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Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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A manhã seguinte e um café pra nós dois

Por xicosa
02/10/12 20:28

Homem que é homem faz um café e a deixa à vontade na reflexão matinal

É de uma falta de bons modos total deixar uma moça sair da sua casa, depois de dormir consigo, sem sequer oferecer um café. Digo oferecer e imediatamente acionar a cafeteira ou fogão. Não apenas por cerimônia. Ação, amigo.

Como disse outro dia nas páginas da revista “Espresso”, seja qual for o vínculo afetivo, é imperdoável que não haja o menor esforço, depois de uma noitada –boa ou mais-ou-menos, não importa o resultado-, em brindá-la com uma xícara fumegante.

Não falo apenas dos moços, pobres moços, cada vez mais perdidos, como dizem sobre os novos tempos. Trato também das fêmeas que praticamente expulsam os rapazes ao primeiro barulho do bem-te-vi na janela ou do operário em construção ao lado.

Como se um café comprometesse a independência ou desmanchasse anos de aprendizado na cartilha de madame Beauvoir.

Até parece a danada do “Folhetim” do xará Buarque. “E na manhã seguinte, não conte até vinte…”

Não precisa ser aquele café completo, no capricho. Isso nos fazemos no começo do namoro de fato. Digo uma simples xícara de café para quebrar o gelo de avistar na sua casa aquela pessoa que você mal conhece. Duas ou três palavras, “você toma com açúcar ou adoçante?”etc.

Sim, algumas manhãs são embaraçosas. Rola aquele suspense. São os primeiros encontros, acontece. Mas nada justifica apenas o silêncio e o barulho da porta. Não se nega uma boa xícara para despertar alguém com quem você trocou intimidades.

Mesmo que o sexo tenha sido um desastre. Ora, foi intimidade do mesmo jeito.

Quando é desastroso aí é que rolou intimidade! Você se expôs, broxa ou frígida, diante do outro.

E o café, seja de manhã, tarde ou noite, tem cheiro de afetividade. O melhor mesmo, quando vinga o romance, é o café da manhã.

Como nas palavras do cronista Antônio Maria, autor de belas canções como “Ninguém me ama”, entre outras: “O café com leite, de manhã. O lento café com leite dos amantes, com a satisfação do prazer cumprido.”

Genial e pouco lembrado Antônio Maria, muitas vezes citado apenas como o marido ciumento da Danuza Leão.

Lembre-se, mentalize o poder do café. Mesmo que você não seja tão romântico(a) como na canção clássica do Roberto Carlos: “Amanhã de manhã, vou pedir um café pra nós dois/ te fazer um carinho e depois/ me envolver nos seus braços…”

Não tenho conhecimento de um bom namoro, um casamento ou um bom caso amoroso que tenha vingado com a negativa de uma xícara para esquentar o desejo, o afeto. Com ou sem açúcar.

Por algumas mulheres, amigo, não só faria todos os cafés do mundo, como compraria uma gleba na região paulista da Mogiana e eu mesmo plantaria, com o suor do meu rosto, e colheria cada grão para a cria da minha costela.

Que outra missão mais importante um homem tem na terra a não ser agradar a sua amada?  Desconheço!

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O amor e as más companhias. Você acredita?

Por xicosa
01/10/12 19:30
Será que existe essa coisa de má companhia, más companhias capazes de mudar o rumo das nossas sagas amorosas?

Ele, de repente, voltou a andar com um canalha convicto. Ela, do nada, recorreu aos dotes de um dublê de madame Simone de Beauvoir ou da mais avoada periguete do bairro etc.

Na tentativa de  confortar mais um amigo, este do Recife, que chupava o frio chicabon da solidão na ponte Buarque de Macedo, sofri a acusação de descaminhá-lo.

Sim, a ponte que metia medo até no Augusto dos Anjos, nosso primeiro ensaio de lirismo-punk-brega.

Em plena segunda-feira, recebi a patada da ex do dito cujo, incomodada com suposta má influência sobre o mancebo:

– Não vai descaminhá-lo! –sapecou a princesa. – Quando vi que estavam andando juntos pela noite… Perdi as ilusões de vez, desculpe, amigo, mas tenho que desabafar, pronto, falei, danem-se vocês dois.

