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Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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Utilidade pública: tipos de homens perigosos (II)

Por xicosa
12/07/12 15:53

O homem-bouquet visto por Jean-Marie Boomputte

Tudo bem, bravas fêmeas, os homens são todos iguais, blábláblá.

Alguns, no entanto, os verdadeiros Pthirus pubis,  são bem mais perigosos que os outros. Em mais um serviço de utilidade pública, este cronista de costumes expõe os tipinhos contemporâneos da mais alta periculosidade.

Alguns tipos já haviam sido publicados anteriormente. Repito, porém, para dar ênfase, ficar como mantra nas vossas cabecinhas esquecidas.

Homem-bouquet – Muito prazer! É aquele macho que entende de vinhos finos, abre a garrafa, cheira a rolha, balança na taça, sente o “bouquet” da bebida dos deuses.  O tipinho não perde um programa especializado, reúne os amigos para encher o saco com o tal bouquet, do tanino isso e aquilo, do amadeirado etc.

Mais uma advertência: o mesmo elemento costuma apreciar também o que ele chama de  “um bom jazz”, uma “MPB de qualidade”, seja que diabo isso signifique.

Corra, Lola, corra de criaturas desse naipe. Homem que entende e gosta mesmo de vinho não sai arrotando conhecimentos por ai, simplesmente aprecia e faz a sua companhia curtir a bebida. Seja um Romanée-Conti ou uma encorpada Catuaba Selvagem.

Homem-hortinha -Mesmo as heroínas que conseguem escapar do “In vino picaretas” dificilmente escaparão da arapuca do inominável e desqualificado Homem-hortinha.

Trata-se do distinto mancebo que, ao receber as moças elegantemente para um jantar, usa o manjericão cultivado na própria hortinha que mantém no quintal ou na área de serviço.

Cultivar o próprio manjericão não é exatamente o defeito do rapaz. O problema é que ele passa duas horas a discorrer sobre o cultivo da hortinha, os cuidados, o zelo, samba de um tempero só, degustação ao pé do saco.

Uma amiga, coitada, conheceu um destes exemplares que cultivava até a própria minhoca usado como “fator adubante” da própria hortinha.  Corra, Lola, corra, corra mesmo, corra léguas, eis um tipo irrecuperável.

Homem-Ômega 3 –  É simplesmente um sujeito paranoico que vive por ai a pregar a causa da vida 100% saudável. Sim, ele tira o cigarro da tua boca, mesmo que não te conheça, e apaga. Ele cuida da tua saúde, poxa.

Sempre ligado no combate aos radicais livres, o elemento enche imoderadamente o saco dos que enchem a cara. É o tipo do macho que costuma morrer cedo, mas cheio de saúde, uma beleza, todo rosado no ataúde, com todas as células empenhadíssimas em retardar o envelhecimento.

Homem-Terceiro Setor ou  Homem-ONG, ou ainda homus-oenegê. Curte um abaixo-assinado que só vendo. Se tem passeata, está dentro. Também ocupa até a casa de mãe Joana. Ele já acorda falando mal do governo. Qualquer governo. Mesmo que a sua entidade não-governamental encha as burras, lave a égua no brejal mais público.

Sim, ele acredita na humanidade, na responsabilidade social,  na arte como redenção dos pobres… Um macho completamente sustentável. Se você reparar, leitora do meu coração, ele quase levita, de tão puro, de tão bom. Some, Lola, some que é roubada-mor.

Agora é a sua vez, ajude este velho blogueiro -outra raça chata do cacete!- a ampliar essa lista de homens de alta periculosidade.

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A recompensa de um homem traído

Por xicosa
12/07/12 03:53

 

Melhor, como se diz na linguagem popular: todo corno é um homem de sorte.

A frase bem poderia ser do nosso gênio centenário, o tio Nelson Rodrigues.

Mas é do Bodinho mesmo, o bravo contínuo que conheci no “Jornal do Commercio”, na invicta cidade do Recife.

Por simples onda ou blague (leia-se “gréia”, como se diz em Pernambuco), Bodinho se dizia, ainda no madrugador ano de 1982, o presidente da Cornobrás, uma suposta estatal dos chifres.

Lembro de Bodinho ao fazer agora uma leitura enviesada, por dever de ofício do cronista de costumes, do Cachoeiragate.

