Amar é filme que melhora só muito depois de visto
10/04/13 05:38Viver é eclipse, vixe, meu caro Antonioni.
Com toda licença desse mundo, hoje quero escrever sobre uma coisa muito estranha. Como se fosse aquele filme que a gente vê e gosta mas não dá tanta bola e eis que aquele filme vai crescendo na nossa mente.
Assim como aquele encontro, aquele beijo, aquele sexo que não foi monumental naquela hora…
Passado algum tempo, como a hora do almoço, a fome de viver, essas coisas, aquele encontro, aquele beijo, aquele sexo aparentemente mais ou menos vai crescendo na nossa vagarosa mente…
Assim são alguns filmes, assim são os encontros, os sons arrodeados, as nouvelles vagues, Irma Brown dançando um jazz no Iraque, Hellcife, o mundo ao rés do chão dos pobres cronistas carapuceiros.
Marcha à ré ao tema da crônica: assim como existem filmes, peças, obras de arte que vão crescendo no juízo depois de vistos, assim é o encontro de um homem e uma mulher, por supuesto.
Sabe aquele John Cassavetes que você nem entendeu direito, uma mulher sob influência?
Assim às vezes é o amor rápido, o sexo por acaso, a vida ordinária, a pegação com quem você nem imaginava…
Aquele filme que vai crescendo na mente e vira um grande amor de verdade.
Viver é ver um filme que surpreende.
Um filme que vai tomando juízo e entranhas.
Aquele filme que vai crescendo na cabeça a cada minuto.
Depois daquele beijo, o blow-up que vira blow-job, o filme-cabeça que descamba e derrete o queijo do homem da meia noite, o cidadão comum qualhado de amor por dentro.
Coisa marlinda quando uma simples fodinha cresce na nossa cabeça no dia seguinte como um viva imaginação num queijudo muro de Paris meia oito.
O grande sexo é aquele que a gente não dá muito por ele no momento e ele vai crescendo de narrativa, na cabeça, qual um Hitchcock no “Terceiro Tiro” –o melhor filme do mundo todo.
O grande amor também assim se parece. Viver é o enevoado das acontecências, ver uma coisa e atirar noutra e vice-versa.
Amar é um filme que vai melhorando a cada minuto depois que a gente sai da sala escura.
Como se fosse um filme de Godard ou de Antonioni. Será que foi bom mesmo?, eis a senha sensorial de responsa judiando o juízo da manhã tapiocosa.
Alguns encontros de nada viram grandes cinemascopes no cocuruto. Vem, gostosa!
Folha de S.Paulo – Blogs – Amar é filme que melhora só muito depois de visto | Xico Sá
textos formidáveis!
Xico no encontro de ontem, disse a ela em alto e bom tom… Femea vim para lhe comer e sei oque vc precisa….
é incrível como seus textos acalmam .. até aqueles corações (tipo o meu) que vez e outra, eu acho que cola nenhuma da jeito.. Grande Xico Sa, cada vez melhor!
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Depois de ler esse texto pensei “vou passar uma cantada barata no Xico”, eis que olho os comentários e não sou a única…rsrsrsrs…Xico, sua inteligência me desnorteia!
creio que o grande barato não está em reencontrar um grande amos e sim em estar aberta ao amor em suas diferentes configurações.
Que delícia de texto! Como é bom viver e gostar de rever os filmes da vida. Obrigada, Xico!
(suspiros ao final da última cena … ai, ai ….) vem chico sá fazer meu roteiro, ser meu galã neste filminho “b” que tem sido meus finais de tarde … (hahahaha – pode soar piegas, mas o convite fica – 😉
tomar café lendo Xico Sá , dá mais vontade de sair de casa nessa manhã nublada,enquanto espero o reeencontro com o grande amor.
Mai frescow ?!!
Amo você, Xico!