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Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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De Pauliceia Desvairada a Kassabestão

Por xicosa
28/05/12 14:19

Da Exposição São Paulo Mon Amour - by Alessandra Cestac

SP tem uma dificuldade enorme de lidar com espetáculos públicos. A cidade funciona bem das catracas ou do sorriso da hostsess das boates para dentro. Quando é a céu aberto, quando é de graça, é quase sempre um vexame.

Da galinhada de grife, como vimos na Virada Cultural, ao show de ontem da britânica Franz Ferdinand – generosíssima iniciativa da Cultura Inglesa, palmas!-, os eventos de rua têm nas autoridades seus principais inimigos.

Daqui a pouco precisaremos de máscaras anti-gás-pimenta em qualquer evento. Atenção camelôs, eis uma boa invenção para tirar um troco.

Tem sido assim.

Quando não é a prefeitura, com sua guarda e sua tropa de fiscais, é o Estado com sua civilizadíssima polícia com cheiro de sangue de Carandirus e Pinheirinhos nas ventas –heranças malditas que, infelizmente, permanecem no olfato.

Historicamente acostumadas a grandes festas de rua, o Recife/Olinda e a cidade de Salvador , mesmo com suas falhas, têm muito a ensinar a São Paulo.

A capital paulista não pode aceitar a sua vocação geográfica de Kassabestão, como tem sido chamada nas redes sociais.

Pela volta da Pauliceia Desvairada. O futuro e a modernidade estão em  1922.

Por uma SP “cidade aberta”!

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Dez ´vadias´ históricas do Brasil

Por xicosa
26/05/12 18:39

Luz del Fuego, agitadora do Partido Naturista Brasileiro

Circulando agora na Marcha das Vadias, versão Pauliceia, me ocorreu uma lista de grandes mulheres que vadiaram lindamente no Brasil.

Para ser mais educado, mulheres que botaram para arrombar, como se diz na lira nordestina. Dispostas vaqueiras a sempre aboiar um xô falsa moral, xô tabus.

– Marietta Baderna – Tão linda e disposta que o eu sobrenome deu origem à palavra baderna e virou sinônimo de agitação e vadiagem. Era uma bailarina italiana que reinou no Rio por volta de 1850.

– Bárbara de Alencar – Primeira presa política do Brasil. A revolucionária do Crato se engajou, com os filhos, que estudavam no Recife, na Revolução pernambucana de 1817 e na Confederação do Equador.

-Patrícia Galvão, Pagu – Já aos 15 anos, nos anos 20, a jornalista e escritora paulista mostrou ao que veio. Escrevia textos comuno-anarquistas e andava na contramão das modinhas de fêmea.

– Dadá – A entrada de mulheres no bando de Lampião já foi uma quebradeira geral nos tabus. A macharada temia que o grupo ficasse fraco e vulnerável. Muito pelo contrário. Sérgia, vulgo Dadá, mulher de Corisco, foi a única que pegou em armas e revelou-se mais corajosa que a maioria dos homens.

– Luz Del Fuego– Linda como todas as mulheres da terra de Roberto Carlos e Sergio Sampaio, a artista Dora Vivacqua honrou o pseudônimo. Ergueu a bandeira do naturismo –todo mundo nu!, bradava em todos os lugares- e zelou pela causa das vadias até a morte, em 1967.

– Leila Diniz – Bagunçar o coreto era com ela. O Rio dos 60 e 70 que nos diga. Toda mulher é assim meio Leila Diniz, como canta a Rita Lee? –outra que já sacudiu os costumes.

– Clarice Lispector – Carece falar dessa ucraniana? Melhor a gente abrir os seus livros mais uma vez e pronto. As suas entrevistas também são aulas. Como esta aqui, repare.

– Rê Bordosa – A imortal personagem de Angeli que saiu das páginas da “Chiclete com Banana”, na SP dos anos 1980,para entrar na história.

– As Mercenárias – Lista que é lista tem que ter barulho de rock´n´roll. Sempre. Play again para o conjunto que nasceu na geração Rê Bordosa e está vivo até hoje.

– Caroline Pivetta – A moça que desafiou a arte estabelecida com uma pichação na Bienal de SP 2008. Entra aqui em nome dos coletivos de artistas desobedientes.

