A volta da fêmea-Nostradamus
30/04/14 00:10
Da costela do homem frouxo, nasceu a fêmea-Nostradamus. A desconfiada de véspera. Óbvio que ela é resultado de muitas promessas masculinas não-cumpridas. Ela cansou de mascar o jiló do desprezo.
Algumas delas, porém, exageram no modo apocalíptico de ver uma história. Como R., personagem desta crônica baseada em um caso real:
Sei, está bom demais para ser verdade. Sei, fazia tempo que alguém não se devotava tanto. Sim, posso imaginar o que esteja pensando: “Esse cara vai me levar às alturas e me deixar sozinha no despenhadeiro”.
“Não, não vou cair mais nessa, sei o tamanho de tombos do gênero,” você prossegue nas suas reflexões, nervosa, nervosíssima, daqui a uma hora se encontrarão mais uma vez.
Ele a convidou para jantar fora. Quanto tempo alguém não a tratava com tanta distinção.
Você se sente valorizada, mas está com medo, pode ser apenas mais um truque do homem-bouquet, o cara que arrota conhecimento de vinhos finos. Que que eu faço, Diós mio?, você está perturbada diante do dom Juan.
“Ele só quer sexo”, você pensa, como se até o sexo fosse uma coisa ruim. “Vai ficar comigo e na manhã seguinte esse telefone emudecerá de vez, nem SMS…”
Você projeta o futuro no pior cenário possível. Sim, não à toa, baseia-se no repertório deixado por outros homens.
Você consulta a amiga, a amiga mais cética, porque você está querendo ouvir algo desencorajador.
A amiga recomenda muito pé atrás. A amiga já levou muitos tombos e, de alguma forma, isso é humano, demasiadamente humano, sente uma certa ponta de inveja da sua história.
Falta meia hora para o novo encontro. Você confere o cabelo e acha péssimo. Você está desesperada como uma daqueles mulheres dos filmes de Pedro Almodóvar. “Por que esse cara vem logo para o meu lado”?”, você beira a paranoia delirante.
O carro dele pára na frente da sua casa. Há tempos você não ouvia aquela buzina que parece tocar uma música romântica do Barry White. A buzina chama para a vida lá fora.
“Não pode ser verdade”, você insiste na desconfiança enquanto pisa na calçada da rua. “O que eu fiz por merecer?”
Entradas, drinques, o jantar está ótimo, a conversa incrível. “Só pode ser truque”, você aciona de novo todos os botões do luminoso painel da desconfiança feminina. “Não fico com ele hoje de jeito nenhum, nem me venha com essa conversinha mole”.
Com licença, vai ao banheiro. Não resiste e resolve consultar de novo a amiga, pelo celular. Está em pânico. A amiga recomenda mais pé atrás ainda. Você acha o cabelo péssimo.
Você volta com aquela cara de cautela e dúvidas e é recebida com um sorriso de quem já sentia a sua falta.
“Demorei muito”, você diz. Sim, você demorou muito, só de telefonema foram dez minutos. Mas ele, todo afável: “Imagina, demorou quase nada”.
Petit gateau, café e a conta.
No carro, você nota, como aprendeu com aquele livro “O corpo fala”, que o carinho dele é cada vez físico e o desejo é cada vez mais quente. Mas você se esquiva, afinal de contas você não pode ser vítima desse “truqueiro” que só “pensa naquilo”.
E não era a primeira ou a segunda vez que vocês se encontravam. O flerte e a devoção dele já fizera aniversário de mês.
Moral da história: desconfiada e projetando já um eventual abandono ou pé-na-bunda, você, apocalíptica como uma afilhada de Nostradamus, não pagou para ver, você não arriscou, você não se permitiu, deixou de viver, como se na vida pudéssemos ter a certeza prévia das coisas, mesmo em se tratando da obviedade do mundo dos homens.
P.S. A culpa seguramente não foi do cabelo, que ele achou ótimo, mesmo sendo um autêntico representante da raça masculina, que prefere ver o todo, o conjunto da obra.
Show de bola como sempre Xico! Muitas mulheres se deixam levar pela amiga palpiteira, você vê o desejo nos olhos da garota, mas elas teimam sempre em escutam as amigas encalhadas que nem cagam, nem sai da moita e querem que a amiga faça o mesmo. Abraço caririense meu caro!
Isso pra mim tem outro nome – fêmea cagona.
Quanto medo, meu senhor!
