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Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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Campanha pela volta da calça vermelha

Por xicosa
20/06/12 16:53

A mulher de Benício que me atiçou para esta crônica

Já que não podemos dar jeito no mundo, façamos campanhas mais limpas.

Folheando aqui o livro do grande artista Benício, aquele ilustrador de mil anúncios porretas e capas da linha “pulp fiction” , me deparo com uma diva de calça vermelha. Falo do volume 1 do “Sex & Crime”(edição Reference e Brandstudio Press).

Seja na Brigitte Bardot, uma das musas que consagraram a indumentária, seja na minha prima do cabaré de Glorinha do Crato, a calça vermelha é um alumbramento masculino que sai de moda mas não sai do nosso imaginário.

Traduzindo para esses moços, pobres moços de hoje que não gostam de arrodeios e palavras difíceis: é um tesão. Ponto.

Pena que some por décadas a calça vermelha nas pernas das moças. Não, não vou cair na tentação do tio Nelson e dizer que os estilistas capricham na arte de enfeiar as mulheres.

Não. Eles sabem das coisas. Repare na história de Yves Saint Laurent, por exemplo, e os seus vestidos imbatíveis.

Como aprecio fazer loucuras e besteiras pelas mulheres, um dia, ainda jovem repórter, torrei toda uma poupança e mais um 13º salário para fazer uma graça com um vestido YSL para uma bela cria da minha costela. Uma das mulheres, amigo Roberto, com quem vi o mesmo teto e a mesma lua a furar nosso zinco.

Mas o que interessa aqui é a calça vermelha. Uma mulher entrando em uma calça vermelha sempre me deixou sem saída. Porque você sabe, colega, prefiro uma mulher se vestindo do que um óbvio strip-tease. O ritual matutino. Você ali fingindo de morto debaixo dos lençóis. Coisa de cinema.

Reza a lenda fashion que a calça vermelha pode voltar neste inverno. Deus tomara.

Uma calça vermelha faz um homem desgrudar o olho da tevê no futebol da quarta, como testemunhei outro dia na Mercearia São Pedro, minha taverna preferida em São Paulo.

Ela adentrou no ambiente, uma bela afilhada de Balzac, ali nos seus 30 e poucos verões, e, ave, um aperreio no juízo dos homens de boa vontade. Paralisados. Santistas e corintianos. Festa, foguetório nas retinas.

Eis o poder da calça vermelha. A única peça que pode até mais que uma bunda.

Pela volta imediata da calça vermelha, independentemente de moda. Nem que seja somente lá em casa.

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As dez melhores piores frases de Maluf

Por xicosa
19/06/12 00:40

 

Angeli em um dos seus flagrantes na Malufolândia

Ter trabalhado muito tempo como repórter de política ou repórter investigativo desta Folha –sim, já fui um homem sério!- nos deixa um ótimo repertório sobre a história recente do país. Nos rouba, porém, e o verbo aqui é bem apropriado, a capacidade de se espantar com os acontecimentos.

Aliança do PT com Maluf, por exemplo, não parece maluca ou estranha. Primeiro porque vimos todas os casamentos de oportunidade possíveis. Tanto dos petistas quanto dos tucanos –para ficarmos no Fla x Flu partidário que levanta a massa nas redes sociais.

E o “doutor Paulo”, como é conhecido entre os políticos, sempre foi a alegria dos repórteres sedentos por umas boas aspas. Elegi aqui dez das suas melhores pérolas azeitadas no óleo de Peroba:

1)“Por amor a São Paulo”, explicando a aliança do seu PP com o PT em nome da candidatura Lula/Haddad.

2)“A minha ficha é a mais limpa do Brasil”, em 2010.

3) “Congestionamento é progresso”, em 2003. Reafirmaria a frase outras tantas vezes.

4)“Se está com desejo sexual, estupra, mas não mata”De 1989, campanha eleitoral.

5)“Sou casado há 50 anos; moro na mesma casa há 42; e estou no mesmo partido há 38: sou um animal em extinção!”, 2010.

