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Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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Na CPI do amor, a casa sempre cai

Por xicosa
21/04/12 00:01

Não, amigo, não me refiro ao hit político da hora: “Meu amor é… cachoeira – lembra?-, clássico do Ronnie Von, nosso mais elegante cavalheiro desde a Jovem Guarda.

Trato de um outro tipo de investigação. O da lama amorosa.

Legítima hacker do amor, a amiga F. entrou na caixa postal do correio eletrônico do marido. Ih, lá vem a mesmíssima história, esse legítimo Hitchcock dos lares doces lares.

Suspense seguido de terror em preto e branco.

Pra completar, a senhorita F. deu uma sherlockadazinha também no celula, de leve, enquanto o cara via lesadamente o Corinthians na Libertadores.

Entre cantadas e semi-cantadas ou apenas bobagens virtuais,  a amiga entrou em desespero,gritou, berrou, imitou o quadro do Munch, discutiu a relação por uma semana, e quase acaba com aquela vida sob o mesmo teto.

Em tempo: era o casal exemplar para todo o grupo de amigos. Sobre a cabeça do canalha havia uma auréola que lhe conferia quase a santidade no seu distrito.

O maridão não havia cometido nada demais. Apenas pecadilhos do varejo do sexo e deslizes, por puro amostramento, nas redes sociais.

Foi o bastante para uma baita crise. Quase uma ruptura. Além de ter deixado a xícara amorosa trincada para os próximos cafés.

Por estas e por outras é que não é nada recomendável quebrar o sigilo postal do companheiro ou da fofolete. Corra, Lola, corra.

Ora, quem, entre nós, resistiria a meia hora de quebra do sigilo amoroso ou sexual?

Como na arrecadação de recursos para campanhas eleitorais, todo mundo, até mesmo no mais escondido dos conventos de devotas beneditinas, já teve o seu passado que condena, o seu “caixa 2” do desejo.

Em pensamentos, atos ou omissões, tanto faz. Em telefonemas, emails ou declarações bêbadas na madruga. Nos chats, entonces…

Ninguém resiste a meia hora de quebra de sigilo. No amor, somos todos, em alguma ocasião, corruptos. Em maior ou menor grau, todos cometemos os nossas deslizes.

Menos naquela hora em que a paixão por alguém nos toma 100% do cérebro e a febre amorosa é capaz de quebrar termômetro.

As despesas com jantares à luz de vela denunciariam os amantes pelo cartão de crédito ou no extrato para simples conferência.

Os porteiros de prédios e motéis seriam os mais perseguidos dos depoentes. A melhor amiga ou o melhor amigo, estas instituições supostamente vestais, também seriam convocados a depor.

Na CPI do amor sobraria até para o entregador de pizzas, que também sabe muito sobre os segredos de alcova.Por estas e por outras, melhor abafar o caso, amor, passa o orégano.

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Não vá dizer meu nome sem querer

Por xicosa
19/04/12 12:16

No natalício de Roberto, 71, uma breve interpretação de um dos seus maiores sucessos.

Não vá dizer meu nome sem querer à pessoa errada.

Está ai, nesse verso de Roberto e Erasmo, um dos maiores orgulhos da raça humana.

O orgulho macho do Sr. Detalhes.

Mais importante do que o chifre em si, amigo de infortúnio, seria a simples pronuncia do seu abençoado batismo.

Realmente um cara que zela pelo seu próprio nome na praça!

A vaidade é tão grande que o nosso personagem, um dos melhores da canção romântica brasileira, parte do pressuposto que qualquer outro rapaz, que não ele, é apenas a pessoa errada, o cavaleiro da triste figura troncha, nada mais.

Nem do outro cabeludo, que poderia aparecer na sua rua, o ciúme orgulhoso era tanto. Reza a lenda do velho Pasquim, aliás, que o cabeleira em questão teria sido o Tarso de Castro, escriba e macho de Passo Fundo, por supuesto.

