É na turbulência que sabemos quem amamos
23/05/13 11:59Ou Isso não é uma metáfora, não é uma metáfora, não é uma metáfora. Macho-jurubeba diz na lata. Mas vamos ao que interessa:
Foi por medo de avião que ela segurou pela primeira vez na minha mão, turbulência na viagem Porto Alegre/SP, um beijo depois no céu de brigadeiro, inesquecíveis olhos atlânticos da repórter-fotográfica…
As turbulências podem nos render um amor fugaz. Este que retrato aí acima até durou algum tempinho em terra firme. Acabou, chorare.
Normalmente as turbulências são apenas turbulências mesmo, como diz hoje no caderno de “Turismo” da Folha um acaciano comandante da Gol. A matéria trata de como perder o medo de avião, recomendo a leitura. Leia aqui.
Já senti algum medinho, principalmente naqueles vôos em aviões teco-tecos de garimpo sobrevoando a floresta amazônica. Hoje os sacolejos da aeronave me dizem coisas. As turbulências hierarquizam os meus sentimentos.
Complicado? Explico. É na hora do sacode nas nuvens que a gente sabe quem ama de verdade. Pelo menos quem a gente ama naquele momento da vida. É batata. Teste você mesmo.
A aeronave chacoalha, a aeromoça aflita pede calma, como na canção do Chico, e você pensa apenas nele(a).
Óbvio que o edipianismo grita nessa hora. Nego pensa muito na sagrada mãezinha querida. As mães, óbvio, pensam nos filhos.
Noves fora essa ciranda familiar, você pensa no amor, digo o amor na sua versão mais erótica e menos sagrada.
Se estamos na dúvida, naqueles momentos em que vivemos várias histórias paralelas, a turbulência decide: é ele, é ela!
O até então obscuro objeto de desejo ganha alta definição na sua cabeça. Você é capaz de ver o rosto dele(a) no turbilhão das nuvens.
Há quem pense em um amor incurável pelo(a) ex.
Há de tudo.
Eu acredito nas turbulências de uma forma mística. Ontem mesmo, em um vôo Rio/Curitiba, uma falsa-magra do Catete me surgiu do nada a dez mil pés.
Bom vôo, sempre, mas se tremer o asa-dura, como os sertanejos chamam aviões, tire todas as dúvidas sobre o seu amor de verdade.
P.S. Sim, amigo, você acertou: a foto do post é da Sylvia Kristel, La Emmanuelle, na primeira cena de sexo a jato do cinema.