Como se alguém, homem ou mulher, precisasse do GPS da vida errada. Como se a vida fosse certa. Quem tiver a fórmula que mande ai nos comentários ou passe lá em casa.

Tem gente que atribui a um amigo ou amiga os desacertos do namorado, caso, cacho ou marido. Já me peguei, primariamente, nesta mesma onda, há muito tempo atrás.

Vociferei, agoniado, para o meu amor da época: “Depois que começaste a andar com essa vadia, só fizeste merda!”

Hoje rio de tal meninice.

Como se o teu desejo precisasse de outras belas e más intenções femininas. Lua cheia, viejo hombre, esquece, perdeste o controle.

O nome dela agora é autonomia. Dançaste.

As três coisas inevitáveis da natureza: água ladeira abaixo, fogo ribanceira arriba e mulher com vontade de dar… Não tem jeito.

Má companhia. Hahaha. Isso não existe. Coisas que botam nas nossas frontes e cabeças. Esqueça.

Só acredito nas influências literárias. E olhe lá. Mesmo assim nas influências dos escritores mortos. Só os mortos governam os ditos vivos.

Já me responsabilizaram muito por desvios de condutas dos seus cônjuges. Como se o meu atávico rapariguismo –do amor alentejano às raparigas- pudesse ser transmitido qual uma enfermidade.

Homem nenhum e mulher alguma influenciam outrem se o desejo latente já não fizer morada naquela perdida carcaça.

Ele(a) pode apenas não saber onde colocar o desejo, como na trilha de “A dama do lotação”, mas tal desejo ali, na espreita, aquele corpo ocupara de muito.

Sei não. Eu não acredito. E você, amigo(a), alguém é capaz de levar o nosso amor para o mau caminho?

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Comilança & política na casa da sogra

Por xicosa
30/09/12 16:33

Tem instituição mais sagrada do que almoço de domingo na casa da sogra?

Sogra, para este poligâmico cronista –poligâmico no sentido de quem virou um destemido casamenteiro- sempre foi uma dádiva.

Sempre dei muita sorte.

Só tive uma, em muitas histórias de amor, que era uma praga. Uma cascavel de chocalho. O Paulo Vanzolini, zoólogo especialista em répteis venenosos e mulheres que rondam a cidade, sabe do que estou falando.

No mais, me dei bem com as mães das amadas minhas.

Verdade. Não curto nem mesmo essa onda de sogra como piada de boteco. Se tem uma coisa que sou politicamente correto é com a santa que trouxe ao mundo a princesa.

Mesa posta.

Almoço na casa de sogra na semana das eleições, Nossa Senhora da Achiropita!, mais animado do que nunca.

Uma educada sogra da direita histórica, nostalgicamente janista.

O sogro é um eterno comuno-anarquista, sangue italiano, desiludido com tudo, menos com uma boa cachaça mineira para degustar a costelinha de porco.

Casa cheia. Aquele barulho familiar de domingo. Lucio Dalla a toda altura na vitrola: “ah…felicita’”. Depois a minha preferida: “Gesù Bambino”.

Os mais jovens em abertas declarações de voto nulo ou no Haddad. Empate técnico com o Serra na mesa.

-Mamãe é Russomano, mas não diz – acusa a irmã mais nova.

-Não se faz mais político conservador como antigamente –defende-se a sogra. – Que saudade do homem da vassoura ou de Maluf antes de inventar modas.

O sogro toma mais uma de Salinas e suja sua barba de Bakunin com molho arrabiata.

-Passa a costelinha – é a única coisa que consigo dizer àquela altura do banquete cosmopolita com influências que iam da Minas da minha pequena à Baixa Calábria do velho.

-Viram só na Vejinha que Kassab também tem o seu lado bom, meus filhos! –retoma a bola a sogra.

Alguém, que não me lembro o nome naquela Babel, ataca preconceituosamente a sexualidade do prefeito.

-Alto lá! –interveio o tio gay da minha princesa.

Tudo na maior onda.

– Kassab é o Jânio sem álcool –tento bajular a sogra.

A irmã do meio, que família!, passa toda gostosa, de calça vermelha:

– Bienal, partiu, beijos!

O cunhado-saúde chega esbaforido na sua bike e quase atropela a empregada.

– Viva a luta de classes – berra o sogrão comuno-anarquista às quedas.