6)“Quero ser Robin Hood”, campanha eleitoral de 2.000. A intenção era dizer que pegaria o dinheiro do IPTU dos ricos para repassar aos pobres. Muito romântico!

7)“No Brasil, o político é veado, corno ou ladrão. A mim, escolheram como ladrão.”Safra também 2000.

8)“No Julgamento Final, quando chegar perante Deus, e ele me perguntar o que você fez lá, naquele mundo terrestre. Eu vou dizer que, ajudado pelos meus amigos e pelo meu partido, eu fiz isso, isso e isso. Vou tomar uns dois meses de Deus contando o que eu fiz. Aí ele vai dizer: Maluf, seus pecados são pequenininhos. Fica uns dez minutos no purgatório e depois vai pro céu”. De 2001.

9)“A quentinha que me serviram hoje eu não daria nem para o meu cachorro.” Na prisão, sim já esteve no xilindró da Polícia Federal, SP, em 2005.

10)“Se Pitta não for um grande prefeito, nunca mais votem em mim.”Campanha eleitoral de 1996.

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Receita para fugir do arrastão

Por xicosa
18/06/12 14:41

Dica de filme gastronômico: "O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante"

Que Le Cordon Bleu que nada. Chega de molhinhos picaretas aos olhos da cara.

Em tempos de arrastões na capital gastronômica do país, este blog, sempre preocupado com os pratos de resistência do macho-jurubeba, compartilha uma receita para você fazer em casa e chamar os amigos.

Chega de frequentar jantares à luz de velas e ser incomodado com um cano fumegante da arma do bandido.

Os altos preços de SP também não são nada animadores. Em muitas ocasiões, você até torce para que o ladrão chegue antes da conta.

Sinta-se à vontade, mestre Alex Atala, para seguir a fabulosa receita enviada por dona Maria do Socorro, minha santa madrecita.

O prato é aquele mesmo que FHC, o príncipe, disse ter comido muitas vezes na sua temporada parisiense. Referia-se, obviamente, a “tripa a moda de Cayena”.

Como diria o mesmo ex-presidente, à “buchadá de bodê”,  s´il vous plaît:

1) Limpa-se o fato do carneiro, do bode ou do cabrito. Bem limpo, utilizando-se água e limão.

2) Leva-se ao fogo até aferventar bastante; até perder o cheiro ruim, diríamos.

3) Escorre-se a água e lava-se novamente com água, limão e sal, que é para perder realmente o cheiro.

4) Cortam-se bem miúdas as tripas, o fígado e o sangue coalhado. Deixa-se inteiro o bucho propriamente dito.

5) Faz-se o tempero dos miúdos com hortelã, bastante pimenta-do-reino, alho, sal, salva ou coentro, cebola roxa. Tudo bem ralado e com um pouco de vinagre.

6) Misturam-se bem esses temperos aos miúdos.

7) Coloca-se tudo no bucho, depois deste aberto estendido sobre a mesa, e junta-se a cabeça do carneiro, do bode ou do cabrito (que haviam sido cozidos à parte e com os mesmos temperos) e mais um pouquinho de arroz.

8) Costura-se o bucho como se fosse uma trouxa, contendo todos os ingredientes citados acima, ensacando tudo.

9) A panela tem que ferver por um mínimo de cinco horas; lembre-se: você não está sob a melancolia dos fast-foods.

10) À parte, faz-se um bom pirão e mais arroz, com o qual a buchada será servida.

11) Para o acompanhamento, genebra ou aguardente.

E você ai, amigo, qual a sua comidas sem frescuras predileta?

Bom apetite.

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No início do amor, Hércules assobia e chupa cana

Por xicosa
16/06/12 21:07

Belo livro sobre trabalhos selvagens do macho. Recomendo

Pelo menos no início, somos verdadeiros Hércules do amor. Realizamos os 12 trabalhos, até exercícios de britadeira, numa naice, numa tranquila, numa boa.

Tente lembrar o que já fez por amor. Vale inclusive dizer para você mesma, agora rindo, pois o tempo é remédio na farmácia: “Como fui idiota!”

Vale também dizer: “Faria tudo outra vez se preciso fosse, meu amor”.