A vida é um risco e isso é que a faz deliciosa.
bj, Xico!
vou cortar meus pulsos… no alto (?) dos meus 4.3
Eu não sou essa mulher do texto, sempre arrisquei até quebrar a cara, e nem por isso desisti, se fosse me deixar levar por pessimismo de terceiras que não saem da zona de alerta eu não estaria há um tempinho, feliz com o meu relacionamento baseado na realidade e não em idealizações. “Depois dos 35 a mulher acaba….” que isso, gente? Que visão pessimista da vida, ainda bem que não penso assim, pois completarei 35 anos e acho que a cada dia só me reinvento e recomeço na vida e no meu relacionamento. Só acaba em qualquer idade quem se permite acabar. Aos 40, darei uma festa, se Deus quiser!!! Como li em algum lugar : “o que não pode enrugar é alma” e acrescento : “nem o coração.” Um beijo Xico Sá e obrigada por escrever textos que nos inspiram.
Excelente detalhamento sobre uma maneira de se comportar, devidamente registrada, de uma mulher. Tamanho estudo antropológico deveria gerar uma tese de mestrado, publicada sob a forma de artigo em uma revista especializada em comportamento feminino, observando as coletas necessárias para estabelecer o padrão do estereótipo. E é claro, em tempo suficiente para a compreender a participação de algum prêmio internacional.
Agora por favor, escreva mais um artigo para o nosso deleite sobre a sua valiosa opinião. Sugestão de tema: mulheres que usam shortinhos e decotes na rua e a questão do assédio contextualizado na injustiça misândrica.
Silvana, depois dos 35 não temos mais nada a perder.
O peixe é fisgado pela boca… Se não deixa comer a isca, não reclame que voltou para casa de mãos vazias…
hahahaha
Mas hoje em dia as mulheres estão muito mais ardilosas…
Do mesmo jeito que existem peixes que comem a isca e escapam, existem iscas que são iguarias, atracados a um anzol de probabilidade quase zero de não ser fisgado.
Adorei esse texto! Você estava inspirado ao escrevê-lo. Enquanto lia, cheguei a visualizar as cenas. Eu não nasci assim, da costela podre de um Adão frouxo, mas me tornei uma fêmea-Nostradamus. A vida e a seleção natural fazem isso com a gente, depois de algum tempo. Abraços
Olhe esse nome mulher Nostradamus é no mínimo engraçado, mas como mulher que sou com todos os prós e contras( espero que mais prós, hehe) tenho que admitir que a gente dá esses vacilos sim, sei la porque ?! talvez por achar que transar tem que estar associado com casar no fundo de nossas mentes cinderelisticas . O foda é que a vida passa e é melhor viver correr os riscos sim do que ficar com 39 ( euzinha ) fundida mal amada esperando a felicidade eterna que não existe.
Achei fantástico! Homens e mulheres se apegam a inúmeros mitos ou atitudes da maioria, para ñ arriscarem. O novo, o diferente todos nós queremos! Mas,poucos tem a coragem ( ou sabedoria? Rs) de enfrentar ” o frio da barriga”… As incertezas… E erros do processo de conquista. Vc nos faz repensar sem ” doer”… Rs ah! E digo mais: as vezes, somos apocalípticas até sem experiências ruins anteriores… Mulheres gostam de prever…e de ter razão!!!! Rsrsrs Parabéns !!!! Vc é maravilhoso !
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digo aquecerão nas noites frias de inverno!!!
nunca temos certeza de nada!! estamos aqui hoje e amanhã estaremos conversando com o Sagrado, ou qualquer que seja o seu nome, assim, porque não se permitir ter horas felizes, bons momentos, sem pensar em casamento, filhos e etc. Ao contrario da Silvana, penso que ate os 35 a mulher deve sim pensar em procurar um parceiro, quem sabe filhos, mas depois dos 50, que venham bons momentos, que no minimo nos aqueceram nas tardes frias de inverno!! Vamos pensar menos e amar mais!!!
Vejo vantagem em utilizar alguns dos mecanismos de defesa que a nossa psiquê possui! Pessoas costumam ser impiedosas quando querem levar a vida e as coisas ao seu bel prazer. Homens sempre demonstram inabilidade e indisposição de negociar… querem amar e possuir as suas amadas, querem liberdade, futebol e cerveja sem suas companheiras (mesmo as que se dispõem), querem variar, fugir dos compromissos familiares… Putz! Não entendo porque a macharada têm tanta dificuldade de demonstrarem convicção… na hora de falar de amor, há sempre um medo nas entrelinhas, e o mulheril percebe isso… não há como se sentir segura quando o outro, tendenciosamente, se permite à vulnerabilidade.
