Receita para esquecer um amor: vide bula
25/03/13 00:45Em uma visita ao arquivo de cartas recebidas por Miss Corações Solitários, madame responsável pelo consultório sentimental deste blog, descobrimos a pergunta que mais se repete entre os corações aflitos:
Como é que se esquece uma pessoa que se ama?
Óbvio, a pessoa foi embora, o tal do amor acaba -acaba principalmente da parte dele, desalmado!
Como é que se esquece? A primeira coisa que me veio à cabeça foi copiar aqui a receita do miojo, como fez o sábio menino do Enem. Ou quem sabe o hino do Grêmio, composto por Lupicínio Rodrigues, talvez seja o mais dramático e bonito de todos.
A propósito, quem não leu, recomendo, sobre a redação do miojo, artigo de Inácio Araújo, é só clicar aqui, ó!
Repetimos a fatídica pergunta: como é que se esquece alguém que se ama?
Há quem diga que um amor só se cura com outro. No que caímos em outra pergunta: mas como arrumar outro se o anterior não nos deixa nem dormir direito, como se fosse um carnê atrasado com todas as prestações da existência?
Se existe uma grande farsa moderna é a tal da crença que a fila anda. Anda tanto quanto o trânsito de SP em dias de tempestades.
Há quem aposte em uma viagem exótica a um país idem. Escalar o Himalaia, essas coisas.
Já apostei em uma receita simples, que está a cada esquina: quando a vida dói, drinque caubói –sem esquecer o seu ídolo de dor de cotovelo preferido. De Bartô Galeno a Leonard Cohen.
Outro dia, na praia do Pina, vi um homem de corpo enterrado na areia, só a cabeça de fora, usando algo parecido: um tubo de Pitú e um Genival Santos bem alto –“Eu hoje quebro essa mesa/se meu amor não chegar…”
Uns resolvem se enfiar no trabalho, como houvesse alguma dignidade nisso. Há quem se entupa de barbitúricos ou tarja preta de estima.
Nessa grave hora, descrentes jogam suas fichas e dízimos no conforto das religiões. Uns viram fanáticos e juram-se curados. Acontece.
Há quem vá ao pai-de-santo e há quem procure os caminhos do orientalismo.
Na literatura há receitas malucas, como a do livraço “Tia Júlia e o escrevinhador”, de Mário Vargas Llossa, já lembrada neste blog: tome leite de magnésia, pois o amor seria apenas uma questão de prisão de ventre, não aquela batedeira de coração que você estava sentindo.
Nunca me deparei, porém, com nada mais sábio do que a receita de um colega cronista d´além mar, o gajo Miguel Esteves Cardoso, com quem tive o prazer de compartilhar uns copos no “Love Story”, em SP:
“As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar.
Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre.
Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas!”
Defendo a tese de que um amor verdadeiro NUNCA se acaba.
O amor verdadeiro é como tatuagem, é pra sempre, mesmo que você a cubra com outra, ela estará sempre lá, e só você sabe disso. Quando não correspondido ele é igual a algo de ruim que vamos ter que aprender a conviver com ele para sempre, como uma diabete, pressão alta, a perda de um membro; sabemos que nunca vai voltar como era antes, mas vamos conseguir continuar vivendo a base de insulinas, remédios, próteses, mas nunca será como foi antes.
Se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho…
(Mario Quintana)
É… Porque todo término é difícil, todo pé no traseiro dói e só o tempo resolve as coisas.
Mas nesse mundinho onde tudo acontece rápido, online e em tempo real fica ainda mais difícil deixar o tempo fazer a parte dele.
E enquanto isso, as coisas ficam lá, tomando nosso sono e nosso ânimo. Estúpidas mesmo! rs
O amor é o sol de janeiro.Quente,entorpecente e a mercê do ato de “se pôr.” Parafraseando oPaulo Mendes: O amor acaba numa esquina,atravessa as vias da dor,para começar numa Avenida.
Receita para esquecer um amor: vide bula
Não desaparendo os sintomas …
rs
DJ
【48P】我上传网盘了 http://www.myshouji.info/plmm.php clink this url for get the prostitutes’ mobile phones
Lendo isto aqui, me lembrei daquela música da Maria Rita (Não Vale a Pena) que diz: “E é pra não ter recaída
Que não me deixo esquecer
Que é uma pena
Mas você não vale a pena…”
Bom seria se existisse uma prática receita como a do miojo, bom seria se um amor realmente curasse outro, bom seria se o tempo curasse, mas nem belas doses de Zé Cuervo tem curado!! Passam-se dias, passam-se anos e aquela “prisão de frente” continua a mesma!!
