A dor e a delícia de morar sozinho
14/07/13 21:55
E por falar em solidão, agora na ventania domingueira da rua da Aurora, Hellcife, lembro que existe uma estatística oficial do IBGE: somos quase 7 milhões de criaturas que moram sozinhas em alguma grande cidade do Brasil.
Não quer dizer que não tenham seus cachos, seus namoros, seus rolinhos primavera. Alguns raros até imitam o Jean-Paul Sarte e a Simone de Beauvoir: casados em apês separados.
Na frieza do relatório do IBGE –mais frio que a solidão do chicabom do tio Nelson-, a coisa pode ficar menos dolorosa: somos apenas habitantes de unidades domésticas unipessoais, UDU´s.
Chique no último, não?
“E, aí, na minha ou na sua unidade doméstica unipessoal?”, perguntaria o conquistador politicamente correto.
Somos quase 7 milhões de solitários. E como sempre repito aqui mesmo: é o domingo que pega. Dói no osso como uma bala alojada na perna em noites de inverno.
O domingo humilha, mas voltemos à frieza das estatísticas:
O contingente de pessoas morando sozinhas subiu, nos últimos dez anos, 8,6% para 12,1% da população.
Reparo nas estatísticas e me sobe logo ao nariz o cheiro do miojo do desprezo.
Mas isso não significa, amigo(a), obrigatoriamente o que sugerem os números.
Significa também independência. Principalmente daquele povo que vive, qual um Dr. Smith no velho seriado de ficção científica, reivindicando o seu “espaço”.
Significa uma certa síndrome de Greta Garbo (foto), a deusa que declarou à multidão de pretendentes o clássico “i want to be alone”.
Diz muito também da solidão da velhice. O ex país do futuro está virando uma pátria de bengalas.
Diz muita coisa. Conheço centenas de pessoas que não trocariam as suas confortáveis UDU´s por acasalamento algum.
Tem todo um luxo e é sonho de muita gente morar solitariamente.
Tem tudo isso, é bom, é ruim, como tudo na vida.
É bom ter sua liberdade, inclusive para curtir as mais inerciais das ressacas. É, meu velho, depois dos 40 a ressaca não é mais apenas uma consequência natural da farra. Depois dos 40 a ressaca é uma dengue existencialista.
Somente na cidade do Rio de Janeiro, 15% vivem na solidão do próprio eco. Incluindo, óbvio, a mais luxuosa de todas as solidões, a solidão do sr. João Gilberto, que vive de cortinas sempre fechadas no Leblon.
Nem os entregadores do bife do restaurante Degrau, onde pede comida todo dia, avistam o gênio baiano de Juazeiro. A quentinha do seu João é deixada elegantemente ao pé da porta.
O Rio da bossa só perde para Porto Alegre, com 21% de tri-solitários -número próximo à média de grandes capitais europeias.
A solidão amazônica é a menor do país: apenas 8%. Os maranhenses, com 8,1%, também não querem saber de silêncio dentro de casa. Se o cara conhece “A Intrusa”, personagem do folhetim homônimo de Bruno Azevêdo, avimaria, aí é que o lar doce lar ganha mais erotismo e graça da ilha de São Luís.
E você, amigo, aprecia a arte de morar sozinho?
Xico, o problema dos domingos, principalmente para quem mora em UDU, como eu, é,como já dizia meu conterrâneo Leminski, que:
“(…)problemas não se resolvem,
problemas tem família grande,
e aos domingos saem todos pra passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas”
Leminski caiu muito bem nessa hora!bjo
O problema da solidão é que ela não coleciona álbuns. Ao transeunte solitário cabe tirar a foto, mas nunca fazer parte dela. http://www.dralucianaherrero.com.br/familias-aninhare-no-parque-confraternizacao-de-final-de-ano/
Meu sonho é um dia morar sozinho num apê no centro de SP. Quem sabe esse dia não está próximo né?
sorte ai.O dia ta chegando.abs
Para evitar a solidão de domingo, saia para dançar com os amigos. Embora eu goste muito do domingo a noite em casa, vendo TV, preparando para a semana.
