Crônica para um amigo que se vai
17/12/12 17:23Para Cecília Araújo
Os dezembros é que costumam ser cruéis, não os abril, abris, como dizia o menino T.S.Eliot. Fora disso, não discordo em mais nada da tua terra desolada, poeta.
Os dezembros me levam sempre um grande amor ou um amigo idem. Ali na justa hora em que o calendário vai ficando mais magro. Viver é outono, cabeça pelada feito árvore onde o vento faz a curva.
Os dezembros são ladrões de afetos, almas sebosas, sebosas soul, caro Jorge du Peixe. Talvez seja a demanda natalina. Para cada gesto náufrago SOS por amor de qualquer jeito, mesmo que forçado, e lá se vai, na balança cambial do reino da Carençolândia, um amor verdadeiro.
Só cantando Belchior para aliviar a barra: ano passado eu morri, mas este ano eu não morro.
lá se vai meu amigo Sérgio, Sergim, Sérge, Barbosa, o mago das festas do edifício Caeté, rua da Aurora, Recife, Pernambuco, a rua da luz mais bonita do mundo, concordo com o rapaz Gilberto Freyre.
Ô mago pra festejar estar vivo.
Se acabava a festa na rua, festa dentro de casa. Só para esperar, de novo, recomeçar a farra pública. Olhar as moças, dizer coisas às moças, o que é viver senão a arte de dizer coisas às femininas oiças?
Lico(r)teria, a freguesia, tarde tingida de azul-Olinda, a gente postado,bons rapazes, direitinhos. Passa, menina, que a gente gasta os olhos que a terra desolada há-de.
Tudo passa, besta, inclusive as meninas dos nossos olhos.
É, Mago, dezembro passado foi doutor Sócrates, daí bebemos juntos a grande perda, lembras?
Peguei um bode danado deste mês, Sergim menino. Num ria não, cabra safado.
É, tens razão, camarada, também é o bonito mês que chegam os amigos de fora.
Eu ligava era avoando: “Estarei adentrando o espaço aéreo de Pernambuco logo mais, queria pedir licença ao comandante Mago e pedir, se tenho ainda milhagem afetiva na manga, data vênia, uma noite celebrativa”.
Tu dizias:
“Fulerage, seu Francisco! Acabei de falar de vossa pessoa com menino Fred Jordão, uísques crepusculares da Aurora, como o amigo pronuncia toda vida”.
E emendavas:
“Só chegou gente fraca, menino Fabinho, Pupilio, LirioBoy e… Guga Marinheiro está com a sede de sempre, dos sete mares de todas as regatas. Menino Azoubel é dúvida para o jogo, mas nunca para o amor de Poly. Teu sobrinho (João Valadares) num para de ligar perguntando que hora tu chegas. Disse que nunca bebeu na vida. Faraó Keopim, amando mais do que nunca, promete sair da tumba. Sim, xará Saboya é boia, porra”.
Simbora, dezembrinho miserável. Tu levas, mas nem pense que eles nos deixam.
Serginho que tanto queria um amor grande e sempre estava, no check-in platônico da vivência, à meia-noite em Paris.
Serginho que amava Cecília e, uma vez por ela correspondido, morreu lindamente de amor. O fim dos melhores.
P.S. Desculpa, amigo, nem falei do teu timbu. Sim, a cachorrinha de peruca, como dizias, caiu, e daí? Sem gréia, Mago, sem segundas intenções ou divisões. Beijo.
Conhecia pouco o Serginho Barbosa… Tinhamos um monte de amigos em comum, do movimento estudantil, estádio dos Aflitos torcendo pelo nosso glorioso Náutico que ele tanto amava… e de festas e bares do nosso Recife. Xico muito bonita a homenagem !
Procure no google: LIVRO CIBERCÉLULAS. Há uma grande revelação neste livro. Recomendo.
Meu primo, com muito orgulho!
