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Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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Dez sinais de que o homem te quer, mulher

Por xicosa
10/12/13 21:03

uri_geller2

Lembre-se disso: quanto mais patético o sinal, o indício, melhor. Mais bandeiroso,  claro. E sempre mais sincero no desmantelo e no mundo cronicamente inviável de um macho. Leia e me ajude a melhorar ou ampliar a lista:

1) Por mais desmantelado e sem noção que seja, o cara dá uma melhorada no seu mocó de solteiro. Compra pelo menos uma cortina fuleira para substituir aquele papel-filme ou o cobertor improvisado, troca alguns copos de requeijão ou de geleia de mocotó por algumas taças, desentorta os talheres num gesto de Uri Geller (foto) ao contrário, compra pelo menos um jogo de lençóis novos –não aqueles mil fios egípcios, mas um honesto kit Santista pelo menos.

2) Fazer uma faxina antes da chegada da moça, incluindo aquela geral no banheiro, é outro esforço sobrenatural que pode denunciar paixão de um homem. O tosco até então sujismundo ganha inesperado TOC de limpeza.

3) Ele te convida para ir a um restaurante japonês. Detalhe: ele detesta comida japonesa, mas sabe que vai te agradar, afinal de contas o amor, nas primeiras semanas, passa pela peixeira afiada de um sushiman e muitas doses de saquê. Vale também um bistrô. Detalhe: ele ama um pé-sujo e acha comida francesa um caô.

4) O cara só curtia filme americano de ação. Assim do nada, vira um fã do cinema-cabeça, inclusive o cinema francês.Sai a estética Rambo e entra a delicadeza perdida. Te chama logo para ver “Azul é a cor mais quente” (“La Vie d’Adèle”), em cartaz no momento.

5) O miserável é um sedentário que só vive de ressaca. Praticamente um Bukowski sem o dom da escrita. De repente vira o maior esportista do mundo e te acompanha até no pentatlo, sem falar naquela trilha na serra da Mantiqueira.

6) O desgraçado não sabe fazer sequer um ovo mexido. Do nada aplica o truque do gourmet e chega em casa cheio dos frasquinhos de ervas finas e especiarias. Óbvio, doravante será também um homem-hortinha: cultivará seu próprio manjericão.

7) A desajeitada criatura agora compra umas roupinhas melhores. Nada extraordinário, mas perto do mendigo que era virou um dândi de tão elegante.

8) O infeliz, o mais impontual dos canalhas, chega antes de você aos encontros. Planejadíssimo, ainda em agosto já estava pensando na possível viagem de vocês no Revèillon. Cacilds!, é outro homem.

9) Ele curou até o Alzheimer do amor. Era incapaz de reparar mesmo em uma mudança radical no visu da sua ex –como pintar o cabelo de azul, por exemplo. Agora repara até quando você renova as luzes, cruzes! Sim, sabe a roupa que você usava nos primeiros encontros. Um gênio.

10) Para tudo. Ele trocou o jogo do time dele, na reta final do campeonato, por um passeio contigo. Tudo bem, ficou checando o resultado o tempo todo no celular, mas isso é uma tremenda vitória amorosa. Esse cara promete. Pegue Lola, pegue.

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Fábula amorosa para uma 2ª nervosa

Por xicosa
09/12/13 12:29

gatopordentro

Em um teto de zinco quente, perdi minhas duas gatinhas ao mesmo tempo, vê se pode uma coisa dessas! Mas a fábula não é assim tão triste, repare.

Perdi por um tempo, mas eis que minhas duas gatinhas, como se combinassem, voltaram no mesmo dia seguinte.

Coincidente sacanagem humanimal, só quem vê um gato por dentro, viejo W. Burroughs, sabe do que se trata -foi mais por capricho do que por mal.

A que não era gente ficou por mais tempo, juízo não tinha.

As duas, porém, me fizeram felizes do mesmo jeito; cada uma me fez bater de um lado do peito.

Uma me deixou nervoso; a outra me fez mais calmo.

Quando a primeira saiu, não enxerguei a outra a um palmo.

