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Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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A arte de "dar o perdido" e não ser achado

Por Xico Sá
18/03/14 02:05

ninja01

“Dar um perdido” sem deixar pistas, por causa das mil e uma novidades tecnológicas, é algo cada vez mais raro ou estou enganado? Creio que seja mesmo impossível.

Pelo menos ficou bem mais difícil a operação ou a mentira. Recentemente vi muitos “perdidos” desmascarados ao simples descuido de uma foto nas redes sociais etc. Por mais que a criatura se esconda, é de altíssimo risco –era facílimo pré-celular, localizadores e toda essas novas geringonças.

Pelo menos agora requer muita cara de pau do rapaz ou da rapariga, além de uma boa habilidade tecnológica para desviar os aparelhos, evitar os radares etc.

Trai-se hoje como no tempo de Madame Bovary. A descoberta, porém, beira os 90%, apurou o meu Databoteco.

Como “dar o perdido” sem ser descoberto na mentira depois? No “Yahoo! Respostas”, fonte de diversão pura, uma moça chamada Felina, que aparece em biquíni à prova de sumiços, dá a dica a uma jovem colega:

“Fala que vai dormir na casa de uma tia, pois ela vai fazer um exame e precisa de companhia para ficar com ela…Ou diz que ficou dopente, que pegou gripe suina rsrs…. E pede para sua mãe ou alguém da sua casa, quando atender o telefone, confirmar a historia…”

Há a preocupação em amarrar todos os pontos ou as pontas, como queira. Outras respostas advertem: vale na hora, mas com o tempo as provas do crime aparecem nas redes sociais.

Reparo que existe uma diferença entre o truque masculino e o feminino.

No caso dos homens, a incapacidade de construir uma narrativa verossímil piora mais ainda a justificativa do “perdido”. Somos fantasiosos demais da conta, um desastre.

Na ficção do “perdido” , o macho é do realismo-fantástico, é cada história de fazer corar o Gabriel Garcia Márquez; a fêmea tem uma prosa mais enxuta, certeira e crível, seja ou não verdadeira a história que conta.

Mulher está mais, nesse aspecto, e somente nesse aspecto, para o texto seco e mortal do romance policial ou “noir” americano, escola de Dashiell Hammett, Chandler etc.

Homem é capaz de dizer que foi abduzido, que esteve na Ilha de Lost, que era um dos passageiros do avião desaparecido da Malásia.

É, amigos da Bahia, “dar o zig now” ou simplesmente “o zig”, como se diz em Salvador, não é mais arte para amadores.

“Zig now” ou “Zignal”, como já abrasileirado pelo grupo “Harmonia do Samba”, teria origem no termo “sign out”, quando você cai fora de um site, por exemplo. Boto fé.

Atitude sorrateira também conhecida como “dar o ninja” , o “perdido” ao qual me refiro não é aquele simples bolo de uma história que ainda não engatou. Ai é coisa de homem frouxo mesmo, meu caro, o homem-de-Ossanha tão marcante no nosso tempo –o homem que diz vou e não vai, como na canção de Vinícius e Baden Powell.

Tampouco falo do “perdido” clássico das antigas, aquele de sair para comprar cigarro e voltar dali a dias ou, em alguns casos, nunca mais. Não, não se fuma mais o king size do abandono dessa forma.

“Dar um ninja”, escapulida que rendeu o nome deste motel no bairro da Várzea, no Recife (foto) está cada vez mais difícil. Nem pense, amigo, que ela não sacou tudo. Apenas fingiu de lesa. Tua batata está assando a mil graus em um forno profissa.

§§§

Agora vamos à oficina literária do “perdido”. Qual foi, amigo(a), a justificativa mais “escrita criativa” ou maluca que você já ouviu?

 

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Pacheco, o conde otimista e a Copa

Por Xico Sá
17/03/14 00:36

pacheco

Amigo torcedor, amigo secador, é chegada a hora de conversar com o conde Afonso Celso, que ainda em 1900, publicou o seu genial  “Porque Me Ufano do Meu País”, assim mesmo em nacionalíssimo apelo brasuca.

Genial porque o absurdo também é fruto do gênio, ora pois, desde que o gênio esteja exposto também ao nosso brasileiríssimo sarro ou tiração de onda, como me alerta aqui o Marcelo D2.

O certo é que o velho conde, quase um século antes da publicidade nacionalista e boleira, inventou o pachequismo, a arte de ver ou país ou torcer como o Pacheco da propaganda das lâminas de barbear –ironia da história é que a pachecada publicitária ocorre justamente em 1982, quando nem carecíamos tanto dessa onda da pátria em chuteiras e perdemos do mesmo jeito etc.