Zero em modéstia e altruísmo, o Outro, o urso, o dom Ricardão de las Pontas, não passa de um coitadinho capaz de fazer a pequena lembrar do sr. dos detalhes tão pequenos.

Que cara convencido: não adianta nem tentar me esquecer, durante muito tempo em sua vida eu vou viver.

Apenas em um capítulo do conhecimento humano, a criatura esquece o pecado da soberba e reconhece que não é o pai da matéria. Sim, no caso dos erros do português ruim, naquele madrugador 1971 pós-reforma ortográfica, quando o professor Pasquale ainda em calças curtas afinava a sua singela lira.

Mesmo assim, amigo, repare, a falha é motivo de orgulho –o cara duvida que a “pessoa errada” pise e maltrate mais a língua pátria do que ele.

Haja pabulagem, uma tonelada de amor próprio, caminhões e mais caminhões de auto-estima ladeira arriba.

Há quem diga que é a melhor música do Roberto. Certamente é uma das mais representativas. Eu prefiro “O divã”, aquela das recordações que me matam, espécie de biografia de nós todos, esses moços, pobres moços interioranos dos Cachoeiros dos Itapemerins, das Guaratinguetás, dos Cratos, das Araraquaras, das Uberabas.

É, relembro a casa com varanda, muitas flores na janela, minha mãe lá dentro dela, me dizia num sorriso, mas na lágrima um aviso, pra que eu tivesse cuidado, na partida pro futuro, eu ainda era puro, mas num beijo disse adeus.

Professor titular da disciplina Educação Sentimental do brasileiro, cada um tem o seu Roberto preferido. Qual o seu, por acaso?

Eu só sei que vou deixar de pensar em você para prestar atenção na estrada.

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Oração à Nossa Sra. do amor de uma mão só

Por xicosa
17/04/12 14:10

O amor sempre tem uma mão só, mão única, o resto é contramão e, de repente, acidentes, como diria Carl Solomon, meu dadaísta do Bronx predileto.

O amor tem uma mão só. E não estamos falando,amigo, daquela máxima do Woody Allen sobre a masturbação: seria a melhor forma de fazer amor com a pessoa que você mais ama.

Tratamos do amor mesmo, o dos pombinhos, na sua forma mais óbvia e verdadeira. Daí repito: o amor sempre tem uma mão só. Mesmo quando é correspondido, nunca o é por inteiro –sempre um ama mais do que o outro. Eis o grande suspense hitchcockiano da existência.

Daí esta oração para ser lida em voz alta, por você, macho ou fêmea, que se acha injustiçado(a), nós que nem Nossa Sra. desata:

Nossa Sra. dos que Amam Sozinho ou amam mais que o outro, perdoa-me pela insistência, nem mais é por tanto querê-la, é por deixar claro, moça que sopra das intimidades dessa oração, que só ela me faz passar da conta, perversa, me faz cair no abismo mais lindo do gozo sem volta, como naquele encosto de beira de estrada, como na rodovia estrangeira de Sam Shepard, crônicas de motel, simbora!

Nossa Sra. dos que só pensam nela, cotovelos lanhados de tanta espera, tantos sustos nas ruas, nos bares, “é ela!!!”, Nossa Sra. Dos Cotovelos da Surpresa e das janelas, tão gastos, cinzas, peles, dobras, e tanta fome de viver aqui dentro, megalomaníaco, épico, terá sido a força do desprezo???

Não creio, sr. Albero Moravia, meu guru romano de tantos conselhos amorosos.

É mesmo a paudurescência, nostalgia precoce das grandes histórias, o tempo inteiro, pensando, pensando, pensando, nela.

Os joelhos lanhados pela romaria, devoção e insistência. A santa padroeira que chora sangue na voz serena de Junio Barreto.

Nossa Sra. da Vida Alongada, Nossa Senhora da Yoga que deixa o corpo dela piscando na parte que me toca.

