Folha de S.Paulo

Um jornal a serviço do Brasil

  • Assine a Folha
  • Atendimento
  • Versão Impressa
Seções
  • Opinião
  • Política
  • Mundo
  • Economia
  • Cotidiano
  • Esporte
  • Cultura
  • F5
  • Classificados
Últimas notícias
Busca
Publicidade

Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

Perfil completo

Besteirinha sobre o amor e W. H. Auden

Por Xico Sá
26/03/14 01:24

crumbandolim

Estava aqui a ler na rede, não tão tranquilamente assim, “Diz-me a verdade acerca do amor”, talvez o maior poema sobre o tema. Do cara: W. H. Auden, ediçãozinha portuguesa e bilíngue, da Relógio D´Água, uma das minhas editoras preferidas no mundo inteiro.

Eu gosto mesmo é quando Auden ironiza e pergunta se o amor é fofo como um edredon de penas. Também quando o poeta dá conta que viu o amor escrevinhado nas costas dos guias ferroviários.

Que gênio. É, amigo, os anglo-americanos também amam.

E do nada, do nada mesmo, sinapse de cool é rola, me vem uma narrativa das antigas, que havia escrito, dez anos atrás, depois de um sofrimento amoroso fodido -as minhas únicas propriedades privadas, velho Proudhom, são as minhas dores de amor, e como me orgulho de não carecer passá-las em cartório.

Nesse sentido, levei, levamos porradas.

Não é questão de ressentimento, é questão mesmo de orgulho das dores, o resto é meu riso fácil que mal carece de dentista ou manchas de nicotina.

Da vida nada se leva a não ser a ressaca das vodkas e dos amores mal-resolvidos.

Toda história de dor, meu amor, é em primeira pessoa. Blow-up. Quando dei fé, cão vadio, aos teus pés lá embaixo estava, mulher-abismo.

Enfiei-me entre os dedos lambi como um lazarento… pulgas passionais ainda tentaram me avisar, epa!, durante a queda, em vão. Uma mulher muito grande, alma desenhada por R. Crumb. Pulgas mais avexadas, sado-camonianas, escreveram no meu couro, em caligrafia-coceira, “o amor é fogo que arde e não se sente”, ah, se eu pego esse Camões caolho eu furo o outro.

Lambi os dedinhos, um a um, queria que você visse o desassossego desse pobre cardisplicente sob a forte chuva de granizo.

Não há guarda-chuvas para o amor, Catherine. Nem mesmo quando se tem 20 anos. Não há diamantes que comprem uma alma perra, Catherine, não há barcos, salva-vidas, só perdição e enchentes. Não à-toa os sofás bóiam nos aguaceiros. Sofás dormidos por homens que erraram, homens que já partiram.

“As mulheres são todas diferentes. Quando se perde um homem, há outro igual ao virar da esquina. Quando se perde uma mulher, é uma vida”.

Desde o dia em que cai aos teus pés não sabia se estava a ganhá-la ou perdê-la. O AMOR É FODIDO, livro do amigo cronista ultramarinho Miguel Esteves Cardoso, me ensina coisas. Ao contrário das pulgas sado-camonianas, este gajo, certa noite das antigas, na cidade de São Paulo, boate Love Story, dizia que as lágrimas das raparigas são coquetéis sem álcool.

Dizer “não chores” funciona sempre, porque só mencionar o verbo “chorar” emociona-as e liberta-as, dando-lhes carta branca para chorar ainda mais. As raparigas, depois de chorar, soprou-me o gajo, lirismo-Morrisey, ficam com vontade de fazer amor.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor
  • Comentários
  • Facebook

Comentários

  1. Luiza comentou em 27/03/14 at 22:33

    Essa coisa de dar vontade nas mulhé de coisar depois do chororô é pura verdade. Ni mim dá!

  2. Louis Vuitton Speedy comentou em 26/03/14 at 22:04

    Dentro de las posibilidades súper eficiente enteros enteros louis vuitton minorista son enormes,Hermes Belts, las computadoras de escritorio y computadoras personales, además, están llegando a ser el componente exacto inseparable de la vida de uno para el logro causados ​​fuera de cualquier programa de la economía importante. Por otra parte, las cuestiones relacionadas con las otras computadoras portátiles tienen decidido con un resultado de multiplicar el ni

  3. juan atalla comentou em 26/03/14 at 21:13

    http://www.youtube.com/watch?v=HRItTxPG8L4

    Se ela me deixou a dor , é minha só , não é de mais ninguém , aos outros eu devolvo a dó , eu tenho a minha dor …….