Mas cuidado. O ovo poché talvez seja o maior sacrifício de todos. Eu encarei, macho.

Mesmo sem saber cozinhar direito, arrisquei fazer o melhor picadinho do mundo. Sabia que era um prato que ela amava. Nesse dia conheci o tomilho, muito prazer. Segui à risca a receita do chefe do Astor.

M., a moça trabalhando na edícula, com David Bowie nas orelhinhas mais lindas da existência, e este jurubeba-man no batuque das panelas.

Aí chegou o momento mais crítico da aventura: o ovo poché. Nunca imaginei que fosse tãol difícil fazer um ovo poché. Estraguei um galinheiro inteiro em poucos minutos.

Até que, ufa, acertei no ponto.

Pode parecer uma coisa besta, mas foi um épico. A danada mareou os olhos de felicidade naquele início de acasalamento na Pompeia –onde nasceu os Mutantes e onde morreu nosso grande amor.

Fiz outros tantos sacrifícios, no varejo e no atacado, pelas mulheres. Agora lembrei de uma peça de teatro nô japonês, em japonês mesmo, com minha linda D. Prestei muito atenção, amorzim, não cochilei um segundo.

Com A., uma trilha nas íngremes florestas cariocas. Afe. Só avistava lá embaixo, em microponto, o garçom Oliveira do bar Braseiro com uma bandeija de chope.

Para outro A. do meu alfabeto amoroso, o extremo cuidado com dois bebês que amo até hoje. Um deles queria um cachorro doente, que exigia cuidados redobrados. Cuidei dos três, quatro.

De outras, como R., só tive benesses. Com L., idem. Com I., nem se fala, bancou até meu primeiro livro com o seu salário de professora do Colégio das Damas, no Recife.

A disciplina do amor, me sopra aqui a vizinha Lygia Fagundes Teles. Isso mesmo, bela Lygia. Estou dentro.

Repito: tudo é possível nos floridos inícios de namoros, cachos, romances, acasalamentos etc. Tudo na base do “ora direis, ouvir estrelas”.

Fazemos os 12 trabalhos de Hércules assobiando e chupando cana, na buena, na maciota, no problem, baby.

Carregamos, sem suar, a pedra que tanto pesou sobre o velho Sísifo, sifu.

O que você não me pede chorando que eu não te faça sorrindo?

O amor e os seus prefácios… tudo sopra a favor, podemos até viver de brisa, Anarina, lendo Bandeira numa espreguiçadeira, ai que leseira, e fumando um antes do almoço, antes da transa, no balanço da rede, sob o farfalhar dos coqueiros na sagrada sesta.

A fome de amar, a larica de viver, a sobremesa de existir.

Tudo é possível no fio inicial do novelo-mor… Ainda mais se tiver sido depois de uma espera sem fim, aquele amor que demora tanto a começar, mas tanto tanto, que bate uma preguiça medonha só de pensar que um dia, mais tarde do que nunca, vamos ver subindo na tela, nos créditos finais do love story, o inapelável e caligráfico the end.

Os 12 trabalhos do amor. O meu irmão caruaruense Halley-Bó caprichou na tarefa: começou a fazer yoga por causa de uma mulher que frequentava a tal disciplina. Para quem conhece o competente dentista, avesso a qualquer orientalismo do gênero, eis o sacrifício máximo de um homem.

Continuemos no Oriente. O amigo Moreno, por exemplo, odeia comida japonesa. Não suporta nem o cheiro. Começou um dos seus romances empanturrando-se dos sashimis mais exóticos de todos os sete mares. Tudo pela gazela. “Tóquio é uma maravilha, estive lá no ano passado; na próxima a gente vai juntos”, mentia o adorável carioca.

Tudo é possível no momento de bater o centro, dar o pontapé inicial no namoro, no cacho, no rolo, no romance, seja lá que batismo tenha essa arte de juntar duas criaturas para o bem-bom da vida.

Faz-se de tudo. Até sexo em pé numa rede, essa arte-mor cearense nunca prevista pelos manuais, catecismos ou Kama Sutras.

