No tempo do ficar quase nada fica
20/12/12 00:07 Nem o amor daquela rima antiga.
E o blog segue com a sua retrospetiva caliente de 2012.
É namoro ou amizade? Rolo, cacho, ensaio de amor, romance ou pura clandestinidade?
“Qual é a sua, meu rapaz?!”, indaga a nobre gazela. E o homem do tempo nem chove nem molha. Só no mormaço, só na leseira das nuvens esparsas.
No tempo do amor líquido, para lembrar o título do ótimo livro de Zygmunt Bauman sobre a fragilidade dos encontros amorosos, é difícil saber quando é namoro ou apenas um lero-lero, vida noves fora zero…
Cada vez mais raro o pedido formal de enlace, aquele velho clássico, o cara nervoso, se tremendo como vara verde: “Você me aceita em namoro”?
O tempo passava e vinha mais um pedido clássico e igualmente tenso. O pedido de noivado.
Mais adiante, a hora fatal, mais uma tremelica do jovem mancebo: Você me aceita em casamento?
E pedir a mão, aos pais, meu Deus, haja nervosismo! Melhor tomar um conhaque na esquina para encorajar-me.
São raros, raríssimos hoje, esses nobres pedidos. Em alguns setores mais modernos e urbanos, digamos assim, talvez nem exista mais.
O amor e as suas mudanças.
A maioria dos homens, além de não pedir em namoro, além de não pegar no tranco, ainda corre em desespero diante de uma sugestão ou proposta de casamento feita pela moça.
O capítulo bom da história é que agora as mulheres também partem para o ataque e, diante de uns temerosos ou acanhados sujeitos, escancaram suas vontades, suas paixões, e fazem suas apostas, seus pedidos, põem na mesa os seus desejos e as cartas de intenções.
Voltando ao mundo dos homens, lembro que era bem bacana esse suspense masculino do “você quer namorar comigo?” Havia sempre o medo do fora. Um sim, mesmo o mais previsível, era uma festa.
“Quer namorar comigo?”
No tempo do “ficar”, quase nada fica, nem o amor daquela rima antiga.
Alguns sinais, porém, continuam valendo e dizem muito. O ato das mãozinhas dadas no cinema, por exemplo, ainda é o maior dos indícios.
Tanto quanto um bouquet de flores, mais do que uma carta ou um email de intenções, mais do que uma cantada nervosa, mais do que o bistrô ou o restaurante japonês, mais do que um amasso no carro, mais do que um beijo com jeito, daqueles que tiram o batom e a força dos membros inferiores.
“Vamos pegar uma tela, amor?”, como se dizia não muito antigamente. Eis a senha. Mais até do que um jantar à luz de velas, que pode guardar apenas um desejo de sexo dos dons Juans que jogam o jogo jogado e marketeiro. O cinema, além da maior diversão, como diziam os cartazes de Severiano Ribeiro, é a maior bandeira. Nada mais simbólico e romântico.
Os dedos dos dois se encontrando no fundo do saco das últimas pipocas…Não carecem uma só palavra, ainda não têm assuntos de sobra. Salve o silêncio no cinema, que evita revelações e precoces besteiras.
Ah, os silêncios iniciais, que acabam voltando depois, mas voltando sem graça, surdo e mudo, eterno retorno de Jedi. Nada mais os unia do que o silêncio, escreveu mais ou menos assim, com mais talento, claro, Murilo Mendes, poeta dos melhores e mais líricos.
Palavras, palavras,palavras…Silêncio, Silêncio, silêncio…
Dessas duas argamassas fatais o amor é feito e o amor é desfeito. Simples como sístole e diástole de um coração que ainda bate.
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Legal Xico, você citar o grande Murilo Mendes. Esse poeta mineiro merecia ser mais divulgado, não ???
Tenho uma prima que costumava fazer a “trilha sonora” da fossa quando terminava um namoro. Era demais! Hoje nem fossa existe mais. Muito menos aquela música que marcava o relacionamento. Citando Bauman, temos consciência que as coisas não vão bem, mas não estamos fazendo nada para mudar. Esse é o verdadeiro fim do mundo.
Já diria Lirinha, Xico : ‘O amor é filme. Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama. Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica… ‘
Genial o seu texto, amo esse filme, nada mais a dizer do que sorri no final.
Mas o final é que diz tudo, é assim mesmo com o amor.
“Palavras, palavras,palavras…Silêncio, Silêncio, silêncio…
Dessas duas argamassas fatais o amor é feito e o amor é desfeito. Simples como sístole e diástole de um coração que ainda bate.”
Cada dia te amo mais.