E vamos quase todos ver Corinthians x Sport Club do Recife no Pacaembu. Bom fim de domingo a todos!

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Ela quer sexo anal, ele se recusa

Por xicosa
29/09/12 00:05

Dos catecismos de Carlos Zéfiro

O que fazer quando é o homem que rejeita, de todas as formas, atender a uma mulher que implora por sexo anal? Mais que um pedido. Um apelo. Uma súplica.

A leitora J. procura Miss Corações Solitários, a entidade que este cronista incorpora aqui neste nosso consultório sentimental, exatamente com tal queixa.

É uma das melhores cartas que recebi, no critério do inusitado, desde que iniciei minha atuação no ramo, ainda no jornal “O Príncipe”, no Recife dos anos 80.

Repare na missiva:

“Querido Xico Sá, sou uma brasileirinha fogosa casada com um sueco que, gracas a Deus, dá no couro sim, mas temos um probleminha que me angustia demais da conta…

Não importa o que eu fale pra ele, ele não aceita de jeito nenhum fazer sexo anal. Três décadas de feminismo e igualdade sexual na Suécia estragaram meu homem, ele não quer porque não quer, e diz que fazer assim é degradante para a mulher!!

Não adianta dizer que eu gosto, que eu peço pra ele parar se doer, não adianta rebolar, dançar funk, striptease, lap dance, meu latifúndio ele não quer! Bem o que eu tenho de melhor!

Miss Corações Solitários, me sinto rejeitada, não adianta ele me chamar de linda, de amor da vida dele, fazer oral em mim com gosto… Enquanto não me possuir por trás nosso casamento não está consumado!

Como faço pra convencer meu hippie-esquerdista-feminista a voltar a ser um viking-pilhador desalmado??? “

***

Durante alguns meses, mantive o diálogo com a moça, na tentativa de encontrarmos uma solução para o seu caso. Estava difícil.

Até que ela decidiu, depois de mais uma troca de emails, apelar para última medida que discutimos. Chutou o balde:

“Se eu não tiver sexo anal em casa, vou ter que buscar na rua!”

Pronto.

De cara o sueco ficou enciumado e convencido definitivamente que iria ter que atender o desejo da fêmea. Sentiu que a ameaça era para valer mesmo.

“E ciúmes de sueco que tem esposa brasileira, que anda faceira nas ruas de Estocolmo, no meio da branquelada, é forte,viu?!”, relata a orgulhosa leitora.

O cíume é mesmo uma arma quente e conseguiu pelo menos suspender, por um tempo, as convicções feministas do civilizado rapaz.

Ele deve ter adotado o que Sartre chamava sacanamente de “ética provisória”, aquele momento em que você abre mão das suas convicções ideológicas e adota o pragmatismo.

“Enfim, meus desejos foram satisfeitos. Queria te contar. Um beijo, Xico, você é uma fonte de inspiracão nessa terra fria aqui!”

Beijo, estimada J., aqui também fico feliz com a sua conquista e com a boa sequência do casamento.

Escreva você também para o consultório sentimental de Miss Corações Solitários.

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Um pé-na-bunda na noite mais fria do ano

Por xicosa
27/09/12 22:19

Esperei a primavera como um Bandini, veio o frio e um pé-na-bunda.

Justamente na madrugada mais fria do ano nesta cidade de quase 12 milhões de habitantes.

A cidade que dorme à custa de ansiolíticos e ilusões perdidas.

Estamos acordados como cães na chuva, vinho, muito vinho, relógios quebrados como as promessas… Até parece que a voz daquele disco do Tom Waits (na foto acima) emerge dos bueiros.

Ela me deixou a chupar o frio chicabon da solidão em plena avenida Paulista com Augusta. Sensação térmica menos 50.

Não cometi um grande crime específico, uma grande traição etc. Foi pelo conjunto da obra. Melhor: é que as mulheres mais novas vão mesmo embora.

Deixa quieto. Não foi a primeira vez que fui vítima.

Elas são curiosas, eles querem ganhar mundo ou outros legítimos braços, elas querem morar em Londres, elas querem fazer um curso de sobrevivência longe de casa, fora do mundinho burguês que, em vez de confortá-las, incomoda.

Mulher nova anda mais que Gulliver, anda mais do que índio yanomami.

