Carta aberta a Michael Douglas
04/06/13 19:13Prezado Michael, meu grande tarado confesso, venho por meio desta confessar um susto, manifestar um alívio e discorrer sobre uma certa pedagogia para esses moços, pobres moços que esquecem dos agrados orais às meninas.
Sim, amigo, um baita susto. Ao atribuir um câncer na tua garganta à devoção pelo sexo oral nas moças, deixaste muitos chegados por ai reflexivos e inquietos. O Paiva, por exemplo, lembras do Paiva?, me disse que não via mais sentido na existência.
Espanto geral nos praticantes contumazes.
Agora o teu porta-voz nos diz aqui: não foi bem assim o caso etc. Ufa. É mais complexo. O cigarro e a bebida, outros dois vícios que possuis, podem ter ajudado na doença. Enfim, não vamos entrar nos detalhes do diagnóstico –é o tipo do assunto que tratado por um cronista leigo pode gerar apenas um inútil pânico.
O bom é que estás curado e disposto para o que mais gostas na vida. O bom é saber que, como todos nós que amamos as mulheres, arriscarias tudo de novo.
Ora, para ter uma doença grave basta estar vivo. Tudo é arriscado, viver é perigoso, como soprou o escriba das Geraes.
Uma vez que tocamos a língua no assunto, caro Michael, sabias que as mulheres nunca se queixaram tanto da falta da oralidade por parte dos homens?
É grave a crise.
Especialmente nas novas gerações. Em um mundo mais asséptico, limpinho, muitos jovens só querem receber sexo oral. Egoístas. Não rezam o mínimo pela cartilha franciscana do “é dando que se recebe”.
Os homens estão chegando aos 20 e poucos sem saber dizer sequer bom dia a uma mulher, como já reclamava o tio Nelson.
Tem marmanjo beirando os 30 indiferente a um bom agrado oral às moças. Elas merecem, seus preguiçosos.
E não venham nos dizer, viejo Douglas, que seja por uma questão médica ou preventiva. É nojinho mesmo.
Nesse cenário, só a pedagogia da manga salva, meu prezado. Foi o que ouvi muito dos mais velhos ainda na minha juventude rural.
Te conto, repito aqui conselho já repassado neste blog, caríssimo tarado Michael:
Os homens maduros, sobretudo nas cidades e vilarejos, aconselhavam os mancebos a chupar a fruta da mangueira como educação sentimental para o futuro macho que desabrochava.
Além de saudável -a manga é milagrosa para a saúde-, o exercício evitaria queixas femininas como as que hoje reverberam nas nossas atentas oiças.
Entenda, meu caro rapaz, o ato de chupar manga como uma bela entrega ao lambuzamento e à doce sujeira de guardar o melhor dos cheiros na barba, mesmo que juvenil, indie e rala.
Daí a pedagogia da manga, meu velho e bom Michael Douglas. Deveria fazer parte do currículo básico, como o método Paulo Freire.
Aqui me despeço, caro amigo, com o apreço e a consideração de sempre, X.S.