Precavido, porém, tranquei uma delas em casa; perder tem limite, corto-lhe as asas, as telhas, o quintal, os passarinhos que voavam rente ao céu da boca da loka.

Mas a história foi bem bonita lá no princípio, vos conto: quando descobri uma das gatinhas, amor à primeira vista, ela mesma me trouxe a felina, que no futuro ajudaria a diminuir a sua própria falta, que astuta!

Uma gatinha chegou de táxi e trouxe a outra gatinha dentro de uma caixa de biscoito lá do Largo da Batata.

Donde começou a disputa: quem é mais arisca? A de quatro patas ou a de duas?

Uma gatinha sempre sabe da importância da outra.

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Dez coisas idiotas para salvar a festa da firma

Por xicosa
06/12/13 01:14

zcarniceria

“O patrão mandou cantar com a língua enrolada/ Everybody macacada. Everybody macacada/ E também mandou servir uísque na feijoada. /Do you like this, macacada? Do you like this, macacada?” (“O patrão mandou”, hit de Paulinho Soares).

Chega dezembro e aqui retomo a preocupação de sempre com a fina etiqueta para gente grossa nas confraternizações de fim de ano. Especialmente no que diz respeito à famigerada festa da firma.

É de alta periculosidade tal rendez-vous trabalhista. Pequenas histórias acumuladas o ano inteiro. Alguém sempre com o pote até aqui de mágoa. Qualquer descuido é fatal.

Para uns, a farra é um tédio, um saco; para outros uma bela chance de comer,encher a cara, vomitar na roupa nova da gerente e provocar vexames. Simples como empurrar bêbado ladeira abaixo.

Ao que interessa. Dez itens importantes para para uma boa festa de firma:

1) Botar um rabo –pode ser de papel- no patrão ou no chefe vale por um ano do surrupiado suor da mais-valia. Bela e ingênua vingança, esse clássico das brincadeiras masculinas continua valendo como desafio. Quem se habilita?

2) Dar em cima da mulher do patrão ou do chefe. É a noite ideal, caríssimo escravo, não perca a chance. E ainda tem o álibi da boca-livre. Segura na mão de Deus e vai. Quando ela alertar que é a mulher do seu superior, aí é que o distinto crápula desce o nível mesmo – para além da cantada de pedreiro.

3) Sempre tem uma gostosa do telemarketing que bebe demais e tira a roupa na hora que toca aquela da Miley Cyrus. Foco, se liga, você sempre perde esse momento nobre falando do ano perdido do Corinthians.

4) Querida colega de relógio de ponto, sempre tem um homem-tupperware dando sopa na confraternização. Trata-se daquela criatura que se leva para casa para comer no dia seguinte, depois da Neosaldina, depois da rebordosa, depois do café sem açúcar.

5) Aproveite a bebedeira e fale alto sobre propostas de trabalho que tem recebido da concorrência. Não precisam ser propostas obrigatoriamente verdadeiras. Vale o desejo de cair fora desse tronco de Isaura.

6) Tire onda dos puxa-sacos do chefe. É hora de dizer isso abertamente. Leia em voz alta, o clima festivo e de zoação cabe tudo, o ranking dos maiores baba-ovos do ano. Os maiores xeleléus, como se diz no Brasil lá de cima.

7) Se tirar homem no amigo oculto, sugestão de regalo: aquelas cuecas de copinho, finos artigos de feira. Será que ainda existe tal mercadoria na praça? Vale também qualquer item de baixaria, como uma abridor de garrafas em forma de pênis, por exemplo. É dia de sacanagem, fuleragem e baixaria explícita, amigo.

8) Assuma o(a) amante da repartição na frente de todo mundo, com um beijo caricato de novela. Vai perceber que até o discreto tiozinho do almoxarifado já estava ligado. Eu já sabia, sobe o cartaz. Espanto zero.

9) Faça a cobertura de todo o regabofe “ao vivo” nas redes sociais. Hashtag: #oTrabalhoDanificaOhomem.