Já me acostumei….É preciso conviver bem consigo mesmo, pra poder viver bem sozinho.
Tem seus prós e contras.Cito algumas maravilhas da vida a sós:dormir se espalhando numa cama,sem a preocupação de incomaodar ou ser incomodado pelo seu ronco ou pelos gases noturnos,que venha expelir…..ter o banheiro a disposição a qualquer momento…escutar pela milésima vez o Revolver dos Beatles(que eu amo),sem ser chamado de retrógrado ou repetitivo….e assistir Santos e Ituano,com minha latinha de cerveja,na maior paz do mundo……Obrigado Deus.
Sérgio, adoro seus textos.
Concordo, é muito bom curtir o silêncio e fazer coisas em duplicidades rsrs… sem ninguém questionar. Uma ótima semana
Pra você,tambem Laura,Abraço.
Desculpem a sinceridade, mas morar (permanentemente) sozinho não deixa de ser um baita fracasso.
Disse tudo Renzo! A privacidade de quem mora sozinho não tem preço, mas a solidão é indiscutível!!
A solução para o domingão é curtir uma bela ressaca assistindo a um bom filme, comendo e dormindo.
Moro só a mais de dois anos, não sinto vontade de esta com ninguém. Solidão pra mim não existe, o que existe é paz na minha vida.
Trinta e tantos anos morando sozinho…….é bem porai, mas miojo nem peNSAR, SOU MAIS MEU ESPAGUETE COM MOLHINHO DE TOMATES FEITO POR MIM TB
ABRAÇO
vc ainda está nessa xico?!
baita solteirão monotemático.
tô,amor, só casei seis vezes. mas quero mais! bjo
E eu Xico, que não casei nenhuma vez, só morei junto por seis meses e já era??? ainda tenho solução? um astrologo me disse, com uma sinceridade cortante: casamento não é para todos… ai ai ai
Fabiana, querida, morar junto é casar. não há diferença. você ja tentou. pode tentar de novo. já morei junto/casei cinco vezes. a gente vai perdendo o temor e tirando o bom disso. bjo
🙂
muso!
Nada como gozar da liberdade…Não tem preço! Acho ótimo morar sozinha…Pode até ser que algum dia venha a sentir o peso da solidão..Por enquanto, a vida é preenchida dos personagens dos livros, da música, e sou uma otima companhia!!!
Eu morei sozinha um tempo, antes de me casar. Acho que todo mundo deveria ter esta experiência. Eu sempre achei uma delícia! Mesmo os domingos, apesar da tão falada “solidão”.
Adorava andar pelas ruas desertas da cidade aos domingos, enquanto ia almoçar fora ou fazer um outro programinha na minha própria companhia.
Agora, casada, eu me sinto bem. Tive a minha fase e curto bastante a minha companhia!
Solidão é foda.
Gosto de morar comigo. Adoramos, assistir filmes dos mais diversos gêneros, repetir cenas. Adoro filmes antigos, expressionismo alemão, Bob esponja….Sem atrito,nem chateação….Adoro morar sozinha, e receber e visitar meus fihlos, netos, pais…Eu sou naturalmente, um tipo meio anti social.
E então eu parei de achar ruim estar sozinho. Sabe apreciar minha cerveja, aquela comida com a medida exata do tempero e não um meio termo pra agradar outros. Os dias as vezes se arrastam sim, mas esse incomodo pode nao ser aparente dependendo de como voce se relaciona fora do seu “mundo”. Nao dispenso uns bons companheiros e aventuras por ai, mas estar sozinho muito me agrada.
É muito ruim mesmo, principalmente quando a única frase que vc diz em um domingo muito down é um bom dia pra caixa da padaria às 8h da manhã e nada mais até o dia seguinte!!!!