Repare quem vem a ser o substituto do Demóstenes no Senado. Justamente o cara que perdeu a mulher para o sr. Cachoeira: Wilder Pedro de Morais, outro milionário lá do sertão de Goiás.

Wilder foi marido de Andressa Mendonça, a musa da CPI. Quis o destino que a desgraça do seu atual marido fosse a felicidade do ex.

É, amigo, todo escândalo político no Brasil envolve uma história amorosa ou de sacanagem desse naipe.

Melhor: toda história é feita de sexo ou dinheiro.

Cobri várias CPI´s, desde o Collorgate, e bem sei disso.

O estranho é quando uma esculhambação política não tem uma Sodoma & Gomorra por trás. Sempre tem. Aposto todas as minhas fichas na vida como ela é, sou um shakespereano do Crato.

O que foi o Collorgate senão uma repetição tropical do episódio bíblico de Caim x Abel. Fernando x Pedro Collor. Com direito a boatos de traição amorosa no meio.

Pedro, que Deus o tenha,  queria dinheiro, renda e o poder em algumas estatais nordestinas, pelo menos.  Nada teve. Ao contrário de PC Farias e do irmão mais velho, Leopoldo Collor, que ganhou as benesses federais no interior de São Paulo, com uma possível sociedade com o empresário Egberto Batista, por suposto.

Pedro, que ouviu mais de três negativas do Caim alagoano, pôs abaixo a República ao abrir a boca para o repórter Luis Costa Pinto, de “Veja”, como sabemos.

Antes, pela mesma história passaram, com papéis importantíssimos, motoristas, secretárias, mordomos etc.

Não há escândalo apenas político ou financeiro, limpo do drama da vida. As belas meninas de Jeany Mary Corner, a cafetina cratense que fez a festa dos governos FHC e Lula em Brasília, são provas carnais da história.

Agora sim, tio Nelson, para passar a régua: “O Corno não devia ser o último a saber. O corno não devia saber nunca !” Este cronista, experiente no assunto, que o diga.

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A dificuldade é a gasolina azul do amor

Por xicosa
11/07/12 16:23

A história de Bertrand e os amores difíceis

Um amigo busca, desesperadamente, uma garota que viu em um bar de SP. Houve um rápido flerte. Ele não teve cara de pau de se aproximar. Ela desapareceu no nevoeiro do fumacê dos fumantes da calçada.

O amigo agora apela para um site de relacionamentos. O “Segunda Chance”,  uma novidade da inventiva Internet brasuca. É dedicado a quem tenta reencontrar o amor perdido mesmo antes de ter começado.

O serviço é interessante para a juventude apressada, que não tem a manha de deixar ao acaso, que não tem paciência, que pensa que a vida é banda larga.

Óbvio que a busca, como recomendada pelo site, vai exigir algumas atitudes malucas. Como ficar gesticulando, qual uma aeromoça no momento das instruções de vôo, quando o amigo voltar para o mesmo bar que encontrou o suposto amor da vida. É uma forma de avisar que revelar que está na área.

Esses moços, pobres moços, precisam conhecer o Bertrand, vulgo“O Homem que Amava as Mulheres”, filme e livro do xará François Truffaut (1977).

Duvido que Bertrand, mesmo que vivesse com as facilidades tecnológicas de hoje, buscasse suas amantes de outro jeito. Porque no amor a própria busca é que é a graça.

Repare nesta situação. Estava o jovem Bertrand na lavanderia de mademoiselle Carmem, sua amiga, quando avista as pernas – do seu ângulo viu apenas o par de pernas da “esplêndida desconhecida”, como definiu.

A bela dona desaparece e ele só tem tempo de anotar a placa do veículo em um maço de Gitanes: 6720 RD 34.

O cara enlouquece. Vai no serviço de trânsito e tenta convencer os burocras da necessidades do nome da proprietária do veículo que evadiu-se.

“Se a pessoa tivesse batido no seu carro, ainda vá lá, pois a sua seguradora poderia ter acesso aos dados da pessoa”, ouviu de um simpático funcionário gordinho com feições de Balzac.

