Nietzsche e o fim da filosofia de parachoque
23/08/13 00:50“Aquilo que não me mata, só me fortalece”. Assina que é teu, amado mestre Friedrich Nietzsche, aquele do vassourístico bigode.
“O que não mata, engorda”. Essa é frase de qualquer vagabundo anônimo de olho gordo mesmo, aquele sujeito que se expressa apenas em ditados populares.
Aí é que você vê, nos exemplos, como a filosofia de pára-choque de caminhão sempre foi nietzscheana ou tradutora do alemão para a estrada.
Reflito aqui à beira do caminho, na cidade de Iconha (ES), a encruzilhada que mais junta caminhoneiros no Brasil. Venho de Cachoeiro, terra do Roberto, terra de Sérgio Sampaio, terra de Rubem Braga.
É filosofia alemã pura, havia me alertado, muitos anos antes dessa viagem, o amigo Paulo Mota, cearense de Sucesso. Agora faço um eterno retorno do tema.
O pior, porém, é que não é mais possível filosofar em parachoquês. Já era.
Havia tomado um susto, dez anos atrás, sobre a escassez das frases nos caminhões. Foi em uma jornada entre Juazeiro do Norte/SP, na boleia de uma possante carreta, em reportagem sobre caminhoneiros para a revista “V”, na companhia do fotógrafo Tiago Santana.
Agora é para valer: a filosofia de parachoque morreu na buraqueira da estrada. Nietzsche deve estar molhando seu bigodón em lágrimas de Viena.
Sai a filosofia popular-nietzchiana e entra a louvação religiosa.
Jesus, aqui resguardado todo respeito e devoção cristã, acabou com as clássicas frases, sempre sábias e decifradoras da vida. Jesus invadiu todos os parachoques, lameiras e painéis de caminhões.
Quando não tem Jesus, vai o escudo de time, mas o amor clubístico também não é mais o mesmo. Um Flamengo aqui, um Corinthians acolá, um São Paulo mais adiante, um Vasco, um Atlético Mineiro…
Os mais românticos ainda pintam lá um coração com o nome dela, a amada, como na canção do Roberto. O mais lindo que avistamos foi um “Eu te amo, Joaninha, luz da minha vida”.
No que Caetano, o motorista cearense que nos conduzia, sábio de rodagem, não se contém: “Ser caminhoneiro tudo bem, ninguém escolhe o destino; mas ser caminhoneiro e corno também já é demais da conta!”
Manda a pérola e aperta a trilha sonora, DJ de boleia, na marcha lenta: Benito de Paula. “Ah, como eu amei…”
É, amigo, a filosofia de parachoque já era, mas você há de ter na memória a sua preferida. Vamos recuperar essa memória da estrada? Deixe nos comentários, por favor, a sua pérola.
Educai as crianças e não será preciso punir os homens.
Não é livre quem não obteve domínio sobre si.
Pensem o que quiserem de ti; faz aquilo que te parece justo.
O que fala semeia; o que escuta recolhe.
Ajuda teus semelhantes a levantar a carga, mas não a carregues.
Com ordem e com tempo encontra-se o segredo de fazer tudo e tudo fazer bem.
Xico, da soma do saudosismo do seu texto com a saudade que os caminhoneiros “gritavam” nas lameiras dos caminhões, segue a minha preferida “Mulher é igual a circo, por debaixo do pano é que está o espetáculo.”
Se peito de mulher fosse buzina,de noite ,ninguém dormia nesta cidade.
Marido de mulher feia tem raiva de feriado
“Nóis capota mas num breca”
No toca fita do meu carro – Bartô Galeno
https://www.facebook.com/pages/Lacan-Caminhoneiro/558754834156595
Pensei… Primeiro vinham-me as letras perdidas, depois as estradas, por fim os sons, sensações, até que lembrei-me de uma frase que sempre que eu via eu lia auto “Desta vida só se leva a vida que aqui se leva”. 🙂
não sei se é minha favorita, mas sempre me lembro desta:
“rezei 1/3 pra arranjar 1/2 de levar você para 1/4”
Imagem: O Homem puxando um touro e sua mulher segurando rabo do bicho.
A frase: “Se a Mulher solta o rabo, o Homem leva chifre. ”
rs
classico dos clássicos.abs
Agora estava me recordando de uma frase de parachoque, quando, há muitos anos, eu estava andando pela estrada ao lado de um amigo. Estávamos reclamando da vida, quando olhamos pra o céu e perguntamos: “E aí Deus, não vai dizer nada?”
Nisso, saiu de uma estradinha escondida, um pequeno caminhão onde estava escrito no parachoque: “Deus não é mudo. Nós é que somos surdos”. Coincidência ou não, aquela doeu.
Agora, a mais brega que já vi foi: “No dia que chover mulher, quero uma goteira na minha cama”.
Eca!
minha preferida: ” Gosto das rosas, mas prefiro as trepadeiras”… fruto da longa e velha BR-101.
essa é genial! bjo
Esta eu gosto:NÃO ME SIGA,ESTOU PERDIDO.
kkkkkkkkkk!!! =D
Também adoro frase de parachoque de caminhão e outro dia me deparei com uma muito interessante que dizia “troque a novela por um livro” achei o máximo e já pensei numas mirabolâncias pra biblioteca em que trabalho, quando de repente eu leio na parte inferior: “Leia a Bíblia” ahhhh… mesmo assim a frase valeu, me inspirou.
“É melhor chegar atrasado nesta vida do que adiantado na outra!”
Com certeza,Marcelo.
Várias frases ótimas pelas andanças, realmente estão escassas! Tem uma que nunca esqueço, pra colorir um pouco essa boléia: que mulher nunca comeu uma caixa de Bis por ansiedade, uma folha de alface por vaidade e um cafajeste por saudade?
hahaha
Bjs, amor
Me lembro de uma frase de parachoque muito burlesca que dizia “MARIDO DE MULHER FEIA TEM RAIVA DE FERIADO”. hahahaha. Grande abraço, Xico Sá!
essa era classica de parachoques, lameiras e adesivos na boleia. abs
No dia que chover mulher quero uma goteira em minha cama.
Salve Xico! Na crônica abaixo tem uma, fruto do velho ganha-pão do meu velho. Abrazo, mestre!
http://papo-petisco-pinga.blogspot.com.br/2012/09/feios-sujos-e-malvados_17.html
sensacional. abs
Pura verdade, Xico Sá!
“No dia que chover mulher, quero uma goteira na minha cama”
rsrs
“No dia em que chover mulher, quero uma goteira em minha cama”
Ou ainda:
“Quem ama as rosas, suporta os espinhos”
“Saudade da família. Principalmente da cabeludinha do meio”
hahaha. bela sacanagem em extinção.abs
“Urubu e mulher feia, comigo é na pedra. ”
Tem pior?
“Se bater o pau quebra”
“Se bater ou pau quebra”
“DIVIDA PRA MIM É SAGRADA. DEUS LHE PAGUE”
São duas que adoro!
“DINHEIRO NÃO TRAZ FELICIDADE, MAS TE DEIXA SOFRER DENTRO DE UMA BMW EM LOS ANGELES”
“Casamento é igual a caxumba. Se não cuidar, vai pro saco.”
Feliz foi Adão que não tinha sogra, nem caminhão!
Essa é uma pérola clássica!
Gosto mesmo é da “Nada como um dia atrás do outro e uma noite no meio”.