10) É o único dia do ano em que fica declaradamente revogada a velha máxima criada pelos comerciantes fenícios, como vemos aí na foto do bar Z Carniceria, rua Augusta, SP: “Onde se ganha o pão, não se come a carne”.

E você, funcionário exemplar, já deu o seu vexame este ano? Abra o jogo.

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Lulu reduz a mulher a um macho mal-acabado

Por xicosa
03/12/13 13:09

crumb2Tudo bem, o Lulu quer reduzir a mulher a um macho mal-acabado, como lembra a amiga Aline Guilherme, minha rodriguianíssima enfermeira corinthiana.

Tudo bem, o luluzismo pode ser uma doença infantil do machismo da fêmea, mas daí uma autoridade mobilizar o Ministério Público, como acontece no Distrito Federal, para processar os gerentes do aplicativo, minha Nossa Senhora de Conceição do Mato Dentro.

Tanta safadeza para resolver no Planalto Central do país, meu Deus.

Repare no argumento da Promotoria: o programa é capaz de ofender direitos da personalidade de milhões de usuários do sexo masculino.

Ah, vá, que se virem os marmanjos ofendidinhos, os marmanjos reprovados no Enem do amor e do sexo. É do jogo. Apenas o sintoma da modernidade maluca, que traz, na corcunda das suas contradições, muitas coisas também geniais.

Lulu é uma bobagem, meu bem, mas não mata ninguém. Macharada, como disse na crônica anterior sobre o tema, leva na esportiva, fair play, brother, fair play.

Somos falíveis, completamente falíveis e cheios de defeitos, e isso é lindo, demasiadamente humano, como diria o bigode grosso da filosofia do super-homem.

Acho que a mulherada anda até generosa demais para os nossos defeitos. Os de fábrica, os adquiridos e para a nossa folga eterna em relação às moças. O que é uma notinha diante de uma ficha corrida histórica dessas?!

É óbvio ululante, querida Lulu, que a vida é subjetividade pura e enquadrá-la em um aplicativo é apenas uma piada comercial barata. Até você sabe, Luluzete.

Mas daí esse medo todo do macho diante do pênalti! Relaxa, não passa nada.

Palavra de quem anda ultimamente como um Vascão do amor e da sorte, beirando o rebaixamento…

Palavra de quem virou pó-de-arroz na cama como o tricolor das Laranjeiras…

Palavra de quem timbuzou geral na hora agá da alcova, palavra de quem caiu de véspera para a Segundona…

Palavra de quem já viu a Ponte cair várias vezes.

Relax, amigo, se ela aplica o Lulu, aplica o projeto Lázaro, levanta e anda.

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Amor, gambiarra e alta tecnologia

Por xicosa
01/12/13 13:54

Gataria do site Dark Roasted Blend

Você é fundamental como aquela caixa de fósforo sobre a agulha para tocar, aos domingos, meu avariado vinil de Neil Young… Aquele pesinho sobre o braço do toca-discos para ultrapassar ranhuras, deslizar sobre traumas e tocar de ouvido a música de trabalho do nosso futuro.

Você é necessária como esponja de aço na antena da tv em branco & preto para livrar dos chuviscos a imagem dos meus estragos.

“Hey, Neil, o homem velho”, reverbera o som do Cidadão Instigado sobre Copacabana. “Hey Neil, o homem velho.
Será que você tem tantas angústias quanto eu? Tchururu…”

Você é a solução moderna, hightech no último, para meus defeitos de fábrica.

Você brilha aos olhos como a maçãzinha de Steve Jobs sob o sol dos arrastões cariocas dos meus guris.

A minha existência-gambiarra, ato contínuo, vira moderna instalação embutida ao seu clique remoto.

Você amanheceu tão longe neste domingo que o sonho foi bem mais nítido e veio antes do skype. O sonho, não sei se já lhe disse, Zazie, são restos de filmes de cineastas mortos.

Meu obscuro objeto de desejo…

Você esperou o sol em um país distante com uma garrafa de vinho para flanar por nós dois.