A função técnica cameloística, digamos assim, com todo perdão aos respeitáveis camelôs expulsos pela força bruta e nada cristã do rapa, era vender gillete sob o apelo cívico contra o novo vira-latismo que se instaurara de 1970 até aquela data.

Continuemos na antropologia rasa, afinal de contas boiar no mar é de graça, como canta minha amiga Karina Buhr. Donde o conde foi nosso Pacheco I.

Mas quem primeiro brincou com a máxima do conde, comparando o livro patriótico aos piores momentos do “Brejal dos guajas”, do acadêmico José Sarney, foi o Millôr Fernandes, ainda nos anos 1980, na velha “Veja”. Daniel Piza, que nos deixou precocemente, usou o bordão, com uma negativa marcante, na sua coluna no novíssimo “Estadão” nos anos 2000.

É preciso, neste ano de Copa, reler o conde. É o que tenho feito, depois de ganhar uma cópia de minha amante bibliófila da rua do Ouvidor, brotinho que curte paradoxos e livros antigos. Foi durante uma cerveja crepuscular com o amigo Marechal, na toca do Baiacu, que ela irrompeu do vizinho sebo “Folha Seca” com o presente crepitando no celofane. Que bonito é.

O conde dizia assim:

“Quando disserdes “Somos brasileiros!”, levantai a cabeça, transbordantes de nobre ufania. Deveis agradecer todo dia a Deus o haver Ele vos outorgado por berço o Brasil.

A flora brasileira é maravilhosamente rica, dado aí se juntarem todas as flores e frutas do universo.

Negros, brancos, peles-vermelhas, mestiços, vivem aqui em abundância e paz.”

Antes de Gilberto Freyre, como lembrou o Piza, foi o monarquista que louvou a tal da democracia racial.

Esqueceu apenas de avisar, mais de um século depois, aos brasileiros que frequentam estádios de futebol, bares, boates, feiras livres, shoppings antirrolezinhos etc.

Esqueceu de avisar à tal justiça desportiva, seja do Rio Grande do Sul ou de qualquer parte dos tristes trópicos, que 30 patacas e mando de campo é apenas rubricar, subscrever e assinar em branco –com trocadilho mesmo!- a aprovação ao ato de injúria racial sofrida pelo juiz Márcio Chagas.

 

*crônica publicada na versão impressa desta mesma Folha.

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Em busca do macho perdido

Por Xico Sá
13/03/14 16:03

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Em uma reação bem-humorada à onda metrossexual que assola a humanidade, vi agora na tevê, no intervalo de um programa esportivo, uma propaganda de um desodorante para o homem-homem.

Você provavelmente já deve ter visto também a essa altura.

O cara manda a porrada no coqueiro e cata um coco para agradar a dama. E haja cenas épicas do gênero, como acender uma vela de um jantar romântico, com um lança-chamas. Tudo para fazer derreter a mocinha como em um filme do velho Oeste.

Aí vem a assinatura, em uma voz que pulveriza testosterona na sala: o desodorante do cabra-macho!

Não chega a anunciar uma nova terra prometida pelos caubóis de Marlboro, mas é um comercial ousadíssimo para tempos exageradamente corretos. E com um humor, a partir dos cliclezões da macheza perdida, que você não encontra mais na publicidade apenas engraçadinha e adolescente de hoje -olha a nostalgia aí, gente!

Óbvio que eu preferia o gaúcho de Alegrete Paulo César Pereio ou, no mínimo, o Zé Mayer, mineiro de  Jaguaraçu, no papel que coube ao Malvino Salvador, com todo respeito ao moço, óbvio.

O reclame me fez recordar os usos e costumes do macho-jurubeba, essa versão ainda mais original, o macho roots, o macho de raiz. O termo nasceu mais precisamente no sítio das Cobras, na zona rural de Santana do Cariri, onde este cronista entre bravos se criou.

Revisitemos, pois, a capanga do macho-jurubeba, que já foi tema deste blog e agora relembramos para as novas e desavisadas gerações:

Era um sujeito vaidoso sim, mas sem frescuras. Não confunda.

Na capanga do macho-jurubeba, encontramos um espelhinho oval com o escudo do seu time ou uma diva em trajes sumários, um pente nas marcas Flamengo ou Carioca, um corta-unhas Trim ou Unhex, um tubo de brilhantina no caso dos cabeleiras, um frasco de leite de colônia faz vezes de desodorante.

