daí que é uma expressão machista e homofóbica. Mas, eu vejo ainda, como a sua leitora, um secreto desejo homossexual: ou seja, quando um homem diz “chupa, fulano” tá expressando uma vontadinha de ser chupado por outro homem. O que é ao mesmo tempo homo e machista (“se eu domino a coisa pode até ser com outro homem…).
De qq forma, acho uma expressão lamentável que desnuda o machismo horroroso que ainda resiste no Brasil e que mata gente todo dia. Sem querer ser chata, mas já sendo, adoraria que não usassem.
valeu,amigo! agora detalhamos mais a parada.abs
Exatamente: expressão machista e homofóbica, assim como “vai tomar no c*”
Mas é tão arraigado que nem percebemos.
Vale a poesia do xico e a reflexão de todos
O “chupa” rompeu as barreiras futebolísticas: não é de hoje que meus novos e antigos colegas das arcadas entoam o “chupa OAB!” quando da aprovação no exame da Ordem dos Advogados..hahaha virou uma espécie de desabafo venturoso!
Concordo plenamente… Nas mesas de pôquer, entre amigos, a nobre e gentil expressão “chupa”, impera! Especialmente nas vitórias inesperadas…
Sem dúvida extrapolou o futebol.
Em São Carlos, estudantes da USP usam camiseta com a frase “Xupa Federal” em referência aos alunos da UFSCar e alunos da UFSCar usam a camixa “Xupa Caaso” em referência ao centro acadêmico da USP.
eu NUNCA falaria isso pra um sao paulino!
Muito bom, Xico!
Virou um vício… já soltei um chupa, meio sem querer, pro meu sogro sãopaulino… saia justa! 😛
E às vezes, o chupa, é só um chupa… sem estar endereçado a ninguém, é quase que um desabafo da tensão do jogo!
Xico querido, o Antonio Prata tb já escreveu umas duas crônicas sobre o “Chupa”. Assim que achá-las compartilho aqui
Viejo, esse exemplo do “chupa, pai!” já aconteceu na minha própria família, mais precisamente na casa da minha namorada, palmeirense, que dirigiu o elogio ao pai dela, corintiano, logo após a derrota do Corinthians para o Sport na Copa do Brasil de 2008.
Ela desmente, ele jura de pés juntos que ocorreu.
Chico, que nada! Isto vem da gíria “chupa essa manga” ou “chupa essa fruta” feminista adora ver viado dentro de macho. Encana não!
sim,pode ser. tem tb o “chupa q a cana é doce”,do interior d sp. bora tentar descobrir a origem.valeu.abraço
Pois é, Xico, desconfio que o “chupa que a cana é doce” tem sua importância nessa história. Não sei sua origem exata, mas lembro do narrador Silvio Luiz usar a expressão na TV nos anos 80, principalmente quando um time estrangeiro levava gol de um brasileiro (time ou seleção). Até então, isso praticamente não era usado no futebol. Na minha opinião, Silvio Luiz difundiu o “chupa”.
Eu nunca falo isso para um Sampaulino.
Terrível essa palavra, quando nesse sentido…. Pior ainda, berrada dentro de sua própria casa por seu marido para o seu (meu) time, fica ainda pior, chega doer no ouvido…