E você aí, corazón, qual foi o trabalho de Hércules que fez por amor?

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Finas maneiras para gente grossa

Por xicosa
15/06/12 17:28

 

Esse Don Draper (Mad Men) fazia a coisa certa, sempre cortês com a amada

Sexta-feira é dia de etiqueta amorosa no blog. Você ali concentrado(a) para a noite reflete, por exemplo, sobre os bons modos de macho.

Você sabe que o cavalheirismo está quase morto. Agoniza. Sente alguma falta? Ou nem?

Não quero julgar se é bom ou ruim. Pode representar, pelo menos simbolicamente, mais um avanço do mulherio, que não carece desse tal código do bom-tom dos homens.

Elas se viram e talvez estes pequenos gestos sejam obsoletos, inúteis, demodês como uma guarânia da Perla.

Sem essa de puxar a cadeira, abrir a porta do carro, sem essa de cumprimentar uma dama como uma dama de fato –e sim com o punho fechado à moda dos manos.

Tenho muitas amigas, e não tão conservadoras assim, que se ressentem dos bons modos masculinos e nutrem uma certa nostalgia da delicadeza perdida. Outras nem tomaram conhecimento de tais sensíveis modos e vivem muito bem sem isso, são moças de emplacamento anos 1980, 90. Lolas independentes futebol clube.

Lembrei agora de um conselho do jornalista e escritor P.J.O’Rourke, no livro “Etiqueta Moderna –finas maneiras para gente grossa”, tradução do Aran, ed. Conrad:

“Quando você vai ao encontro de um homem é perfeitamente aceitável que você deixe claro que trabalha mais duro, é mais bem sucedida e ganha muito mais do que ele. Mas você deve levar em consideração que ele precisa manter algum respeito próprio. Devido a isso, não importa o quanto você ganhe, permita que ele pague todas as contas.”

O que você acha, amigo? Precisa desse gesto para resgatar o papel perdido de provedor? Ou racha na buena, sem maiores angústias testosterônicas?

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A periguete como questão de classe

Por xicosa
14/06/12 14:51

A gostosa Sullen e o periguetismo na ficção global

O Bananão, como dizia o saudoso confrade Ivan Lessa, sempre bota na conta do populacho o que considera, digamos assim, de “mau gosto”.

É uma leitura sacana, mas está valendo. Repare, colega, no caso do periguetismo. Até gente esclarecida, como o craque Alexandre Herchcovitch, resvala nesse preconceito. Este cronista, macho-jurubeba nada fashion, idem. Erramos, como diz aquela seção onde fiz morada, por muitos anos, na versão impressa desta Folha.

Como se o periguetismo tivesse nascido com a dita nova Classe C, este fetiche econômico, com os devidos méritos, do lulismo.

“Avenida Brasil”, a novela da Globo, óbvio, arredondou, nas saliências de Suellen, o conceito.

E chega de sociologia de boteco.

Aspas, ordeno, com os meus dedinhos ainda melados de escargot, para o grande modista Herchcovitch:

“Olhai as periguetes. O Brasil tem expertise de fazer roupa popular, de “periguete”. A gente também tem que olhar para isso. Pensei no banho hoje e queria falar: o que vendo mais e menos? Não vendo tanto vestido de R$ 10 mil. O que vendo muito são meus produtos de licenciamento, edredons de R$ 250, sapatos de R$ 129. Não vou deixar de fazer vestidos caros porque tenho clientes que os querem. Hoje, quem quiser sobreviver no Brasil e competir vai ter de fazer produtos para as classes C e D”.

Assim falou Herchcovitch em excelente matéria de Vivian Whiteman e Pedro Diniz para o caderno “Ilustrada”.

Vamos cair na real. A periguete, termo que rolava no Nordeste havia pelo menos 15 anos, não é uma questão de classe ou posse. É quase de alma. Conheci gente da Casa Grande nordestina ou quatrocentonas de SP com um periguetismo de incendiar a bacurinha.

No “Modos de homem & modas de mulher”(editora Record), Gilberto Freyre, o gênio de Santo Antônio de Apipucos, já costura para fora sobre este tema.