Tá tudo descartável…uma pena…
Uma pergunta não quer calar: quem não sabe ou não quer amar? o homem ou a mulher? A impressão que eu tenho é que a palavra amar espanta alguns, porque significa compromisso…. Quem quer compromisso hoje em dia?
Acho que o problema não é nem a coragem para pedir em namoro, ou dar o próximo passo, o verdadeiro problema é que ninguém sabe o que quer hoje em dia, quando estão solteiros querem namorar, quando estão namorando querem estar na esbórnia, e vivem aquela esperança de que vai aparecer alguém melhor e “perfeito”. As pessoas estão perdidas, poucas pessoas sabem lidar com a liberdade de escolha.
O problema é esse mesmo, todos acham que um dia vai aparecer a pessoa perfeita, ninguem mais quer lidar com frustrações ou aceitar os defeitos do companheiro.
Como está tudo tão sem compromisso é mais fácil trocar de namorado(a) do que trocar de cueca(calcinha) ninguém dá valor para a pessoa que está do lado.
Encheu o saco, a fila anda, e assim as pessoas vão vivendo sempre nessa superficialidade insuportável.
Os homens não vão ao cinema. Isso é mito, invenção para efeito de crônica. Podem até pedir em namoro, mas cinema, jamais. Digo isso por frequentar assiduamente a sala escura, vejo gays, casais gays, jovens casais (por voltar dos vinte ou dezenove anos). Mas homens, HOMENS, acima de trinta anos e com menos de sessenta, esquece. Eles não vão ao cinema, esse hábito faz parte de um passado distante do gênero.
Hahaha…
Eu tô com 29 e vou pelo menos duas vezes por mês. Não pretendo parar depois dos 30, não. rs
hahaha meu pai tem 61 (muito embora pareça ter 40) e vai ao cinema sempre que aparece um filme interessante pra ele ou pra minha mãe! Mesmo que ele odeie o filme ele vai com ela! Meu marido é a mesma coisa, apesar de não ter chegado aos 30 ainda!
Muito bem Xixo !! Falou e disse!! Voce retrata como ninguem, estes momentos maravilhosos do Amor. Parabéns!
Crônica linda e rara, como o pedido de namoro!
Adorei o comentário! Concordo!
Gostei de “dos dons Juans que jogam o jogo jogado e marketeiro”. Muito bem observado. Além disso, os mancebos deveriam ler mais Murilo Mendes. Abs.
sei não. acho que em tempos de amores líquidos, quem dita as novas regras é a covardia. pq, há que se ter muita coragem pra dizer: quer namorar comigo?
muito bom, xico!!
Maravilhoso!!!! Deu saudade de coisas vividas, coisas parecidas com as que vc citou. A vida passou…..
Grande Xico, é verdade…
A real é que até nós homens, muitas vezes, ficamos com um pé atrás de demonstrar que gostamos, de presentear, de insinuar que queremos algo mais sério. Ficamos com medo de sermos classificados de grudentos…
Dane-se o pé atrás, eu digo, e vamos correr atrás daquelas que nos tiram do eixo!!
Por falar neste assunto meu novo post é quase uma biografia sexual/novelística daquele que poderia servir de inspiração para os mais jovens com suas crises existenciais e medo de rejeição, o cara que chega chegando, o grande José Mayer, quando puder entra lá, abs.
http://www.boraver.com/2012/12/jose-mayer-o-homem-lenda.html
Se superou nesse hein cumpadre! Parabéns.
Como disse a Luana Alves aí ” Me identifiquei e me desesperei…”
Faz uma falta danada um cineminha à dois.Amei o texto Xico!
Fazendo lembrar de uma ida ao cinema… Woody Allen com “Meia-noite em Paris”, e, de tantos beijos, ainda não sei do que se trata o filme! A única coisa que soube naquele dia é que descobrir o amor no escurinho é lindo!
Que lindo, Júlia!
Já que era só pra beijar você poderia ter não visto um filme pior, tipo Lua Nova…
o amor líquido escoa por qualquer ralo, a qualquer seundo e nem faz barulho, quando vimos já foi, o ser humano acorda no dia seguinte e pufff já era, sem mãos, carinhos ou menos recados… com certeza nos tempos desse amor, ir ao cinema é um sinal vital da supra máxima intimidade sendo conquistada, adquirida… é lá no escurinho do cinema que se sente-se mais e fala-se menos… assim espera-se!
Verdade.”puff já era” rs
Estou lendo “amor líquido” e o livro é simplesmente perfeito. Aliás, toda a série “líquida” de bauman arrasa! E esse texto aí… Me identifiquei, me desesperei… Amei!