    A musica chama-se De mais ninguém ……

  4. Gustavo PPP comentou em 26/03/14 at 16:30

    Xico, meu velho, você vem para o Festival da Mantiqueira esse ano? Abrazo

    http://papo-petisco-pinga.blogspot.com.br/2014/03/cafe-roma.html

  5. Luix comentou em 26/03/14 at 16:18

    Xico, que inspiração………”pulgas sado-camonianas”, filosofou prá carái sobre a existência humana…..
    És, sem dúvidas, o sucessor do Cony, felizmente ainda jovem. Com certeza és o “cronista” do dia a dia mais talentoso dos últimos 50 anos. Parabéns!!!.

    • Xico Sá comentou em 27/03/14 at 14:03

      q exagero, amigo. mas fico muito feliz com a sua leitura.abs

  6. Adnan Morais comentou em 26/03/14 at 13:39

    Ah, meu amado! Meu café com leite de todas as manhãs.Minha pausa preguiçosa para retomar os trabalhos numa tarde cansativa.Minha dose de Absolut na alta madugada… Como amo “ler-te” a qualque hora! E como não te amar, Xico Sá? Não te amar seria ouvir Serge Gainsburg cantar Je t’aime moi no plus e não querer dançar com você! Obrigada , Xico, por essas coisas lindas que escreves e que despertas em nós. Um beijo! Adnan Morais.

    • Xico Sá comentou em 27/03/14 at 14:04

      q felicidade para um cronista a tua mensagem. isso q me anima.beijo

  7. May comentou em 26/03/14 at 12:19

    Xico me dê os cabimento criatura!

  8. May comentou em 26/03/14 at 11:04

    Ainda me perguntam porque sou apaixonada por você! Com certeza não devem lê isso aqui!

    Acredito que ainda existam homens diferentes, como você, meu Don Juan do Crato!

  9. Patricia Hanna comentou em 26/03/14 at 9:53

    Era, exatamente, o que eu necessitava ler hoje sobre o amor! Bravíssimas suas palavras!!!! bjs

    • Djalma Toledo comentou em 27/03/14 at 13:33

      Eu! rsrs

  10. sergio barros comentou em 26/03/14 at 9:52

    O amor é um falso brilhante
    no dedo da debutante
    O amor é um disparate
    na mala do mascate
    macacos tocam tambor.
    O amor é um mascarado
    a pata da fera na cara do domador
    O amor sempre foi o causador
    da queda da trapezista
    pelo motociclista do globo da morte
    o amor é de morte.
    Faz a odalisca atear fogo as vestes
    e o dominó beber agua-raz
    o amor é demais
    Me fez pintar os cabelos,
    me fez dobrar os joelhos
    me fez tirar coelhos
    da cartola surrada da esperança
    o amor é uma criança.
    E mesmo diante da hora fatal
    o amor me dará forças
    pro grito de carnaval,
    pro canto do cisne,
    pra gargalhada final.
    FALSO BRILHANTE BOSCO E BLANC.

  11. Fabio comentou em 26/03/14 at 7:56

    Xico, vi na internet a nova foto da Anita ou a foto da Anita nova. Parecendo uma boneca de cera sem demonstrar nenhum sentimento ou ressentimento. Ainda disse que agora ela não tem mais defeitos. Me perguntei, sera uma mulher sem defeitos um bom par para um homem sem qualidades?

    • Xico Sá comentou em 26/03/14 at 11:42

      rapaz, q loucura da moça. e ainda mais essa frase dos defeitos. avimaria. sintoma total dos nossos tempos.abrazo

Publicidade
Publicidade
  • RSSAssinar o Feed do blog
  • Emailxicosa@uol.com.br
  • FacebookFacebook
  • Twitter@xicosa

Buscar

Busca

Blogs da Folha

  • Recent posts Xico Sá
  1. 1

    O partido dos corações partidos

  2. 2

    A arte da cantada permanente

  3. 3

    O tal do amor aberto dá certo?

  4. 4

    E Abelardo da Hora recriou a mulher

  5. 5

    Como eleição mexe com amor e sexo

SEE PREVIOUS POSTS

Arquivo

  • ARQUIVO DE 20/03/2011 a 11/02/2012

Sites relacionados

  • UOL - O melhor conteúdo
  • BOL - E-mail grátis
Publicidade
Publicidade
Publicidade
  • Folha de S.Paulo
    • Folha de S.Paulo
    • Opinião
    • Assine a Folha
    • Atendimento
    • Versão Impressa
    • Política
    • Mundo
    • Economia
    • Painel do Leitor
    • Cotidiano
    • Esporte
    • Ciência
    • Saúde
    • Cultura
    • Tec
    • F5
    • + Seções
    • Especiais
    • TV Folha
    • Classificados
    • Redes Sociais
Acesso o aplicativo para tablets e smartphones

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).