Mas seres queridos nunca se vao: estao plasmados na memoria!
Obrigada, Xico Sa!
Meu primo, com muito orgulho!
Mas ninguem nunca se vai: esta plasmado na memoria…
Obrigada, Xico Sa!
uma bela homenagem.
Grande Xico, obrigado! Você colocou lindamente em palavras tudo o que nós estamos sentindo com a partida de Serginho. Forte abraço.
Almirante Serginho foi comandar nossos veleiros no céu !!!
Que texto lindo, Xixo! Muita emoção. Pena que dezembro é o meu mês: o do meu aniversário. E é como se eu esperasse o ano inteiro por ele…
Um grande amigo se foi para mim também nessa ultima sexta. Hoje, voltei a ver o facebook e recebi esse texto de presente da minha irmã. Também sou obrigada a dar adeus sempre em dezembro…aos meus amigos e amores, é algo comum na minha vida…Este ano foi o meu sogro, meu segundo pai, um amigo. Obrigada pelo texto, nunca um antes havia feito tanto sentindo na minha vida. Obrigada…
Ele morreu com a felicidade de saber que ele estava voltando para a casa que ele tanto amava.
Foi em 1994,em plena campanha de Arraes que conheci Serginho.
Valeu Xico, por mais essa crônica- despedida emocionada. Os amigos não morrem jamais, ficam eternizados na nossa alma!! Abraços conterrâneos !!!
Coisa mais linda, Xico
e toda homenágem é pouco para festejar o amigo!
Que texto lindo,lindo Xico!
Xico…Que afeto bom…Hoje passei lá…chorei olhando pra cima…”Olha ali onde botei teu quadro…E aquele ? É o fraco !!!!” E a conversa estendia…De Bicho de Pé a astronomia…E a noite acabava intacta…Linda !!!! Saudades tb.
como sempre xico , voce se superou
como sempre xico voce se superou
Putz! lindo demais, Xico. Só voce mesmo. grande beijo.
linda homenagem chico! infelizmente, os bons sempre vão cedo!
Xico fazendo a gente chorar nessa tarde de segunda em plena repartição! Beijo grande
E então..
Lindo texto , Xico. Esse foi um dos textos mais gostei ; cheio de beleza _beautiful .
A sensação eh aqula que mal acabamos de nos conhecer e já estamos nos despedindo.
“Simbora, dezembrinho miserável. Tu levas, mas nem pense que eles nos deixam”
RIP
Linda homenagem ao mago que nos deixa muitas saudades e alegres recordações…..lembro demais, quando as vezes eu perguntava: Serginho, vai fazer o que hoje e ele dizia: Xico Sá tá chegando aí e a gente vai tomar um whisy!! Vai com Deus, Serginho.
“Os dezembros me levam sempre um grande amor ou um amigo idem.” Lindo. Obrigado, Xico!
MEUS SENTIMENTOS CARO AMIGO, TU TENS RAZÃO DEZEMBRO É FODA! FOI EM UM DEZEMBRO QUE MINHA IRMÃ (A MAIS QUERIDA) ENCANTOU-SE.
NO DIA QUE MARIA DO CARMO NASCEU, PAPAI NOS LEVOU LÁ NA MATERNIDADE DO DERBI E NOS APRESENTOU CARMINHA, PEGUEIA NO COLO, NO DIA QUE ELA ENCANTOU-SE EU ESTAVA A SEU LADO.
OH DEZEMBRO SEM JEITO!
SAUDAÇÕES CORAIS.
Ai tu quebra os caboclos daqui na emenda xiconda ,e deixa o mago rindo da cara gente.
Xiquim, valeu ouro estilo rosa…
tu deixou a ida mais bonita,axé.
Por tudo isso, amar sem nada prever ou pensar. Amar porque nos é vital ter por quem chorar quando da partida.
Ah, Xico… mesmo sem conhecer, me arrepiou e emocionou!