Os olhos de Bertrand brilharam. Não teve dúvida: no estacionamento mesmo cuidou de estilhaçar o farol traseiro e o pára-lama  do seu Renault contra a mureta. Provocada a batida, retoma o labirinto da burocracia para tentar o reencontro com as esplêndidas pernas.

Não havia visto sequer o rosto da moça, numa prova, como tem discursado este mal-diagramado que vos fala, que mulher é metonímia, parte pelo todo. Basta um nariz, uma omoplata, um joelho, um queixo, uns braços, uns pezinhos… para que nos apaixonemos.

Depois de muito sacrifício, epa, Bertrand finalmente se vê diante da sua perseguida. Uma hora de café e conhaque depois…  descobre que não está diante da esplêndida, mas da sua prima, proprietária legal do veículo.

O mais eu não conto para não estragar o suspense do belo filme. Recomendo.

Bertrand, um dos melhores canalhas do cinema, sabia que a dificuldade é a gasolina azul do amor. Não há melhor combustível para nos mover aos braços de uma pequena.

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Método Swift para envelhecer sem vexames

Por xicosa
10/07/12 18:16

Projeto “mata o velho”: não case com uma lolita, como esta do filme homônimo

Volto ao livro “Resoluções – Quando Eu me Tornar Velho”, o extraordinário manual de Jonathan Swift,aquele mesmo que escreveu o clássico “As Viagens de Gulliver.”

O irlandês, que viveu exageradamente para os padrões da época (1667-1745), nos deixou um receituário  que pode nos ajudar a envelhecer da melhor forma. Se é que é possível envelhecer com decência.

Logo de cara, o autor, adverte contra as lolitas:“Não casar-me com uma mulher jovem”.

Corra, tiozinho, corra! Mesmo sabendo que mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor. Mesmo sabendo, como diz o mesmo cancioneiro, que “pra cavalo velho o remédio é capim novo”.

Fundamental: “Não ser rabugento ou tacituno, ou desconfiado.” Se tem uma coisa que chama e que apressa a velha fatal da foice é a tal da rabugem.

Agora o mais grave e mais difícil para um homem envelhecido em barris de carvalho e narrativas: “Não contar a mesma história de novo e de novo às mesmas pessoas.”

É, contar a mesma história, com empolgação de quem conta uma novidade, é um dos maiores sinais que a velhice chegou. Seja qual for a sua faixa etária.

Outras dicas do Swift para quando você se tornar velho(a):

“Não negligenciar a decência, ou o asseio, por medo de cair na indecência.”

“Não ser exageradamente severo com pessoas jovens, mas ser permissivo com suas leviandades juvenis e fraquezas.”

“Não ser influenciado por, ou dar ouvidos a serviçais vagabundos, tagarelas ou outros.”

“Não ser demasiado dependente de conselhos, nem de problemas… a não ser daqueles que deseje ter.”

“Desejar ter bons amigos que possam me informar quais dessas resoluções posso quebrar ou negligenciar, ou mesmo adequá-las conformemente.”

“Não falar muito, nem de mim mesmo.”

“Não ostentar minha beleza de outrora, ou força, ou facilidade com as damas”.

“Não escutar lisonjeios, nem conceber que eu possa ser amado por uma mulher jovem. Principalmente daquelas que almejam uma herança por aí.”

“Não ser confiante ou teimoso.”

E a pérola final do irlandês amigo criado na mamadeira de gin e uísque:

“Não ser tão rígido na observância destes regras, pois temo que não obedecerei a nenhuma delas.”

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O exagero na arte de ser sexy

Por xicosa
09/07/12 18:43

Sim, o caminho do excesso conduz ao palácio da sabedoria, como disse o poeta romântico inglês  William Blake(1757 — 1827) . Um cara que tinha o maior jeitão de ser assim um Beatles.

Óbvio que na existência,  vale o verso, sempre. Triste de quem morre com saúde. De quem não rala a pele em quedas tantas no rolimã do amor e da sorte.

Vale o verso para quase tudo, assina que é teu, velho Blake. Uma verdade que só não serve para uma coisa na vida.  Pense nisso. Apenas em uma ocasião, em especial, o excesso pode ser um desastre. Palavra de homem.

Sabe quando ela tenta ser sexy ao extremo?