Vemos também, no fundo do embornal, uma latinha de Minâncora e outra de banha de peixe-boi da Amazônia em caso de eventuais ferimentos, calos ou cabruncos.

Em viagens mais longas, barbeador, gillette, pedra-hume –o seu pós-barba naturalíssimo, nada melhor para refrescar a pele e fechar os poros.

Alguns pré-modernos e distintos se antecipavam aos novos tempos usando também Aqua Velva, a loção para o rosto utilizada pelos “homens de maior distinção em todo o mundo”.

Vemos também, no kit macho, emplasto poroso Sabiá, pedras de isqueiro com a marca Colibri e um item atual até nossos dias, o polvilho antisséptico, afinal de contas a praga do chulé é atemporal e indisfarçável.

O lenço de pano nem se comenta, não podia faltar nunca.

Era o máximo permitido.

Hoje, você sabe como é, o cara anda por ai com a nécessaire estourando o zíper de tanto creminho.

Outro dia uma amiga de SP foi obrigada a dar uma dura no namorado:

“Ah, não, bancada de creme maior do que a minha na-na-ni-não, a bancada dele parecia a da Adriane Galisteu que vi na “Quem”, uns dois quilômetros de metrossexualismo explícito”.

E rolou a maior D.R., a mitológica discussão de relacionamento, da história do bairro das Perdizes e arredores. O amor não resistiu à guerra dos potinhos.

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Ex-gay, enterro de anão,PMDB fora do governo...

Por Xico Sá
10/03/14 19:03

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Podemos incluir, definitivamente, o PMDB, Partido do Movimento Democrático Brasileiro, no folclore das coisas que nunca veremos. Trato do PMDB fora do governo. De qualquer governo. Antes, agora e doravante.

O PMDB fora do governo é como pé de cobra, ex-gay, cabeça de bacalhau, enterro de anão e Íbis campeão pernambucano, para ficarmos apenas nos clássicos da piada de macho-jurubeba. Jamais testemunharemos. Opa, desculpa rapaziada do Íbis, o pássaro preto já levantou taças sim senhor e deu Vavá à Seleção Brasileira.

Se bem que vimos, alertam os leitores, a cerimônia do Nelson Ned. Grande baixinho na exceção da regra.

Voltemos à real politik.

PMDB, partido do movimento democrático brasileiro mais óbvio: a gente ameaça cair fora, o governo –qualquer governo- acredita. Se for ano eleitoral a gente pega mais um Ministério, faz um arrastão nos cargos de confiança e ainda leva de lambuja umas autarquias para empregar cabos eleitorais e primos de terceiro grau. Cunhado não conta, cunhado não é parente, como se diz aqui na Brizolândia.

E segue la pelota, como narra o Milton Leite.

Queiram ou não queiram, os peemedebistas representam milhões de brasileiros, em nome de quem negociam essa “Oh! Calcutta” política toda, digo, esse “Oh Rebuceteio”, como na belíssima e pedagógica pornochanchada nacional de Cláudio Cunha. A fita é uma mistura de “Oh! Calcutta” -óbvio Pedro Bó!- com “A Chorus Line”, dois musicais da Broadway.

Coisas que a gente aprende com o mecânico Tonhão Borracha (foto), um iluminista socialmente injustiçado que não entrou para a turma de críticos de cinema da USP -restou ao delicado cidadão de bem uma vaguinha no genial “Preliminares” do Canal Brasil.

Segue a sacanagem, Milton Leite… Um dos marcos históricos do filme “Oh Rebuceteio!”, no orwelliano 1984, era  apresentar um sexo explícito sem simulação alguma. É mole? Durma-se com uma metáfora sofisticada dessas, brava gente brasileira.Com o PMDB e a pátria, em chuteiras ou em outra fantasia-fetiche predileta, é a mesma coisa.

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Feliz 2014, 2 mil e catarse, começar de novo

Por Xico Sá
10/03/14 03:32

zcarniceria

Miro esse quadro na parede, do bar Z Carniceria, rua Augusta, SP, e reflito: 2014, o ano que teima em começar decentemente.

Feliz ano novo. Foi o que pensei agora ao ver passar o último bloco do carnaval. E olhe que neste 2014 já aconteceu de tudo. Mas a gente tem aquele malassombro no juízo. A mitológica e infalível Velha da Foice, ih, a finitude, tintim de vodka contra o tédio, saúde!

Que as nossas mulheres não morram viúvas. Um brinde.

O ano só começa mesmo depois da Copa, o garçom adverte.