E aí, sentiu falta de muita gente, não é? Cadê a Dercy Gonçalves? É hora de fazer justiça ai nos comentários. Beijos para todas as vadias deste Patropizza.

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Nova D.R. Cachoeira e velhos tipos de D.Rs

Por xicosa
25/05/12 17:04

A primeira D.R. da história, a bíblica, na visão de R.Crumb

Um amigo dos bons, acossado pela mulher em uma discussão de relação heavy metal, apelou: Eu me reservo ao direito constitucional de ficar calado. Canalha!

Acabara de patentear a D.R. CPI ou D.R. Cachoeira. Em apuros, o homem, quase sempre mais frouxo e escorregadio que a mulher, recorre a expedientes impensáveis.

Esse mesmo canalha supracitado, em outro relacionamento, chegou a fingir um princípio de infarto. Havia sido flagrado de calças curtas em um romances clandestino.

A mitológica D.R., sigla para discussão de relação criada pelas meninas do “02 Neurônio” ainda em tempos de fanzines, pode ser mesmo um exercício penoso. E não somente para os relapsos modos de macho. Também para as fêmeas, óbvio.

Ao apelar para os direitos constitucionais, o amigo cascateiro –ou cachoerístico!- me lembrou velhos tipos de D.Rs catalogadas ao longo de quase 50 de vida e meia dúzia de casamentos.

Neste primeiro lote, as D.Rs dos intelectuais ou ditos intelectuais:

D.R. Sartreana – O inferno são sempre os outros.

D.R.Kerouac – A mulher começa a falar e o cara já pega a estrada.

D.R. Marcel Proust – Uma simples conversa sobre um bolinho vira seis grossos volumes.

D.R. Kurosawa – Uma discussão lenta, imagens lindas, arrozais sob montanhas, silêncios que falam coisas, uma peleja quase em ideogramas. Pense!

D.R. MPB –  Indecifrável e incompreensível como o “zum de besouro ímã” do verso do Djavan. Muita onomatopéia e nem uma idéia os males da D.R. são. É uma D.R. assim “nem menina nem mulher, lilás”, como no enigma de uma canción de Zé Ramalho.

D.R. Erística _ Como na corrente homônima herdada dos gregos, a arte de triunfar no barraco oral mesmo sem ter razão.

D.R. punk-rock _ Três acordes e vai cada um pro seu lado, dormir na casa da mãe, de um(a) amigo (a), hotel, flat, amante, homeless…

D.R. Paulo Coelho _ Depois de “Onze minutos” de sexo, o barraco sempre começa com uma parábola bíblica ou uma lenda árabe.

D.R. Bartleby _   “Prefiro não discutir”, diz uma das partes, repetindo o mantra do escriturário do livro homônimo de Melville.

 D.R. free-style _ É a discussão rimada, estilo rap, passionais MC´s:  “Assim você me afunda/ com esse pé-na-bunda/ com essa insensatez…/ meu barquinho já naufraga/bossa nova é uma praga/veja só que a vida fez!”

D.R. brechtiana _ A arte de enfrentar o público, seja num botequim seja numa festa, com o distanciamento do personagem, como se dissessem do palco, a cada golpe, “não é nada disso que vocês estão pensando, controlem-se”.

D.R. Abaporu ou D.R. arte moderna _ Típica discussão sem pé nem cabeça, que para nenhum dos dois interessa.

D.R. metalingüística _ A D.R. da D.R., tipo roteiro de Kauffman (“Adaptação”, o filme), exercício das cabeças requentadas ou das mentes ressentidas.

D.R. grega –Segue um mantra do poeta Eduardo Cac: “Para curar um amor platônico, só uma trepada homérica”.

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Para Luíza, com carinho, nos seus 50 anos

Por xicosa
24/05/12 16:41

Não sou do tipo que esquece aniversário de mulher. O seu, então, como poderia ignorar, meu Lerin eterno?.

Trilha, maestro: “Vem cá, Luiza, me dá tua mão… O teu desejo é sempre o meu desejo…”

Há 50 anos, meus chegados, nascia uma gatinha selvagem, filha do agricultor cearense Luiz da Silva (só poderia ser de Sobral mesmo!) e da dona Alzira, costureira carioca. Veio ao mundo no meio de uma revoada de tuiuiús pantaneiros.

