A cura pela carta de amor

Por xicosa

07/02/13 20:15

O melhor livro de correspondência do mundo

Eu já sabia. O leitor mais antigo também sabe da minha campanha permanente sobre o poder, inclusive de cura, de uma carta de amor.

Agora vem a ciência e bate o martelo. Pesquisa dos EUA, óbvio, ô povo para gostar de uma amostragem. Desta vez foi uma equipe da Universidade Northwestern.

Casais que expõem os sentimentos, em apenas três singelas cartinhas por ano, vivem bem melhor. Batata. Carece nem da velha Dê-erre, a mitológica discussão de relação.

Agora lembro uma que recebi no City Hotel, em uma temporada na beira do Guaiba, POA. De paralisar de amor aquela missiva que saiu de uma moça de letra “A” da cidade do Rio de Janeiro.

Outra A, do Recife, me escreveu a partir de uma fábula do escritor Alberto Moravia. A letra “A” domina meu alfabeto amoroso, não é, mulher-que-passeia?

Pela volta da carta de amor, repito:

A carta escrita à mão, com local de origem, data, saudações, motivos, despeço-me por aqui etc, papel fininho e pautado.

Como canta o Roberto, escreva uma carta, meu amor, e diga alguma coisa por favor.

Agora Beatles: Ô, mr. Postman!

Tem também aquele do Waldick, nosso Johnny Cash baiano: “Amigo, por favor leve essa carta/ e diga àquela ingrata/ como está meu coração…”

Chega de SMS e emails lacônicos e apressados. Debruce a munheca sobre o papiro e faça da tinta da caneta o seu próprio sangue.

Não temas a breguice, o romantismo, como já disse o velho Pessoa, travestido de Álvaro de Campos, todas cartas de amor são ridículas, e não seriam de amor se ridículas não fossem.

O que você está esperando, vá ali na esquina, compre um belo papel e envelopes, e se devote.

Se tiver alguma rusga, peça perdão por escrito, pois perdão por escrito vale como documento de cartório.

Se o namoro ainda não tiver começado, largue a mão desses aplicativos e paquera no Face e atire a garrafa aos mares.

Às moças é consentido, além dos floreios e da caligrafia mais arrumadinha, a reprodução de um beijo, com batom bem vermelho, ao final, perto da assinatura.

Assim como me fez Dee e o seu bocão pós-Jolie.

Que os amigos, e não apenas os amantes, se correspondam, fazendo dos envelopes no fundo do baú os seus rascunhos existenciais.

É o que tenho feito com o Joaquim Ferreira dos Santos, o homem das amigas, no blog do IMS. O cronista me escreveu uma hoje de arrepiar.

Despeço-me por aqui, sem mais para o momento, XS

Comentários

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Como não te amar Xico?
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William Correa comentou em 13/02/13 at 0:39

Eu me corresponderia com alguém daqui, seria uma maravilha.
William Correa comentou em 13/02/13 at 0:25

Lembro que eu em meados de 2008 conheci uma garota a qual acabamos vindo a namorar depois e a nós trocavamos cartas por mais piegas que fosse era um barato, era uma delícia ler aquelas palavras assim como acho que ela gostava também, nosso namoro durou pouco, porém essa boa lembrança eu guardo não namorei depois disso então é minha única experiência com cartas de amor, se eu encontrar alguém legal eu e sentir vou escrever as ditas novamente, abraço pessoal.
Rafael comentou em 12/02/13 at 11:18

Eu adorava as cartas perfumadas que recebia de uma namorada a uns anos a trás. Tem toda aquela técnica das mulheres para não manchar o papel com a fragrância, e ainda, nos dar a sensação de proximidade da amada. Sublime! “Love letters forever”.
Alda comentou em 12/02/13 at 11:08

Essa eu escrevi ontem….

Por mais que eu tente evitar meus pensamentos se voltam para ti de forma incondicional.
Fico me perguntando o que está fazendo: lendo um livro, o jornal, conversando com seu filho, amigos, bebendo uma dose de whisky, olhando para o mar, dirigindo, contando alguma piada, brincando com o fone na mão….ao lado de uma mulher bonita e interessante…
Tenho saudades e tenho ciúmes…não consigo evitar.
Você me disse que ficou feliz de saber da minha saudade, pois é! Você conseguiu!!! Tem os meus pensamentos voltados para você.
Escuto a sua voz, rio sozinha das suas piadas, sinto sua mão na minha pele, seu beijo, seu olhar me perscrutando….
Quero que saiba que pensar em você não me deixa triste. O que me entristece é não ter você qdo mais preciso, naqueles momentos de duvida, medo de errar, solidão da alma…quando estou alegre quero mesmo é compartilhar minha felicidade. Te alegrar, abraçar, amar….gritar o quanto é bom quando estamos juntos, mesmo com toda tensão q nos cerca.
Tenho tentado entender e parar de fugir…infelizmente tem sempre alguma coisa acontecendo que me faz recuar e resistir. São as verdades da nossa vida, inerentes a nós mesmos.
Quero ficar em paz…quero também que fique em paz.
Dizem que o tempo faz tudo valer a pena….eu quero acreditar nisso…
Para você uma segunda cheia de luz e harmonia…e também um abraço apertado e um beijo longo e profundo.
Amanda comentou em 10/02/13 at 11:46

A carta , o e mail , o SMS, todos os escritos são diferentes , permanentes, pode guardar e rever , curtir , reler , encantador isso.

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