As mulheres maduras também vão embora do mesmo jeito. As afilhadas de Balzac, que hoje têm 40 para cima, idem. As mulheres vão embora. Ponto.

Estão dando o troco em uma dívida histórica de abandonos.

Homem não pinga mais o ponto final. Só enrola, mesmo quando deseja o fim imediato. O pé-na-bunda hoje é quase monopólio das mulheres. Dizem na lata e partem, destemidas.

Bem feito, vagabundo, digo para mim mesmo. E agora? Compro um aquecedor barato ou saio a desfilar minha ruína bêbada nas tavernas da cidade?

Esperei a primavera, jovem Bandini, veio um pé-na-bunda. Não há de ser o último. Em tempo de homens frouxos, persigo o amor com a santidade e a obsessão de um canalha.

Só os canalhas não desistem da amorosa aventura. Só os canalhas curam mais rápido dos traumas e se põem desarmados para a próxima.

Agora, com licença, na vitrola do bar das Amistosas, o distinto proprietário Libânio, também conhecido como Charles Bronson, entende a minha dor e toca aquela de Adelino Moreira, na voz de Nelson Gonçalves:

“Fica comigo esta noite
E não te arrependerás,
Lá fora o frio é um açoite
Calor aqui tu terás,
Terás meus beijos de amor,
Minhas carícias terás…”

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Virgindade ainda em voga em pleno 2012

Por xicosa
26/09/12 18:06

Louco que ainda exista esse fetiche todo acerca da virgindade, não é?

Repare no caso dessa mocinha Catarina (na foto), 20, do estado da santa homônima. Sim, a que está leiloando a virgindade pela internet.

O lance faz parte de um documentário de um cineasta australiano. Leia detalhes aqui.

Ela já recebeu ofertas de até US$ 155 mil.

Tem um homem na parada também: Alexander Stepanov, 21, igualmente virgem e também em leilão na rede. O donzelo é russo e tem sido bem disputado.

No meu tempo não tinha essa moleza toda. A gente é que pagava, nas casas da luz vermelha, para tirarem nosso selo de virgindade. “Para tirar o queijo”, como se diz em alguns lugares do Nordeste.

Mas o que interessa aqui é a catarinense. Uma fofa, uma linda. Para completar, moça sábia e romântica, com a filosofia de Henry Thoreau como mantra:

“A opinião alheia é um fraco tirano se comparada com a nossa opinião sobre nós mesmos”, citou.

A transa com o vencedor do leilão será nos ares, durante um voo, como a cena clássica do filme Emanoelle no avião.

O caso me fez lembrar de Ana Paula, que em 1991 rifou seu corpo, em Juazeiro do Norte. Objetivo: ir para São Paulo.

O cordelista Abraão Batista, um dos melhores do país, assim narrou o episódio: “Botou o corpo na rifa,/ pra uma noite no motel;/ com isso a rapaziada/ ficou como mosca no mel;/ dizem que entrou na rifa/ de menor a bacharel”.

Um mecânico foi o sorteado. Como não pagou o bilhete antes da corrida, conforme prometido, não teve direito ao prêmio. Sorte da moça.

O enredo acabou inspirando um curta de ficção, o “Rifa-me”, com roteiro de Simone Oliveira Lima e direção de  Karim Aïnouz.

Em 2006, o mesmo diretor cearense lançou “O céu de Suely”, filmaço que usa um mote parecido com o da mulher rifada.

Voltemos à virgem Catarina. O leilão moderno, com lances virtuais e ritmo de Big Brother, não passa de um repeteco dos antigos leilões realizados nos lupanares Brasil afora. Maluquice sem fim, amigo, o eterno retorno da história.

Como diz o título do livro do Allan Sieber, assim rasteja a humanidade. Com todo respeito.

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TED, o Sr. Deputado e o ursinho das moças

Por xicosa
25/09/12 15:11

Amigo urso, saudação bipolar, como diria o Moreira da Silva, o velho Morengueira.

Um fofo esse ursinho TED.

Sim, o do filme que o deputado Protógenes Queiroz (PC do B de SP) quer tirar de cartaz.

Ele alega que o filme passa uma mensagem tipo “não faça nada, seja um vagabundo, se drogue e serás feliz”.