Corta. Itaporã (MS), cena de National Geographic do Amor, please.

Bem que notei, Luíza, que esta quinta-feira não era nem seria um dia qualquer. Parabéns pra você que faz parte da educação sentimental de todos nós. Parabéns pra você que (suspiros) com aquela calça branca e sapatos vermelhos acelerou todas as partículas do nosso desejo. Parabéns pra você que nos fez felizes, inflamáveis e flamejantes marmanjos.

Dez entre nove homens bons preferiam e preferem você. Do Pelé ao mais anônimo caiçara de Búzios.

Outro dia, aqui mesmo neste meu querido diário, pedi sua mão em casamento [leia aqui]. Oferecia casa, comida, roupa lavada e todo o fruto do suor do meu rosto até o fim dos meus dias. Havia encontrado você na Flip, em Paraty, onde provou que vale mais do que todas as bibliotecas do planeta, incluindo a de Alexandria.

Os leitores mais céticos e cricris fizeram troça deste mal-diagramado pela natureza. Pobres criaturas descrentes.

Alertada por outro monumento, nossa amiga comum Alessandra Berriel, você me escreveu lindamente. Linhas que valeram por muitos casamentos. Ah, como eu amei, como diria o bendito Benito.

Bem, meu amor mais platônico, um dia, quem sabe, a gente torna tudo isso mais homérico.

Pra La Brunet sempre flores e diamantes, mesmo que eu me mate de trabalhar nos labirintos de uma mina chilena ou no porão de um sucateado submarino russo.

A agulha desce mais uma vez sobre o vinil nesta fria tarde paulistana: “(…)Explode em sete cores/ Revelando então os sete mil amores/ Que eu guardei somente pra te dar… Luiza”.

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Mulher para casar, mulher para se divertir

Por xicosa
23/05/12 15:15

Homem que ainda diferencia mulher pra se divertir e mulher para casar é um meio homem. Faz tudo pela metade. Nem casa direito e muito menos se diverte.

Que me perdoem, pela fúria, esses meio machos. É que li agora no UOL, em ótima matéria da Simone Cunha  sobre o tema.

Que tal o contrário, amigo, eis o recurso do método: se divertir com a que julga para casamento e casar com a que vês como ficante? Já experimentei. Funciona.

É isso ai. Caso com a mulher para se divertir; me divirto com a mulher para casar.

Bobagem, meu caro, onde enxergas a suposta virtude matrimonial, pode ter o maior rock´n´roll.

Que garantia queres, rapaz? É o medo atávico e ancestral do chifre?

Nessa hipótese do medinho de macho, não seria melhor casar com uma “vadia” (e tome aspas para o termo, colegas!), que já se divertiu muito na vida e teve muitos homens na cama?

Acompanhe meu raciocínio machista, amigo: esta mulher, teoricamente, teria menos curiosidade sobre outros vagabundos. Não acha? Muito melhor do que uma santa do pau oco.

Persistes no medo? Sei, temes que ela cante no teu ouvido aquela do Chico, “Olhos nos olhos”: quantos homens me amaram bem mais e melhor?

Ah, corta essa, meu velho, toda mulher é santa e puta. São as suas duas capacidades mais bonitas. Nem a ciência sabe onde começa uma e termina a outra. Misteriosamente elas mudam a voltagem, quando menos imaginamos.

Para tanto, porém, tem que ter merecimento. Não podes ser meio homem e ficar cheio de “ah eu tô confuso”, digo, “eu tô cafuso”, como satirizava o Didi Mocó das antigas.

Agora com licença que eu vou ali casar com uma mulher errada e volto já.

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O homem perdido e a mulher que se acha

Por xicosa
22/05/12 02:26

Macho não ganha flor, como ele diz em um dos seus melhores livros de contos, mas o Vampiro de Curitiba ganhou o mais importante prêmio literário da língua portuguesa: o Camões.

O misterioso Dalton Trevisan, 86, é o cara. Foi baseado nesse título aí acima que escrevi estas maltraçadas linhas, em uma singela homenagem, quase um pio da corruíra:

“Se o macho está perdido, amigo, como se apregoa por ai, não sou eu que vou procurá-lo”, diz o escriba Marçal Aquino, em animada mesa da nossa taberna lítero-boêmia em SP, a Mercearia São Pedro.

