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Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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Em busca do macho perdido

Por Xico Sá
13/03/14 16:03

spaghetti_western_39-300x215

Em uma reação bem-humorada à onda metrossexual que assola a humanidade, vi agora na tevê, no intervalo de um programa esportivo, uma propaganda de um desodorante para o homem-homem.

Você provavelmente já deve ter visto também a essa altura.

O cara manda a porrada no coqueiro e cata um coco para agradar a dama. E haja cenas épicas do gênero, como acender uma vela de um jantar romântico, com um lança-chamas. Tudo para fazer derreter a mocinha como em um filme do velho Oeste.

Aí vem a assinatura, em uma voz que pulveriza testosterona na sala: o desodorante do cabra-macho!

Não chega a anunciar uma nova terra prometida pelos caubóis de Marlboro, mas é um comercial ousadíssimo para tempos exageradamente corretos. E com um humor, a partir dos cliclezões da macheza perdida, que você não encontra mais na publicidade apenas engraçadinha e adolescente de hoje -olha a nostalgia aí, gente!

Óbvio que eu preferia o gaúcho de Alegrete Paulo César Pereio ou, no mínimo, o Zé Mayer, mineiro de  Jaguaraçu, no papel que coube ao Malvino Salvador, com todo respeito ao moço, óbvio.

O reclame me fez recordar os usos e costumes do macho-jurubeba, essa versão ainda mais original, o macho roots, o macho de raiz. O termo nasceu mais precisamente no sítio das Cobras, na zona rural de Santana do Cariri, onde este cronista entre bravos se criou.

Revisitemos, pois, a capanga do macho-jurubeba, que já foi tema deste blog e agora relembramos para as novas e desavisadas gerações:

Era um sujeito vaidoso sim, mas sem frescuras. Não confunda.

Na capanga do macho-jurubeba, encontramos um espelhinho oval com o escudo do seu time ou uma diva em trajes sumários, um pente nas marcas Flamengo ou Carioca, um corta-unhas Trim ou Unhex, um tubo de brilhantina no caso dos cabeleiras, um frasco de leite de colônia faz vezes de desodorante.

Vemos também, no fundo do embornal, uma latinha de Minâncora e outra de banha de peixe-boi da Amazônia em caso de eventuais ferimentos, calos ou cabruncos.

Em viagens mais longas, barbeador, gillette, pedra-hume –o seu pós-barba naturalíssimo, nada melhor para refrescar a pele e fechar os poros.

Alguns pré-modernos e distintos se antecipavam aos novos tempos usando também Aqua Velva, a loção para o rosto utilizada pelos “homens de maior distinção em todo o mundo”.

Vemos também, no kit macho, emplasto poroso Sabiá, pedras de isqueiro com a marca Colibri e um item atual até nossos dias, o polvilho antisséptico, afinal de contas a praga do chulé é atemporal e indisfarçável.

O lenço de pano nem se comenta, não podia faltar nunca.

Era o máximo permitido.

Hoje, você sabe como é, o cara anda por ai com a nécessaire estourando o zíper de tanto creminho.

Outro dia uma amiga de SP foi obrigada a dar uma dura no namorado:

“Ah, não, bancada de creme maior do que a minha na-na-ni-não, a bancada dele parecia a da Adriane Galisteu que vi na “Quem”, uns dois quilômetros de metrossexualismo explícito”.

E rolou a maior D.R., a mitológica discussão de relacionamento, da história do bairro das Perdizes e arredores. O amor não resistiu à guerra dos potinhos.

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Comentários

  1. sergio barros comentou em 14/03/14 at 17:49

    Clássico dos dias de hoje é ver o redação Sportv, o melhor programa de esporte da televisão brasileira com o André Rizek e otimos convidados. Para todo macho inteligente….

  2. Fabio comentou em 14/03/14 at 14:10

    Quando vi a propaganda pensei nos seus textos.

    Hj em dia é uma batalha não ser um adolescente de 30 anos, é muita cobrança!
    Ah, e viva o palheiro Goianinho, Mutuca e afins!