Ai é que mora o perigo. Corre o risco de ficar  caricato ou levemente broxante. O risco de ficar parecendo manequins de sex shop: modelão over, minissaia, decote, lingerie, perfumes apurados, coreografia ensaiada, beicinhos fora de hora…

Até parecem que fizeram um curso rápido e artificial de strip. Não é por ai, calma.

Se a gente vai para a casa delas, deus mio, pior ainda: lá está o incenso exagerado e enjoativo, a luz ensaiada, os sais fervilhando na banheira _se for o caso de uma dama bem de vida_ e todo um circo que nos tira do prumo.

E haja caras de “sexy”, coisa de quem aprendeu, passo a passo, nas páginas de revistas que ensinam as mais novas posições para um orgasmo infalível! Como se o velho e bom kama-sutra e os seus mil e um bambuais fossem pouco.

Mulheres, esqueçam o kit sex shop. É mais importante uma safadeza, um charme, um suspense no olho durante um jantar, do que a extravagância propriamente dita. Se cuidar, ficar bonita, é de lei, claro, sem problema; mas não carece carregar nas tintas do desejo.

Não que tenha que acreditar na canção do Dorival Caymmi, esse gênio baiano, que aconselha a Marina não pintar sequer o rosto, que é só seu… Isso é poético, mas uma pintura, um jeito no cabelo, apreciamos, nada mais lindo, pinte sim este rosto que eu gosto e que é só seu. Pinte com todos aqueles lápis que lhe fazem uma criança brincando de colorir o desejo.

Nada como reforçar a chance que Deus lhe deu com os novos milagres da cosmética e da beleza, como naquele velho receituário de Ovídio, um poeta que sabia, em tempos romanos antes de Cristo, da arte de amar e dos remédios para o rosto da mulher.

O que não pode é exagerar da cabeça aos pés, com roupas, acessórios e badulaques que, em vez de sexy, podem estragar o encontro, a festa, a grandeza da vida, virar uma máscara contra toda e qualquer naturalidade.

Uma calcinha branca de algodão pode guardar toda a feliciade do mundo.

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Balzaquiana, hoje na casa dos 50, reina na Flip

Por xicosa
07/07/12 16:36

Não adianta insistir com homenageados pingados a cada ano, o grande patrono sentimental e espiritual permanente da Flip é o simpático gordinho Honoré de Balzac(1799-1850). O cara.

Paraty está repleto de Júlias d`Àiglemont, a personagem de “A Mulher de Trinta Anos”. A danada responsável pelo termo balzaquiana.

Acontece que as Júlias de hoje têm entre 40 e 50 e tantos. Não apenas por causa dos avanços da medicina e da cosmética. É que não estão mais mal casadas como a referida nega da França napoleônica. Já se livraram dos seus trastes há séculos.

“Como pude!”, dizem.

Júlia foi a primeira mal-casada como protagonista de uma novela. Rebelou-se. Balzac talvez tenha inventado o feminismo. Sapeca.

Só sei que elas estão em Paraty e dominam a cena. São maioria absoluta. Estão soltas ou com os seus namorados, cachos, novos maridos etc. São as mulheres mais livres e exigentes do planeta. Querem do bom e do melhor. Estão certas.

Não comem qualquer coisa. Não bebem qualquer vinhozinho meia-tigela. Curtem uma certa decência gastronômica. Elas podem. Só elas.

E ainda guardam uma arroganciazinha, como tudo na literatura -a arte morta mais metida do universo. Elas leem Jonathan Franzen como metáfora da América.

Jonathan Franzen é um cara mais legal do que eu imaginava. Nem tai pra metáfora da América. Gosta de observar pássaros e tirar onda. Amo isso.

As lindas afilhadas de Balzac –falo da mulher de 40 a 50 e poucos,repito!-  estão mais sexy do que nunca.

Talvez por esse olhar superior para os mortais, talvez por terem se livrado dos péssimos primeiros maridos. Com certeza por não terem mais a urgência das horas do sexo imediato na moita moral da existência. Sábias.

Nunca vi mais lindas. Umas clarices. Perdidamente apaixonado por umas 15 que vi ontem, me despeço. Sim, uma delas era o Laerte!

Amanhã tem mais aqui no blog, vos espero para a generosa leitura de sempre.