Amor demorado, anjo exterminador da alcova.

Amor por tê-la, rara.

Beijá-la delicadamente, como um católico que dissolve na boca uma hóstia, um evangélico que fala a língua de pentecostes, um judeu ortodoxo, como este aqui passa agora na frente do meu predinho antigo.

Amar por horas, riachinhos d´águas que não se sabem donde, cada cantinho dum mapa que se inventou só pra se perder depois, sentimento é a verdadeira bússola dum homem, perdido docemente lá embaixo, lá embaixo daquelas tuas vestes modernas que nunca te escondem.

Lua cheia, vida minguante.

Escuto “Le Déserteus”, do velho Boris Vian, ouviste?.

Nossa Senhora dos que sentem muito e amam sozinho, rogai por nós que recorremos a vós!

O amor é mesmo uma rua estreita, que mesmo com todo progresso e planejamento urbano de 2046, sempre terá uma mão só. Engarrafada. Sem saída.

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O capital erótico e o 1º milhão de um babaca

Por xicosa
16/04/12 13:49

E no princípio era Deus,Adão,Eva e o gênio R.Crumb

Para Humberto Werneck

Toda vez que vejo essas matérias do tipo “como chegar a um milhão aos 55 anos”, era o caso desta de hoje na Folha, lembro de uma carta do escritor e psicanalista Hélio Pellegrino ao seu amigo Fernando Sabino:

“Investi na amizade, no capital erótico, e não me arrependo. A salvação está em você se dar, se aplicar aos outros. A única coisa não perdoável é não fazer. É preciso vencer esse encaramujamento narcísico, essa tendência à uteração, ao suicídio. Ser curioso. Você só se conhece conhecendo o mundo. Somos um fio nesse imenso tapete cósmico. Mas haja saco!”

Pellegrino acabara de fazer 60 anos. E tirava a buena onda mineira com a vida. Foi Antonia, sua neta, que primeiro me relatou essa história. Como já era amante platônico da sabedoria do avô, caí de amores pela igualmente sábia netinha carioca aos 22. Daí vivemos o nosso belo amor possível.

Voltemos ao essencial, que está aqui, ó: investi no capital erótico. Investi no amor, no ensaio de amor, no amor da vida ou no amor da quinzena, no amor do vez-em-quando, no amor ponte-aérea, no amor bêbado inconsequente que se revela com o o sol por testemunha(quem é você mesmo, baby?, sinto que te amo!)

O capital erótico não entra na conta do PIB. Pena. Nem mesmo em um país cuja produção é conduzida por um derretido e italianíssimo ministro Mantega.

Falo da matéria de hoje, do milhão aos 55, para evitar maiores humilhações a todos nós. O correto, na falta de noção norte-americana, é o primeiro milhão aos 30 anos. Um milhão na conta e zero de saldo erótico-amoroso.

E você, amigo(a), a quantas andas o seu extrato para simples conferência?

Aqui sob o ceuzão que nos protege na Candangolândia, Brasília, direto da 1ª Bienal Brasil do Livro, um beijo a todos –com ou sem erotismo.

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O luxo de morar sozinho e a solidão domingueira

Por xicosa
15/04/12 00:02

Quem segura a onda da Síndrome de Greta Garbo?

“A única vantagem da solidão é poder entrar no banheiro e deixar a porta aberta.”

Não tinha a menor graça, como atesta a frase do cronista e compositor Antônio Maria (1921-1964),essa moda de morar sozinho.

O que era sinal de abandono e decadência sem elegância, hoje é sinal de status e prêmio à individualidade, como diz reportagem de Nathalia Ziemkieicz, na “Época”.

Somente na cidade de SP, onde a tendência é mais forte, são pelo menos 503,9 mil moradores neste estilo, incluindo este caballero solitário que vos batuca.

Confesso que aprecio –e repare que não se trata de um ermitão convicto. Coisa de quem encarou diversas repúblicas estudantis, apinhados sótãos de pensões da rua das Ninfas (Recife) e uma quina de acasalamentos.