“Se houver amanhã, bicho”, provoca, na mesma taverna, o escritor Marçal Aquino -usa, evidentemente, o título do livro do colega de ofício Sidney Sheldon.

Há quem diga que, para valer mesmo, só adianta depois das eleições –dependendo de quem leve a parada.

O ano que teima em não começar não parece mesmo um 2014 fácil. Tem cara do 1933 do escritor John Fante. Deixa quieto.

Pra gente que é mais velho a sensação é que é cagado e cuspido como todos os seus antecedentes no calendário. Tédio.

Tem gente mais velha ainda que acha que teremos uma repetição de 1950, com o Brasil perdendo na final não mais para o Uruguai, para a Argentina. .

O ano em que o apocalipse virou um #restegui: #NãoVaiTerCopa.

Sou mais o músico Paulo Diniz e o seu “E agora José” do Drummond: a crônica do homem que ama e protesta. Tudo junto e venha o que vier.

Feliz ano novo. Nossos planos são muitos bons, como na canção dos “Doces Bárbaros”. Tão bons que nem ligam se não os cumprimos desde a Copa de 1982.

Agora um pouco de ânimo nesta segunda torta. Temos bons motivos para comemorar o ano que começa hoje:

1)  Se o Papa Francisco é ladrão confesso (rs), diz palavrão e torce para o San Lorenzo e para a Seleção da Argentina, tudo é permitido.  Humaníssimo. Só falta agora ele acabar uma missa em latim com o tradicionalíssimo “culus bebedorum dominus non habet.”

2) Os garis cariocas têm noção para onde varrer o lixo do poder e da história.

3) Em tempos tacanhos nem os garçons mais sentimentais te concedem um choro no uísque batizado, em compensação voltou a cultura do próprio isopor, na praia, no churrasco, na esquina. O bom combate a um Rio $urreal.

4) Camila Pitanga, ave, a vi,  segue cada vez mais colossal e ilumina a cidade.

5) O Cabo de Santo Agostinho, que já nos deu a modelo Emanuela de Paula,  não para de nos matar de alumbramentos femininos anônimos. Passei lá outro dia e quase não saio vivo.

6) Pelo mesmo critério abençoado, Niterói vem logo atrás. Segue firme como terra de mulheres bonitas.  Eu ia te chamar enquanto corria a barca…

7 ) BH nem se fala, encanto radical, na savana da Serra do Rola-Moça ou nas alamedas da Savassi. O mais, amiga, é aquela louvação toda às mulheres de Minas, como derramei em laudas amareladas pelo tempo. Está aqui neste link, a quem interessar possa.

No mais, é seguir os poetas, só eles sabem da existência. Nosso guia para mais um recomeço pode ser, por exemplo, Ana Cristina César:

“Estou vivendo de hora em hora, com muito temor.
Um dia me safarei – aos poucos me safarei, começarei um safári.”

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O dia em que Maria fez Lampião tremer de amor

Por Xico Sá
08/03/14 15:23

 

mariabonitafodaDia Internacional da Mulher,  dia de aniversário de Maria Bonita.

Essa menina que enjoou da boneca mais cedo do que as outras.

Essa baixinha invocada. Tipo que a gente gama pela brabeza e pelo destemor de se jogar lindamente sob o solzão estralado da existência.

Pense em uma mulher bem-resolvida, meu caro Sigmund. Melhor: uma mulher que sabia o que queria no calor da hora. Repare a enquadrada que ela dá em Virgulino:

– Como é, quer me levar ou quer que eu lhe acompanhe? –sapecou a baiana, idos de 1929, dos 18 para 19 anos, deixando Lampião, acossado, risinho amarelo fora dos beiços.

Foi a primeira cantada de uma mulher em um homem no Nordeste brasileiro. Reza a lenda e quem tiver sua realidade que não me venha botar gosto ruim na história.

O temido bandoleiro, que já havia deixado um rastro de sangue pelos sertões, estava diante de uma mulher que o fazia tremer como vara verde de canafístola:

– Como você quiser, Maria; eu também quero. Se estiver disposta a me acompanhar, vambora” –respondeu, assombrado com a danação da pequena.

E lá estava formado, com esse diálogo fumegante, o casal mais lendário do Nordwestern -Bonnie & Clyde é muito pouco quase nada diante das aventuras desta parelha.

A moreninha mignon, olhos enfeitiçadores –charmosamente estrábicos, como amo isso!–, era a primeira fêmea a participar de um bando de cangaceiros, uma história dominada pelos homens desde que o século 18, quando o pernambucano José Gomes (1751-1776), o Cabeleira, deu início a este ramo.