Só pra gente iniciar aqui um debate. Creio que interessante. Sempre lembrando que gosto se discute. E que mau gosto não existe.

Aquela história: quando eu penso em sacanagem, chamo de erotismo; quando o outro faz a mesma coisa eu rotulo de pornográfico.

O que é ser periguete?

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Homens alterados, mulheres sensatas

Por xicosa
13/06/12 17:20

Neste livro, Clara Albuquerque explica o futebol para as meninas.Recomendo

Tudo que difere um homem de um animal irracional cai por terra durante um jogo de futebol.

Retrocedemos à caverna. Repare, amiga, logo mais durante o Santos x Corinthians, em peleja da Libertadores da América -a flor de todas as obsessões corintianíssimas!

A guerra do “chupa”do estádio a todas as janelas de casas e prédios.

Diante do sofrimento e da loucura dos marmanjos por este esporte, sempre matuto, com a pitomba metafísica chacoalhando na boca:

Será que as mulheres têm um sacrifício do mesmo porte, tão de graça mas ao mesmo tempo tão de verdade como a nossa maluca devoção pelos times do peito?

Antes que me atirem sutiãs em chama, vos digo que existem também mulheres fanáticas. Principalmente as corintianas, flamenguistas e torcedoras do Santa Cruz. Ah, as gremistas também movem moinhos no Guaíba, me avisa aqui uma amiga gaúcha.

A que mais sofre que conheço, tanto quanto qualquer mancebo, é a minha Monalisa do Ipiranga. Corintiana até as lindas mechas.

Creio, porém, que no mundo de Marlboro a doença atinge a maioria. Nada comparável à importância do futebol na vida dos machos. É quase um infarte a cada rodada, passa o calmante, amigo.

Quando toco no assunto, sempre lembro de uma  pesquisa sobre o assunto. Coisa animadora para as fêmeas. Repare só: a quantidade de testosterona produzida por um homem fanático aumenta 27,6% quando o seu time do coração triunfa. Mesmo que seja contra o Íbis, mesmo que seja a pior das peladas.

É um desses estudos malucos feitos pelos norte-americanos. Neste caso, uma turma de doutoras em psicologia da Universidade da Geórgia. Faz todo sentido o levantamento. Eu acredito, eu aposto, sou testemunha.

As mulheres devem tirar proveito desta pesquisa e aprender com os seus parceiros tudo que sempre quiseram saber sobre tiros de meta, meia ofensivos, escanteios e, queira Deus, até mesmo os mistérios da lei do impedimento -uma das coisas mais enigmáticas do ludopédio.

Um dado cruel do mesmo estudo: naquelas fases tenebrosas do seu time, o “homo-fanaticus” fica praticamente inutilizado para o sexo.

Você já deve ter notado isso, amiga, naqueles domingões melancólicos, não? Quando só resta cantarolar aquela melô do broxa, by do Wando: “beijo suas costas e nada/ caem dos meus olhos duas lágrimas geladas”.

O pior nisso tudo é que não adianta nada pedir para um sujeito mudar de time e tornar-se mais vencedor. Mesmo com a promessa de 27,6%  de testosterona-plus, é mais fácil um homem-que-é-homem mudar de sexo do que de clube.

Queria a ajuda de vocês, belas fêmeas, para saber o que, no mundo feminino, seria equivalente à nossa paixão histérica pelo futebol.

Quem se habilita?

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Aos desiludidos do amor, com carinho

Por xicosa
12/06/12 12:18

Henry Miller, entre seus dois amores,no filme "Henry & June"

Vamos recapitular: este cronista dançou, na semana que antecedeu esta fatídica data dos pombinhos, no ritmo do dois pra lá, dois pra cá.

Um olho alvejando o romantismo de vitrine que humilha as damas e os cavalheiros solitários; outro olho no band-aid no calcanhar da moça ainda ferida da última dança.

Agora é hora do encorajamento, como acabei de reaprender aqui com o camarada Henry Miller, no singelo “O mundo do sexo” (José Olympio Editora).

