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Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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Quando o desejo adianta o seu lado

Por xicosa
17/11/13 02:14

Falas da respiração que faz eco nas telhas –mesmo sem tê-las no teto da tua casa-, que me deixes inventar meu amor a partir das tuas pistas, é assim que penso nosso faroeste, uma floresta perdida à Laura Palmer, não podes dar sinal de vida, silêncio, um grito na noite guardado para depois, o teu desejo à prova de trancas e dobradiças caminha na margem esquerda da via Dutra, o meu daqui também parte, faz de conta que não somos nós, diz pra si mesma que volta logo, que foi comprar bebida na esquina,  o teu desejo parte e o meu já vai longe, o desejo, babe,é aquela parte do juízo que promete, sempre ao Lou Reed, fazer uma loucura, uma confusão bem grande, é aquela nossa versão não-dormida que vaga descalça fazendo a sonâmbula para tirar proveito das proibições do mundo.

Meu desejo de viejo hombre conversa com Neil Young no redemoinho do primeiro pedágio, ali na Viúva Graça, Seropédica, o homem do rock diz algo como “Live alone in a paradise/ That makes me think of two”, só sei que é algo bonito, intraduzível à maneira que sigo viagem, só não sei neste exato momento onde o teu desejo vem, chegou a Aparecida, Canas, Cachoeira, Lavrinhas, Queluz?

Há um desejo que anda mais depressa que o outro, botas sete léguas do amor que pede água, essas coisas? Sem essa de perguntas, seu velho babaca, o desejo simplesmente anda e a saudade, mesmo do que ainda não vivido, é o genérico do Viagra. O desejo pede carona a outros desejos clandestinos que vagam pelo mundo. Vai de boleia ou de teletransporte. O desejo reencarna em tesões avulsos que morreram de véspera por falta de estrada ou coragem no tanque.

Meu desejo me diz aqui entre nós: se trabalhasse no cinema seria aquela cena do Sam Sheppard laçando a jukebox por causa da Kim Basinger, meu desejo é um tolo, já percebeste?, às vezes, nessa de vontade que caminha com as próprias pernas,  é atropelado por redundantes caminhões-cegonhas.

Inimputável, o desejo, seja o meu ou o teu, às vezes se joga, todo e qualquer desejo tem passagem livre, com telhas ou ao relento, é como cachorro que entra na igreja para conversar com uma destelhada ideia perdida de Deus.

Posso estar enganado, mas teu desejo se aproxima, sinto pelo cheiro dos teus dedos. Estou, digo, meu desejo se encontra no meio do caminho da via Dutra, o meu havia chegado bem antes, estava só dando um tempo, disfarçando a arte zen de consertar motocicletas no posto de gasolina, o meu desejo, que já é um atrapalho, achava que não pegaria bem atropelar o seu próprio dono. (Continua). Continua?

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Comentários

  1. Carol comentou em 18/11/13 at 8:48

    Só existe um da sua espécie, Xico? hahaha.
    Se nesse mundo, houvesse mais homens que escrevem como voce….. Que lindeza. <3

  2. Carmen Lúcia comentou em 17/11/13 at 15:23

    Continua, ha um desejo….

  3. sergio barros comentou em 17/11/13 at 15:21

    O grande poeta do rock foi Bob Dylan.Perto dele Lou Reed foi um merda.

    • xicosa comentou em 17/11/13 at 16:12

      Concordo com a parte do bob dylan, mas dai qualificar o outro cabra assim… abrazo

      • sergio barros comentou em 17/11/13 at 20:28

        Caro Xico.Talvez usei um termo forte em relação ao Lou e respeito quem gosta dele.Fiquei meio na bronca quando ele declarou detestar o pessoal de LA ,que são simplesmente Jerry Garcia,Jim Morrison,Frank Zappa, Mamas and Papas,Crosby,Stills,Nash and Young,entre outros,que considero artistas geniais.Aquela turma do Andy Wharol de NY era meio esnobe,mesmo.

        • xicosa comentou em 18/11/13 at 1:46

          entendi,amigo,é rock´n´roll. abrazooo viejo

  4. rita comentou em 17/11/13 at 13:49

    continua e aproveita e me liga qd der q eu quero te falar pra NAO pegar a gal hj bjo

    • xicosa comentou em 17/11/13 at 14:46

      hahaha.temporal no rio.vou trabalhar lá no fim do mundo. te ligo dja.beijo

      • rita comentou em 17/11/13 at 23:55

        o fim do mundo é aqui amor meu. ai é o começo.

  5. sergio barros comentou em 17/11/13 at 13:20

    Lembro do Neil Young cantando”Down by the river”com Crosby,Stills e Nash num penhasco ,lá na Califórnia.A plateia em volta da piscina,totalmente chapada e os músicos mais ainda.Muioto manero.

  6. sergio barros comentou em 17/11/13 at 12:55

    Baby,minha vida é uma grande farsa
    e bem ou mal eu vou
    representando ,meu papel
    Vivo,por aí fazendo graça
    e toda esta cidade
    é o meu quarto de hotel

    E não adianta,nem você tentar
    que eu não mudo o meu rosto(gosto)
    A nossa enorme diferença
    é que eu vivo em um mundo oposto.

    Sigo por aí e a vida passa
    errando por caminhos
    bem distantes do teu céu….

  7. savia ferraz comentou em 17/11/13 at 7:08

    Continua Xico,..nas noites mal dormidas,entre um ou outro vento mais forte que entra pela janela,bate entre as minhas pernas lembrando que ainda continuo virgem como se não conhecesse de perto o que o teu desejo promete,escrevendo para esquecer o desejar…
    Essa foi uma das melhores que vc já publicou…Voce é a minha fonte….bjsss LINDÂO!

  8. silvana farinatti comentou em 17/11/13 at 2:56

    Xico Sá coisa marr linda! Estes obscuros objetos dos desejos, a saudade do que nunca foi ou será, os nunca mais nuca, desejo de estar, de permanecer e congelar ali… na vida de uma mulher sempre há um velho lobo, um homem que deixa este gosto, esta vontade do sempre estar apesar do nunca… ali, nos sonhos o nunca não existe!

  9. fabianabpereira@gmail.com comentou em 17/11/13 at 2:55

    “é como cachorro que entra na igreja para conversar com uma destelhada ideia perdida”

    o meu daqui também parte, faz de conta que não somos nós, diz pra si mesma que volta logo, que foi comprar bebida na esquina, o teu desejo parte e o meu já vai longe, o desejo, babe,é aquela parte do juízo que promete, sempre ao Lou Reed, fazer uma loucura, uma confusão bem grande, é aquela nossa versão não-dormida que vaga descalça fazendo a sonâmbula para tirar proveito das proibições do mundo.

    taking a walk com
    Lou Reed…

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