Claro que o mote do autor de “Faroestes” rendeu e desabou, graças ao abençoado combustível de Salinas, para uma buena onda digna das páginas mais quentes do escriba cubano Pedro Juan Gutiérrez.

É, amigo, nunca foi tão difícil ser homem, melhor, nunca foi tão difícil ser macho, para usar a acepção mais testosteronizada do gênero. Os dilemas são muitos e o meio termo corre sempre o risco de ser mal-compreendido.

Continuar sendo o velho e irredutível macho-jurubeba, o macho à válvulas, ou ceder às saudáveis tentações dos metrossexuais e outras vãs modernidades?

O ideal, para os novos tempos, diriam os moderados, seria dosar um pouco de macheza à moda antiga com mais cuidado com a aparência, uma guaribada no guarda-roupa, uma cosmética sem exageros…

Nada de ter uma bancada de creminhos maior do que a patroa. Assim não dá, companheiro, elas odeiam esse tipo de concorrência.

Mas ai não correríamos o risco de perder a personalidade, a pegada?, indagariam os mais tradicionais, aqueles que nunca se permitiram a nada mais do que um punhado de Minâncora ou banha de peixe-boi sobre uma espinha.

Perfume ou cheiro natural de homem? E tome dilemas noite adentro. Há quem não admita nada mais além de um Avanço ou Leite de Rosas. Basta.

Estão vendo como não está sendo fácil ser macho?

Recebemos ou não aquelas flores?, como no livro do Vampiro de Curitiba.

Ficou difícil. Você pede em casamento, ela toma uma coca zero.

A incompreensão nunca foi tão grande. Os justos avanços femininos, no entanto, nos embaralham e o nosso machismo latino ferve no óleo quente do atraso.

Puxar ou não a cadeira no restaurante? Abrir ou não a porta do carro? Tomar iniciativa e pagar logo a conta ou esperar que ela divida? Até que ponto seguir o velho código do cavalheirismo vai incomodá-la na sua ndependência?

Na alcova, então, mais um balaio de dúvidas. Ser um hétero sensível ou um lenhador selvagem?

Enfim, não tem bula, não tem receita, não há um padrão a seguir, embora revistas masculinas insistam em um certo “novo homem”, criatura que já foi representada por David Beckham (da costela dele Deus criou o metrossexual) e mais recentemente pelo ator George Clooney, denominado übersexual, seja o lá o que diabo isso signifique.

E eu vou ficando por aqui… A continuar com essas dúvidas, o velho Francisco Nildemar, lá no Sítio das Cobras, em Santana do Cariri, nunca mais me deixa pedir a “bença, pai”. Diante de tais queixumes,  o velho continua com uma simples e única receita, aquela mesma que aplicava nos corretivos aos seus filhos machos: “Seji home, cabra!”

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El dia em que Herrera silenciou a Rede Globo

Por xicosa
21/05/12 02:30

Desdobediência em branco e preto da Estrela Solitária

A semana já começa com um #mito nacional definido. E herói bom é herói argentino.

El dia em que Herrera compôs um tango desobediente com Amy Winehouse, acompanhe o meu raciocínio em preto & branco para uma segunda de ressaca.

Herrera aqui não é celebrado por ter feito três gols no tricolor paulista. Longe disso, embora meu corvo secador, botafoguense doente, tenha crocitado no seu luxuoso poleiro.

Não por isso, agourento Edgar, minha estimada ave, me dê outros motivos.

Por uma outra razão mais edificante, e pedagógica, já abrimos a segunda-sem-lei com a escolha de Herrera, boleiro do time da Estrela Solitária, como o mito da semana.

Acho sensacional essa ideia do mito de 15 minutos. Obra do artista norte-americano Andy Wahrol que encontrou nas redes sociais a plantação perfeita. O maná virtual que adubando tudo dá.

Convidado por um repórter da “Tv Globo”, no dever do seu nobre ofício, a escolher uma música no programa “Fantástico”, o argentino se recusou a indicar a “canción”, ao contrário de todos os colegas de profissão, que babam para pedir um pagode mela-cueca ou um gospel nesse momento de glória.

Quem marca três gols tem o “privilégio”.

Bem que Herrera poderia pedir um tango de Gardel –La noche que mi quieras-, uma milonga dos tempos do Rosário Central, um rock argentino do Attaque 77 etc etc.