Solidao e’ relativa. E’ possivel estar no Pacaembu com 35.000 pessoas e se sentir sozinho.
Morar sozinha é se assustar ao perceber que as primeiras palavras do dia só são pronunciadas no metrô, com um estranho, numa troca de informações, horas depois de ter acordado.
Às vezes é bom, mas na maioria dói e muito.
Já eu acho que às vezes dói, mas na maioria é bom, e muito!
Sonho com a segunda-feira !!!, á noite que alívio, só de pensar que terei a casa só pra mim, conto as horas !!!, amo a minha semana solitária, odeio sabado e domingo, sinto-me amarrada, vigiada., não desisto um dia ficarei só !!!
Moro sozinha há 12 anos, desde que o casamento acabou. Adoro gente,rua,festa,conversa. Porém também adoro chegar em casa e ficar quieta com a tv, música, livros, gatas…Não padeço. Namorada,ficante,livre e desempedida, tico-tico no fubá, novos estados civís vieram. Outro casamento?Não corro de nem corro atrás de, só não calhou ou não ainda,simples assim. Juntando este post ao anterior, acho que quanto se mora muito tempo só se cria um calo de morar só e fica mais difícil ceder espaço e privacidade e manias. Não, não é questão fechada. Afinal, como canta o Peninha ♪Porque toda razão, toda palavra vale nada, quando chega o amor♪
Podia e não podeis ( que é coisa de hino) …
Perigo. Perigo. Perigo. Ainda é menos triste que o domingo perdido em frente à TV, solidão maior, mesmo quando junto. Vc podeis ter esticado mais uns dias de praia depois da FLIP.
Eu moro sozinha com outras pessoas… E, mesmo assim, às vezes gosto.
Entre a histeria dos solitários dostoyevskyanos e o onanismo dos hipsters autocentrados, prefiro a solidão povoada… a visita pontual da belle de jour (depois pago o táxi!), o velho Nelson ao lado do trono e o jazz de Marsalis no escuro da sala. Mas, concordo, no domingo sobrevivemos a nós mesmos, e a ressaca impede o trago a mais (e o otimismo etílico). Abrazo, xará.
Você já pensou que muitos acompanhados adorariam ter algumas horas ou dias de solidão? A doce companhia de seu parceiro por vezes te sufoca e sonhamos com horas ou dias de silencio, ouvir nossa música preferida cantando a pleno pulmões sem ter uma cara espantada te olhando…a solidão talvez não seja um bem a ser conquistado e sim o direito de poder conviver consigo quando lhe aprouver.
Concordo com vc. Paula.
É isso mesmo Paula, me recuso a ceder meu espaço visual e sonoro. Cantar e se olhar cantando não tem preço e nem apreço por ninguém. É puro prazer!
oi gostei de seu comentario. solidão é um direito a ser conquistado!!!!!!!!!!!!!!
Paula reflete todo o meu pensamento,
a pior solidão é quando se está acompanhado e ainda sim se sente sozinho. isso dói muito mesmo, né?
Solidão é um bicho de hábito noturno…
Verdade. O diaxo é que eu tmb…
Existem bons e maus momentos. Fazer o q der na telha, não fazer faxina quando não tá a fim, deixar a cama bagunçada, não ter q dar satisfação de sua vida pra ninguém. Mas o q mata é a terrível solidão, no meu caso q não tenho família por perto é passar natal, ano novo, páscoa sozinha. É aquele carinho q não vem. E com o passar dos anos alguém pra cuidar, amparar. E os domingos?????
Tudo tem seu pró e seu contra. As vezes ñ moramos sozinhos, mas é como se fosse! A gente se acostuma com a sozinhez e parece q a cada dia isso vai enraizando, gruda na na pele, na alma. Como se fosse uma dependência, um vício. Tem hora que é bom, mas tem muitas, muitas horas que é ruim.
Amoo.Já não misturo minha neurose com a de nimguém.rsrsrs