Segue a viagem… Santo teletransporte cuja arte aprendi com os escribas Jerônymo Monteiro e Arthur C. Clarke.

Viver é gambiarra, meu bem, o pesinho sobre a agulha, o Bombril na antena, ah, o fio terra para isolar o choque possível.

Segue a viagem… O amor é um “gato” de fios desencapados  para retomar a eletricidade que um dia nos roubaram.

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Definições fofas e sacanas de amor, sexo etc

Por xicosa
29/11/13 00:35

O que é o amor?

“É quando uma pessoa se ama e até pode casar e ter filhos e todas essas besteiras”, responde Ana Cristina Henao, 8 anos.

O que é sexo?

“É uma pessoa que se beija em cima da outra”(Luisa Fernanda Pates, 8).

“Trabalho das putas”( Mateo Ceballos, 10).

Criança não alivia, não se suja à toa com o barro escorregadio do eufemismo na hora de definir as coisas e os sentimentos do mundo.

Criança sabe que um adulto não passa de uma “pessoa que em toda coisa que fala, vem primeiro ela”, como bem-disse Andrés Felipe Bedoya, 8.

O professor Javier Naranjo pesquisou, durante uma década, as definições de meninos e meninas entre 3 e 12 anos. Do “A” de adulto ao “V” de violência.

O trabalho foi feito na escola El Triângulo, no sítio Llanogrande, zona rural de Rionegro, estado de Antióquia, nas brenhas da Colômbia.

Naranjo reuniu a sua investigação no livro “Casa das estrelas –o universo contado pelas crianças”, publicado agora no Brasil pela editora Foz.

É meu livro de algibeira. Não largo, não me larga. Sei até de cor muitas das definições mais sacanas da molecada.

Aos 11 anos, o donzelinho Oscar Alarcón desafia Freud e diz o que é uma mulher:

“Humano que não se pode consertar.”

Antes que o pequeno Oscar seja chamado de porquinho-chauvinista fruto da cultura machista e opressora da América Latina, passamos a bola para o Héctor Auguto Oquendo, 10:

“Elas têm o poder e um homem não.”

Nelson Ramirez, de apenas 7, é um fofo desde niño:

“É uma pessoa que se apaixona por alguém”.

E você, caro leitor adulto, sabe o que seja um morto? Ora, Pedro Bó, facílimo, é só “uma pessoa que está estirada”, na resposta do geniozinho Herber David Cardona, 9.

Óbvio que solidão não passa daquilo “que dá na mamãe” (Jorge Sáenz, 6).

Bem, dinheiro “é o fruto do trabalho –mas há casos especiais”(Pepino Nates, 11). Bote casos especiais nisso.

Para encerrar, rebobinemos a definição definitiva de amor: “É quando batem em você e dói muito”, soltou a pequena Viviana Castaño, 6.

Pensando bem, faz todo sentido do mundo. Faz ou não faz? E não estou falando obrigatoriamente nas perversões do tio Nelson Rodrigues.

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Lulu e a sacanagem desautorizada

Por xicosa
27/11/13 01:23

É, velho Crumb (ilustração), aventuras e desventuras do macho perdido e da fêmea que se acha.

Repare nessa história.

Vingativa, ela queimou o filme dele, um reles ficante –status “rolinho primavera”- no Lulu, o aplicativo que funciona como um clube onde as garotas avaliam os rapazes do desempenho sexual ao caráter propriamente dito.

Ô mundão objetivo e sem porteira. Mas pensando como cronista de costumes, Lulu é apenas uma vingança tardia das velhas notas masculinas para as moças na escola. Vingança lupicinicamente machista, óbvio,só vingança, vingança, vingança aos deuses clamar.

O Lulu é um SPC, um Serasa moral, um cadastro geral dos marmanjos para consumo.

Reproduz, para todas as mulheres do mundo, o que já se faz em pequenas rodas femininas.

Calma, meu rapaz, é só um banheiro ampliado, um tricô ao infinito, um fuxico hiperbólico.

Não vale pedir para as amigas lavar a sua honra, tornando-lhe um homem de qualidades. Relaxa. Leva na esportiva, fair play, brother, fair play.

