Para fazer a cabeça do jovem e do velho jornalista
06/08/13 21:11Este sujeitinho ai é o Benevides Paixão, lembra? Bravo jornalista criado pelo Angeli. Sentia-se como um Paulo Francis, mas nunca passou de uma correspondência no Paraguay e da seção de turfe. Para ele, new-journalism e outras novidades eram frescuras. Esqueça Bené, meu jovem, não é um bom exemplo, e vamos a algo mais edificante:
Neste momento de cidadãos instigados com o incrível debate sobre crise da mídia tradicional, golpes ninjas e rumos do jornalismo etc, uma edição revista e ampliada de livros para guaribar as narrativas –sejam velhas ou novas, esta não é a questão.
Mate-me por favor – Legs McNeil e Gillian McCain (ed.L&PM)- Encabeça a lista por ter sido o perigoso volume apreendido pela polícia do governador Cabral nas recentes manifestações do Rio. Episódio lembrou as grandes trapalhadas da Ditadura. O livraço narra a revolução do movimento punk-rock.
Ilusões Perdidas -Balzac (várias editoras)- Lucien, rapaz sem dinheiro no bolso e vindo do interior da França, descobre, em Paris, os podres da redação e dos jornalistas. Estávamos em 1820 e a imprensa já mergulhada em crise moral e ética bem longe das nossas fuças.
“TAZ”– HaKim Bey (coleção Baderna, ed.Conrad)- Aqui você reflete com um autor-crânio sobre ativismo radical e o conceito da Zona Autônoma Temporária. Fala Bey: “A ideia de combater o Poder criando espaços (virtuais ou não) de liberdade que surjam e desapareçam o tempo todo”. De bônus, você viaja na filosofia sufi, situacionistas, Nietzsche, dadaísmo e nas táticas dos quilombos d´América.
A alma encantadora das ruas – de João do Rio (disponível por diversas editoras)– O dândi carioca sabia tudo sobre a arte de flanar pela cidade e tirar dela, ainda em 1908, belas histórias.
Um Bom Par De Sapatos E Um Caderno De Anotaçoes – Como Fazer Uma Reportagem -de Anton Tchekhov (editora Martins Fontes).Toda a riqueza de observação e detalhes que usava nos seus contos e peças, a favor do jornalismo-literário em uma reportagem de viagem.
Balas de Estalo – reunião das crônicas políticas e de costumes de Machado de Assis –publicado por várias editoras.
Dez dias que abalaram o mundo – John Reed (várias editoras)–De uma forma eletrizante, punk-rock mesmo, o autor narra os acontecimentos da revolução russa de 1917.
Paris é uma festa – E. Hemingway (ed.Bertrand Brasil) –As pereguinaçoes boêmias de um dos maiores narradores americanos e a sua convivência com grandes artistas franceses. Para aprender a escrever e observar o mundinho artístico.
Na pior em Paris e Londres – George Orwell (Companhia das Letras, coleção Jornalismo Literário) –A experiência de miserável do autor de “1984”.Aula de escrita e humanismo pelos subterrâneos das cidades.
O Segredo de Joe Gould,de Joseph Mitchell (Companhia das Letras). Aula genial de como fazer um perfil de um puta personagem praticamente anônimo de NY, um desses vagabundos que vemos por e mal sabemos da sua genialidade.
Malagueta, perus e bacanaço (ed.Cosac & Nayfi-João Antônio- O universo marginal dos salões de sinuca, rodas de sambas e madrugadas nos bares. Narrativa coloquial e maldita. Repórter da revista “Realidade”, J.A. inventou o “conto-reportagem”.
Dicas úteis para uma vida fútil -um manual para a maldita raça humana – Mark Twain (ed.Relume Dumará). Um grande almanaque com dicas de etiqueta, moda, comportamento, costumes. Tudo da forma mais mordaz possível. Pra rir e aprender.
O perigo da hora – o século XX nas páginas do The Nation (ed.Scritta). Textos de gênios do jornalismo e da literatura como Kurt Vonnnegut, H.L. Mencken, Gore Vidal, John dos Passos entre outros bambas.