O que fazer? Nem Freud explicou, quem sou eu para explicar??
Texto top, Xico!! Como sempre!!
Xico, percebo que aqui sempre os homens são os vilões. Que injusto isso. E as moças que esmagam os corações dos desavisados?
Porque não se fala da vedade fisiológica, desenvolvida a bilhões de anos na evolução da espécie! Resumindo é uma produção exarcerbada de hormônios para acasalar e procriar com o melhor da espécie que o seu sistema biológico escolheu dando rebentos saudáveis para a perpetuação da humanidade! Derrepente o que a natureza escolheu não te quer mais, leva tempo para essa produção ferohormonal parar de ser fabricado. Então é ter paciência e curtir a dorzinha devagarinho até passar……………………..
A unica maneira é ir pra zona,tomar uma garrafa de conhaque de quinta,na companhia das moças,escutando os relatos de suas tristes vidas,ao som de Benvenido Granda cantando” Angustia”.Se sobreviver a este tratamento de choque,provavelmente tudo estar esquecido.
Simplesmente SENSACIONAL!!!! Vc me deixa feliz!!!
Gosto da solução romântica dos machos-jurubebas de dantes: Alistar-se na Legião Estrangeira!
Amor, por que eu te chamo assim,se com certeza você nem lembra de mim.
(Tiê)
Muito bom o texto, e lembrou a música Almanaque do Chico Buarque.
Afastar-se geográficamente, se possível,sempre que lembrar procurar reter na memória o que mais te incomodava na criatura;dar tempo ao tempo pois só ele pode curar um coração partido,curtir os amigos,guardar a experiência adquirida e procurar preservar o mel pois outros amores virão.Escrever, ouvir música,dançar,comer chocolate e de vez em quando tomar um porre porque ninguém é de ferro!!!!!!
Adorei o texto e a indicação de um dos meus filmes prediletos! Eu nunca esqueço quem eu amo, porque me faz ser quem sou, mas tento, sim, esquecer as mágoas ao tentar entender o que levou ao fim. Acho fundamental enfrentar com coragem e peito aberto a dor que precede – quem sabe sem demora – o sabor de um novo amor.
Muito bem colocado Janina
vlw
Djalma
Eu nunca esqueço quem amo, mesmo depois do fim. Tento esquecer as mágoas ao tentar entender os erros, aprendendo com a dor que precede o sabor de amar de novo. Sempre deu certo pra mim!
Ah, adorei o texto, mais ainda por incluir a indicação de um de meus filmes prediletos! 😉
Isso daTango Xicosa
“Angustia
de sentirme abandonado
y pensar que otro a su lado
pronto… pronto le hablará de amor…”
(Enrique Cadicamo – Nostalgias)
DJ
O pulo do gato: o amor COM aquela pessoa acaba, mas A Nossa Capacidade de Amar nao acaba e eh desta capacidade que temos que nos apoderar.
Agradecer a possibilidade que a vida nos ofereceu de termos vivido isto e sabermos que daqui p frente podemos sim amar, pq ja sabemos.
Tudo passa.
Tudo se transforma
Abc
Tudo passa,
até uvapassa …
rs
Chico,
Só o amor consegue gerar situações tão contraditórias entre si, amigo, como ser ao mesmo tempo a solução e o problema.
Acho que quando o relacionamento acaba o jeito é lembrar de todos os defeitos da pessoa; pensar em todas as vezes que você preferiu estar solteiro; de todas as chances que perdeu; imaginar vinganças do tipo “vou pegar sua melhor amiga” ou “um dia vou passar de BMW do seu lado e você vai ver o que perdeu”. enfim, qualquer coisa do tipo vale para enganar o coração.
Mas quando a noite chega, na hora que a madrugada dobra o homem, quando cabra macho tem vontade de chorar, nada melhor do que tomar algumas para esquecer.
E não tem música melhor para explicar isso do que aquela da Turma do Pagode – toma jeito coração.
Forte Abraço!
