Os barulhos caseiros que destroem o amor
06/08/12 19:56Uma boa nova para o macho que ronca acaba de ser aprovada pela Anvisa, a agência de saúde e vigilância sanitária do governo.
Trata-se de um microchip implantado no céu da boca capaz de reduzir os decibéis da apneia. Está disponível no mercado. Alvíssaras, meus camaradas.
O ronco é um destruidor de lares, bem sabemos.
Não apenas o ronco.
Já vi sólidos casamentos ruírem por causa de uma simples, humaníssima e desavisada flatulência de um marido ogro.
Aconteceu com uma ex-cunhada. L. despachou o pobre coitado em pleno inverno paulistano.
Há uma etiqueta para este tipo ocasião? Como proceder?
A convivência longa é uma arte mesmo. Depende de todos os detalhes tão pequenos de nós dois.
Às vezes implicamos com um simples gesto do outro, um pigarro e até um inocente atchim que nos desconcentra.
Um marido que toma sopa fazendo aquela sucção barulhenta é um marido com os dias contados. Mesmo que a sua mulher entupa diariamente a pia com as sobras da sua farta cabeleira.
Nem vamos tocar em questões já batidas como a péssima pontaria no vaso sanitário, o que obrigou, em países como a Suécia, a obrigatoriedade do xixi sentado para os marmanjos.
Enfim, são dezenas de pequenos problemas que enchem o saco de ambos.
O ronco, porém, é o mais comum destes barulhos caseiros. O que mais chateia as mulheres, embora algumas delas também ronquem e jamais admitam.
A amiga E., de um humor finíssimo, diz que o problema do ronco não é o barulho em si. É a falta de ritmo e a inconstância dos trovões na madruga.
Algumas pessoas mais duras, digamos assim, adotam a dormida em quartos separados para sanar o problema. Providência civilizadíssima, uma coisa assim meio Sartre/Simone de Beauvoir. Très chic.
Discordo. Não há casamento que resista a camas separadas. Só há amor sob o mesmo lençol ou edredon. Mas vamos em frente.
Que o milagroso microchip devolva a paz aos lares dos homens de boa vontade.
O amor e os seus barulhos perturbadores. O que mais irrita vocês?