O pioneirismo de Maria Gomes de Oliveira enfrentou resistência. A suspeita dos cabras de Lampião era que a presença feminina enfraqueceria o cangaço, facilitando a captura dos fora-da-lei por parte das forças policiais ou “volantes”, como eram conhecidas.

“Homem de batalha não pode andar com mulher. Se ele tem uma relação, perde a oração, e seu corpo fica como uma melancia: qualquer bala atravessa”, declarou o cangaceiro Balão.

O sociólogo e psicanalista cearense Daniel Lins, no seu livro “Lampião, o Homem que Amava as Mulheres” (ed. Annablume) mostra o contrário. A tropa ganhou mais força com a presença delas.

Um depoimento do bandoleiro Volta Seca -um excelente compositor, aliás -sustenta o argumento: “Elas se mostravam sempre corajosas, era raro que criassem problemas”.

Há quem entenda a participação de Maria Bonita e suas amigas, companheiras de outros integrantes do bando, como um marco precursor do feminismo no Brasil. Faz todo sentido.

“Pela primeira vez na história, as mulheres dividiam as tarefas com os homens igualitariamente. E o comprimento da saia subiu para acima do joelho”, diz um dos principais especialista do ciclo do cangaço, o historiador Frederico Pernambucano de Melo, autor do clássico e imperdível (mesmo!) “Guerreiros do Sol” (ed. Girafa). Leia, Lola, leia.

Quando conheceu Virgulino Ferreira, na fazenda Malhada do Caiçara, hoje município de Paulo Afonso (BA), onde Lampião se refugiava, Maria era casada, desde os 15, com o sapateiro José Miguel da Silva, o Zé de Neném, contra quem pesava, coitado, naquele cenário machista, a suspeita de ser estéril.

A convicção que estava diante do amor da sua vida foi fatal para o fim do primeiro relacionamento de Maria Bonita.

Dai por diante o rei e a rainha do cangaço se grudaram, entre batalhas, dengos e cafunés –um capricho de Virgulino–, durante nove anos, até que a morte os separou, em 28 de julho de 1938, quando Lampião foi assassinado pela PM e Maria, degolada, na mesma ocasião, na gruta de Angicos, em Poço Redondo, Sergipe. Fim do romance, jamais do amor e da lenda.

§§§

De profundis: Se você quer saber mais sobre todas estas danações, leia, além de Frederico e de Daniel, acima citados, “A dona de Lampião”,  livraço, narrativa com boniteza e arrojo, da escritora Wanessa Campos, de Triunfo  (PE) para o mundo.

Querem mais dois bons, para instigar o juízo e o conhecimento sobre esse tema mais do que fascinante? Lá vai: “Lampião –as mulheres e o cangaço” (ed. Traço), de Antonio Amaury;  “Os Homens que Mataram o Facínora – A História dos Grandes Inimigos de Lampião” (Record), de Moacir Assunção.

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Carta p/ Vera ou O escândalo são os outros

Por Xico Sá
07/03/14 02:38

Vera-Fischer-Divulgação

Estimada Vera, é com atraso, mas com o amor ungido nas cinzas carnavalescas, que te endereço estas mal traçadas. Os manuais de cardiologia recomendam e os homens de boa vontade obedecem: não é bom guardar tais sentimentos. As minhas desculpas por retomar a chatice do tema. Espero que compreendas. Os selos desta carta foram grudados com a resina da compaixão, jamais da pena, sei que me entendes.

O motivo desta é para dizer que, assim como existe a vergonha alheia, estou com a ressaca moral alheia. Não por ti, obviamente, mas por essa gente, incluindo coleguinhas e santinhos do pau oco de plantão, que exploraram, urubuzisticamente falando, o teu porre de Carnaval.

Porre + Carnaval, vai somando aí, gente fina.

Gostei do Miguel Falabella. Neguinho veio cheio da malícia querendo uma declaração moralista, donde ele sapeca, bonito, elogios ao teu profissionalismo como atriz. E pronto, e priu, como se diz em Pernambuco.|

Ora, um pileque de Carnaval, cheio daquelas verdades necessárias que soltamos justamente no luxo dessa hora. Na minha terra, nas minhas tantas terras, notícia no Carnaval é encontrar alguém sóbrio na folia –os amigos dos retiros espirituais não contam, com todo respeito.

