Amor & sexo em tempos de Copa
18/06/14 20:34Na festa da Copa, o “a gente se vê”, tema recorrente aqui neste blog, se torna mais grave ainda.
A fuzarca ludo-etílica pode até estimular novos possíveis casais, promover bons encontros, flertes, namoricos, rapidinhas…
Sem se falar nas ficâncias globalizadas em geral –os argentinos e holandeses, por exemplo, estão em alta com as gazelas na cidade do Rio de Janeiro no momento.
O xodó de Copa, nacional ou estrangeiro, é o maior festival de “a gente se vê”de todos os tempos.
Nada fica, nem o amor daquela rima antiga.
Fica tudo na base do “a gente se vê”… E adeus!
Não que fosse acontecer um casamento ou algo do gênero a partir daquele encontro, nada disso, mas foram encontros bonitos, fortes, que se acabam ali mesmo, na poeira da estrada, numa tarde fria, em um café da manhã, numa simples despedida.
Óbvio que o mês da Copa só amplia um sintoma moderno da época.
Homens e mulheres vivem hoje a arte do desencontro, com ou sem a festa futebolística.
“A gente se vê.” Pronto, eis a senha para o terror, o “never more”, o nunca mais do corvo do escritor Edgar A. Poe.
A gente se vê. Corta para uma multidão na avenida Atlântica, ai de mim Copacabana.
A gente se vê, corta para uma manifestação na avenida Paulista, com ou sem vândalos, com caras limpas ou mascarados, mas sempre com o gás lacrimogêneo para aumentar o chororô do cronista.
A gente se vê. Corta para uma saída de Castelão ou Mineirão lotadose.
A gente se vê. Corta para “onde está Wally”.
De um casinho de Copa, tudo bem, acontece, faz parte do jogo.
Na normalidade dos dias, porém, nada mais detestável de ouvir do que essa maldita frase. Logo depois a porta bate e nem por milagre.
Jovens mancebos, evitem essa sentença mais sem graça. Raparigas em flor, esqueçam, esqueçam.
Melhor dizer logo que vai comprar cigarro, o velho king size filtro do abandono. Melhor dizer que vai pra nunca mais. Melhor o silêncio, o telefone na caixa postal, o telefone desligado, o desprezo propriamente dito, o desprezo on the rock´s.
A gente se vê uma ova. Seja homem, troque de palavras, use o código do bom-tom e da decência. A gente se vê é a mãe, ora, ora.
Como canta o Rei, use a inteligência uma vez só, quantos idiotas vivem só…
Esse “a gente se vê” deveria ser proibido por lei. Constar nos artigos constitucionais, ser crime inafiançável no Código Penal. Alô STF, homens de toga, ponham na pauta.
A gente se vê é pior do que a gente se esbarra por ai. Pior do que deixar ao acaso, que jamais abolirá a saudade, que vira uma questão de azar e sorte.
Melhor dizer logo “foi bom, meu bem, mas não te quero mais”. YO NO TE QUIERO MAS, como na camiseta mexicana que ganhei de una hermosa chica. Dizer foi bom meu bem e pronto, ficamos por aqui, assim é a vida, sempre mais para curta do que longa-metragem.
A gente se vê é a bobeira-mor dos tempos do amor líquido e do sexo sem compromisso. A gente se vê é a vovozinha, ora!
Seja homem, seja mulher, diga na lata.
Não engane a moça, que a moça é fino trato, que não merece desdém.
A fila anda, jogue limpo.
A gente se vê. Corta para uma multidão no show do Morumbi. A gente se vê. A gente se vê. Corta para a multidão no Campo de Marte. A gente se vê. Corta para o formigueiro do Maracanã. A gente se vê. Corta para a São João com a Ipiranga. A gente se vê. Corta para um engarrafamento gigante na marginal do Tietê…
A gente se vê. Então aproveita e vai olhar se eu estou na esquina!
Oux, peraê! Take it easy! Às vezes um a gente se vê é só um ” a gente se vê!”, ora!
Deixe o tempo seguir. Quem merece um “não te quero mais” sem quase ter sido querido?
DR já é chata normalmente, Discussão sem relacionamento é pior do que “Xuxa pra baixinhos” no repeat, não é, não?
Chico diz: “Não me leve a mal, me leve apenas para andar por aí… Passou esse verão, outros passarão, eu passo.”
Amém!
É Xico, eu ouvi um “até a próxima”. Não teve. O que me remete a outro texto seu, dos ‘homens’ qe não sabem dar um ponto final, sempre deixando nas reticências. Parece que teus textos sempre se completam, se complementam. Obrigada por esclarecer este complicado mundo das relações.
Alou, Xico!
“A gente se fala” pode ser????
..Quando é que você telefona
precisamos nos ver por aí
porá semana talvez nos vejamos
Quem sabe?
Quanto tempo ..pois é ,quanto tempo.
Tanta coisa que eu7 tinha a dizer
mas eu sumi na poeira das ruas,
Eu também tenho algo a dizer
mas me foge a lembrança.
Por favor telefone
eu preciso beber alguma coisa rapidamente.