Certeza que o pessoal contra o patriarcado vai querer me assassinar, mas mulher bobinha essa, perder uma chance assim neam? Vai que um dia dá certo né? O telefone lá de casa tocou há 13 anos atras, depois de um desses encontros e desde então encontra-se ocupado para novas ligações. Salve quem se arrepende do que fez ou se dá bem por ter arriscado! Sô lá mulher de deixar passar uma coisa dessa sô, sou frouxa não!? A chatice da resitência feminina se iguala a falta de originalidade masculina, mas ainda assim há de se encontrar agulha num palheiro!
Desculpe me a sinceridade srtª Silvana Farinatti, mas você foi mal comida e perdeu o encanto no amor. A vida da mulher so termina nos 35 se ela atingir a marcar de 350 Kg e desconfio q com um bom perfume e as palavras corretas ela retome sua vida amorosa.
Ok, fêmeas niilistas talvez, mas me diga vc Xico, se também não são dados aos homens o poder do pessimismo em relação às relações? Eles também não estão na defensiva com o medo do sofrimento causado pela paixão ou isso também seria uma desculpa para pular fora e seguir nos casos superficiais? Vejo muita vontade de amar de ambos, mas sempre na espera de garantias, contratos com testemunha e multa em caso de rescisão.
Silvana,
Vc tem mais de 35??
Adorooo!!!!
Claro que vc deve estar falando de uma pessoa anencefala e não de uma mulher de verdade, que trabalha e sustenta o lar, que acha que se alguem comeu foi pq ela quis e deixou, idiotice achar que a mulher fica pensando, pânico pq não ligou, pé atras o cabelo não esta bom, o que a gente pensa é se o instrumento de trabalho do homem vale a pena outro encontro
Cara Silvana. Não!! Não!! Não. O amor, ou a mulher ou a vida… nada acaba aos 35. ao contrario, a maturidade nos trás uma forma melhor de vivenciar as experiências em todas as áreas. Não é porque algo ou tudo não deu certo até agora e que devemos desistir; sempre há esperança de encontrarmos a tão sonhada felicidade em boa companhia. Não desista !!! A vida sempre surpreende!!
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Vivo no mundo do óbvio mas desconfio que não sou mulher… rsss… Para mim a mulher começa aos 30. E viva os seres desiguais!
Minha filha, terapia na jaca, porque a vida é uma só!
Eu estou com 50m e apenas comecei, estava até os 35 acabada!
As meninas do Saia justa te classificaram como cafajeste sedutor .Tá correto?
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se você tem até 29 anos permita-se viver e talvez ter um romance mas depois dos 35, no fim da vida dedique-se à outros hábitos… a obviedade do mundo dos homens é óbvia!É comer hoje para comentar no almoço de escritório no dia seguinte.Com tantas mulheres superficiais utilizando sutiãs com enchimento e ainda pensando no lado cor de rosa “my prince will come”,é melhor escolher : ou vc vai pra cama e se deixa comer e não cobra.Vai pra cama se deixa comer e percebendo a perversão vc dá o troco chocando e cobra a saída ou esquece e vai ler para órfãos,plantar sementes em canteiros áridos.Eu cá para mim penso q depois dos 35 a mulher acaba…
Sábias palavras, mas o amor tem no poço profundo do inconsciente de todos, Silvana querida. beijos
digo, Silvana, corrigindo: o amor tá no poço profundo do inconsciente de todos… mas gracias pela bela discussão q levantaste.beijos
Engraçado ver a mulher dassa forma, como superficial, usando enchimento nos peitos, se deixando comer, acabando aos 35.Porqeu isso tudo, se pelo menos a fantasia do amor ( que seja o do poço) existe e , a meu ver, os homens é que agradecem , lá do fundo do poço, quando são comidos.
caríssima: farei 43 daqui a 20 dias e o melhor da minha vida começou há 3 anos atrás. reveja seus conceitos.
Poxa Silvana, fim da vida depois dos 35?
Depois dos 35 a mulher acaba? Desculpe Silvana, eu comecei a viver aos 33.
Antes disso, eu tinha a ilusão do príncipe encantado. Depois de um casamento falido, vários relacionamentos errados, eu fui cuidar de mim. Voltei para a faculdade, comecei a fazer vários cursos, viajar, conhecer um monte de gente bacana. Fazer o que eu gosto, sem ver cara feia de ninguém desaprovando sabe.
