O homem fofo é o canalha de fato
18/07/14 00:31Ovídio, meu eficiente pombo correio do amor, não cansa de trazer mensagens e mais mensagens de corações trincados ou simplesmente descrentes nos homens. Ovídio arrulha, como se dissesse: meu amo, meu paciente conselheiro sentimental, te viras que a bronca é pesada. Novos ares, partiu, e lá se vai a avoante figura sobrevoando as encostas do morro do Cantagalo em busca de novas cartinhas.
O principal assunto das cartas que tenho recebido é o seguinte: o cara vem cheio de chabadabadás para cima das moças -principalmente nas redes sociais-, a conversa pega fogo, rola o encontro, o rapaz é fofo e carinhoso, o sexo para começo de história está ótimo, o menino joga na linguagem de um possível caso ou namoro, segue a vida, mais uma saída, um sexozinho gostoso de novo…
Alguns dão até presentinhos…
Fofo!!!
Aí do nada o desgraçado desaparece. Quebra geral a narrativa. Nem um sinal de tambor na floresta, necas de uma mensagenzinha, mesmo que sem graça, em uma garrafa atirada nos mares da internet.
A moça tenta um contato de terceiro grau. Nada. A moça, amigo, vos digo, não é uma desesperada que viu no encontro uma cena de matrimônio. Ao contrário. Estava na dela, tipo ele fala em casamento… ela toma uma coca zero. Nem aí mesmo.
Só fica puta da vida porque o miserável das costas ocas, o malassombro, não é claro no seu sumiço. Havia até falado em ver “O grande hotel Budapeste”, o filme, com a nega. Sem se falar em outras fofuras futuras etc.
Aí chegamos ao ponto, colega. Os fofos são os piores nesse aspecto. Só os fofos pulverizam o ambiente com o bom-ar das falsas promessas. Os fofos sentem a extrema necessidade de continuarem fofos. Amam ser elogiados pela utópica fofolândia que carregam no mapa imaginário de bolso.
Não vivem sem isso. São escravos da fofura ou da falsa e viciante fofura.
O cafajeste até deixa um certo suspense, afinal de contas sabe que o encontro de um homem e uma mulher é e sempre será dirigido pelo cineasta Hitchcock, mas o cafa não engana com os signos da fofice de um possível namoro. Todo cafa é apenas um budista -sem templo- que vive o momento amoroso.
O perigo, nesse sentido, amiga, vem do fofo. O que apenas prova que o contrário da cafajestice não é a fofura. O bom homem é, digamos assim, o homem normal, o homem da agricultura, da pecuária, o vaqueiro, o suburbano sem os arrotos do canalha-bouquet dos vinhos finos –mas aí já seria outra crônica.
O fofo pode ser sim um perigo. Sendo indie ou não.
O fofo sofre de um certo don-juanismo, a doença da conquista pelos bons modos e a boa impressão que causa. Aquele que faz a moça ligar para a amiga no dia seguinte e dizer, na euforia, “bicha, num acredito, o que é esse homem, tão sensível, curte literatura, ama o Morrissey…”
O fofo tem sangue frio na sua arquitetura da decepção. O fofo constrói todo um repertório de coincidência de meus livros, meus discos, minhas bandas etc.
Sumir todo mundo some, homem, mulher etc, mas na equação entre promessa e fuga ninguém supera a covardia –sentimental ou sexual- de um um homem dito fofo.
ainda bem que os fofos são ruim de cama, se não estaríamos ferradas. mais vale um grosso com pegada do que um fofo transando de meia. os fofos precisam nos ganhar no papo, porque na cama, haja paciência…
O Xico e ótimo .adoro
Fofo indie! Hahahahaha vc é uma comédia Chico!
Adorei o texto.
Porém, ao que me parece, esse não é o ” fofo ” real, é um psicopata disfarçado de fofo. Ou seja, ele não desenvolveu a “fofura” pela consciência e percepção e sim para a manipulação. Está usando estratégias de poder para conquista, está focado na guerra e não no afeto.
Existem os fofos reais, mas geralmente, eles são mais empáticos e vão mais devagar, percebem o ritmo da relação.Esses que já falam tudo no primeiro encontro, parecem mais uns psicopatas ou são uns delirantes.
Gratidão Xico Sá !
Os fofos são engraçados, encantadores e ótimas companhias para sair! Cabe à mulher não criar expectativas, não se apegar a um deles e ser fofa também. 🙂
boa, Renata. bjo
Que generalização ridícula, existem homens “fofos” que são bem educados, cultos e tal, cafajestes ou não… assim como existem brutamontes da mesma forma ou seja lá o que é o oposto disso. Fui criado por mulheres logo fui ensinado a ser bem educado com elas, e também gosto de surpreender e de dar um presentinho inesperado de vez em quando. Não é por isso que vou sumir ou ir atrás de outra. Aprendam que as pessoas são diferentes e não robôs programados em fábrica
Eu sempre achei que os verdadeiro canalhas são sempre fofos nos primeiros encontros. Afinal, o objetivo do canalha é um só e ele sabe como ninguém encontrar os atalhos para a cama de uma mulher. Nunca acreditei em fofices de primeira hora.
