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Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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Senhor, livrai-me das tentações, mas não hoje

Por xicosa
06/10/13 00:04

Recordo a casa com varanda, minha mãe lá dentro dela… O Roberto mais freudiano, faixa “O divã” na vitrola.

Cantei muito esta, indagorinha, na companhia dos amigos bons de São Luís, lá na madruga do Chico Discos,  um bar-sebo, preciosidades na bagaceira das prateleiras e mulheres com o feitiço da misteriosa serpente que vive sob as pedras históricas da lenda-mor da Ilha.

Meu corpo cansado e eu mais velho/ Meu sorriso sem graça chorou/ Ah, como eu amei! Agora já estamos com o Benito de Paula, gênio do piano, pianinho, pois viver é maciota, só o vento sabe a resposta, já dizia um best-seller das antigas.

Viver eu sei lá que diabo é isso. Viver é um frege, um frevo em New Orleans, Bitches Brew, de Miles Davis, pela Orquestra Contemporânea de Olinda. É só um risco no disco, meu amor proibido em 78 rotações por minuto.

Agora mudando de pau para cacete. Hoje é meu aniversário, por isso que estou com esse papo aranha sobre o tempo. Hoje é aquele dia em que um amigo sacana repete a secular piada sobre a busca das pregas perdidas.

No natalício, viro homem do mato, me escondo, peço penico a um Deus possível, tiro onda relembrando as lições que aprendi ao ler e reler “Resoluções – Quando Eu me Tornar Velho”, o extraordinário manual de Jonathan Swift, o mesmo sábio das “Viagens de Gulliver.”

O irlandês, que viveu exageradamente para os padrões da época (1667-1745), nos deixou um receituário  que pode nos ajudar a envelhecer da melhor forma. Se é que é possível envelhecer com decência. Prefiro não.

Logo de cara, o autor, adverte sobre as lolitas: “Não casar-me com uma mulher jovem”. Deus é colágeno, ele envergonhadamente admite.

Corra, tiozinho, corra! Mesmo sabendo que mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor. Mesmo sabendo, como diz o mesmo cancioneiro, que “pra cavalo velho o remédio é capim novo”.

Fundamental: “Não ser rabugento ou taciturno, ou desconfiado.” Se tem uma coisa que chama e que apressa a velha fatal da foice é a tal da rabugem.

Agora o mais grave e mais difícil para um homem envelhecido em barris de carvalho: “Não contar a mesma história de novo e de novo às mesmas pessoas.” E este é justamente o maior pecado deste cronista repetitivo.

É, contar a mesma história, com empolgação de quem conta uma novidade, é um dos maiores sinais que a velhice chegou. Seja qual for a sua faixa etária.

O tempo passando e eu mais velho. Como eu amei!

Uma imagem a zerar, como me receita o amigo Paulo César Peréio.

E neste balaio de gatos e citações, vale ainda e sempre o eterno mantra para envelhecer sem decência alguma, caros librianos: “Senhor, livrai-me das tentações, mas não hoje” (Santo Agostinho).

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Comentários

  1. Neysi comentou em 07/10/13 at 20:23

    Parabéns! Com essa alma você nunca vai envelhecer. bjs.

  2. Nunes comentou em 07/10/13 at 17:07

    Parabéns pra nós Xico!! Hoje também fico mais velho.

  3. Luciana comentou em 07/10/13 at 13:05

    Parabéns!!! Meu amigo certo das horas incertas desta web!!!!
    Beijos!!!!!!

  4. Ricardo Cangemi comentou em 07/10/13 at 12:57

    Parabéns, Chico!
    Eu também já me aproximo dos 50 e sempre dá aquela apreensão nessas datas, mas depois passa.
    Fiquemos com o grande Taiguara :

    “O tempo passa e atravessa as avenidas
    E o fruto cresce, pesa e enverga o velho pé
    E o vento forte quebra as telhas e vidraças
    E o livro sábio deixa em branco o que não é

    Pode não ser essa mulher o que te falta
    Pode não ser esse calor o que faz mal
    Pode não ser essa gravata o que sufoca
    Ou essa falta de dinheiro que é fatal

    Vê como um fogo brando funde um ferro duro
    Vê como o asfalto é teu jardim se você crê
    Que há sol nascente avermelhando o céu escuro
    Chamando os homens pro seu tempo de viver

    E que as crianças cantem livres sobre os muros
    E ensinem sonho ao que não pode amar sem dor
    E que o passado abra os presentes pro futuro
    Que não dormiu e preparou o amanhecer…”

  5. Matheus Carvalho comentou em 07/10/13 at 12:56

    Parabéns , velhinho!

  6. marcela comentou em 07/10/13 at 12:15

    Parabéns atrasado ainda pode? Xico um Bj grande pra vc e obrigada por me arrancar um sorriso involuntário td dia. Pena q não pude ir a tua palestra na bienal PE pq te daria parabéns adiantado.

  7. Helio Souza comentou em 07/10/13 at 8:56

    Parabéns Xico! Obrigado por nos presentear com seus textos.

  8. savia ferraz comentou em 06/10/13 at 18:31

    Parabéns lindão!Adorei chegar perto de vc.na Bienal do livro aquí em Recife.Que vc continue traduzindo os sentimentos do nosso coração por muitos anos!
    Por favor, tenha paciencia comigo e procure um bom motivo para ler o meu Rascunhos de Um Tempo.
    Saude, muitas alegrias,sucessos sempre!!!Bjão!!!!!

  9. Giuliane comentou em 06/10/13 at 18:18

    Vidas bem vividas… Como é chegar aí?

  10. marcia r.r.imbriani comentou em 06/10/13 at 18:18

    parabéns!

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