Nada mal, hein, seria o paraíso tal plataforma de existência. A morte final da moral burguesa. Infelizmente a vida não é sopa, Sr. deputado.  A vida é pulp, ficção barata, como a que Vossa Excelência quer tirar de circulação agora.

Com uma esquerda dessas quem carece da Universal do Reino de Russeau, mano? [Perdão, leitores, não resisto a um trocadilho ridículo].

Quando vi o TED, o ursinho da fita, fiquei pensando em todos os bichinhos de pelúcia das moças. Havia sido despertado sobre o assunto, séculos atrás, pelo amigo Gilvanzinho, bar do Cabo, Brasília Teimosa.

Amo os bichinhos de pelúcia das moças. Como eles são vivos e fazem parte das nossas vidas.

O Gegê, por exemplo, fica me olhando com cara de ciúmes, mas me aceita. Vez por outra faço um bilu-bilu-tetéia nele. Principalmente quando o bicho quer nos atrapalhar na cama, tentando impedir que eu cole por completo na sua dona no lado da parede.

É, caro TED, reparo nos ursinhos das moças.  Eles mimetizam toda a safadeza delas. Fofolândia da bela fudelância. Ops, mais respeito, Sr. cronista inviável.

Mas são as putas, Sr. Deputado, que mais amam os bichinhos de pelúcia.

Repare que sempre tem um vendedor esperto com um ursão gigante nas portas das boates e resistentes cabarés interioranos, como o “Classe A” de Sorocaba, por exemplo, onde conheci a primeira puta socrática da minha vida -sério, me ganhou ao citar o filósofo várias vezes, o amigo Antonio Carlos não me deixa mentir nessa hora.

Minhas putas tristes amam os ursinhos alegres.

As moças, profissionais ou amadoras, e os seus ursinhos incríveis. Nós apenas passamos um tempo na cama delas, eles são para sempre.

Uma vez, doidão, briguei de tapa com o mais enjoado urso que já encontrei pela frente.

Um ursinho cabuloso.

Toda vez que eu descia para adular o sexo da amada com beijos crepusculares… estava lá o ursinho entre as pernas dela, atrapalhando o tráfego do amor latente. Tinhoso. Aquele tinha vida e sabia tirar proveito dela. Foi no bairro da Mustardinha, na minha chegada ao Recife.

É, velho TED, perto de alguns ursinhos sacanas por ai, és um tremendo inocente.

Acho lindo que a moça mantenha o seu ursinho até o pós-Balzac. É o símbolo-mor da fidelidade. Se o canalha falha, estão lá os mimos mais polares.

Amigo urso, perdoa essa gente de carne e osso, incluindo os senhores deputados.

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Os mais incríveis momentos de uma mulher (II)

Por xicosa
23/09/12 18:30

Havia escrito sobre alguns momentos incríveis de uma mulher. Aqui mesmo neste blog. Esta lista, no entanto, é interminável.

Hoje acrescento, de cara, mais dois itens, depois de voltar da praia. Repare:

I) Quando ela tira o shortinho jeans na chegada na areia é bonito, porém mais recatado. Lindo mesmo é quando ela repõe na saída a mesma peça. Nesse momento, ela já se acha, com justeza. Clássico domingueiro.

II) Quando ela anda de bicicleta de vestido colorido. Nada de shorts ou aquelas indumentárias apropriadas ao mundo bike. Algo mais delirante. Hoje vi uma no Rio que era um encanto. Difícil borrá-la na memória do desejo.

III) Quando ela diz “posso fazer um pedido”, mesmo o pedido mais banal possível, e usa a sedução de quem está rogando por uma viagem a Paris ou um diamante.

IV) Quando ela deixa a sandália suspensa, quase caindo mesmo, milagrosamente dependurada, deixando os dedos ouriçados e a sola do pé exposta à nossa tara e voyeurismo.

V) Quando ela acorda, rapidamente assustada com o clarão da existência, e busca proteção nos braços do seu caubói predileto.

VI) Quando ela finge o mais exagerado dos orgasmos -só para alimentar nosso orgulho macho.

VII) Quando ela, longe de qualquer síndrome de Amélia, prepara o tira-gosto, a bebida e os acepipes para a rodada futebolística.