Herrera bancou a Amy, que era botafoguense sem saber-se alvinegra, e disse simplesmente: “I no, no, no”. Rehab Futebol e Regatas.

Herrera pediu silêncio à Rede Globo, como uma espécie de Leonel Brizola ludopédico.

Bacana que no país da manada obediente, principalmente no futiba, um boleiro não caia na graça dos Joões Sorrisões.

Herreza fez a Amy. Foi o bastante para que a conspiração do boteco fervesse: o atacante alvinegro vai pagar caro por isso. Como se o Botafogo precisasse de castigo da Globo, dona das transmissões do futebol no Brasil, ou de qualquer outra entidade mitológica.

Botafogo é o que nem Dostoievsky imaginaria no seu “Crime e Castigo”.

Ora, ora, o time da Estrela Solitária é castigado com ou sem desobediência, desde nascença. É sina. Mas largou com cara de campeão deste ano. Senti firmeza.

Mesmo que não jogue bola daqui até dezembro, tem dois grandes méritos: Herrera e o uruguaio Loco Abreu, os mais esclarecidos boleiros em atividades no país.

P.S. Falar no assunto desobediência, vos comunico: o prezado amigo Afonsinho, por coincidência craque também do Botafogo, escreve agora na “Carta Capital”, em diálogo permanente com Sócrates, seu colega de Medicina e de consciência, ex-articulista da mesma publicação.

Boa semana a todos e que a ressaca da segundona, moral ou física, nos seja leve.

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Quando o amor de verdade começa com um ´eu te amo´ de mentira

Por xicosa
20/05/12 00:29

 

Serge Gainsbourg, Jane Birkin e a filhota Charlotte

Amigo, se você é do tipo que diz “eu te amo” de uma forma, digamos assim, precoce e irresponsável, na afoiteza das belas noites, como já tanto o fez este pusilânime cronista, prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar, digo, “se liga”, como alerta a prosódia suburbana.

Se a gazela for safa, sábia, mal algum há em tal pronúncia, até apreciará o empolgante anúncio como uma poesia de fundo, como se uma música de Serge Gainsbourg –Je t’aime moi non plus- estivesse tocando no quarto de alta rotatividade àquela altura.

Pensará a moça, bem baixinho,“que doce vagabundo”. Terá sido apenas um pequeno crime, como num bolero, um besame mucho, um cha-cha-cha no Motel Caribe.

Sim, a gazela pode entender como um “eu te amo mesmo, de verdade-verdadeira, assim como Deus sobre todas as coisas”.

Que mal há nisso?

Quantos amores à vera começaram com um “eu te amo” de mentira?

Ao tratar pela primeira vez do assunto, o camarada Ivan Marsiglia me lembrou de uma crônica do Ferreira Gullar, aqui sampleada:

“Aprendi que não é tão fácil dizer eu te amo sem pelo menos achar que ama e, quando a pessoa mente, a outra percebe, e se não percebe é porque não quer perceber, isto é: quer acreditar na mentira. Claro, tem gente que quer ouvir essa expressão mesmo sabendo que é mentira. O mentiroso, nesses casos, não merece punição alguma.”

Nesses tempos de amores líquidos, de amores ficantes, de amores-vinhetas de 15 segundos, quem saberá o que venha a ser o amor patenteado pelos deuses gregos?!

O melhor mesmo é dizer, sem medo, eu te amo, e honrá-lo pelo menos enquanto o sublime eco resistir entre aquelas abençoadas quatro paredes.

E se ela acreditar, ora, ora, manda um “eu te amo,meeeesssmmmoooo”.

Com olhinhos revirados, vamos mais fundo ainda: “Eu te amo até o fim dos tempos”.

Se ela não está nem aí, você se vira para o piano e ordena, como no filme Casablanca, mesmo que estejam atravessando a avenida Afonso Penna em Belo Horizonte,

seis horas da tarde, buzinaço, hora do ângelus: “play, again, Sam!”

E manda mais “eu te amo”, como um estribilho do vento, nas oiças da desalmada, até ela acostumar com a natureza humana do macho que veio ao mundo como um cowboy solitário que tem apenas um mantra, uma bala no coldre dos sentimentos: “eu te amo”.

