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Xico Sá

Modos de macho, modinhas de fêmea & outros chabadabadás

Perfil Xico Sá é escritor, jornalista e colunista da Folha

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Em defesa da masturbação com enredo próprio

Por xicosa
05/09/13 02:15

Leio aqui no “especial sexo” da revista “sãopaulo”sobre o tratamento da masturbação e da pornografia como dependência masculina, um serviço do IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas. Mais um belo serviço do HC.

Tudo a favor da masturbação. Sem aparte crítico também no que diz respeito à pornografia. Não mesmo. “Sejamos pornográficos, docemente pornográficos”, como dizia, no lirismo insuspeito de come-quieto, o poeta Drummond.

Leia a matéria completa sobre a dependência aqui. Antes, porém, venha comigo, meu jovem, nesta crônica de costumes. Da minha parte não é nada científico, digo logo, mas uma profunda investigação de botequim e muita devoção ao deus Onan me levaram a algumas conclusões:

Toda fartura leva à seca da imaginação.

A superoferta de vídeos e fotos pornôs tem empobrecido o sagrado ato de se masturbar –historicamente sempre foi considerado pecado pela Igreja Católica, lembro-me muito bem das minhas primeiras confissões ao padre Murilo, em Juazeiro do Norte.

Sim, creio que a fartura esvazie o poder imaginoso, imaginação + gozo.

O clímax é cada vez mais precoce e automático, como já previa o profeta Georges Bataille -um escritor francês taradíssimo do qual falarei ainda esta semana.

Em vez de criar um enredo próprio, uma historinha com o seu obscuro objeto de desejo, o rapaz de hoje em dia se contenta com um avexado videozinho –em muitos casos o sujeito ainda adianta as cenas, ligeirinho, de tão objetivo que se tornou na sua vida-miojo.

Sempre é bom dizer de novo: nada contra. É que poderia ser melhor. Recorrer à fartura de imagens é do jogo pós-moderno. O ruim é não alternar este uso com o enredo caseiro da imaginação.

É um desperdício de uma herança divina da humanidade. O ato de se masturbar é uma dádiva mesmo. O direito de gozar com a deusa do bairro, a prima saliente que dá corda e nada mais, a bela afilhada de Balzac, a coleguinha da escola, a proibida, a proibidona do pedaço…

É tirar do homem a sua capacidade de roteirizar o seu próprio desejo. Que a superoferta de imagens tenha o lindo uso em uma linha auxiliar, nunca como recurso principal.

Só a imaginação nos leva às mulheres reais, às nossas vizinhas gostosas, àquela moça de BH que se definiu lindamente outra noite como “barroca e brejeira”, só a imaginação nos suprime os limites, só a imaginação é crível, sincera, só a imaginação dá um trato, sem frescura ou photoshop, no nosso desejo.

E para saber mais sobre o deus Onan, leia o Antigo Testamento, mais precisamente o Gênesis. O livro homônimo do Robert Crumb (ilustração lá na cumeeira do post) também vale.

Tratei apenas da masturbação masculina. Perdão, moças, o mote da crônica era a dependência dos meninos. Creio, porém, que a mulher, sempre mais sofisticada e/ou barroca, seja autorreferente e se volte infinitamente mais para si no gozo de tal natureza.

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Comentários

  1. Djalma Toledo comentou em 05/09/13 at 23:45

    “O que acha ?”

    Acho nada Sr. Xicosa
    agora, a Rainha de Sabá há essa deve de achar…
    kkk

  2. andreia comentou em 05/09/13 at 16:53

    Xico… costumo me achar “atrevida” ..rs… mas adoro uma imaginação com aguele homem gostosinho que mora na minha imaginação….rs…e assim vai… no delicioso desejo e carinhos q nossas proprias maos conseguem nos levar…. Uau. beijo Xico.

  3. franco comentou em 05/09/13 at 16:16

    xico, meu guru do crato

    o que eu mais gosto da masturbação é que você não tem de dizer nada depois…a imaginação já basta…

    abraços velhinho!!!

    • sergio barros comentou em 05/09/13 at 22:13

      Franco. A diferença entre a punheta e a foda é que depois ,você não tem que passar a noite abraçado no vaso sanitário….rsrsrsrsrsrs…Abração amigo.

  4. Severina Dulce comentou em 05/09/13 at 15:00

    Por isso, digo e repito: seus textos são muuuuuito didáticos e fazem um bem danado a nossa saúde… bjão Xico

  5. sergio barros comentou em 05/09/13 at 13:55

    Quero deixar meus agradecimentos as musas da pornochanchada:Matilde Mastrangi,Aldine Muller,Nicole Puzzi,Rossana Ghessa e Helena Ramos….e aos filmes de Walter Hugo Khouri. No escurinho do cinema.

    • franco comentou em 05/09/13 at 16:19

      sergio barros,

      faço minha as suas palavras…”sala especial”,
      que saudades…

      abraços velhinho…

      • sergio barros comentou em 05/09/13 at 22:10

        O canal Brasil esta reprisando estes filmes simplesmente deliciosos depois da meia noite,e eu não perco de jeito nenhum.O meu favorito é “Memorias de um gigolô”

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