Não encontrei um príncipe encantado, encontrei vários homens de verdade, que depois dos 40 anos também perderam a ilusão da mocinha “enchimento”, gastaram muito dinheiro com mulher e levaram pé na bunda, e foram cuidar da vida. Porque mulher quando dá de ser FDP é pior que homem. Com um diferencial muito grande: Eles podem sair com você, jantar, ter sexo, mas deixam bem claro que não vai passar disso, e não deixam de te ligar não. Uma amizade muito gostosa. E onde está escrito que amizade também não é amor? O que torna diferente dos outros homens que iludem, que mentem para te levar para cama e depois somem.
Eu comecei a viver pois hoje eu tenho segurança. Será que amor é viver entre quatro paredes pelo resto da vida, ou viver um momento e torná-lo especial.
Estava de trelelê com um cara. Quando eu percebi o movimento enganatório, eu continuei dando corda, aproveitei o que eu podia já sabendo o fim. Não demorou muito, para vir a história você é perfeita, mas não estou em um bom momento. Sei… Fica com Deus então “mon petit” que a vida me espera. Quando o moço percebeu que eu simplesmente levantei e fui embora na boa e sem dramas, comecei a receber flores diariamente, cartão de desculpas… mas aí já foi. Desculpe mas cuide primeiro do seu momento não bom, quem sabe depois conversamos. Pois vai lá né, em menos de 24 horas o cara resolveu a vida? rsrs
O problema é: criar expectativas, e a gente sabe quando o homem está de conversa fiada, mas queremos ser a heroína e mudar o sujeito.
E foi somente na altura dos meus 33 anos que eu aprendi e comecei a viver… E sou muito mais feliz assim, do que na época que eu fingia ser boba, sofria como idiota só para dizer nas festas de família que eu tinha um namorado.
Xico, desculpe o imenso texto.
Bjs
Silvana, aos 35 a mulher só tá começando!
Que fim de vida, o quê! É agora que a gente se conhece e entende melhor da vida – até ao ponto de saber distinguir os óbvios tipos de machos que nos rodeiam.
É um momento de escolhas conscientes, mas jamais de jogar a toalha.
Se joga no mundo, bonita! Se joga e conte VOCÊ as safadas peripécias noturnas durante o almoço do dia seguinte na firma!
Acredita Bonita! 🙂
35 anos, fim da vida? Sei não, Silvana. Voce está redondamente enganada. Agora é que as cousas estão realmente pra começar, pois avançamos do segundo estágio nos nossos relacionamentos.
Abraços e boa sorte.
Amei o texto… Perfeito.
Mas o comentário da Silvana me intrigou; dou-lhe o direito de ter opinião própria, claro; mas não dou-lhe o direito de generalizar as mulheres. Estou com 29 anos, já sofri muito por amores e paixões sim, sofro ainda, mas nem por isso eu tenho essa visão fúnebre de que a vida da mulher solteira acaba aos 35 (tomara que não). Com o passar dos anos venho notando que a felicidade está dentro da gente e não em outra pessoa. Jamais, em hipótese alguma, devemos projetar a nossa felicidade em alguém que não sejamos nós mesmos, os outros são complementos. E se a pessoa morre? E se a pessoa casa com outra? E se isso e se aquilo? Ahhhh me perdoe o desabafo Silvana, mas coloca um pouquinho de amor próprio aí na sua vida, dedique-se a fazer o que vc gosta, sair com os amigos, se divertir, dançar, ver o pôr do Sol na praia ou até mesmo correr pelada pela casa, mas pelo amor de Deus amiga, não se auto destrua assim e muito menos espalhe por aí esse pensamento triste e deprimente, para que outras mulheres não o ouçam ou não o leiam e acabem por se auto destruindo tbm, tornando-se amarguradas, vazias, torturando-se e acreditando que depois dos 35 anos terão que ler para órfãos ou plantar sementes em canteiros áridos. Perdoe-me a revolta, mas canteiro árido é a mente de quem tem esse pensamento tão retrógrado.
MULHERES, VIVAM AS SUAS VIDAS DA FORMA MAIS FELIZ QUE PUDEREM, NA HORA CERTA VAI APARECER ALGUÉM, E ESSE ALGUÉM NÃO VAI SER SUA METADE, VAI APENAS TE TRANSBORDAR, PQ VC… AHHHH VC JÁ É INTEIRA MEU AMOR!!!