Monocórdico  e doce canalha cujo cardiograma é um terremoto de “eu teamos”a fazer gráficos esquizofrênicos que assustam o mais zen dos cardiologistas.

Antes um “serial lover” a dizer eu te amo como um cuco desembestado a um elíptico e silencioso cabra safado que guarda os “eu te amo” para a hora do chifre ou para a extrema-unção de fato.

Donde baixa um Esopo fabulador para deixar a moral da crônica: mais vale um “eu te amo” que entre por um ouvido e saia pelo outro do que um silêncio mortal de um homem que nunca se empolga e deixa a gazela achando que “eu te amo” é coisa só de novela e de filme americano.

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Dez momentos impagáveis de uma mulher

Por xicosa
17/05/12 15:45

 

Do filme "Primeira Noite de um Homem": o começo do melhor dos vícios

I) Quando ela diz “posso fazer um pedido”, mesmo o pedido mais banal possível, e usa a sedução de quem está rogando por uma viagem a Paris ou um diamante.

II) Quando ela deixa a sandália suspensa, quase caindo mesmo, milagrosamente dependurada, deixando os dedos ouriçados e a sola do pé exposta à nossa tara e voyeurismo.

III) Quando ela acorda, rapidamente assustada com o clarão da existência, e busca proteção nos braços do seu caubói predileto.

IV) Quando ela finge o mais exagerado dos orgasmos -só para alimentar nosso orgulho macho.

V) Quando ela, longe de qualquer síndrome de Amélia, prepara o tira-gosto, a bebida e os acepipes para a rodada futebolística.

VI) Quando ela se pinta. Nada de acreditar nessa historinha de “você já é bonita com o que Deus lhe deu”.  Caymmi, saravá meu pai!, é gênio, mas pinte e esse rosto que é só seu. Com todos aqueles lápis que lhe faz uma criança brincando de colorir o desejo.

VII) Quando ela se veste, no striptease ao contrário, conferindo peça a peça, enquanto eu a observo pela fresta do lençol, fingindo que durmo o sono dos mais justos dos homens.

VIII) Quando chega às 4 horas da tarde. É a melhor hora de uma mulher, segundo Jayme Ovalle (vide o livro “Santo Sujo”, de Humberto Werneck, Ed.Cosacnaify). Manuel Bandeira usou a dica no poema das moças do sabonete Araxá. Às 4 da tarde as fêmeas estão com o melhor dos seus cheiros, aquele cheiro já um pouco distante do banho da aurora.

IX) Quando ela volta da feira, feliz da vida. Os elogios dos feirantes valem por várias sessões de terapia ou análise.

X) Quando ela, lá embaixo, dá aquela olhadinha sacana, uma rápida conferida, para saber se estamos satisfeitos com os seus impagáveis caprichos orais.

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A mulher real e a hipótese de barriguinha

Por xicosa
15/05/12 22:48

Brigitte Bardot: e Deus criou a mulher, mesmo as beldades francesas,com dobrinhas

Que haja uma hipótese de barriguinha.

Essa é do mais safado dos nossos mulherólogos, Vinícius de Moraes, na sua receita de beleza feminina.

Naquele mesmo poema em que ele pede desculpas às feias –devia ter bebido pouco naquele dia.

Que haja uma hipótese de barriguinha. Nesse verso acertou em cheio. Depois de nove casamentos, o cara era um safo.

É preciso que haja, pelo menos, uma hipótese de barriguinha. Palmas, poeta.

Aquela secura de tudo, além de fora da realidade anatômica, não é apreciável.

Chega de tábua. Isso é coisa boa apenas na passarela, como mulher-cabide para os estilistas.

Que haja aquela dobrinha quando a mulher se senta. A realíssima dobrinha da fêmea. Espetáculo.

E que não fique apenas na hipótese. Que haja uma barriguinha mesmo.

Pelas mulheres reais. Sem lipo, mas com muito desejo e outras aspirações.

Todo o segredo está na capacidade de safadezas. Nunca no tamanho ou no peso.

Sem imperfeição não há tesão, que me perdoem as certinhas da praça.

E fica o mantra, pela milésima vez, à guisa de educação sentimental aos moços, pobres moços: homem que é homem não sabe, nem procura saber, a diferença entre estria e celulite.

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