Muito bom o texto, em tempos de amor líquido é mais fácil ser um “fofo” habitante do mundo da fantasia do que viver a realidade, é puro medo de sofrer, covardia, um terrível medo de ser feliz vive o pobrezinho do “fofo”, que pena…
Engraçado como as pessoas adoram rotular determinados grupos. Acredito que isso deve ser como uma forma de proteção, algo que as liga o sinal de alerta quando encontram com uma pessoa com determinados traços de comportamento. No entanto, isso causa a ilusão da “bola de cristal”, como se a partir de pequenos traços de comportamento pudéssemos compreender como essa pessoa é na sua totalidade e prever seus comportamentos futuros ao rotula-la como fofa ou cafajeste etc. No fim das contas, muitas pessoas deixam de viver grandes momentos por simplesmente permitir serem enganadas por essa ilusão que são os rótulos. Mas o pior de tudo é, sem dúvida, perderem mais uma oportunidade de quebrarem a cara, situações que são a principal fonte de evolução para qualquer pessoa.
DeSApega! Deixa de ser CHAto!
Xico…grande texto. Praticamente uma esquisoanálise deleuziana. abs
Gil, sou fã do cabra dos rizomas.abs
Xico,
demais!!!! Sempre pensei assim. Você esqueceu apenas de citar que, às vezes, os canalhas surpreendem positivamente. Não tem nada melhor do que o “cabra” (como diz você)deixar claro como é o terreno que a gente vai pisar.
Bjos.
Saudações de BH!!
O jogo do amor é o máximo e lamento muito ter entrado em campo tão pouco…
Passei anos na arquibancada, assistindo nas telas do cinema e cá fora aos mundos e fundos que os marmanjos são capazes de mover pela vitória: levar a moça pra cama.
Com os fofos ou cafajestes, a orientação é a mesma: cuidado.
Cafuné, como dizia Leila Diniz, a gente quer até do macaco, pero ser tratada como musa da Copa por quem mal nos conhece é sinal de perigo iminente.
Não importa se o fofo-craque meteu 3 ou 7 gols. Uma hora ele se cansa e sai de campo sem substituição nem expulsão. E sem dar coletiva no final justificando a fuga.
Anos de observação me premiou com a seguinte sabedoria: paixão que nasce da amizade perdura, é gostosa e, se deixa mágoas, são perdoáveis e até esquecíveis.
Vítimas dos fofos, aprendam com os Mineiros: desconfiem sempre.
A você, Xico, meu beijo terno e admiração eterna.
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Xico, não sei bem se foi apenas mais uma cronica ou talvez uma mensagem “divina” em forma de cronica, pra mim – Pois, Deus sabe que ler suas cronicas e essencial para mim- Sou desse tipo que tem um precipício por homens fofos que se mostram cafajestes depois! Triste realidade humana e sentimental. Apaixonar-se por quem não se apaixona por nada. Creio que o que leva a isso é o medo que as pessoas tem de deixar-se apaixonar. Mas oras, paixão não é amor. Paixão é hormônio! Então deixe que os hormônios ajam, sem pressa para amar.
Não acompanhei a ligação entre fofice e canalhice. Cada um tem o direito de usar as palavras como bem entender, mas não vejo o adjetivo “fofo” sendo usado frequentemente pelas mulheres para se referir ao tipo de homem descrito nesse artigo. Eu as vejo usando esse adjetivo mais frequentemente para descrever homens que elas veem como atenciosos ou gentis e que elas conhecem por um tempo suficiente para avaliar o caráter. Muitas de minhas amigas usam esse termo para descrever amigos ou conhecidos pelos quais elas não têm interesse romântico ou sexual. Acho que as enganadas por um sedutor contumaz usam outros adjetivos para descrevê-lo no início: apaixonante, maravilhoso, lindo, gostoso, “um homem de atitude”, etc. O “fofo” do artigo, no caso, é o mesmo que depois vai ser o “canalha” e não um cara diferente. Há que se dizer também que, em muitos casos, o engano feminino é de fato autoengano. Elas sabem exatamente aonde a história vai dar, mas estão afim do cara e vão em frente. Se o típico canalha não fosse atraente em nenhum nível, sua canalhice seria contraproducente. Exatamente por isso, sempre vão existir mulheres interessadas nos canalhas, mas elas jamais vão assumir que esse querer está por trás de suas escolhas. Essas preferem se fingir de vítimas a cada nova escolha “errada”. Outro ponto do qual discordo neste artigo é a glamouriuzação da canalhice, como se ela fosse uma forma de honestidade. Não é. O canalha honesto, “o budista sem templo”, meu caro Xico, é uma ficção. Um canalha é alguém que usa as pessoas como meio e ele nunca é honesto, por definição. Se fosse honesto, não seria canalha. Mulheres que se aproximam de homens que não querem compromisso, se sabem perfeitamente disso desde o início, estão sendo hipócritas se depois resolvem denegrir aquele que desejaram. Nesses casos, a canalhice é somente delas.
