A escolha de Lídia Brondi
01/11/13 02:10Eu amo Lídia Brondi. Sempre foi musa de tantos enovelados jantares no Crato e no Recife. Educação sentimental televisiva na hora em que estamos comendo, na mais familiar das mesas, é sentimento para sempre.
Eu amo Lídia Brondi e comigo uma legião sem fim pelos Brasis rurais e universais. Amo a nacionalíssima beleza de Lídia Brondi, suburbanos corações ainda sem a indecente correção da ortodontia dominante.
Assim como o poeta Vinícius de Moraes, na sua receita de mulher, admirava uma hipótese de barriguinha, eu amo uma hipótese de dentucismo. Infelizmente acabaram com as dentucinhas.
Maldita ortodontia!
Sem falar que deve ter sido a mais linda falsa-magra da história da tv brasileira de todos os tempos. Até hoje. Não é só quando esteve no ar não. Não mesmo, meu jovem.
Lídia Brondi é uma das atrizes que mais admiro, digo, amo. Agora vem no rolo sem fim do projetor do inconsciente o filme “O Beijo no Asfalto” (1981), de Bruno Barreto. Lídia fazia a Dália. Difícil uma atriz brasileira ter sido tão rodriguiana como ela. Menina-mulher, sagrada-profana, tesão-devoção, nada chegou mais próximo, em carne e osso, da escrita de Nelson Rodrigues.
Eu amo Lídia Brondi e acho genial que ela, depois de tantos filmes e tantas novelas exemplares, tenha optado, ainda nos anos 1990, por outro caminho. Foi estudar psicologia e hoje atende em uma clínica na zona norte de São Paulo.
Sábia decisão questionada há séculos pela mídia fofoqueira da Candinha, como aconteceu de novo esta semana.
Dizem que La Brondi fez opção pelo anonimato (rs). Fez opção por continuar sendo gente de outra maneira, ora pois. Alias que belo exercício de liberdade. Que saco manter o mesmo enredo de vida para sempre!
Eu passei a amar ainda mais Lídia Brondi inclusive por essa decisão acertadíssima. Deve ter vivido algum conflito, como é natural do jogo dramático da existência, de se retirar da cena óbvia do mundinho artístico.
Conseguiu, porém, com muita decência, mudar de rumo profissional e se inscrever em uma certa normalidade, uma atuação longe dos holofotes e, quem sabe, bem mais perto dela mesma.
Sim, agora me lambuzei todinho na maçã caramelada do piegas, confesso. Como curto esse momento lindo. Só no piegas está o mínimo das sinceridades. Perdão, mas isso é coisa de quem conta com o álibi de Fernando Pessoa para desafinar no fado e nas cartas de amor -afinal de contas todas as amorosas missivas são ridículas, cá ouvimos o lema do gajo, Tejo ao longe.
Eu e a torcida do Flamengo amamos a Lídia Brondi. Eu e a torcida do Corinthians. Eu e a torcida do Icasa de Juazeiro amamos a Lídia Brondi.
Optou pelo anonimato uma pitomba.
Simplesmente escolheu outro canto, outro jeito, são tantas maneiras de viver a vida, minhas crianças.
La Brondi, inesquecível Verinha de “Dancin’ Days“, sabe, mais do que ninguém, que isto aqui, aiá, isto aqui, ioiô, é apenas um baile no qual todo mundo dança no começo, meio e fim -e a minha cuca ruim, como me sopra agora o amigo Otto.
Mais uma, Orquestra Imperial, play again DJ Dolores, mais uma Jr. Black, digo, meu querido Barry White, manda aquela, a clássica, em louvor da Lídia Brondi, a faixa “Love Making Music”, uma das melhores canções para fazer amor de todos os tempos. Acendo o king size sem filtro e até a próxima.
E eu vou me repetir tb: cadê os cambotinhas?
A Ana Paula Arósio está passando pela mesma patrulha, sempre assediada para voltar à TV. Não se pode escolher pelo anonimato? Não se pode, simplesmente, parar de escrever, como Raduan Nassar assim fez? Quero ser consultado pela Lidia Brondi, ela deve continuar bela como na época da televisão. rs