O PF da literatura em Paraty
06/07/13 12:34Para você que está na Flip: faço bate-papo neste sabado, 16h30, com mediação de André Barcinski, colega de blog aqui ao lado. A conversa é na Casa da Folha, rua da Matriz s/n, Paraty. É de graça. O tema é a arte da crônica.
Deixo aí uma receita frugal deste gênero que é o PF, arroz, feijão e bife da literatura. Com um ovo por cima, evidentemente. Só para aquecer o debate:
Algumas saem fáceis, menina, como aquelas de Rubem Braga, como uma polaroid, uma pose digital, olha o passarinho, diga xis, um sabiá teimando contra o barulho da metrópole, fáceis como beijos roubados de mulheres difíceis, na dança, na pista, uma moleza, como empurrar bêbado em ladeira, como Vinícius no elogio de uma saboneteira, como descer para um café ou uma cerveja aqui na esquina da Augusta, como quem costura para fora, mesmo sabendo quanto custa a mais-valia da musa da encomenda, mesmo sabendo que na vida não tem almoço de graça, muito menos sobremesa, mesmo sabendo que a vida não é café pequeno, mesmo sabendo que no fundo da xícara, na borra mais árabe, o desenho do futuro, Etelvina, é obscuro, o jogo do bicho, Etelvina, ainda não permite o teu luxo.
Algumas, menina, são crônicas de britadeiras, saem na marra, à força, furando o asfalto para tirar uma florzinha de nada, a peleja do escriba com o lirismo que não chega nunca, as chagas abertas, croniquinha raquítica, só o fiapo de narrativa, sem sustança, sem tutano, coisinha sem graça, metalingüística, a crônica sobre a crônica falta de assunto.
Algumas vêem ao mundo para confundir a audiência, são crônicas-travestis, arte dos cronistas transgêneros… Pois é, menina, a gente não sabe se é um conto, uma rápida elegia expressionista, um poema em prosa, sabe-se lá, menina, mas mesmo não sendo nada já nasceram crônicas.
Algumas, não têm jeito, eram apenas notícias, que o dedógrafo teimou em decepar as aspas, minha menina, e enfeitar o naturalismo como pôde, coitado.
Algumas, menina, são para ninar as moças nas sestas, como as de Antônio Maria, sabia?
Algumas são de costumes, e até ficam como registros históricos, crônicas de épocas, já ouviu falar em João do Rio?
Algumas já nasceram crônicas de rua, como a grande arte de chutar tampinhas, como os sem-teto e malacos, como os bambas das sinucas das antigas, aí já estamos em João Antônio, manja?
Algumas são do amor louco, menina, como aquelas do velho Charles, o safado catando milho na Remington, menina, com aquela outra menina na praia, gaivotas quase a bicar-lhe os peitos, como no cinema.
Algumas, minha adorável criatura, minha menina sem nome, são como aquelas, lembra, quando me conheceste, lembra, quando pela primeira vez lindamente me deste.
Grande Chico,
Estão querendo fechar um grande reduto artístico de Recife o restaurante Arriégua na Cidade Universitária, campanha para não fecha-lo!
A crônica é uma espécie de fotografia em palavras.
http://www.desconstroides.worpress.com
ótima definição,amigo.abs
Deveria haver uma crônica que narrasse a árdua caminhada sobre as pedras do centro histórico de Paraty, antes de chegar à ponte; talvez, uma poesia que exaltasse a ausência de acessibilidade a pessoas paraplégicas nas pedras; ainda, talvez, um conto que retratasse as mãos, em carne viva, de Linda, depois da chegada vitoriosa à rodoviária, com seu par de muletas.
A Literatura de Paraty é para poucos, para 5% dos que lá estiveram. Só!
O resto, como disse Graciliano, é burguês.
Bela reflexao, amigo. abs
Grato, Xico!
Abraços!
A vida não passa de uma coletânea de crônicas,as vezes alegres ou tristes,as vezes divertidas ou dramáticas e nós como protagonistas.
A vida é uma coletânea de muitas crônicas,as vezes alegre,as vezes triste,as vezes divertidas,as vezes dramáticas………..
Um ótimo livro de crônicas esportivas,foi lançado recentemente;O velho e a bola,sobre Nilton Santos,a enciclopédia do futebol,escrito por Maneco Muller,pseudonimo de Jacinto de Thormes,grande botafoguense e conteporaneo do maior de todos, Nelson Rodrigues.
Eu que escrevo uma coisinha ou outra, posso atestar sobre mim é claro, porque eu sou indócil na hora de seguir algumas regras, que escrever tem muito a ver com uma luz que de repente acende lá dentro de voce e cada raio que essa luz emite, vai sendo colocado em forma de letras em uma cronica, poesia ou um texto qualquer.
Saudades da Minha ” Remington Marrom”,pena naquele tempo o atrevimento para escrever ainda não tinha sido despertado ,se não quanto papel sulfite teria sido amassado.Abraço Xico.
Eduardo Green.
Conta! Conta! Contaaa! … rsrsrsrs