Otimo texto, recentemente fui vitima dos fofuxos, que chegam e te fazem perceber que tudo é diferente, mas no final das contas é só o sofrimento que é diferente, pq o sentimento foi feito de promessas gerando expectativas… Estou preferindo os cafas… pelo menos deles não esperamos o melhor…
Lembrei-me, querido Xico, de um email que mandei pra vc há algum tempo justamente me queixando de um fofo…rs. E depois já caí de encantos por outro fofo e ele tbm sumiu prontamente como manda o figurino…kkkk
Mas não acho que foi canalhisse em ambos os casos. Acho que foi mais “nao foi eu que te enganei, foi vc que se iludiu” do que uma treta arquitetada só pra me dar o bote. Minhas expectativas nos dois casos foram além do que foi dito…rs
Descreveu perfeitamente o verdadeiro “fofo”.
Chico,
És um sábio!
E eu sou um Fofo!!!
Kkkkkkkkkkkkk
Perfeito…
A Taciana tocou num ponto chave: “fofo” presupõe baixa densidade, inconsistência, forma que sede facilmente a pressões… não dá pra confiar.
Xico, o fofo dorme de conchinha e faz cafuné, sem saber (ou sabendo) que essas coisas podem ser tão significativas.. ele tem nome e sobrenome, e quanto controle preciso nesse momento pra não escrever esse nome aqui. abraço!!!
Xico entendeu tudo mesmo. Os fofos são tão ordinários, que fazem você parecer desesperada. Quando, na verdade, foi assim: você estava na sua, de boa. Ele que apareceu do inferno. Sua expectativa ao encontrá-lo era, a princípio, de sexo casual, porque, afinal, o futuro a Deus pertence.
Mas ele te surpreende. Fala no plural. Te chama de namorada. E você cabreira, tentando levar levar a situação com mais calma. Mas ele é do tipo “fofo” que ignora sua prudência. E vai te desarmando… até que você pensa: “gente, o que eu estou fazendo? O príncipe caiu no meu colo e eu estou mandando ele embora! Que burra!”. E aí se desmancha.
Sabe de nada, inocente. É exatamente nesse momento em que você deixou ele furar suas defesas que ele vai dizer que “não é bem assim” como se tudo não passasse de um mal entendido, “um excesso de expectativa da sua parte”. E vai se afastando – e o que é pior: na maior pose de bom moço. Começa a levar 3 dias pra responder suas mensagens (que antes ele respondia na hora, não interessa o que estivesse fazendo), mas se despede falando “fique bem.”
Minha vingança secreta é que eu não desejo que nenhum dos pseudo-fofos que passaram pela minha vida “fiquem bem”. Não mesmo. Rs
Xico, você está se tornando meu ídolo. Sua reflexão é corretíssima.
UaU!!
Entendi.
Mulher vive de ilusão/fantasias/esperança e o fofo/cafa tem isso como 1º ou 2º mandamento, então capricha na conversa mole. Só as mais calejadas aprenderam a diferenciar o sincero do canalha, reduziram suas expectativas e mantiveram apenas um fio de esperança para poderem casar. Minha mulher é assim. É um jogo difícil porque a cobrança por romantismo não acabará nunca, mesmo que ele nunca tenha havido! O Don Juan só joga poker e na base do All in, enquanto “o moço direito pra casar” prefere Paciência ou Canastra, apesar de não ser um canastrão.
Parabéns pelo texto Xico.
Eu escrevi um texto sobre isso anos atrás.
http://www.ateondevai.com/2011/07/o-cafajeste-e-o-bom-moco.html
O cafajeste é inofensivo, acredite em mim. Perigoso mesmo é o bom moço.
E de estereotipacao vamos criando e alimentando nossos monstrinhos cotidianos… Dó de quem concorda com a simplificação dos problemas por terceiros, na tentativa de resolver os seus…
Antes um cafajeste honesto.
Guatemala. Guinee. Guinee-Bissau. The work of Rem Koolhaas and the OMA has been celebrated as well by several international awards,mg-mikc.eu, including the Pritzker Architecture Prize (2000) and the RIBA Gold Medal (2004). In 2005 Rem Koolhaas received the Mies van der Rohe Award for the Netherlands Embassy, Berlin. This award is presented every two years by the European Union and the Fundació Mies van der Rohe (Barcelona) to acknowledge and reward quality architectural production in Europ
Xico, casa comigo? Mas não seja fofo por favor
As desvantagens de ser fofo. Remeteu-me a um texto de C. Lispector, na qual ela aponta as vantagens de ser bobo. Vivendo e (des)aprendendo, melhor é ser bobo e não ser fofo. kkkkk Beijos, Xico. Estava com saudades dos seu textos