Código de tratamento entre homens
29/05/13 13:37Do cavalheirismo com as mulheres ao modo abertamente estúpido de tratamento entre os homens. Semana pedagógica no blog.
Quanto mais estúpido, mais carinhoso. O pior é que é isso. Quanto mais amigo, mais adotamos um jeito tosco de lidar com as palavras.
Muito engraçado como os homens se cumprimentam. Um dos costumes imutáveis da natureza do macho. Seja em inglês, nordestinês, mineirês ou na língua dos esquimós. É de uma delicadeza de fazer corar o Charles Bronson.
Já tratamos aqui deste mesmíssimo tema. Hora oportuna para relembrar.
No “Gran Torino”, filmaço, Clint Eastwood -diretor e ator principal- dá uma aula ao seu pequeno pupilo sobre as saudações iniciais nos encontros dos cavalheiros. De morrer de rir.
Falo da cena da barbearia, que não é capital no enredo mas injeta uma cápsula de testosterona no filme digna dos grandes faroestes. O durão Walt Kowalski (Clint), veterano da guerra da Coréia, mostra para o adolescente como adentrar o recinto e cumprimentar o barbeiro.
“Seu italiano ladrão de merda” é o mais agradável dos tratamentos que se ouve na pedagogia do velho. O sr. Walt treina o guri, que entra e sai no estabelecimento, repetindo a lição. O barbeiro responde à altura. “Seu china miserável eu acabou com a sua raça”. Uma onda.
Assim é no dia-a-dia, encontramos um chapa, amigão mesmo, e detonamos.
Temos várias formas de esculhambá-lo carinhosamente: pelo seu lugar de origem, pelo seu time do peito, pela sexualidade, pelo chifre, tamanho da pança, pela donzelice propriamente dita -caso dos queijudos, criaturas que têm dificuldades imensas no acesso às mulheres.
Tudo é motivo para a gozação, o chiste, a pilhéria, a gréia, a fuleiragem social clube propriamente dita. É, macho, a gente não cresce nunca nesse aspecto.
Neste e em mais uns seiscentos itens da existência. E olhe que não estamos falando daquela perobice do Peter Pan, que se recusa a crescer.
A gente não evolui. Ponto. E quando estamos apenas entre homens, voltamos mil casas, direto ao paleolítico ou à terra de Malboro. É baixaria pura, meus camaradas.
E você, amigo, qual o cumprimento predileto neste faroeste?