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Como fazer do seu filho um bom leitor

Por xicosa
06/07/12 10:14

Dica de leitura para criar um filho sem frescuras

Agora vamos tratar do lado família da Flip, a festa literária de Paraty. É preocupação dos pais, leia-se mães, tornar seus filhos bons leitores.

Daí a importância de trazê-los para pegar, nem que seja por osmose, o gosto pelos livros.

Este cronista gutenberguiano, sempre preocupado com o futuro dos jornais e das edições impressas no geral, preparou um pequeno guia de iniciação dos jovens na leitura.

Atenção senhores pais:

Escola de machos – A simples iniciação via Hemingway assegura uma cota de testosterona até a madureza. Faz tão bem para o crescimento quanto Calcigenol ou óleo de fígado de bacalhau.

Vocês, pais e mestres, se orgulharão quando o pirralho sair por ai fisgando trutas, caçando pacas, tatus… mirando em rolas, codornas e juritis.

A importância de ler Wilde– A simples iniciação pelo inventor de Dorian Gray  garante que o seu filho dê em um homem sensível. Sim, há o risco do metrossexualismo, mas vale a pena.  O volume “O Fantasma de Canterville”, para meninos e meninas, é o indicado à guisa de debut.

Lição de anatomia – Moby Dick? Vai fazer muito bem. Seu filho crescerá generoso com as mulheres mais cheinhas, as botterinhas, e não cairá nessa fábula das passarelas e suas mulheres ossudas e magérrimas.

Piedade de nós – “Os Miseráveis”, de Victor Hugo, jamais. Muito menos as choramingas populistas de Charles Dickens. Seus filhos crescerão com peninha da humanidade, capazes de fundar uma ONG a cada bairro, achando que a caridade seja remate de todos os males.

Campos & espaços – Mal sinal quando o pimpolho começa a trocar o legos pela poesia concreta, briquedinhos que se combinam. Não há mamadeira bilaquiana que dê jeito.

Vanguardeiros e malditos – São uns bossais estraga-homens. Mantenha-os fora do alcance das crianças. Eles estão para a literatura assim como os pipoqueiros que passam drogas _esses fabulosos sedutores!_ estão para as portas dos colégios.

Catecismo e primeira comunhão –  Se Deus não existe, tudo é permitido. Quer segurar o capetinha nas rédeas morais possíveis, aí incluídas as algemas forjadas no aço da culpa? Karamazov nele, como quem dá remédio forçado.

 O medo diante da loba– Quer estragar sua filha querida e a vida dos futuros genros? Libere Clarice Lispector logo na pré-adolescência. Aí teremos moças misteriosas, labirínticas, metalingüísticas,  uns diabos arredias e estranhas diante do amor. Capazes de tudo: TPMs elípticas, menstruações de incomunicabilidades sem fim, coitados desses futuros maridos que terão que aguentá-las.

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Maria Teclado e o sexo na Flip

Por xicosa
05/07/12 14:39

Argertina Pola Oloixarac fez a festa do Zés Teclados em 2011

Ao contrário dos festivais de música, teatro e cinema, as farras literárias, como a Flip, costumam ser mais conservadoras em matéria -sejamos diretos, sem metáforas -de sexo.

A literatura ainda guarda uma certa solenidade. Basta ver a quantidade de fotos de escritores com mão no queixo.

Mas nada que uma Maria Teclado não possa mudar o cenário careta. Um país se faz com livros e Marias Teclados. Elas salvam a Flip.

Assim como a Maria Chuteira se derrama de amores pelos jogadores e a Maria Gasolina aprecia os felizes portadores de carrões, a Maria Teclado vem a ser uma íntegra e romântica gazela que ama os escritores e os seus volumes, suas obras completas, capa mole ou capa dura.

Num país que pouco se lê, tem coisa mais bonita?

A MT é uma criatura generosa e pratica, nas baladas literárias, Flips, bienais etc, o sagrado e bíblico direito da conjunção carnal, abandonando o mítico posto de musa.

Para um escritor ainda não muito flipável ou conhecido, a maldição literária é a melhor isca para levar uma Maria Teclado à alcova. Vale por uma estante de prêmios jabutis.

Os marginais sabem, como no mantra do Eduardo Cac, um dos nossos representantes da geração 70, que “para curar um amor platônico somente uma trepada homérica.”