O livro dos insultos – H.L.Menken (Cia das Letras) –Influência importante para muita gente no Brasil, como Ruy Castro e Paulo Francis, por exemplo. Com Menken você aprende a ser crítico, ácido e ter uma pena maldita.
Medo e delírio em Las Vegas– Hunther Thompson (ed.Conrad) – A lista não poderia faltar pelo menos uma obra-prima do rei do jornalismo gonzo, a forma mais maluca e ousada de contar histórias. Foi adaptado para o cinema em 1998, pelo diretor Terry Gilliam.
Os cães ladram –Pessoas públicas e Lugares privados –Truman Capote (edição recente da L&PM)- Ok, você prefere a novela de não-ficção“A Sangue Frio”, também deste monstro da narrativa. Ótimo. Fico com este por causa da declaração do próprio Capotinho sobre esta coleção de textos: “Tudo o que consta aqui é factual, o que não significa que seja a verdade”.
Outros já exaltados pelo blog: Palestina (Joe Seco), As mil e uma noites da avenida Paulista (Joel Silveira), Ébano e Guerra do Futebol (ambos de Ryszard Kapuscinski), A Mulher do Próximo (Gay Talese), O teste do ácido do refresco elétrico (Tom Wolf)…
Desculpem pela baciada, mas me compadeço da crise de narrativas (rs). Como toda lista, haja injustiça. Ih, o cara esqueceu até o Nelson Rodrigues! Cadê os dossiês do Geneton Moraes Neto? Ajude o pobre blogueiro a chegar aos 100 livros fundamentais para um jovem jornalista. É só deixar a colaboração nos comentários.
xico, meu guru do crato
o homem na varanda do antonio´s – jose carlos oliveira
boêmios – dan franck
quarto de despejo – carolina maria de jesus
abraços velhinho.
Rapaz, esse Carlinhos Oliveira é importantíssimo.bela lembrança.abs
xico, meu guru do crato
aproveite sua estadia em terras cariocas, e não se esqueça de mandar noticias…abraços
Oi, Xico. Sou Lucca o filho da Dioneti. A gente vive essa coisa do jovem x mãe e vc tem ajudado a deixar tudo mais leve com suas crônicas. Queria te conhecer pessoalmente. Quer vir na feijoada de aniversário da minha tia, ela é socióloga profa na Multi-meios-Unicamp, vc ia gostar dela (apesar dela ter a companheira dela) e tem a minha mãe, viúva, simpática (deixa ela p/ lá, está decepcionada com os homens). Vc é meu convidado.
Lucca, amigo, eu q agradeço à familia toda pela leitura. EStou em uma temporada no Rio,fica dificil ir à feijoada. manda um beijo e parabéns pra tia. abração
Xico, suas listinhas de livros são verdadeiros bálsamos e graças a uma delas descobri “Fup”. Continue, continue, por favor.
Beijo
Valeria, esse Fup é o que há. como amo esse livro e sempre releio. é o tipo de leitura que a gente deseja q todo mundo q possa leia. beijo
Pô que “macheza” é essa? Para “as” jornalistas e “os” jornalistas!
O Segundo Sexo de Simone de Beauvoir, para entender a dificuldade, mas o sabor e a delícia de ser mulher! Bjs
O Segundo Sexo entraria em qualquer lista dos melhores livros do mundo,mas a minha relação privilegiou livros diretamente ligados ao ofício do jornalista. A obra da Simone é bem maior q o jornalismo.bjo
O inverno da guerra de joel silveira. E a a sangue frio do capote, sem duvida!
“Por quem os sinos dobram” de Ernest Hemingway.onde o escritor norte americano relata fatos da guerra civil espanhola,alem de não hesitar em pegar em armas contra os facistas de Franco.Este é um dos meus grandes heróis.
tem também “A história verdadeira”, de Michael Finkel
Os machões não dançam – Norman Mailer
to relendo justamente esse agora. saiu tb com o titulo,versao brasileira, “homem q é homem nao dança”, pela Record.abs
Grande Xico!