  3. Renato Ferraz comentou em 14/03/14 at 11:23

    Xico:
    a) recentemente vi um colega falar para outro, aqui na repartição: “Vamos comer um crepe?”
    b) tenho um conterrâneo, lá em Triunfo, Pernambuco, que usa dois sabonetes: um para a parte da frente, outro para a parte de trás… Sei lá, deve ser para evitar algum “contágio”…
    abs

    • Xico Sá comentou em 14/03/14 at 15:56

      Imagina um chamado desse la em Triunfo,hein? abs

  4. Afonso comentou em 14/03/14 at 11:10

    Putz! Ainda uso o cortador Trim… e por costume não saio sem lenço… aff, acho que sou das antigas mesmo… Lembro que ficava fascinado quando criança ao ver meu velho fazer a barba, tinha um estojo (de lata mesmo, mas original) onde trazia um aparelho de barbear que acomodava a lâmina Gillete (que vinha embrulhada num papel vegetal, acho), tinha tbém um pincel e um outro recipiente de lata para espumar… o velho usava um creme pros cabelos, acho que de nome Trin tbém… bom lembrar… nossas heranças, na verdade. Abraços.

    • Xico Sá comentou em 14/03/14 at 15:58

      Afonso, a imagem do pai fazendo a barba com pincelzinho na espuma e navalha, a gente ainda pirralho, é inesquecível. abs

  5. Juliano comentou em 14/03/14 at 10:21

    Me lembrei de um personagem do Jô Soares, aquele “tem pai que é cego”, que dizia que sua FILHA tinha no banheiro apenas um sabão de coco e uma gilette… Era uma garota “simples” rsrsrsr.

  6. nivia vieira comentou em 14/03/14 at 10:16

    Empolguei tanto com a femea jurubeba que já vou te mandando alguns usos e costumes dela: no cabelo, rodar uma touca com meia fina e depois jogar laquê. Isto se ela não usasse peruca Kanekalon!

    Regulador Xavier: para excesso ou escassez. Modess. “Pumada” Minancora. Rugol. Bronzeador Tan o Tom. Seiva de Alfazema !!!

    • Xico Sá comentou em 14/03/14 at 15:58

      Rugol é o clássico dos clássicos femininos. beijo

  7. kabus comentou em 14/03/14 at 9:27

    acho que posso enquadrar meu marido na categoria de macho roots. a descrição do conteúdo da capanga confere. ainda bem!!!!

  8. Davi Viana comentou em 14/03/14 at 9:23

    E aí você imagina o quão mais complicado é o saudosismo do macho perdido quando vc é homossexual.

    • Xico Sá comentou em 14/03/14 at 15:59

      a peleja é maior ainda, nao é, amigo? abraço

  9. nivia vieira comentou em 14/03/14 at 9:04

    Ou melhor,

    a femea jurubeba!!! Se quiser eu te ajudo, porque sou uma delas.

  10. nivia vieira comentou em 14/03/14 at 8:59

    Xico

    Agora, você tá obrigado a revisitar a mulher jurubeba.

  11. osvaldo l.ramos comentou em 14/03/14 at 8:19

    Xico,ate que enfim um texto para MACHO MACHO,meu saco ja esta estourado,com o tal “politicamente correto”
    que no fundo no fundo ,e disfarce de frutinhas…..

  12. sergio barros comentou em 14/03/14 at 8:18

    Cheiro de macho é chulé e cecê…..

  13. Elaine Peixoto comentou em 14/03/14 at 8:12

    Viva o macho jurubeba, aquele que sabe o que fazer muito bem com um belo cabelo comprido, e nada de me chamar de anjo!!!!! Abs, meu crônista preferido!!!!

  14. Marcio comentou em 14/03/14 at 0:15

    Meu sonho é encontrar uma que goste de macho.

  15. Eduardo comentou em 13/03/14 at 22:52

    Li o texto fumando um Arizona que acendi com um isqueiro de pedra Colibri.

    • Xico Sá comentou em 13/03/14 at 23:59

      Hahaha. ai sim é uma paulada no metrossexualismo.abs

  16. Alex Sander Sena Péres comentou em 13/03/14 at 22:31

    E fazer a barba só com navalha… A minha, por sinal, presente do meu pai!!!

