Dez motivos para voltar a SP
01/09/14 03:21Ou uma dezena de razões para o eterno retorno à província de Piratininga
1) Como é incrível voltar a SP no comecinho da temporada do canto dos sabiás. É seguramente o maior patrimônio paulistano (da humanidade). Vale por todo o PIB e por toda a grana que circula na área.
Nem no mato do mato de dentro dos cafundós é possível ouvir tamanha sinfonia boêmia e madrugadora. Nem analógicos, tampouco digitais, é que a gente não sabe mais ao certo o relógio dos sabiás.
2) Ouvir Haddad, o alcaide, mesmo pondo em risco os índices de aprovação em plena campanha política, dizer que o projeto das ciclovias é um caminho sem volta. Que seja assim também nas faixas de ônibus etc. Que subam os dois, os milhares de tiozim como yo, que eu seja conduzido, jamais conduza sozinho o meu egoísmo quatro portas total flex.
3) Ver a Pompeia em festa pelo centenário do Palmeiras. Pouco importa a tabela do campeonato. Vale o foguetório da existência e da história.
4) As minas de botas. Como são lindas principalmente no inverno.
5) Voltar ao Belas Artes para ver um Jim Jarmusch (no cartaz acima). Filmaço. Que o amor seja eterno enquanto durem os vampiros pós-modernos e as mãos dadas no cinema na esquina da Consolação com a Paulista. Amar é cinema. Assim como os sonhos são restos de filmes não aproveitados por cineastas mortos.
6) Retornar ao Sujinho na madruga, o salão mais diversificado, caro Jarmusch, da cidade. Ali sim tem fauna & flora babilônica. Bistecossauros gigantes à parte.
7) Não existe amor líquido em SP. Rs. Aproveitar a crise de água e fazer trocadilhos infames e redundantes com o livro “Amor Líquido”, do filósofo Baumann, sempre tema deste cronista de costumes.
8) Tentar entender o ibope inabalável do sr. Geraldo Alckmin. A cada bola fora, cinco pontos a mais nas pesquisas. Desisto, mas que rende boa prosa no boteco, isso rende. Vale o exercício de dialética pinga pura.
9) Ver que há uma loira de olhos negros, como a personagem do livro do gênio Benjamin Black, a cada vagão do metrô. Rumo à estação Paraíso.
10) Saber que a beleza pode estar no caos, como disse Timothy Leary, o mestre do LSD. Tente ler o alfabeto e toda arte do “pixo”, uma das mais ricas tipografias desde os primeiros desenhos rupestres. Tenho dito.
E você, amigo, que outros grandes motivos listaria para viver ou voltar a São Paulo?