Chatô – o rei do brasil – Fernando de Morais
Casa Grande & Senzala – gilberto freyre
Forte Abraço!
ai vc aprofundou a parada: Casa Grande é obrigatório pra qualquer brasileiro q consiga ser alfabetizado. F.Morais é o rei das biografias.mui bueno.abs
Minha razão de viver – Samuel Wainer
FEBEAPA de Sergio Porto,com crônicas formidáveis sobre as desventuras de políticos da época(década de 50/60)
Na verdade os 3 livros foram escritos sobre o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta,e relata um episodio onde a ditadura militar manda prender Sófocles,filosofo grego ,por ter escrito uma peça subversiva.
“Trinta Anos Esta Noite”, Paulo Francis.
Adoro essas listas, sempre terá alguém para dizer da injustiça em ter esquecido algum título, o chato da vez. Adiciono Aos Olhos da Multidão, de Gay Talese, atualmente em edição da Cia. das Letras chamada Fama e Anonimato.
Entre os vândalos – Bill Buford (Cia das Letras)
Lutando na Espanha – George Orwell (Globo)
Um diário russo – John Steinbeck (Cosac & Naif)
Entre os vândalos é muito bom pra entender inclusive o nosso mundo das torcidas organizadas. Li tb. da sua lista ñ li Um diário russo. abs
“Os sertões”, de Euclides da Cunha. O primeiro indício de jornalismo literário do Brasil.
“O Repórter do Século”, com as reportagens do Zé Hamilton Ribeiro.
“Cidade Partida”, do Zuenir Ventura – bem antes dos do Caco.
Meio na contra mão,”The rum diary(Diário de um jornalista bêbado)”de Hunter S. Thompson.
Eu incluiria o “Décadas Purpuras” do Tom Wolf. E também o “Charles Baudelaire, um lírico no auge do capitalismo” do Walter Benjamin, os relatos sobre a boêmia, os conspiradores de Paris, a flâneur e jogos e prostituição, são perolas sobre as ruas.
todo o Benjamin é necessário,ne? abrazo
A luta, do Norman Mailer.
perfeito.ate to relendo dele agora o romance “homem q é homem nao dança”. livraço.abs
A Luta, de Norman Mailer.
“Furo!” de Evelyn Waugh, e, para quem lê em inglês: “Psmith journalist”, de P.G.Wodehouse, ironias anavalhadas!
além de bom,engraçadissimo esse Furo! abs
Mestre Xico, proponho “O Grande Livro do Jornalismo – 55 obras-primas dos melhores escritores e jornalistas” (Editora José Olympio). É legal pra gente saber que séculos atrás já se podia fazer bom jornalismo.
Perfeito, Rodrigo. nego acha q é invenção d dia desses. bjo
Pergunte ao pó – John Fante: a saga de um escritor em busca da inspiração e da vida.
O Jornalista e o Assassino – janet malcolm
Nossa madre,esse é mais do que necessário! como pude esquecê-lo? abs. gracias
Berlim – Joseph Roth
O Reino e o Poder – Talese
Hiroshima – Hersey (faz aniversário hoje, aliás)
Notícias do Planalto – Mario Sergio Conti
Corações sujos – Fernando Morais
Boa!
Minha razão de viver, Samuel Wainer
Chatô, o rei do Brasil, Fernando Moraes
Hiroshima – John Hersey
In Cold Blood – T. Capote
O Abusado – Caco Barcellos
Os dois primeiros nem se fala. obrigatorios. mas injustiça nao ter o Caco Barcelos. poderia entrar tb com o Rota 66. abs
o beijo da morte, do cony. cem quilos de ouro, fernando morais. hell ‘s angells, thompson. a sangue frio, truman capote. guerra, sebastian junger, o reino e o poder, gay talese. rota 66, caco barcellos. a regra do jogo, cláudio abramo. e outros…
Bem lembrado este do Abramo.Como fiquei mais em narrativas q misturavam um tanto da tecnica de ficção,acabei esquecendo esse livraço. valeu.abs
Um escritor na guerra – Vasily Grossman com o Exército Vermelho 1941-1945 (Objetiva)
Ligeiramente fora de foco, do Robert Cappa
O Reino e o Poder
Livro – Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo – Clóvis Rossi
Ótima dica, Fernando. abs