Parece aquele velho conceito do que é ou não é notícia. Se o cachorro morde o homem, dane-se, não há menor novidade nisso. Notícia é quando o homem morde o cachorro –se bem que hoje basta um ator se espreguiçar no aeroporto, como aconteceu recentemente, que já vira #rastegui.

Aguentar sobriamente um camarote daqueles, querida Vera, impossível. Ainda mais com uma turma que homenagearia a história oficialíssima da tv, arre, que saco. Isso é bom em um documentário de domingo, não no mundo momesco e fantasioso.

Foste a vingança de muita gente, foste Vera, a superfêmea, como no título daquele filmaço que fizeste do diretor Anibal Massaini Neto. Foste a grande mulher de sempre, sem mentirinhas ou nove horas, um rosto demasiadamente humano no meio da farsa e da picaretagem nota zero em harmonia.

Sim, o preço é alto, Vera. Está ficando cada vez mais caro ser mais ou menos parecido com a gente mesmo. É a grande inflação brasileira do momento. A economia moral -nem os romanos antigos foram tão bons nisso- é a cara de pau.

Repito: estamos tratando de um porre carnavalesco. Nem caberia o critério da genial Angela Rô Rô: “Dou gargalhada, dou dentada na maçã da luxúria, pra quê/ Se ninguém tem dó, ninguém entende nada/ O grande escândalo sou eu/ Aqui só”.

O escândalo c´est moi, caro Flobé.

Era só este breve bouquet demodê de palavras, Vera, que este cronista sempre com nó na garganta, tinha para te ofertar.

Com o amor, carinho e um beijo nada técnico, Xico Sá

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Moral provisória: chifre de Carnaval não conta

Por xicosa
27/02/14 02:36

zeclaudio2

 

Seguimos na mesma pegada lírico-momesca, caro Zé Cláudio, cronista-mor de Pernambuco que, por acaso, e jamais só por isso,  ilustra esse blog manhoso e pé-de-lã.

José Cláudio, você sabe lá o que é isso? Um gênio das artes, que orgulho, procure saber, cambada de corno (rs).

Recebi exatas 52 consultas sobre como conviver com o barraco dos casais cujas carnes são carnavais.

Amo confiarem tanto num cronista vagabundo cujo lema sempre foi “só o vento sabe a resposta”.

Lindo demais e que seja assim por toda a vida, amor mais nada pedirei, como cantava o comovente Nilton César.

Só me resta repetir velhas lições para o leitor que chegou agora:

O código da moral provisória foi inventado pelo enfezado Jean-Paul Sartre, aquele filósofo francês que queria comer todas as alunas e carecia de uma desculpa intelectual para a coisa. O colega Caio Túlio Costa, no seu livraço “Ética, jornalismo e nova mídia”, que me ensinou essa parada, algo assim como “lavou tá novo”.

Sim, amigo, Carnaval sempre foi um perigo para os pombinhos que resolvem brincar juntos. Sempre a favor do amor e da paz nos lares doces lares, este cronista deixa algumas dicas úteis – e outras nem tanto- para os foliões que se arriscam de mãos dadas na festa da carne.

Concordo: a missão é quase impossível.

“Só se forem brincar em um baile de casa de swing”, corneta aqui um amigo urso pé-de-lã, cético no último. “Utopia, meu caro”, diz o outro, homem sério e ainda enfeitado com as serpentinas de um trauma antigo. “Calma, senhores”, tento amansar os cavalheiros da nossa távola.

Até que aparece a primeira dica, com o humor que a ocasião nos pede:

“Aprenda a abraçar seu amor de forma satisfatória com apenas um dos braços, já que a outra mão vai ter uma cerveja sempre”, aconselha o estratégico Rodolfo Barreto, o único da mesa que pode ser identificado sem problemas.

O mesmo camarada alerta sobre o capítulo das fantasias. É recomendável que o casal saia às ruas ou aos bailes sempre vestido de fantasias complementares, como Adão e Eva, por exemplo. Ou Adão e a cobra. Tabém vale.

Agora uma moça se intromete lindamente na conversa. Ótimo, assim não fica uma visão tão porco-chauvinista:

“O ideal é se perder do bloco, depois se encontre de trombada e beije seu namorado como se estivesse beijando alguém que nunca viu em uma micareta na vida”, diz a danada, clássica diabinha, afe paudurescência da gota serena.

Há também quem acredite existir uma única fantasia possível para os enamorados: um se veste de paciência; o outro de compreensão. E segurem a onda para que as máscaras não caiam diante de possíveis tentações avulsas. Nada fácil.

