A solidão não vende um picolé de coco
10/06/13 16:14Seguimos nas reflexões sobre o fatídico 12 de junho.
Saiba, de cara, amigo(a), a solidão não vende um picolé de coco.
Daí o massacre da data dos pombinhos no jornalismo e na publicidade, diria o meu conselheiro Acácio.
O dia dos namorados vende de tudo: é a 25 de Março do amor e da sorte.
Talvez somente o dia das mães -somos todos edipianos e este é nosso primeiro romance caliente ainda no berço- tenha tanto apelo quanto o dia dos namorados.
A solidão não vende um celular pré-pago, não recarrega ilusões baratas, não carameliza maçãs…
A solidão não janta fora em um bistrozinho romântico.
Seja a solidão opcional, seja a solidão imposta pelas contingências do momento.
A solidão faz amor consigo mesma.
Seja a solidão espalhafatosa, que chama a atenção do mundo; seja a solidão chique à Greta Garbo -“I want to be alone”.
O solitário talvez seja um bom personagem apenas para anúncio de uísque. Como a publicidade feita pelo Bill Murray (foto) naquele filme “Encontros & Desencontros”, da Sophia Coppola.
Se a vida dói, drinque caubói, renovo aqui o meu velho mantra.
Solitários de todo o mundo, uni-vos.
Não vos deixai abater pelo massacre do verdadeiro ou falso romantismo deste 12 de junho.
O massacre é tanto que alguns solitários se trancam dentro de suas casas diante da ditadura do fofismo. Como se o mundo fosse minimamente de pelúcia.
Calma, não vos deixai sucumbir de véspera.
É só mais uma noite de motéis e restaurantes lotados. É só mais chance para os arrastões na capital gastronômica do país.
A solidão não cai no conto do amorzinho-gourmet.
Sim, apelo. Tudo serve de filosofia da consolação nessa hora.
A solidão não carece de vaga no estacionamento, a solidão não cai no conto da noite-roubada, a solidão se contenta com uma pizza em domicílio. Com muito alho, óbvio, para espantar as más companhias que rondam a área no desespero e na carência da data.