VIII) Quando ela se pinta. Nada de acreditar nessa historinha de “você já é bonita com o que Deus lhe deu”.  Caymmi, saravá meu pai!, é gênio, mas pinte e esse rosto que é só seu. Com todos aqueles lápis que lhe faz uma criança brincando de colorir o desejo.

IX) Quando ela se veste, no striptease ao contrário, conferindo peça a peça, enquanto eu a observo pela fresta do lençol, fingindo que durmo o sono dos mais justos dos homens.

X) Quando chega às 4 horas da tarde. É a melhor hora de uma mulher, segundo Jayme Ovalle (vide o livro “Santo Sujo”, de Humberto Werneck, Ed.Cosacnaify). Manuel Bandeira usou a dica no poema das moças do sabonete Araxá. Às 4 da tarde as fêmeas estão com o melhor dos seus cheiros, aquele cheiro já um pouco distante do banho da aurora.

XI) Quando ela volta da feira, feliz da vida. Os elogios dos feirantes valem por várias sessões de terapia ou análise. Mulher bonita não paga… Olha a manga, gostosa!

XII) Quando ela, lá embaixo, dá aquela olhadinha sacana, uma rápida conferida, para saber se estamos satisfeitos com os seus impagáveis caprichos orais.

Opa, chegou a hora de ampliar a lista. Quem se habilita?

 

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Status amoroso: em um rolinho primavera

Por xicosa
21/09/12 14:18

 

Sugestão de leitura para a virada da estação

Não estou em um relacionamento sério. Prefiro um relacionamento ligeiramente mais escrachado.

Algo assim meio Buster Keaton e seus filmes cheios de gags,  corridas, quedas, fugas. Com um pouco do Chaplin das musas levemente vesgas de zolhinhos revirados.

Pensando bem, a partir da meia-noite desta sexta, na virada do falso inverno para a legítima estação das flores, meu status amoroso também muda: estarei em um rolinho primavera.

Nem tanto à austeridade do sério, nem tanto à safadeza mais clandestina dos amores líquidos.

Rolinho primavera, como a entrada da culinária chinesa.

Mais do que um cacho, um bom enrosco que admite mãos coladas no cinema, almoços dominicais demorados, beijos na boca em público e viagens para o mar.

Rolinho primavera com molho vermelho agridoce e direito a contar como foi seu dia. Se um motorista irresponsável te manchou de lama da rua o vestido colorido, fdp, o xingamos juntos.

Se teu chefe te sacaneou… colo, dengo, cafuné e alguma filosofia de consolação.

Rolinho primavera é o que há em matéria de status dentro e fora das redes sociais. Não tem o peso da seriedade ou da hipocrisia. Tampouco o carrego da infinitude. Pode ser mais longevo, mas também pode ser até que o pecado do verão nos separe.

Não se pede mais em namoro. Não está fácil para ninguém, colega. Pelo menos seguimos lindamente enrolados nesta primavera.

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Perdão, leitores, mas preciso falar de minha mãe

Por xicosa
20/09/12 04:24

Mamãe fez 71 anos ontem. Por isso, em um respeito sem fim e silencioso, nunca escrevo nada nesta virginiana data. Já fui demitido uma vez em uma firma por me recusar a trabalhar no único feriado que se justifica no mundo.

Todo homem que é homem tem direito a criar um feriado na vida. Certo é que me dei a este direito. Se bem que no aniversário de Maria também nada fazia. Tudo era dela no meu imaginário calendário ad infinitum.

Se eu tiver uma filha, uma menina, juro, nunca mais trabalharei na vida. Viverei a cuidá-la.

Ninguém entende o radical encanto edipiano. Também nunca fui de me explicar decentemente. Algumas coisas não carecem de muita prosódia. A vida é pão de queijo: é comer quente e pronto.

Trabalho até nos dias de nascimento e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, menos no dia em que Ela veio ao mundo para me fazer carne e pecado.

Dona Maria do Socorro nem sabe disso direito, nunca leu nada do que escrevo, graças a Deus pertence a outro mundo, mas aqui, caladinho, mantenho o respeito.

Psiu. Mamãe está prosa. Que linda. Sorriso iluminado, quase 50 anos depois de me botar no mundo.

