O fim do 69 como prática sexual
03/10/13 18:40Ou o 69 como sexo vintage!
Como já dizia Malba Tahan, o homem que calculava, o 69 é a matemática da fome mútua.
Na tabuada do amor e do sexo, o 69 é par, jamais ímpar, a bela vida de ponta-cabeça.
Cabe a este velho cronista de costumes, na falta de pronunciamento da crônica fofa brasileira, denunciar o fim, digo, quase o fim, da prática do meia nove –esta originalíssima posição que faz parte da educação sentimental do brasileiro.
Óbvio que os tarados roots, os perversos de raiz, seguem o jogo erótico das antigas. O 69, porém, é cada vez mais raro como procedimento clássico de alcova, meu caro amigo Bataille.
Ouvi muitos chegados e fontes insuspeitas sobre o assunto. O Databotequim também confirma a tese.
O 69, para quem nem mais recorda o kama sutra básico, consiste no sexo oral simultâneo: ele n´ela, ela n´ele, tudo ao mesmo tempo agora.
As novas gerações simplesmente ignoram tal ambição de linguagem.
A falta de sexo oral, aliás, independentemente do tipo ou posição, é queixa generalizada do mulherio. [Vide “Pedagogia da manga”, aqui neste outro post].
Aprecio, mas nunca fui um fã número 1 do 69.
Sempre preferi fazer a minha parte, de forma devota e esmerada, e, em caso de merecimento –sexo oral é merecimento- receber a parte que me cabe no banquete homérico.
Franciscano, sempre acreditei mais no é dando que se recebe do que na oração simultânea.
Fico triste, porém, que o 69 esteja obsoleto, esquecido. Triste como cronista de costumes, melancólico na condição de homem.
Datou. É prática dos anos 70, 80, já era, soa a trombeta do apocalipse.
Apreciemos ou não o 69, tal geometria do desejo não pode cair assim em desuso.
Esquece. O 69 está fora de moda, a trombeta bíblica soa outra vez.
É o que também falam alto pelos botecos.
A voz rouca das ruas e dos céus das bocas idem, idem.
Pobre 69.
Tenho dúvidas, digo, quero provocá-los: procede tal extinção do clássico, da posição mais praticada nos motéis até os anos 1980?
Juro que deu vontade de ressuscitá-la com minha deusa.
Ressuscitá-la calmamente, dizendo vem cá meu bem, essas delicadezas perdidas.
Urge resgatar a tal extinta prática.
Há sempre algo bonito em uma esquecida prateleira do museu do sexo.
O silêncio do sexo oral simultâneo. O sexo cinema mudo.
Nada a dizer e tudo sendo bendito.
Amor que carece de explicação e legenda não merece tal nome. Viva o amor calado ou apenas gemido.
Por derradeiro, divido a interrogação do susto: o 69 está quase extinto mesmo ou é exagero da cronista?
Concordo… está quase extinto… Ainda mais com relações passageiras… Para tal é necessário também mais intimidade, sincronia e tesão… mto tesão em dar e receber prazer… E ainda tem o outro lado, de uma outra crônica, q os homens não sabem fazer… Ah, e tem tbm o lado de ser uma situação opressora, se ficamos por baixo!
O meu namorado que não se atreva,em falar que o 69 está fora de moda…
Não sei, sou geração 00 mas só pego homem mais velho 🙂
O 69 é o sexo da sofreguidão, daqueles que têm muito tesão mútuo.
Apesar de ser um posição elaborada é muito menos combinado que improvisado.
Concordo com seu diagnóstico –devidamente pesquisado–, e digo mais: está praticamente extinto.
(Em termos de nível de prazer, por causa da divisão no dar/receber, o mais racional é fazer sua parte e esperar a recíproca. Vai bem com nossos tempos egoístas esse comportamento –também geralmente adotado por mim. Mas talvez a teoria da assepsia patológica –em voga– explique melhor o –quase– fim do 69. O rapazes têm medo da Bendita; têm medo de meter a boca.)
Procure no google: LIVRO CIBERCÉLULAS.Você se surpreenderá!
Quando Julio Verne escreveu seus livros quem poderia imaginar que anos mais tarde a fantasia se tornaria realidade? Eduardo Thess está a frente de nosso tempo! Nos traz informações que por agora poucos assimilarão mas que num futuro bem mais próximo do que pensamos será lembrado (o autor e sua obra) como pioneiro no assunto.
Xico,
Tenho dúvidas se tal prática tão saudável está realmente em extinção, mas não ouso contestar meu cronista.
E “As novas gerações simplesmente ignoram tal ambição de linguagem” é uma frase sensacional.
abração,
Mauro
Vejo que o Xico despertou em algumas pessoas acima a vontade de com ele se dialogar. Confesso que ele me despertou mesmo foi a vontade de treinar….com ele.
Nada pior que chupar uma bocetinha com gosto de desodorante vaginal….argh!
Nos anos 70,a gente ia com a moça para um hotel de quinta categoria,sem ar condicionado,no verão do Rio e a foda era regada a odores e sabores de gente.Hoje em dia o pessoal só falta se esterilizar,alem de raspar os pelos e outras frescuras.Claro que temos que tomar nossos cuidados,principalmente com a AIDS, mas não vamos exagerar.Naquela época a gente pegava uma gonorreia de vez em quando,mas nada que umas Bezentasils não pudesse curar(doía pra cacete).
Xico, sou da geração 80, mas confesso que fui influenciada pela moda. De fato nunca gostei muito não, é desconfortável. Agora, sou ultra, super a favor do “é dando que se recebe”, cada um na sua hora, no seu momento…
Que precisão poeta, um dia desses gostaria de dialogar com você. As leituras de suas crônicas são forma eficaz de se esmerar na arte e diálogo entre sexo e amor.
O tal sexo seguro (e chato) matou o 69 e também o sexo espontâneo.
Da minha parte está vivíssimo.
Em casa o sexo oral é praticado sempre, e 69 pelo menos 2 vezes por mês. Agora, com uma desconhecida nunca tive coragem, vai saber se a mina se cuida!!!