A mulher como namorada lésbica de si mesma
27/03/13 14:28O sol na banca de revistas, quem lê tanta notícia? Não dou conta, mas vejo aqui uma chamada que merece uma conferida e uma versão macho-jurubeba como contraponto. “O que as mulheres querem dos homens”, diz a capa da “Época”.
Antes de tudo é bom lembrar que, independentemente do homem, toda mulher é namorada lésbica de si mesmo. Assim falou o tio Nelson. Falou e disse. A fêmea primeiro deseja ela mesma.
Só depois, muito depois, começa a flertar com o tal do sexo oposto. Aí complica, aí a porca torce o rabo. Separei aqui no meu embornal de crônicas sobre o tema duas ou três coisas que não respondem por completo, mas ameaçam a decifrar a velha indagação freudiana:
O que querem as mulheres? Entendemos a complexidade, mas a interrogação não veio ao mundo para nos acomodar ou humilhar.
Veio para instigar o cidadão, não é, meu caro Catatau?
As mulheres querem que os homens adivinhem, sintam, farejem os seus desejos como labradores do amor e antecipem essas realizações.
Bem-aventurados os que descobrem que elas estão a fim de uma viagem à montanha e levam-nas à montanha; bem-aventurados os que sabem que elas não agüentam mais aquele velho boteco sujo e levam-nas a um restaurante decente, dentro das posses, claro.
Bem-aventurados os que sabem que elas gostam de novidades e detestam quando os garçons nos dizem “o de sempre, amigo?” Essa confortável rotina é coisa de macho!
As nossas mulheres querem que tenhamos olhos só para elas. No que, aliás, foram contempladas biblicamente pelo décimo mandamento das tábuas da lei entregues por Deus a Moisés: não cobiçarás a mulher do próximo.
As mulheres querem que alternemos momentos de homens sensíveis e momentos de selvagens lenhadores.
Pena é que costumamos inverter as coisas. Na gana da obediência e do agrado, somos lenhadores quando nos queriam sensíveis e vice-versa. Comédia de erros. Onde queres Leblon sou Pernambuco… Onde queres romance, rock’n’roll…
As mulheres querem que reparemos no novo corte de cabelo, mesmo que a alteração tenha sido mínima, tipo só uma aparada nas pontas. O radar capilar tem que acender a luzinha, sem falha, na hora, se liga! Se for luzes, entonces, cruzes!!!
As mulheres querem… massagem. Muita massagem. Primeiro nas costas, depois nos pés e sempre no ego.
As mulheres querem… molhinhos agridoces. Como elas se lambuzam lindamente!
As mulheres querem… flores e presentes. Não caia, jovem mancebo, nesse conto de que mulher gosta é de dinheiro. Se assim o fosse, amigo, os lascados de tudo não teriam nenhuma, nunca, jamé. Eles têm e são igualmente raparigueiros.
Repare que até debaixo do viaduto está lá a brava fêmea na companhia do desalmado. Ela e o cachorrinho magro, só o couro, o osso e a fidelidade. O que vale é a devoção, amigo.
Mesmo que você seja mais liso que os mussuns do brejo, pobre de marre-marré, pode muito bem presentear uma bijuteria com a dramaturgia de uma jóia da Tiffany´s.
Vale o gesto e a safadeza na hora da entrega.
As mulheres querem… atenção, ponto, parágrafo.
As mulheres querem… muitas vezes o que não temos ou temos mas está faltando na prateleira.
As mulheres querem, os homens se acomodam. A vida repete a hora do gozo: os homens, mesmo os que fingem algum carinho, capotam; as mulheres continuam querendo querer novos quereres.
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Muito vulgar mesmo…
Fico imaginando o que Marx diria ao andar na paulista e vê nas bancas aquelas mulheres nuas sendo vendidas como mercadorias,ou seja,sendo negociadas no mercado capitalista como uma mercadoria qualquer,isto é, sendo ofertada a qualquer preço, a qualquer um… Dando a entender ,portanto, que ele tava certo ao falar sobre o fetichismo e da reificação…ou melhor, a coisificação do homem
Fantástico!Escreveu tudo o que defendo!