Morar sozinho, para quem já não é mais criança e adquiriu um rosário de manias, é valioso. Tem um momento, porém, que o banzo pega, afinal de contas o planeta melancolia nasceu para todos.

Trato dos domingos, como ensaiamos falar aqui outro dia. Aquele momento que você não tem alguém para o simples ato de coçar o meio das costas, naquele ponto da anatomia em que a mão não alcança.

Você há de fazer a Greta Garbo com sua famosa ordem para o mundo deixá-la no seu refúgio: “I wan to be alone”.

Você há de dizer, bem-resolvido(a), aproveita que é domingo, vai até à feira japonesa da Liberdade e compra uma daquelas mãozinhas coça-costas.

O almoço solitário do domingo, principalmente depois que você se separa, também pega. Ô! Mas aí tem aquele amigo papo-bom que tira de letra.

Ou, como aconselho, você manda a lasanha (semi-pronta) do desprezo no forno e mata inclusive a ansiedade qual um Garfield.

Há quem diga que a pior solidão é quando você adoece e não tem alguém ali para fazer um chá, uma sopinha, ninguém ali para fazer a Ana Neri -a heroína matriarca da enfermagem brasileira.

É pensando nisso que a minha mãe sempre me adverte nos intervalos de solteirice: “Case, meu filho, imagina ter uma dor de madrugada e ninguém por perto?!”

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E quando o amor já era dado como morto...

Por xicosa
13/04/12 14:31

Uma viagem ao fundo do coração, by Francis F. Coppola

Sexta, 13. O amor, o azar, a sorte.

Repare nessa história verdadeiríssima:

E quando imaginávamos que estava tudo acabado, que amor não mais havia, que tinha ido tudo para as cucuias, que o fogo estava morto como no engenho de Zé Lins, que o amor era apenas uma assombração do Recife Antigo…

Quando já dizíamos, a uma só voz, aquele texto de Paulo Mendes Campos:

“Às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba…”

Quando já separávamos, olhos marejados, os livros e os discos…

Quando mirávamos, no mesmo instante, a nossa foto feliz no porta-retratos…

Quando não tínhamos nem mais ânimo para as clássicas D.R´s –as mitológicas discussões de relação…

Ave, palavra, até o gato, nervoso, sem saber com quem ficaria, quebrava coisas dentro de casa àquela altura; o papagaio blasfemava, diabo verde!

Estava na cara, naquela fantástica zoologia amorosa: aqueles pombinhos já eram.

O cheiro do fim tomara todos os cômodos, a rua, o quarteirão, o bairro, a cidade, o mundo…

Quando só restava cantar uma música de fossa… “Aquela aliança você pode empenhar ou derreter…”

Quando só restava a impressão de que eu já vou tarde…

Quando só restava Leonardo Cohen no ipod da moça…

Quando eu não era mais o cara, embora insistisse em cantar o “I´m your man” deste mesmo trovador canadense…

Sim, o quadro era triste, não se tratava de hipérbole ou demão de tintas gregas.

De tanta inércia, faltava até força para que houvesse a separação física, faltava força para arrumar as malas, pegar as escovas, contar aos chegados comuns.

Ah, amigo, quer saber quem bateu o ponto final da história?

Ela, claro, você acha que homem tem coragem para acabar qualquer coisa? Mulher é ponto final; homem ponto e vírgula, reticências, atalhos.

O estranho é que ela não disse, em nenhum momento, que não gostava mais do pobre mancebo.

Aquilo encucava. Porque um homem,  disse o velho Antonio Maria, padrinho sentimental deste cronista, nunca se conforma em separar-se sem ouvir bem direitinho, no mínimo quinhentas vezes, que a mulher não gosta mais dele, por que e por causa de quem etc etc, milonga do adiós.

