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Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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Estive na Carençolândia e lembrei de você

Por Xico Sá
02/04/14 02:04

 

crumb21A ilustração autobiográfica é do R. Crumb, muito mais do meu apreço, mas poderia ser também do gatinho azul Frajuto apertado à exaustão por Felícia, a carente-mor do desenho animado. Frajuto é o mascote e animal de estimação preferido da Carençolândia.

Estamos de novo nesta inevitável terra do quase sempre.

Não há neste mundo uma só criatura que aqui nunca esteve. É a dupla nacionalidade mais óbvia de qualquer vivente.

Você viu que citei a Carençolândia na crônica anterior, este lugar para onde sempre voltamos, e recebi dezenas de mensagens com pedidos para explicar melhor este país imaginário. Com o resgate de textos antigos, revistos e ampliados, deixo um breve guia sobre esta pátria de óculos escuros:

Bravas fêmeas expulsas do paraíso por um deus misógino fundaram um reino nada encantado. Deram a este pueblo o nome de Carençolândia.

Embora tenha sido criado pelas mulheres no tempo em que só existia o fogo e o verbo, foram os machos que se impuseram, muitos séculos depois,  como os mais legítimos cidadãos carençolandeses.

Cuidado, frágeis!, eles estão perdidos, sejam metrossexuais, übersexuais ou brechossexuais [aqueles que só usam roupas com encosto de brechó]. Fracos, não agüentam o tranco das mulheres mais destemidas. Arrotam macheza nos botecos, mas logo que põem as patas em casa uivam para a lua minguante e sonham com uma chuva de coleiras.

O macho carançolandês não passa meia hora separado, não vive sequer o luto amoroso da resoluta que aplicou-lhe um conga no meio da bunda – a padoca mole e farta que dantes já prescrevia o chute. Ele vai lá e agarra a primeira que passa, nem que seja um manequim de gesso, como ocorreu ao meu amigo Sizenando, o mesmo corno carente -ai de mim, Copacabana!- das crônicas de Rubem Braga.

Bem-vindos ao reino da Carençolândia, esse golfo inevitável da existência.

Sim, na Carençolândia ninguém vem a passeio e o turismo é proibido. A Carençolândia é uma espécie de Mali, de Níger, de Burkina Fasso, de Guiné Bissau, de Chade… d´alma.

A Carençolândia é o vale do Jequitinhonha metafísico que chia como catarro em nossos pulmões e tórax _diga 33!!!

Carençolândia não tem sequer feriado.Um programa populista e eleitoreiro de saúde pública agora trouxe Prozac, Lexotan, Frontal e zilhões de remédios tarjas pretas para este reino. Os compromidos foram postos em toda a rede de água de Carençolândia… Adicionados ao sal, ao açúcar… Mesmo assim não houve um sorriso sequer, nem mesmo do gato lisérgico de Alice.

A Carençolândia não é para os fofos ou amadores. Aqui o bicho pega. É a geografia total do desassossego, sempre banhado por um braço sentimental do rio Tejo e um afluente do Velho Chico.

A Carençolândia é também marcada por inexplicáveis crateras em todo seu território, aqueles buracos sem nome e sem placas de advertência. Quando menos damos fé, estamos dentro.

Estive na Carençolândia e lembrei de você. Que tal um dia irmos juntos?

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Comentários

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  5. Neysi comentou em 03/04/14 at 21:09

    Ai, Deus me livre. Fiz muitos anos de terapia e rasguei a passagem para esse lugar.
    Cada um se defende como pode, é?

    • Xico Sá comentou em 03/04/14 at 22:21

      Só assim. é a melhor forma de pedir exilio da Carençolandia. beijo

  6. THESS comentou em 03/04/14 at 13:18

    Procure no google: REENCARNAÇÃO CIBERCÉLULAS. Você se surpreenderá!
    Quando Julio Verne escreveu seus livros quem poderia imaginar que anos mais tarde a fantasia se tornaria realidade? Eduardo Thess está a frente de nosso tempo! Nos traz informações que por agora poucos assimilarão mas que num futuro bem mais próximo do que pensamos será lembrado (o autor e sua obra) como pioneiro no assunto.
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  7. Sergio Barros comentou em 02/04/14 at 14:40

    Antigamente nos meus tempos de ventura
    quando eu voltava do trabalho para o lar
    neste bar alguém gritava com ironia:
    “Entra mano, o fulano vai pagar”.
    Havia sempre alguém pagando um trago,
    pelo simples direito de falar
    havia sempre uma tragédia entre dois copos
    nas gargalhadas de um infeliz a soluçar.
    Eu sabia que era um estranho neste meio,
    um estrangeiro na fronteira deste bar,mas bebia ,outo pagava e eu partia
    para o mundo abençoado do meu lar.

    Hoje faço deste bar a sucursal
    do meu lar que atualmente não existe
    tenho minha história pra contar
    uma história que é igual, amarga e triste
    Sou apenas uma sombra que mergulha
    num oceano de bebida, o seu passado
    Falo parte desta estranha confraria
    do vermute, do conhaque e do traçado.
    Mas se passa pela rua um amigo
    em cuja porta a desgraça não bateu
    Grito; que entre neste bar, beba comigo
    Hoje quem paga sou eu.
    HERIVELTO MARTINS E DAVID NASSER.
    Carençolândia de macho é botequim

    • Sergio Barros comentou em 02/04/14 at 14:43

      Erro:”Faço parte, e não falo parte”

    • Djalma Toledo comentou em 02/04/14 at 21:47

      Canta Nelson Gonçalves

      • sergio barros comentou em 03/04/14 at 15:38

        Grande Nelsão, Djalma.Abs.

  8. Marília Lia comentou em 02/04/14 at 9:38

    “A Carençolândia é o vale do Jequitinhonha metafísico que chia como catarro em nossos pulmões e tórax _diga 33!!!”

    Melhor definição do planeta, Xico!!!
    <3

  9. Sergio Barros comentou em 02/04/14 at 8:25

    ..que o ar no copo ocupa o lugar do vinho
    que o vinho ocupa o lugar da dor,
    que a dor ocupa metade da verdade
    a verdadeira natureza interior.
    Uma metade cheia,uma metade vazia
    uma metade tristeza ,outra metade alegria,
    A magia da verdade inteira ,
    todo poderoso amor.
    É sempre bom lembrar
    que um copo vazio
    esta cheio de ar.
    Gilberto Gil COPO VAZIO
    Por isso sempre tentamos afogar as nossas carências nos bares da vida………

  10. Patricia Romanato comentou em 02/04/14 at 6:37

    Xico, fico imaginando a trilha sonora dessa terra. O hino do país então pode ser nada mais nada menos que “eu não sou cachorro não”, não acha?

    • Xico Sá comentou em 02/04/14 at 13:32

      só sei, Patrícia, que a Maysa tb toca muito nas rádios de Carençolândia. bjo

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