Não é à toa que muitos casais preferem o sossego de uma praia, a mais sábia das decisões. Principalmente para quem já correu muito atrás do trio elétrico e do Galo da Madrugada.

Otimista qual uma Pollyana fanática, eu acredito na celebração conjunta. Palavra de quem já viveu o inferno de brincar juntos, mas também encarou, na boa, e com muito amor, até o inferninho brega e fogoso do I Love Cafusú no Preto Velho, Olinda.

E depois, evidentemente, o baile mais quente e joiado do pedaço: “Seguranças de Lala K”, pense na raparigagem. Culpa, óbvio uluante, minha criança, do Felipe Machado –soube que anda pensando em virar a tapioca para o Santinha, minha gente, vê se phode!

Sim, existem os espertinhos(as) que arranjam uma briga ainda na véspera. São os piores: crime premeditado.

Pior mesmo é tentar bancar o casal moderno e fazer o pacto da carnificina. Aquele em que cada um brinca em um canto da cidade ou em Estados diferentes. Terrorismo amoroso na certa. Fica o suspense e um sofrimento medonho. Carece muita evolução ou safadeza propriamente dita para segurar essa bronca.

E entre os mascarados papangus de Bezerros?

Ninguém é de ninguém mesmo. Pense num terrorismo amoroso, pense em um suspense à Hitchcock.

Amar é… lindamente não ter certeza das coisas. No amadorismo do carnaval ou no resto da vida que nos sobeja.

Pombinhos, paz na terra aos homens de boa vontade. E se rolar algum acidente, dêem aquele desconto necessário, afinal de contas chifre de Carnaval não dói nem enxovalha a honra de seu ninguém. Acontece.

As cinzas da quarta, reza a cartilha religiosa, ungem lindamente as nossas testas, amém.

Evoé, Baco!

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A dura vida de ser o(a) outro(a)

Por xicosa
25/02/14 19:43

ursofredJordao02

Chega mais um feriadão, como este Carnaval, e o(a) amante não vê a menor graça.

A não ser que seja um urso pé-de-lã (aí bem na foto de Fred Jordão), personagem momesco do Recife que sempre escapa do marido furioso e eventuais caçadores da arca do chifre perdido.

Noves fora a folia recifense,  pense!, o amante só se ferra, só se lasca como maxixe cortado em cruz.

Agora falando sério:

Ele, o “bom marido” –traz mais aspas, garçom, faz favor- vai viajar com a legítima esposa e as crianças.

Ela, a boa e paciente esposa, vai para a casa na serra curtir a temperatura amena com o maridão de velhos carnavais etc, pais & filhos.

E aos seus devidos amantes só resta dançar um tango argentino, em pleno feriadón -gracias a la vida por me devolver el chifre.

E aos pobres amantes só resta cantar um clássico de Capiba e Carlos Pena Filho:

“Você tem quase tudo dela,/ o mesmo perfume, a mesma cor,/ a mesma rosa amarela,/ só não tem o meu amor./ Mas nestes dias de carnaval/ para mim, você vai ser ela…” [Escute aqui na interpretação lindamente arrombada de Junio Barreto].

Nada pior para um(a) amante do que um feriado prolongado. Principalmente se for um amante de firma ou de repartição pública.

Sim, o Natal é triste também para o(a) amante. O Reveillon nem se fala –só resta uma fria mensagem ou um melancólico telefonema escondido  da família. A vida como ela é, a vida como não deveria ter sido.

Pois é, mais um feriadão e a promessa cotidiana parada no engarrafamento monstro da descida para o litoral de São Paulo.

A promessa derretendo como a manteiga da rotina na chapa.

Pois é, “garrô”, como se diz aqui em BH quando o trânsito para.

Não adianta a amiga e o amigo amante ficar ai parados essa cara de esposa e de marido.

Nem sequer adianta imaginar que ele(a), lá na casa de praia ou lá na casa de campo, encena a felicidade de propaganda de margarina.

Você pode até arriscar uma filosofiazinha de consolação:

Margarina pode até ser vegetal, mas também derrete qual manteiga no verão carioca ou no filme “O Último Tango em Paris” -veja, Lola, veja.

Nem adianta bancar o(a) intelectual e citar Tólstoi, no começo do romance Anna Kariênina:

“As famílias felizes parecem-se todas; as famílias infelizes são infelizes cada uma à sua maneira”.

Só adianta se jogar no baile, meu bem. Não falo de vingança, vingança, vingança aos deuses clamar. Só adianta, pelo menos até as cinzas da quarta, ser um(a) black bloc do amor.