Tentei escrever algo novo sobre ela e nossa relação eterna. Não rolou. Então mando uma carta antiga, que guardo na minha velha caixa de sapato afetiva, onde ela reina ao lado de duas ou três fotos das mulheres da minha vida.

Mãe, ainda me lembro quando tu colocaste a rede no fundo da mala, mala de couro, forrada com brim cáqui, e perguntaste, tentando sorrir no prumo da estrada: “Filho, será que na capital tem armador nas paredes?”

Naquela noite eu partiria para o Recife, que conhecia apenas de fotos e do mar de histórias trazidos pelos amigos. Lembro de uma penca de fotografias em especial, que ilustrava uma bolsa de plástico que usava para carregar meus livros e cadernos. Lá estavam as pontes do centro, casario da Aurora ao fundo, lá estava a sede da Sudene, símbolo de grandeza naquele apagar dos anos 1970, lá estava o Colosso do Arruda, o estádio do Santa…

Quando o ônibus gemeu as dores da partida, aquela zoada inesquecível que carregamos para todo o sempre, tu me olhaste firme, e eu segurei as lágrimas tão-somente para dizer que já era um homem, que era chegada a hora de ganhar o mundo, o mundo que conhecia somente pelo rádio, meu vício desde pequeno, no rádio em que ouvia os Beatles, as resenhas e as transmissões esportivas das rádios Nacional, além de todo um sortimento de novidades daqui e do estrangeiro.

Lembro que naquele dia, mãe, ouvimos juntos o horóscopo de Omar Cardoso, na rádio Educadora (ou teria sido na Progresso de Juazeiro?). Que falava dos novos rumos do signo de Libra. Você disse: “Tá vendo, meu filho, você será muito feliz bem longe”.

A voz de Omar Cardoso e o seu mantra ecoava no juízo: “Todos os dias, sob todos os pontos de vista, vou cada vez melhor!”

Foi o dia mais curto de toda a existência. O almoço chegou correndo, a merenda da tarde passou voando… e quando dei fé estava diante da placa Crato/Recife, Viação Princesa do Agreste.

Todo choro que segurei na tua frente, mãe, foi derramado em todas as léguas seguintes. Mal chegou em Barbalha eu já estava com os dois lenços de pano –outro cuidado seu com o rebento- molhados.Em Missão Velha, uma moça bonita, uma estudante que voltava de férias, me confortou: “É para o seu bem, foi assim também comigo”.

Quando chegou em Salgueiro, além dos lenços e da camisa nova -xadrezinho da marca Guararapes-, o livro Angústia, de Graciliano Ramos, um dos motivos da minha vontade de conhecer a vida, também já estava encharcado.

E assim foi a viagem toda. Com direito a soluços, que acordaram a velhinha que ia ao meu lado, quando o ônibus chegou ao amanhecer no Recife.

Arrastei a mala pelo bairro de São José e procurei a pensão mais econômica.

Sim, mãe, tem armador de rede, escrevi na primeira carta. Naquele tempo não usava-se, em famílias sem muito dinheiro, o telefone. Era tudo na base do “espero que esta te encontre com saúde”, como a gente escrevia na formalidade das missivas.

É mãe, neste teu dia, que está quase chegando a hora, quero lembrar que a coisa que mais me comoveu foi tua coragem, que eu até achava, cá entre nós, que fosse dureza além da conta d´alma. Até falei, um dia no divã, sobre o assunto, como se eu quisesse que naquela despedida o sertão virasse o teu mar de pranto.

Eis que recentemente me contaste como foi duro, que tudo não passava de um jeito para não fazer que eu desistisse de ganhar a rodagem. Aí me lembrei de uma sabedoria que citava nas cartas e bilhetes, quando eu esmorecia um pouco na sobrevivência da cidade grande: “Saudade não bota panela no fogo”. E ainda reforçava: “Saudade não cozinha feijão, coragem, filho, coragem”.

Em nome das mães de todos os meninos e meninas que partiram, dona Maria do Socorro, quero te deixar beijos e flores.

Sim, mãe, agora já sabes que somos de uma família de homens chorões, são 04h06 de uma quarta-feira e eu choro um pouco, como fazia no fundo daquela rede colorida que puseste no fundo da mala, chorava tanto nos sótãos das pensões do Recife  que os chinelos amanheciam boiando no quarto, como se quisessem tomar o caminho de volta para casa.

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