Não carece, porém, repito, preocupação alguma com vosso gênero ou estilo. Pasme, até os cronistas, velhos praticantes deste gênero que é o caldo-de-cana com pastel de feira da literatura, têm direito a amantes talhadas para o tecladismo.

A Maria Teclado possui um caráter inoxidável. É raro uma MT que ama um ficcionista cair de amores, mesmo com a crueldade outonal do calendário, por um milionário mago da autoajuda.

Somente sob efeito de tonéis de Maria Izabel, a cachaça oficial da Flip, uma MT pode embaralhar os gêneros, os estilos e as vocações, fazendo da taberna literária um saloon do velho Oeste. Os civilizados ficcionitas também vão às vias de fato.

O normal, porém, é a fidelidade, ao contrário do que ocorre com as Marias Chuteiras e Gasolinas. Estas carecem de status e não curtem ostracismo.

Ter uma MT é um luxo sob qualquer ângulo. Para começar, ela é antes de tudo uma leitora. Voraz ou não, estuda o seu alvo, nunca larga um livro antes da vigésima página -se bem que existem  MTs que sabem dar o truque tanto quanto os resenhistas de plantão dos nossos jornais. Haja leitura dinâmica.

No geral, ressalte-se, a Maria Teclado é uma mulher séria, honesta, lida mesmo, capaz de dizer no ouvido do mancebo parágrafos inteiros dos seus livros obscuros. Inclusive daquela primeira publicação que o autor renega e abomina. Nestas ocasiões é broxada na certa, deixa quieto, não era esta a intenção da mademoiselle.

Como não se trata de uma interesseira, está mais para uma admiradora, uma MT pode dar em uma ótima e legítima esposa. Isso não significa que sejam umas Amélias. É atividade que abraça por vocação, zelo e gosto.

Não há limites para as qualidades de MT. Muitas vezes também escrevem, na moita, revelando aos poucos os seus papiros. Muitas superam os seus maridos, como a Simone de Beauvoir, que começou como MT e fez-se uma escritora mais palatável do que o bofe existencialista.

Sim, os Zés Teclados também já se encontram em Paraty. Bom proveito a todos.

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Corinthians: razões pra torcer, razões pra secar

Por xicosa
04/07/12 18:22

Depois de entornar vinho argentino que passarinho não bebe, o agourento vai ao Pacaembu

Vai entrar para o livro dos recordes: a periferia de São Paulo, especialmente a zona leste, onde está concentrado agora este cronista, completa hoje uma semana ininterrupta de churrasco e foguetório na laje.

É a vigília corintiana pelo sonho de uma noite de inverno. Pelo título inédito –dos grandes de SP é o único cabaço na Libertadores das Américas.

A cidade está partida. Metade torce, metade seca.

Entre os secadores, o mais ilustre de todos, o mascote da zica, o rei dos agourentos: meu estimado corvo Edgar. O bicho quase entrega os pontos desde a vitória del Timón contra o Santos –em tese o adversário mais difícil.

Hoje o corvo sentiu que havia uma força estranha no ar. Voltou para o jogo e até tirou uma onda com os seus primos gaviões. No futebol, vale o sarro, é a graça.

Amigo torcedor, amigo secador, deixo abaixo cinco razões para a torcida e cinco para a turma do contra. Ajudem a ampliar essas razões aí nos comentários. Bom jogo a todos.

Razões para torcer:

1)A decisão é contra os argentinos. Ponto. Embora o Corinthians, ao contrário do que prega o péssimo mantra global, não seja o Brasil na Libertadores.

2)Quando o Corinthians ganha a cidade de SP dá uma melhorada: o café vem mais quente e a cerveja mais gelada.

3)Maradona, “El Diós”, não pode rir mais uma vez da nossa cara.

4)O time é o mais arrojado mesmo, a cara da Libertadores, e tem dois grandes personagens: no gol o Obelix do Parque São Jorge, Cássio; no banco o menino Romarinho, novo herói da Fiel.

5)Por uma questão de classe. Seja ou não ópio do povo, como pensava burramente a esquerda, o proletariado –hoje sem condições de frequentar o Pacaembu- precisa desse triunfo para lavar a alma.