1- Parar de se enganar pela mesma pessoa todo dia 2- Esquecer que deu sua melhor parte e não querer mais de volta 3- Parar de inventar coisa pra sofrer 4- agradecer por parar de transportar duas pessoas no peito 5- não pensar em vingança 6- saber conviver com a distancia que machuca (perda) 7- adormecer o sentimento de inveja 8- e por ultimo veja… o que machuca é o amor por aquilo que não lhe pertence.
ilto rodrigo Menino de Recado
Acho que rolava muito a receita do miojo, Xico! hehehehe
Fiquei triste, sempre curei meus amores rápido como se rouba…será que estão eles ainda todos dentro de mim?
Tvz pq eles tenham te amado mais… Qd descobrimos um sentimento além do que já sentimos, qd o “controle” não é nosso, percebemos q amamos mais e que provalmelmente vai doer mais…
Quando o ciclo não se fecha, qd o coração é pego de surpresa, qd todas as certezas perdem o sentido, é como se roubassem tudo: casa, carro, seus dias de glória, a sua alegria, o seu coração…
É dificil aceitar, dificil desapegar, desconstruir… Mexe com o ego, mexe com o que achavamos de nós mesmos, da capacidade de ter, ser, sentimos culpa, raiva, culpamos tb, queremos ferir na mesma proporção da dor q sentimos… Mas nada disso adianta mesmo… Existe um processo de cura e é o melhor remédio… O sofrimento é involuntário, não adianta lutar e acredito que seja o maior crescimento… Não amamos toda hora, a cada esquina… São poucos que mexem com quem você é…
Eu diria e citaria um trecho do livro comer, rezar e amar: “alma gêmea é o encaixe perfeito, e é isso que todo mundo quer. Mas a verdadeira alma gêmea é um espelho, a pessoa que mostra tudo que está prendendo você, a pessoa que chama a sua atenção para você mesmo para que você possa mudar a sua vida. Uma verdadeira alma gêmea é provavelmente a pessoa mais importante que você vai conhecer, porque elas derrubam as suas paredes e te acordam com um tapa. Mas viver com uma alma gêmea para sempre? Não. Dói demais. As almas gêmeas só entram na sua vida para revelar a você uma outra camada de você mesmo, e depois vão embora”.
Já viveu isso?
É o melhor e o pior sensação… E do céu ao inferno, mas vale muito a pena…
Nossa! boa análise… Já senti tudo isso, acho até que vivo atualmente com minha alma gêmea e sei que vamos nos separar, parece que esse encontro é uma dádiva por um tempo e é só. Viver é aprendizagem constante. Beijos
Essa pergunta me afligiu muito, quase dois anos atrás, e acabei produzindo um texto sobre o assunto. Sou candomblecista e agnóstico, então perguntei-me sobre a existência de um ebó para o esquecimento. O que escrevi tá aqui: http://oritameji.blogspot.com.br/2012/01/um-ebo-para-o-esquecimento.html
Estou passando por isso, não há receita melhor do que o tempo mesmo… um dia após o outro, abandonar gradativamente os planos velhos e colocar novas perspectivas no lugar… Spo começou a melhorar quando consegui perder a pressa em concuir essa “reintegração de posse”. Bjus!
quanto mais tempo distante, menos lembrança e menos choro. esquecer quem ama não tem receita pois o amor genuino é eterno.
Xico Sá existem amores e amores… alguns são rasos e outros não… já padeci deste mal e se disser a ti que ainda não padeço estaria mentindo para mim, para ti e para todos os teus leitores… eu acho que só o tempo, e um pouco de cada coisa que descrevestes na tua crônica!E dê tempo ao tempo…”Repara que o outono é mais estação da alma do que da natureza.”
Nietzsche segue ele e deixa as folhas secas irem embora!
Quando a vida dói, drinque caubói.
E lá se vão 6 anos … haja figado , rim e coração.
Muito bom o texto!
Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.
Leminski
Mais um belo texto, Xico. Mas acredito que não há receita nem solução: tem de ser vivido! Bjs
so nos resta isso,Ana Maria: enfiar a cara na vida.bjo
A receita é que não há receita. Só há o clichê: “O tempo cura tudo”. Belo texto, Xico.
Sim ,de acordo,por isso meu desespero de atacar com a receita do miojo como resposta.bjo