    • Xico Sá comentou em 14/03/14 at 0:00

      outro clássico! abs

  17. Mirela Silveira comentou em 13/03/14 at 22:15

    Meu sonho é namorar um cara que use capanga… vc tem uma Xico?

    • Xico Sá comentou em 14/03/14 at 0:00

      posso providenciar, Mirela(rs)beijos

  18. Mirela Silveira comentou em 13/03/14 at 22:11

    Um dia namorei com um macho jurubeba que cheirava a leite de colônia… Hum, era bom…

  19. Daniel comentou em 13/03/14 at 21:43

    Usuário de quase todos os produtos desta capanga…. Me faz lembrar dos bons tempos no sertão perdido das Minas Gerais….

    • Luis Carlos de Oliveira comentou em 14/03/14 at 9:26

      Pois é, pois é.. Pensar que na minha querida Uberaba aos 80 anos os fortes pintam os cabelos. Mais preto que o cabelo de Lobão -ministro- Abraço

  20. Danusa Gregoruci comentou em 13/03/14 at 20:56

    Sou a favor do macho jurubeba, esse delícia do meu noivo Cesar o que cuida da higiene e aparência, sem ter potinhos de cremes, ir ao salão… Homem homem
    Somos muito seus fãs Xico, volta pro Cartão abraços mil

  21. manoel nunes neto comentou em 13/03/14 at 20:48

    Eu creio que faltou um acessório muito usado. O relógio cebola que encaixava no bolso menor da calça pela frente, preso no bolso detrás por uma corrente.

    • Xico Sá comentou em 14/03/14 at 0:01

      faltou mesmo. aqueles Orients imperavam.abs

  22. Guilherme Fidelis comentou em 13/03/14 at 19:52

    gênio!

  23. Camila comentou em 13/03/14 at 19:45

    Xico
    Você é simplesmente GENIAL!!!!!!

  24. Neysi comentou em 13/03/14 at 19:29

    Macho Jurubeba era meu avô que esmagava quatro pimentas malaguetas no prato antes de colocar o feijão. Era também um grande cearense. O cavalo dele era treinado: parava em todo barraca que vendia cachaça ao longo do caminho Sítio Barro Branco- Juazeiro.

    • Xico Sá comentou em 14/03/14 at 0:03

      eita, parece q temos o mesmo avô,hein? O meu, Manuel Novais, pernambucano habitante do Cariri, deixava o prato todo vermelho de malagueta e jogava o feijao por cima. beijo

  25. Psico comentou em 13/03/14 at 19:11

    Foda mesmo é você, infelizmente, presenciar um cara perguntar pro brother dele, no balcão do buteco que você tá, “quantas calorias será que aquele torresmo ali tem?”

    Desgostoso.

    • Xico Sá comentou em 14/03/14 at 0:03

      nossa Senhora,q desgosto,hein? é o fim do mundo.abrazo

  26. Alfredo Rossetti comentou em 13/03/14 at 18:55

    Pergunta importante cronista caro: seria Glostora a brilhantina? Valeu.

    • Xico Sá comentou em 14/03/14 at 0:04

      rapaz, só podia ser.marca clássica.abs

  27. Mauricio comentou em 13/03/14 at 18:49

    Parabéns pelo texto.

  28. Almy Araujo comentou em 13/03/14 at 18:34

    Caro Poeta do Crato: assisti a este comercial e lembrei-me de você. Metrossexualismo, transgêneros, adolescentes de 30anos…, tempos difíceis, não?

    • Xico Sá comentou em 14/03/14 at 0:04

      tá feia a coisa,amigo.abração

  29. Almy Araujo comentou em 13/03/14 at 18:32

    Caramba!Assisti a este comercial, me lembrei de você imediatamente, ó, poeta do Cariri… Adolescentes de 30 anos, metrossexuais quase homos, transgêneros,tempos difíceis para o sexo oposto, não?

  30. Arthur comentou em 13/03/14 at 17:12

    Li esse texto cortando as unhas com cortador Trim.

    • Xico Sá comentou em 13/03/14 at 17:59

      clássico! abs

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