Cumprimento entre mulheres. Verdadeiro ou falso?
22/10/13 00:15
De cara, vos digo: essa indagação do título é muito pobre. Não é bem isso que importa. Vale pelo bafo da crônica de costumes.
“Amigaaaaaaaaaaaaaa!!!”
Engraçado a forma como as mulheres se cumprimentam hoje em dia. Sendo amiga, colega ou simplesmente conhecida, é aquele confete:
“Ma-ra-vi-lho-sa!”, diz uma.
“ Magra!”, responde a outra.
“Nãoooo! Para tudo!”, prossegue.
“Gêniaaaaa”, emenda.
É como se a vida se passasse nos salões do Grande Gatsby (foto), o livraço, o filme, o espírito da coisa.
E por ai, verdadeiro ou falso, segue o samba-exaltação cheio de detalhes, com elogios anatômicos, elogios à roupa, aos acessórios, ao trabalho da outra etc etc.
É um tal de “arrasa” pra cá, “arrasa” pra lá, “tá meu bem” etc etc.
Noite dessas, na companhia da amiga Manuela Dias, que me chamou atenção para o frufru dos cumprimentos, me diverti deveras. Era uma festa moderna, de cinema, uma festa imodesta, por supuesto. Então já viu, né, bas-fond sem fim, além da conta, rasgação javanesa com certeza.
É fácil entender que o novo código do cumprimento feminino tem muito do repertório gay. Muita influência mesmo.
E não é uma coisa apenas dos artistas da tv e do cinema, embora eles carreguem nas tintas. É geral. Nas ruas observo os mesmos encontros esbaforidamente malucos.
Dá pra saber quando é falso e quando é verdadeiro? Não consigo nem chegar perto de tal julgamento, sou mui lesado para tal fiscalização da natureza humana.
Você, amiga leitora, saca?
Ou a graça seria mesmo embutir um tanto de ironia e falsidade mesmo?
No cumprimento dos homens é fácil demais decifrar a parada: ora, quanto mais estúpido, mais carinhoso. O pior é que é isso. Quanto mais amigo, mais adotamos um jeito tosco de lidar com as palavras.
Muito engraçado como os homens se cumprimentam. Um dos costumes imutáveis da natureza do macho. Seja em inglês, paulistês, carioquês, nordestinês, mineirês ou na língua dos esquimós. É de uma delicadeza de fazer corar o Charles Bronson.
Já tratamos aqui deste mesmíssimo tema. Hora oportuna para relembrar.
No “Gran Torino”, filmaço, Clint Eastwood -diretor e ator principal- dá uma aula ao seu pequeno pupilo sobre as saudações iniciais nos encontros dos cavalheiros. De morrer de rir.
Falo da cena da barbearia, que não é capital no enredo mas injeta uma cápsula de testosterona no filme digna dos grandes faroestes. O durão Walt Kowalski (Clint), veterano da guerra da Coréia, mostra para o adolescente como adentrar o recinto e cumprimentar o barbeiro.
“Seu italiano ladrão de merda” é o mais agradável dos tratamentos que se ouve na pedagogia do velho. O sr. Walt treina o guri, que entra e sai no estabelecimento, repetindo a lição. O barbeiro responde à altura. “Seu china miserável eu acabou com a sua raça”. Uma onda.
Assim é no dia-a-dia, encontramos um chapa, amigão mesmo, e detonamos.
Temos várias formas de esculhambá-lo carinhosamente: pelo seu lugar de origem, pelo seu time do peito, pela sexualidade, pelo chifre, tamanho da pança, pela donzelice propriamente dita -caso dos queijudos, criaturas que têm dificuldades imensas no acesso às mulheres.
Tudo é motivo para a gozação, o chiste, a pilhéria, a gréia, a fuleiragem social clube propriamente dita. É, macho, a gente não cresce nunca nesse aspecto.
Entre as mulheres é essa cascata de elogios, como vemos. Quantas cataratas de superlativos. Magérrimas, poderosérrimas…
Verdadeiras Niágaras ou falsas Sete Quedas? Só vocês serão capazes de decifrar esse enigma para este pobre cronista.
Falso ou verdadeiro, isso não importa…para essa parcela de meninocas que chamam umas às outras de Amigaaaaaaaaa! (odeio isso!) entre outros ” chamamentos” tão patéticos quanto, só lhe digo uma coisa meu caro Xico: Realmente não tente decifrar este enigma, porque este não há e sim apenas um oco!
Bom, vou resumir a relação destas mulheres com suas amigas:
Gatos fazem “miau”
Cachorros fazem “auau”
Cobras fazem “oi amiga!”, sobretudo aquelas com o perfil descrito por você em sua crônica. Mulheres normais se cumprimentam de forma totalmente normal.
Seu “Manual de Instrução” sempre tocando nos nossos pontos fracos! Fazer o quê, caro Xico, é entrar na onda ou ganhar pecha de antipática.
Tanto a amizade feminina quanto a masculina, são falsas…
Feminina: a mulher chama outra de “linda”, sendo que a maioria das vezes, a outra é um canhão… e quando a outra de fato é “linda”, ela está a invejando.
Masculina: dura até quando um começa a namorar ou quando tem uma “bonitinha” em disputa / jogo.
A única amizade em que eu acreditava era entre o gay e a mulher, mas infelizmente, também é falsa, pois os gays sempre são amigos de mulheres no mínimo mais ou menos de aparência. Eu nunca vi gay sendo amigo de mulher feia ou lésbica.
Simplesmente maravilhoso, não só o texto quanto você, pega mesmo o fio da meada, amigaaaaaaaaa, quantas vezes eu fui apunhalada pelas costas, por várias, que um dia me chamaram de amigaaaaaaaa, creio que quem perdeu foram elas, e eu na minha modéstia……….Vou seguindo em frente distribuindo beijos e abraços! Se forem falsos me desculpem, pois os meus são verdadeiros!! Bjs Xico!
Como mulher há algum tempo já vinha pensando sobre esses exageros no tratamento, qualquer foto no Facebook induz ao comentário: “Linda!” ( eu mesma já o fiz..rs) e soa muito falso mesmo, é muita hipérbole, rs, faço das suas palavras as minhas. Agora, uma pergunta: Em qual planeta eu vivia que ainda não conhecia seu blog? Aproveitando o tema do texto: AMEIIIIIII! (rssss) Abraços
Seja bem-vinda Érika, q bom q vc chegou ate aqui. beijos