E nesse clima de fim sem fim as folhinhas outonais do calendário foram despencando sobre a relva fresca do desgosto.

Eu acabara de levantar do amigo sofá, que havia se transformado no meu leito, quando ela passou com uma cara de impaciência e desassossego.

Mais que isso: ela estava com vontade de matar gente!

Era a cara que fazia quando estava faminta. Sabe mulher que fica louca quando a fome aperta?

Vi aquela cena e caí na gargalhada. A princípio ela estranhou… Mas sacou tudo e danou-se a morrer de rir igualmente. Nos abraçamos e rimos e rimos e rimos e rimos daquilo tudo, rimos da nossa fraqueza em não dar uns nós nos clichês, inclusive o da volta por cima, rimos do nosso silêncio sem sentido, rimos desses casais que se separam logo na primeira crise, rimos da falta de forças para enfrentar os maus bocados, rimos, rimos, rimos.

E um casal que ainda ri junto tem muita lenha verde para gastar na vida e fazer cuscuz com carneiro.

Agora ela está deitada, linda, cheirosa, gostosa, psiu!, silêncio, ela dorme enquanto escrevo essa crônica!

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A casa de mãe Joana e a mais antiga das profissões

Por xicosa
11/04/12 15:47

Litogravura de Darel -da série "As prostitutas"

A polícia não está gostando nada dessa ideia. Então, óbvio, é uma ótima ideia -não me acostumo visualmente com idéia sem acento!

Os muito religiosos idem. Não estão gostando nada dessa ideia. Então é uma ideia genial, ora pois.

Os corretíssimos e moralistas tampouco. Então é um ideia estupenda. Alvíssaras meus camaradas.

Falo da proposta da comissão de reforma do Código Penal de acabar com punições para donos de prostíbulos e reconhecer a mais antiga das profissões.

Tramita na Casa de Mãe Joana. Não é possível que sofra tanta resistência naquele estabelecimento legisferante.

A polícia perderia sua boquinha do achaque permanente. Palmas. As irmãs Cajazeiras e as pastorinhas perderiam o assunto das pequenas províncias.

Os corretíssimos, ah, deixa esses conselheiros Acácios pra lá, não vamos perder mais tempo.

A prostituição anda perdendo muito com a liberalidade dos costumes. Que bom que ganhe essa parada.

A difícil vida fácil.

Tem gente enfezada com o assunto. A senadora Vanessa Grazziotin, do PCdoB amazônico, falou na “Voz do Brasil”:

“Você vai legalizar o comércio do corpo, que é uma coisa degradante. Não conheço ninguém que faça isso sem ser por necessidade. A história que a gente ouve é de violência”.

Não é bem assim não, nobre senhora.

Acreditar que a prostituição é só por necessidade é o mesmo erro de achar que o homem é violento apenas quando vive em situação social arruinada. Como se apenas os feios, sujos e malvados cometessem atrocidades.

Conheço belas putas por vocação e com muitas convivi uma vida. A quem agradeço parte da minha miúda filosofice.

Tudo que sei de metafísica aprendi nos lupanares e cabarés. Não se ensina existência no colégio.

Só as putas salvam. Inclusive muitos casamentos em ruínas.

Só as putas desdenham do amorzinho burguês de ficção e consumo fake.

Por que os homens, mesmo os que têm mulheres incríveis, mulheres maravilhosas, procuram as putas?

É uma pergunta tão antiga quanto a humanidade. Uma indagação tão respeitável quanto a clássica “o que querem as mulheres?”.

Segundo o meu pequeno repertório sobre o caso, uma das melhores respostas sobre o assunto foi a do monstro sagrado Jack Nicholson.

Quiseram saber do velho lobo da celulóide o motivo pelo qual pagava para que prostitutas o servissem, sempre em domicílio.

Por que, afinal, um cara charmoso, fueda e interessante como ele, capaz de ficar com as melhores mulheres desse mundo, ainda apelava para tal expediente?