“Tão certo como nasce o dia, fica claro demais que poucos são os que merecem o título: HOMEM”, diz o cara do Sexus, Plexus e Nexus. Ele conclama, desafia, é hora de honrar as saias e as calças.

No amor romântico, no amor erótico ou no pacote completo.

É por isso que eu repito em mais uma oração subordinada às moças:

Triste de quem fica desiludido(a) e evita outro amor de novo, cai no conto, blasfema, diz “tô fora”, já era, tira onda, ri de quem ama, pragueja e nunca mais se encontra dentro das próprias vestes.

Como se o amor fosse um quiosque de lucros, a bolsa de mercadorias e futuro, um fiado só amanhã, um comércio.

Como se dele fosse possível sair vivo, como nunca tivesse ouvido aquela parada de Camões, a do fogo que arde e não se sente, a da ferida, aquela sampleada por Renato Russo.

Triste de quem nem sabe se vingar do baque, sequer cantarola, no banheiro ou no botequim, “só vingança, vingança, vingança!”, o clássico de Lupicínio, o inventor da dor-de-cotovelo, a esquina dos ossos úmero com os ossos ulna (antigo cúbito) e rádio, claro, lição da anatomia e da espera no balcão da vida.

Tudo bem não querer repetir, com a mesma maldita pessoa, os mesmos erros, barracos  e infernos avulsos e particularíssimos.

Triste de quem encerra o afeto de vez, como se aquela mulher e/ou aquele homem “x” fossem fumar o king size -duvidoso e sem filtro- lá fora e representassem o último dos humanos.

Chega do mané-clichê: todos os homens ou mulheres são iguais. Argh.

São, mas não são, senhoras e senhores. Cada vez que uma folha se mexe no universo a vida é diferente – acho que roubei isso da arte zen de consertar motocicleta.

Todos os machos e todas as fêmeas são novidades. Podem até ser piores, uns mais do que os outros, porém dependem de vários fatores. Não adianta chamar o garçom-do-amor e passar a régua para sempre por causa de apenas um traste. Como se esta miserável criatura representasse a parte pelo todo da panelinha do mundo.

Já pensou quantos amores possíveis você estaria dispensando por essa causa errada?

E quem disse que amor é para dar certo?

Amor é uma viagem. De ácido.

E tem mais: a única vacina para um amor perdido é um novo amor achado. Vai nessa, aconselho! Só cura mesmo com outro. Mesmo que um placebo.

Muitas vezes não temos o amor da vida, mas temos um belo amor da semana, da quinzena, que de tão intenso e quente logo derrete. Foi bonita a festa, pá e pronto.

Vale tudo, só não vale o fastio e a descrença. Levanta desta ressaca amorosa, meus Lázaros e minhas Lázaras.

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Oração para o amor não-correspondido

Por xicosa
11/06/12 11:51

Poeira e solidão a dois na beira da estrada

 O amor sempre tem uma mão só. E não estamos falando,amigo, daquela máxima do Woody Allen sobre a masturbação, que seria a melhor forma de fazer amor com a pessoa que você mais ama.

Tratamos do amor mesmo, o dos pombinhos, na sua forma mais óbvia. Daí repito: o amor sempre tem uma mão só. Mesmo quando é correspondido, nunca o é por inteiro –sempre um ama mais do que o outro. Eis o grande suspense hitchcockiano da existência.

Daí esta oração para ser lida em voz alta, por você que se acha injustiçado:

Nossa Sra. dos que Amam Sozinho ou amam mais que o outro, perdoa-me pela insistência, nem mais é por tanto querê-la, é por deixar claro, moça que sopra das intimidades dessa oração, que só ela me faz passar da conta, perversa, me faz cair no abismo mais lindo do gozo sem volta, como naquele encosto de beira de estrada, como na rodovia estrangeira de Sam Shepard, crônicas de motel, simbora!

Nossa Sra. dos que só pensam nela, cotovelos lanhados de tanta espera, tantos sustos nas ruas, nos bares: “É ela!!!”.

Nossa Sra. Dos Cotovelos da Surpresa e das janelas, tão gastos, cinzas, peles, dobras, e tanta fome de viver aqui dentro, megalomaníaco, épico, terá sido a força do desprezo?