Evoé, Baco!

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Caso com vadias, me divirto com santas

Por xicosa
24/02/14 01:48
Mitologia: o Homem da Meia Noite bate Casanova e dom Juan no amor ao mulherio

Mitologia: o Homem da Meia Noite bate Casanova e dom Juan no amor ao mulherio

Caso bem direitinho com a vadia e chumbrego bem erradamente com a suposta santinha…

Supunhetemos que, de tão suposta, como no nosso noticiário da imprensa burguesa, a suposta santa seja o seu contrário, como é de costume.

Donde a puta, supostamente, seja a santa.

E vice-versa.

Supunhetemos que… Eis o verbo. O condicional preciso, na mosca indecisa do seriado “Agente 86”, quando o inseto expressionista posa num quadro em branco e nego jura que é parte da arte. Aí foi inventada a crítica moderna.

Um engradado de Pitu para quem lembrar desse episódio do “Agente 86”. Coisas da Guerra Fria, baby!

Supunhetemos que…

Não me leve a mal, vou beijar-te agora, já é Carnaval…

Calma, valente, devagar com a marchinha da história.

Aqui é crônica de costumes, tenho a manha da picaretagem. Deixa comigo, sou o Walter Benjamin do Crato, porra.

Não queria voltar ao assunto…

Mas como ouvi um papo troncho ontem em um vôo Rio/Belo Horizonte, volto a um velho tema, data vênia, me perdoem aqueles(as) que estão cansados dessa caduquice aqui didaticamente repetida.

A prosa, pasme, era exatamente esta: mulher pra se divertir; mulher para casar. Pense em um tema triste e envelhecido em barris de caretice, amigo!

Os mancebos voltavam de uma farra em blocos de rua da folia pré-momesca carioca.

Acho necessário repassar a lição para estes moços, pobres moços. Aqui vai não uma aula de educação sentimental, aqui vai quase um Mobral sentimental, de tão primário:

O mundo evoluiu muito nos seus modos de macho e nas modinhas de fêmea. Infelizmente, porém, ainda tem um magote de marmanjo que teima em seguir na vanguarda do atraso. Só tem!

Repare que ainda existe, amigo, homem que ainda diferencia mulher pra se divertir e mulher para casar.

Trata-se, com todo perdão pela sinceridade, de um meio homem. Faz tudo pela metade. Nem casa direito e muito menos se diverte. Sem se falar que, nesta escolha, já inscreve a sua candidatura automática ao rol dos cornos.

Ora, amigo, a mulher completa tem, na mesma cabeça, um pacto com a santa e um pacto com a rapariga. É essa mistura que dá a graça.

Que me perdoem, pela fúria, esses meio machos, mas não existe essa conversinha da fêmea apenas santa ou da fêmea totalmente vadia.

Que tal o contrário, amigo, eis o recurso do método: se divertir com a que julga para casamento e casar com a que vês como ficante? Já experimentei. Funciona.

É isso ai. Caso com a mulher para se divertir; me divirto com a mulher para casar.

Bobagem, meu caro, onde enxergas a suposta virtude matrimonial, pode ter o maior rock´n´roll.

Que garantia queres, rapaz? É o medo atávico e ancestral do chifre?

Nessa hipótese do medinho de macho, não seria melhor casar com uma “vadia” (e tome aspas para o termo, colegas!), que já se divertiu muito na vida e teve muitos homens na cama?

Acompanhe meu raciocínio machista, amigo: esta mulher, teoricamente, teria menos curiosidade sobre outros vagabundos. Não acha? Muito melhor do que uma santa do pau oco.

Persistes no medo? Sei, temes que ela cante no teu ouvido aquela do Chico, “Olhos nos olhos”: quantos homens me amaram bem mais e melhor?

Ah, corta essa, meu velho, toda mulher é santa e puta. São as suas duas capacidades mais bonitas. Nem a ciência sabe onde começa uma e termina a outra. Misteriosamente elas mudam a voltagem, quando menos imaginamos.

Para tanto, porém, tem que ter merecimento. Não podes ser meio homem e ficar cheio de “ah eu tô confuso”, digo, “eu tô cafuso”, como satirizava o Didi Mocó das antigas.

Agora com licença que eu vou ali casar com uma mulher certa e errada em Araxá, onde estarei hoje em bate-papo com estudantes, e volto já.

“Que vivan los estudiantes / Jardín de nuestra alegría / Son aves que no se asustan / De animal ni policía”.

Gracias a la vida e até a próxima inviável crônica.

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