Nicholson não titubeou um segundo sequer.

“Ora”, disse, “não pago somente para que essas respeitáveis mulheres se desloquem até a minha casa. Pago caro, sim, pela possibilidade de poder mandá-las embora na hora em que eu bem entender, nisso elas são lindas, generosas e imbatíveis”.

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O Top 10 do sofrimento feminino

Por xicosa
09/04/12 20:41

A minha dor não é a dor dela, como na música de DJ Dolores & Orchestra Santa Massa. É outra voz, outra parada.

Meu mundo caiu, simbora. Depois de listas e mais listas da cornitude macho-jurubeba, um top 10 do tal derramamento das fêmeas. Na voz delas próprias.

De Dolores Duran a  Amy Winehouse, a dor que deveras sente na goela e no coração das divas.

Este blog encomendou a lista a  Denyze Moreira, La Lady Dee, cuja vitrola é um primor no assunto. Jornalista, blogueira do “Garota Isso” e proprietária de uma das bocas mais bonitas da miscigenação dos trópicos, a moça mandou seu top 10 no capricho.

“Pra quem se acha muito sofrido por ter sido/ser corno, saiba que não é nem uma bolha num calcanhar descalço num dia de verão na Faria Lima se comparado ao sofrimento do “atropelamento e fuga” (causado pelos homens) que vitimam as mulheres”, confessa ela, machucando com jeitinho.

Às canções de amor dilacerado, aí com seus devidos links para a radiola do youtube.

1 – Maysa – Ouça – “Ouça, vá viver sua vida com outro bem / pois eu já cansei de pra você não ser ninguém…”

2 – Dalva de Oliveira – Pela Décima Vez – “Jurei não mais amar pela décima vez / jurei não perdoar o que ele me fez, mas o costume é a força que fala mais alto do que a natureza…”

3 – Gal Costa – Folhetim – “Mas na manhã seguinte, não conte até vinte, te afastas de mim / pois já não vales nada, és página virada, descartada do meu folhetim…”  O vídeo do link é imperdível: aquele da novela “Dancyn Days”.

4 – Elis Regina – Noves Fora – “A tua falta somada / A minha vida tão diminuída
Com esta dor multiplicada / Pelo fator despedida…”

5 – Elza Soares – Lá vem você – “Quando você se foi / Deixou uma lacuna no meu peito / E hoje eu quero ter esse direito / De escolher o que é melhor pra mim…”

6 – Diana – Por que brigamos – “Ó meu amado porque brigamos / Não posso mais viver assim sempre chorando…”

7 – Dolores Duran – Canção da Tristeza – “Que eu nunca mais escute /O som da tua voz / Que eu não te veja mais, jamais…”

8 – Adele – Many shades of black – “Go ahead / and smash it on the floor
Take whatever’s left / and take it with you out the door…”

9 – Ella Fitzgerald – The man that got away – “The night is bitter,
the stars have lost their glitter / the winds grow colder, and suddenly you’re older / and all because of the man that got away…”

10 – Amy Winehouse – Love is a losing game – “Why do I wish I never played / Oh, what a mess we made / And now the final frame / Love is a losing game…”

Sentiste falta de alguma outra canção dolorosa, Lola? Que outras faixas mereciam estar nesta lista?

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A marvada pinga e a diplomacia brasileira

Por xicosa
09/04/12 13:45

E não é que a Dilma Rousseff, num lobby pela cachaça brasileira, me leva para o Obama justo uma garrafa de Velho Barreiro!

Tudo bem, a garrafa é especial, cravejada de brilhantes, e vale a bagatela de R$ 212 mil, como nos relata a colunista Mônica Bergamo.

Nesse nobre capítulo o Lula, envelhecido em barris de bálsamo, não erraria jamais.

Presentearia o Obamis –lembra da camiseta que circulou com o presidente americano no papel do chegado Mussum?!- no mínimo com uma Maria da Cruz, a aguardente mineira produzida pelo seu vice José Alencar.