Pra semana
o sinal…
eu espero você…
vai abrir….
por favor não esqueça….
adeus.
Sinal fechado Paulinho da Viola
Esta musica retrata bem ,o que a urgencia da nossa vida faz, com os nossos
relacionamentos .
Em época de copa só vale a pena fazer novas amizades… Tenho batido cartão na vila madalena, bebo, converso com os gringos e não pego ninguém. Queria alguém para namorar, não somente farra… Se está difícil para mim, imagine para as feias.
Véi, na moral, te amo, bicho!
E hoje estarei no Crato, pra ver se assim, por osmose, eu adquira um miúdo dessa tua sabedoria caririense.
Abraço!
“sigh no more, ladies, sigh no more;
man were deceivers ever…” dizia Shakespeare às moças que suspiravam por seu amados quando abandonadas…
agora a coisa mudou tanto que o bardo teria que escrever uma versão para vocês…
sigh no more, gentleman, sigh no more…
Pois é, caro Xico! Como se não bastassem os eufemismos da despedida, que de tanto usados já parecem donos do sentido que antes era só emprestado, piores são aquelas velhas e lacônicas frases, algumas verdadeiras merecedoras de tombamento pelo IPHAN, como “vc é legal, mas…”, “o problema não é vc sou eu…”, “eu acho que a gente poderia dar certo, mas…”. Fico puto quando ouço uma dessas e ainda acho que estou sob efeito da última que ouvi. Não vou mentir, também já usei esses recursos para não pisar com tanta força o coração da ex-amada. Já não basta o fim, tem que ser lascando tijolada? Não basta o pé na bunda, tem que ser de voadora? Além do mais, se fosse tudo na lata, não perderíamos o barato do jogo, do flerte, da conquista e da perda, da incerteza da corda bamba que nos fazem tentar melhorar, surpreender, impressionar? Afinal, mentiras sinceras não interessam mais?
Abraço forte!
P.S. Sou fã do seu trabalho! Adoro seus textos! E para curar a última voadora que levei, esse fds vai ter “operação pinho sol” no cafofo em CDU! 😀
Grande Xico, soube traduzir muito bem o “fenômeno” do amor da atualidade. Hoje, eu merecia escutar este tapa na cara, ao som de Luis Miguel “Usted”! Xico, sou sua fã! Parabéns pelos escritos!
“a gente se vê”, em outra vida.
e eu que achava que era sozinha com esse tipo de pensamento, e penso nisso não só na copa, mas em todo evento onde se concentra um número maior que um, quando a irracionalidade sobrepõe o bom senso quando os hormônios gritam mais alto que a razão e a falta de vergonha ,pudor e amor próprio se subjugam à imoralidade. Chore agora que depois pode ser tarde de mais. Chico você é o CARA!
Infelizmente é o grande mal do século, dos namoros rápidos e sem compromisso algum, nem mesmo com ele mesmo. As pessoas estão condenadas a ficarem sozinhas em um tempo moderno demais para se dizer por exemplo, eu te amo quanto mais para namorar. Isso é coisa do passado. E assim como um vírus vamos repetindo as ações, como seres robotizados, para não sermos considerados caretas demais.
Fico imaginando essas pessoas na sua velhice, rodeadas de hábitos repetidos, regando suas plantas na varanda de sua casa, contados via tecnologia, contando os dias do calendário.
Oi Xico
Gostei!
“A gente se vê por aí” significa “fui”!Muito esclarecedor para mulheres românticas [ eu estou em transição nesse grupo para o grupo das realistas]. Melhor explicando, estou procurando o equilíbrio entre acreditar que há homens [sinceros] que desejam 1 namorada e (des)acreditar -ficar antenada nesse discurso de quem não quer nada e aí fica com todas que encontra na copa ou “fora da copa”. Fui…rs
A arte do desencontro, com certeza, é a marca da época… ja perdi as contas de quantos cartões escrevi com Vinicius. Deixei namorado em Curitiba quando fui pra Florianopolis, em Floripa quando fui pro Rio e no Rio quando vim pra Londres. Ninguem abre mão do seu plano de Vida por um grande amor… Por a qui, onde a racionalidade fala muito alto, todos os moçoilos me deixam para um esbarrão no futuro…
“- Ao menos tivemos Pari… quero dizer a Copa
– Há amores q são pra ser d Clubes
– e há amores pra Seleções
– Verdade
– Então… até um jogo desses?
– Ou a próxima Copa
– Olimpíadas?…
– Quem sabe 😉
– É, quem sabe ;)”
A minha não disse ” a gente se vê”, disse uma versão com um tom um pouco mais misterioso e enigmático.. Uma lacônica mensagem via Watsapp que aqui reproduzo: “pois é..Você é otimo e merece tudo de bom.Fica bem..quem sabe o que a vida nos reserva? bj” E agora Xico sá? Acho que o fica bem também merece um texto!rs
P.s Adoro vc xico sá, estou sempre te acompanhando em todos os meios de comunicação.
é, meu caro, tempos modernos. e tem sempre essa frase de consolação, como a dela: quem sabe o que o tempo nos reserva?. nao se iluda, é so pra ficar mais leve a despedida. abs