Deu pra maldizer o nosso lar, pra sujar meu nome, me humilhar… Não passa nada.

O Lulu é a verdadeira biografia desautorizada. O Rei deve ser contra. Detalhes tão pequenos de nós dois são coisas muito grandes pra esquecer.

A avaliação de usos e costumes também está valendo: #UsaRider. Melhor ainda é o critério estético: #CurteRomeroBritto. Essa é genial.

Sim, falam até de pau pequeno (#NãoFazNemCosca é a hashtag maldita), mas, meu amigo, você também acha que tem, por mais que normal ou saído à semelhança do “jumento na sacristia”, como no conto do gênio cearense Moreira Campos. O primeiro insatisfeito nessa parada é você mesmo.

Relax, meu rapaz, leve na buena onda, no humor, na graça, ser maldito também tem seu charme e a vida é sempre mais subjetiva do que sugere o vão aplicativo. Como diz a lírica do Conde do Brega: ninguém é perfeito e a vida é assim.

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Abraçando a Mônica na solidão de SP

Por xicosa
24/11/13 02:21

Tem a imagem clássica na crônica e na dramaturgia de Nelson Rodrigues: chupar o frio chicabon da solidão. Se for em uma noite gelada em SP, você de volta para casa depois de uma expedição inconsequente nas pradarias da Carençolândia, pior ainda. Se for em uma madruga de sábado para domingo, a bagaceira metafísica lasca tudo. Repito: é o domingo que pega.

Só lhe resta abraçar uma dessas geladas Mônicas expostas por Maurício de Souza (e outros 49 artistas) sob o céu que se endominga e nos desdenha na hora dos sabiás. As aves gorjeiam em busca do acasalamento. Você estrebucha as dores do mundo.

Só resta a Mônicaveira do artista Danilo Beyruth (na ilustração) no seu caminho.

Abraçar a Mônica é o novo chicabon da solidão. Estava tão solitário que abraçou a Mônica. No desespero, depois de uma ronda digna da canção de Paulo Vanzolini, a dama chorou lágrimas de esguicho abraçado à Mônica customizada em fibra de vidro.

A via crucis da “Mônica Parade” está aí, no seu caminho torturante, fique à vontade, amigo, assim você economiza o ombro do garçom predileto e outros confessionários de rotina.

A mesma arte feita talvez para alegrar os meninos e as meninas, pode ser abrigo de uma dor envelhecida em barris de desprezo. Complexo, meu amor, complexo. Vida simples é apenas o batismo de uma revista, minha pequena Zazie.

Despertei para o tema ao ler um comentário do músico Daniel Peixoto, o belo homem do Crato que mostrou ao mundo como se faz o electro-punk e outras malasartes. “Mônica tá que nem eu, sozinha e pálida na noite fria de São Paulo”, definiu, no chiste e no sarcasmo, o autor de “Só paro se cair”.

Só resta abraçar a Mônica da Paulista. É digno e capaz de arrancar aquele humor que vem quando passamos do ponto e nos expomos ao ridículo das nossas dores mais caricatas. Essa, porém, não é a proposta. Melhor é abraçar a Mônica como se lê um poema. Sem buscar utilidade alguma. Só você, Mônica e o desentendimento do mundo.

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O amor é invenção que só depende do nada

Por xicosa
22/11/13 03:44

Meu novo amor está digitando…

A ideia que tenho de novo amor está digitando…

Meu novo amor está apagando, visualizada, ela leu a besteira da minha parte, pra que canto da existência meu novo amor irá agora?

O amor é Hitchcock, o suspense de estar vivo.

Como queria saber justamente esse momento de verdade absoluta, esse momento de elipse, a falta, o vácuo, o dito mais que não-dito, elipse, a figura de linguagem feminina por excelência, o que a mulher quis dizer e não disse.

O justo momento entre o “digitando”, em uma conversa de chat, e a desistência, o não-dito para ela mesma.