[Não creio, sr. Albero Moravia, meu guru de tantos ensinamentos amorosos e anarco-comunistas].

É mesmo a paudurescência, nostalgia precoce,compacto dos melhores momentos editado a toda hora no juízo.

Nossa Sra. da Vida Alongada que consegue, nos seus exercícios de Kama Sutra, me levar ao nirvana. Nossa Senhora da Yoga que deixa o corpo dela como nunca dantes na história dessa pátria!

Amor demorado, anjo exterminador da alcova.

Amor por tê-la, rara.

Beijá-la delicadamente, como um católico que dissolve na boca uma hóstia,um evangélico que fala a língua de pentecostes, um budista que levita, o fundamentalismo do homem-bomba.

Amar por horas lá embaixo daquelas tuas vestes modernas que nunca te escondem.

Lua cheia, vida minguante.

Escuto Le Déserteus, do velho Boris Vian, ouviste?.

Nossa Senhora dos que sentem muito e amam sozinho, rogai por nós que recorremos a vós!

 O amor é mesmo uma rua estreita, que mesmo com todo progresso e planejamento urbano, sempre terá uma mão só. Engarrafada. Sem saída.

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Cala boca: 10 filmes para esquentar a relação

Por xicosa
09/06/12 11:59

Talvez a maior cena erótica de todos os tempos: "O destino bate à porta"

Sem essa de D.R. –discussão de relação. Melhor levá-la ao micro-ondas do desejo. “Cala a boca e transa, porra”, como disse o Peréio diante de uma D.R. do tipo cocaína-barroca da Sônia Braga no filme “Eu te amo”.

Chega de falatório. Subi aqui ao sótão da “punheteca”, como o Coppola define o gênero,  para pegar dez filmes que fazem a libido derreter no mais gelado inverno da Patagônia:

-“Romance” (1999) – Escandalizou até os franceses. Caiu a Bastilha. Um update feminista a Emmanuelle.

– “Emmanuelle 2”(1975)- Depois de vários casos calientes, Sylvia Kristel tem a “maior trepada do século”-assim foi definida pela crítica especializada- com o próprio marido.

-“Eu”(1987) – O mais freudiano dos filmes do gênio Walter Hugo Khouri. Saca as minas: Nicole Puzzi, as Moniques Evans e Lafond, La Torloni,Bia Seidl…

– “O Destino bate à porta” (1981) –O adultério no seu máximo erotismo. Vá por mim. Jack Nicholson e Jessica Lange fazem amor em cima de uma mesa. Uma das maiores cenas de todas as eras.

– “Decameron” (1971) – E Caterine acorda com o rouxinol na mão. Incrível.

– “E Deus criou a mulher”  (1956)- Roger Vadin é o o rei. A galeguinha Bardot enlouquecendo geral os marmanjos. Atente para a cena do mambo.

– “O Último Tango em Paris” (1972). Passa a manteiga e não se fala mais nada. Já falaram tudo dessa mitológica fita. Continua valendo.

– “Lucia e o Sexo”  (2001) – Paz Vega, nuestra madrecita de todas las tesudas chicas!

– “Orpheu Negro”ou “Orphéeu Noir” (1959), só para a moça fazer um biquinho francês erotic. Marcel Camus nas mãos de Vinícius de Moraes. Com música de Antônio Maria, meu cronista do amor preferido.

– “Y Tu Mama También” (2001)– E a tua mãe também! Bom todo, mas a transa no banco de trás do carro se supera.

Ih, de cara, já senti falta de: qualquer um filme do Tinto Brass, a obra completa do gênio brasileiro Neville de Almeida, cadê também a Ursula Andress com o Sean Connery em “Agente Secreto 007”?

Fazer lista é sentir falta e cometer pecados. Vamos nessa.

Ajudem o tio a completar o tanque da libido. Não, “Império dos Sentidos” não entraria jamais. Filmaço, mas aqui basta a castração simbólica. Colaborem.

Que lástima: esqueci “Esse obscuro objeto de Desejo”!

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