Para secar:

1)O êxito dos corintianos acabaria com a maior piada-pronta do futebol brasileiro: chupa!, só vocês não têm a taça das Américas.

2)O Corinthians não é Brasil na Libertadores. Cala a boca, Rede Globo.

3)Ter que aguentar as mesas redondas da tevê e a imprensa no geral, que sempre puxaram o saco do Corinthians em busca de grana e Ibope.

4)É o time do Lula, que conseguiu o Itaquerão para o clube e para a Copa. Na teoria conspiratória do boteco, favoreceria o PT nas eleições.

5)Não vou dormir hoje com o foguetório e a festa em São Paulo.

Como dizia o velho Tim Maia, me dê motivo, deixe ai, nos comentários, mais razões para torcer ou para secar. A casa é vossa.

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Homem-Ossanha: o que diz ´vou´ e não vai

Por xicosa
03/07/12 02:50

 

Baden & Vinícius, os caras que me deixam na frente do crime. Gracias, amigos

É tempo de homens frouxos e perdidos, baby. Homens que não pegam no tranco. Homens que estão sempre confusos. Melhor: “cafusos”, como na blagle do gênio Didi Mocó -“eu tô cafuso, eu tô cafuso”.

E não me venham mais, caros colegas de perdição, com essa história de que estamos zuretas por causa do avanço da fêmea e outros chabadabadás etc etc. Isso é coisa para simpósio, café filosófico, Casa do Saber etc.

Caí nesse conto do varejo sociológico, mas agora me rebelo. Estamos perdidos por preguiça sentimental mesmo. Pura acomodação. Não tiramos a bunda do sofá. Seja para ver um Madureira x Brasiliense ou para ver o título do Corinthians na Libertadores.

Fingimos que estamos reagindo aos sinais dos tempos. Necas. Não confundam metrossexualismo com sensibilidade. Usar um creminho e depilar o peito, nos casos mais extremados, não é ser um hétero com alguma delicadeza. Muito pelo contrário.

Estamos onde sempre estivemos: acomodados à repetição da rotina. Homem ama quando o garçom pergunta: “o de sempre, doutor?”É deveras confortável. Daí levamos o conforto do botequim para todos os lugares.

Daí esquecemos o pedido mais óbvio e silencioso das mulheres: “Me surpreenda, miserável!”

E, amigo, se ela tiver que verbalizar esse pedido implícito nos seus olhos e gestos, adeus, estamos lascados. É que já estamos no atoleiro moral do namoro ou casamento.

Nossa boa forma de usufruir o melhor dos mundos é fácil. É só aplicar o lema dos escoteiros: “Sempre alerta”.

Sempre ligado para ler os sinais no rosto delas. Ler principalmente os olhos, as entrelinhas, os silêncios ao dobrar a esquina etc. Não deixar que ela se entregue a divagações com os farelos dos pães do café para nós dois.

Se você dá chance à metafísica dos farelos, já era. Logo mais a danada vai alegar um tal de retorno de Saturno, vai ficar toda mística, e adeus. Todo cuidado é pouco com todas as fêmeas, mas, por favor, atenção redobrada às mulheres que chegam ali por volta dos 28.

Idade fatalíssima. Mais esforço, hombres. Também estou tentando.

O que nos mata é esse eterno “Canto de Ossanha”, como no samba de Vinícius de Moraes e Baden Powell: “O homem que diz vou/ Não vai!”

Escute a música aqui e repare se não faz sentido.

Nunca estivemos tão vacilões. Canalhas primários. Só prometemos. Dizemos que vamos e… “puerra ninguna”, como diz meu papagaio paraguayo no seu portunhol selvagem.

Matamos até aquela clássica exclamação rosada das bochechas femininas: “Você só quer me comer!!!”

“Quem dera”, elas riem da nossa cara. Nem isso. Muitas vezes nem isso, como me contam aqui, na apuração da tese de boteco, as minhas lindas Gi,Dri,Mi,Bi,Fá,Só, Lá,Si…Dó! SP ama encurtar os batismos, eu acho ótimo e afetivo.

Passo a régua com um haikai que fiz um madruga dessas, no mercado do Peixe, Salvador, Rio Vermelho: Você vem, mexe, assanha /depois fica no vai não vai/ parece “Canto de Ossanha”.

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