Estimado Velho Barreiro, quem sou eu, envernizado bebedor de Kariri com K, Xanduzinha e Jurubeba Leão do Norte, para tecer queixas à sua qualidade. Não se trata disso.

É que temos a excelência da cachaça mineira de Salinas e região. Vai o Obama resolve tomar um aperitivo antes do almoço?  A chance de embriagar até o índice Dow Jones é fácil fácil.

O mimo da Dilma, meu caro amigo de balcão, não é a apenas uma gracinha diplomática.

Como já tratamos aqui neste blog interessado nas grandes questões da humanidade, os fabricantes do famoso mé do Mussum tentam emplacar a cachaça como um genuíno e exclusivo produto brasileiro.

Nossa marvada pinga ainda chega lá com a denominação “Brazilian Rum”. Covardia concorrer, por exemplo, com o rum do Caribe.

Na contrapartida diplomática, o Brasil reconheceria os uísques da linha Bourbon e Tenessee como preciosos líquidos norte-americanos.

Aqui na maloca, este cronista e a sua bela índia praguaya,  não temos o menor problema de rótulos e legitimidade no comércio exterior.

A queda não tem pátria. Depois dos 40, entonce, a ressaca é uma espécie de dengue sartreana. Principalmente em uma segunda-feira.

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Pedagogia da manga para novas gerações

Por xicosa
08/04/12 00:24

Mil perdões pelo sexo hortifruti explícito.

Sorry, seu Adão, mas a manga é a nova maçã.

E chega de gracinha fácil. Vamos ao que interessa no mais sério dos blogs brasileiros.

Uma das queixas recorrentes sopradas pelas mulheres, sejam raparigas em flor ou lindas afilhadas de Balzac, diz respeito à pratica milenar do sexo oral por parte dos homens.

Além de displicentes e pouco devotos, os rapazes, em particular os da novíssima geração, não estariam voltados para tal cerimônia como necessário.

“Ou como antigamente,” me sopra o Nostalgido, aqui em um bar sem nome na praça da Estação Ferroviária, Caruaru, onde acabei de ver um showzaço de Junio Barreto, sempre elegante como um samba do Assis Valente.

É, amigo, as moças andam queixosas da nossa oralidade, já não fazemos mais sermões em latim como os nossos pais.

O protesto do megafone do mulherio faz lá o seu sentido. É só o que se ouve nos banheiros femininos, conforme apurou este blog.

Os homens estão chegando aos 20 e poucos sem saber dizer sequer bom dia a uma mulher, como já reclamava o tio Nelson.

Pior. Os marmanjos estão chegando aos 30 indiferentes a um bom agrado oral às moças. Elas merecem, seus preguiçosos.

Esses moços, pobres moços.

Só a pedagogia da manga salva. Foi o que ouvi muito dos mais velhos na juventude.

Os homens maduros, sobretudo nas cidades e vilarejos do interior, aconselhavam os mancebos a chupar a fruta da mangueira como educação sentimental para o futuro macho que desabrochava.

Além de saudável, o exercício evitaria queixas femininas como as que hoje reverberam nas nossas atentas oiças.

Entenda, meu caro rapaz, o ato de chupar manga como a entrega ao lambuzamento e à doce sujeira de guardar o melhor dos cheiros na barba, mesmo que juvenil e rala.

Entenda, jovem mancebo, não há amor limpinho. Lambuze-se.

Daí a pedagogia da manga, meu velho e bom Paulo Freire. Deveria fazer parte do currículo básico.

Outra coisa bastante educativa para a devoção era o ato postal de lamber selos na hora de colar nas cartas. Amorosas ou não. Quem me alertou para esta pedagogia foi o amigo Marçal Aquino, autor de “Miss Danúbio”, entre outros livros.

Como ninguém hoje mais escreve cartas… Imagina lamber o sétimo selo!

Às mangas, meu jovens!

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