Como fugir da histeria da Copa
07/05/14 20:21
Foi somente a convocação dos 23 nomes da Seleção Brasileira e a histeria copeira já veio para ficar. Invadiu programas de variedades na televisão, atrasou o almoço na firma e fez o porteiro esquecer, ao relento, a moradora mais gostosa do prédio, logo a sósia da Isadora Ribeiro –isso foi fato aqui em Copacabana.
Curto a barulheira, sou cronista esportivo da “Folha” e participo do “Redação Sportv”, programa que discute como a imprensa enxerga o jogo e a cultura do futebol. É prazer e também trabalho.
Até ai tudo bem, mas o oba-oba espetacularizado de hoje, a mais de um mês ainda do evento, me fez lembrar dos amigos que não gostam de futebol.
Aqueles que sofrem verdadeiro bullying, desde a escola, por não se envolverem com a modalidade esportiva.
Estão ferrados.
Valéria e o marido Hugo vão fugir para a Califórnia. Têm grana, planejaram a fuga e até tentaram evitar que o filho colecionasse as figurinhas –batalha perdida, obviamente, se um álbum seduz um adulto, imagina uma criança.
De qualquer forma, o casal vai cair fora. E os amigos mais lisos que bunda de índio, que não têm grana para viagens de fuga, como escapar?
Até os seus bares prediletos estarão tomados pelas hordas de fanáticos.
E quem não pode, de forma alguma, deixar de bater o ponto?
Se pelo menos o camarada estiver disposto a ir aos protestos, vá lá, não precisa ver jogo algum, hasteia a bandeira #naovaitercopa e volta de alma lavada para casa. E em paz. Tomara.
Se pelo menos o sujeito, como o meu estimado corvo Edgar, adora secar o escrete canarinho, ainda se diverte com a perversão do agouro.
Caso contrário…. Vida dura a de quem não curte futebol nesse momento. Como escapar da festa cheia de miniblusas canarinhas, shortinhos, bolão dos amigos, caipirinha e acepipes planejadíssimos?
Realmente uma desgraça para quem odeia a tal da “Pátria em chuteiras” do conceito de Nelson Rodrigues.
Que fazer, caro Vladimir?
Fugir do futebol em tempos normais é moleza, embora uma noite ou outra os gritos de “chupa gambá”, “chupa bambi’, “chupa porco” atrapalhem o sono, o filme-cabeça ou o seriado cult da temporada.
A fuga dessa maratona vai ser uma gincana que requer força física, alguma grana e muita criatividade. Até lá na tribo dos Zo´é, povo quase isolado nas selvas do Pará, corre o risco de ter Copa –o fotógrafo Rogério Assis, autor de um belo livro sobre estes índios que o diga.
Só se for para mosteiros budistas, amigo. Em conventos católicos, não recomendo. Como constatei em reportagens em 2010, até a mais religiosa das carmelitas descalças sai do retiro espiritual para ver a seleção de Neymar e companhia.
Realmente preocupado com quem vive o pânico da Copa, apelo: caríssimo leitor, qual sua ideia de rota de fuga? Colabore com este serviço de utilidade pública.
Ir para Ponto Chique – Iguaí – Bahia. Lá não pega celular e TV só com parabólica, que não estão funcionando desde que um raio caiu por perto. Ouvi jogo só no radio de pilhas. Fica amais ou menos, 500 Km de Salvador.
Beijos.
Como estou presa a compromissos que me impedem de enfiar-me num buraco de tatu e sumir por alguns dias exatamente nos dias dos jogos, ficarei em casa imaginando como seria interessante ter me preparado para sumir de cena nos dias em que o que já é caótico estará ainda pior.
Acho que o mosteiro seria a opção mais prática…
Mas, uma dúvida meu caro Xico: O seu amigo corvo, Edgar, torce pelo Atlético-MG?
Outra coisa, faltou um “Chupa Galo” entre os exemplos citados na cronica… É o mais emblemático e bem usual! Que lhe diga o seu parceiro André Rizeck, que decerto ostenta certa admiração pelo Maior de Minas, popularmente conhecido como Cruzeiro…Hehehe…
No mais, parabéns pelo blog vossa excelencia escreve muito bem… E parabéns pelas participações no “Redação Sportv”, é um programa que recomendo.
Sem duvida o Redação Sportv é um dos melhores programas da televisão brasileira.Não perco um.
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Tem um amigo meu ,que vaia passar a copa escutando Chet Baker, Thelonious Monk, Charlie Parker, Miles Davis, Herbie Hancock e queimando uns baseados made in Uruguai.Uma vez ele levou a coleção de jazz dele ,para um churrasco na laje e até hoje não sabe porque nunca mais o chamaram.
a fuga nao pode ser tão pedante (rs). abrazo
Outra coisa bem assinalada no texto: que troço horroroso essa história de ficar gritando/postando por aí “chupa, Fulano!”; “chupa, Sicrano!”, não acham? Extremamente chulo e desagradável.
Pior é que muitas vezes o autor do impropério é pessoa sensata, do bem, mas acaba “entrando na onda”, normalmente – digamos – por motivo torpe.
Vale um texto mais aprofundado sobre isso, Xico?
Vale sim, caro Renzo. Escrevi outra cronica sobre. No esporte da folha. mas acho q vale inclusive um filtro freudiano na parada. abraço
E eu, que não gosto de futebol e trabalho com jornalismo esportivo? Não tenho nem como escapar…
Nossa madre, Rodrigo, ai sim é o inferno. Mas antes de tudo o trabalho, afinal de contas ,como a maioria dos jornalistas, vc nao deve ser nenhum milionário.abrazo