Nadavê cá Clarice Lispector, mas lembra de certa forma. Por que fui reler essa recifense da Ucrânia logo agora?

A paixão segundo G.H. da rotina, que monstruosa Clarice, mesmo eu sabendo que se for preciso comer barata sou mais Papillon, aquele filme em Alcatraz, bem mais da ideia do masculino do cinema americano.

Se bem que amor nem passa por gênero,  eu como qualquer imaginária  se isso for o segredo do mundo pra comer bem o meu amor depois.

Sou mais Papillon em Alcatraz, como contei no mais fuleiro dos romances do mundo, Big Jato…

O amor está digitando…

O amor está apagando…

O que ela terá dito longe do meu alcance…

Claro que me interessa. Dirá ao meu ouvido?

Dormir é fácil por si mesmo, é um apagão de dores e buenas ondas diárias.

Difícil são as interrogações amorosas, meu caro Hitchcock.

Quero ver é fazer o amor dormir sobre o pobre peito bagunçado e bagaceiro de um velho homem velho mesmo, o amor, para começar, nunca sabe que terá que acordar cedo,o amor é o tipo da coisa que não vê noticiário, Climatempo, essas miudezas de existir com capas, guarda-chuvas e protetores de varejo.

O amor é minha Zazie no metrô e a bela invenção que eu fiz dela. O amor só depende do nada.

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Dar meia hora de Feliciano é o que há

Por xicosa
21/11/13 01:43

Leio aqui na Folha.com uma manchete que não me deixa quieto neste botequim sem saideira:

“Comissão de Feliciano aprova dois projetos contra gays em meia hora”.

Desculpe ai, leitor que se ofende com palavrões e quetais,  mas só aproveitando os mesmos 30 minutos do relógio deste infeliz para sugerir ao renomado pastor um clássico nacional popular de muita utilidade nesse tic-tac da história: vai dar meia hora de cu, meu rapaz.

Meia horinha… Meia horinha com o relógio quebrado, obviamente.

Todos os formadores da ideia de Nação reconhecem o fulgor de tal termo e aprovariam a recomendação deste blog fincado em terreno baldio da mídia: Gilberto Freyre, Câmara Cascudo, Sérgio Buarque de Holanda, Paulo Prado, Mathias Aires (o maior filósofo brasileiro) e Liêdo Maranhão, o melhor de todos, o homem que decifrou o fiofó a partir dos usos e costumes das ruas brasileiras. Gênio-mor seu Liêdo das Olindas e do Mercado de São José, Hellcife, Pernambuco.

Já que aprova em tempo recorde, vai dar meia hora de cu, meu rapaz.

Só assim.

Ora, relaxa, vai ver um filmaço como “Tatuagem”, de Hilton Lacerda, vossa excelência, vai ver o que é gozar a vida. Está em cartaz, praga.

Diz o telegrama noticioso:

A  Comissão de Direitos Humanos da Câmara aprovou, nesta quarta-feira (20), a convocação de plebiscito para consultar a população sobre a realização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, e a suspensão da resolução do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) que abriu caminho para o casamento gay.

Tenta aproveitar cada meia hora para coisas mais saudáveis, tranqueira.

Que mancada, dona Dilma, esse capeta em uma comissão tão estratégica. Que vanguarda do atraso.

Vade retro, satanás, besta-feira, 666, besta-fubana, febre do rato, bubônica, instampô calango!

“Tatuagem” neles, seu Lacerda.

O filme que redescobriu o corpo no cinema brasileiro.

Meia hora, seu Feliciano, sei que aguentas, sei que és um flerte, “calma valente”.

Meia horinha não é nada, sai no folclore, sai na urina, daqui a pouco ninguém nem lembra, fosfosol está em falta na praça.

Que mancada, dona Dilma, essa esquerda pisca demais pro outro lado a cada esquina e depois reclama.

Só meia-horinha não dói, seu Feliciano, é como a votação sacana de hoje, quando dá fé já era, phodeu, irmão, vai por mim, boa sorte.

Vai dar meia hora de Feliciano e estamos quites. Beijo, me curte.

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