Tipos de canalhas: o aético e o romântico
08/11/12 16:33Eu sou uma pessoa má, eu menti pra você. É o que canta agora, rua da Aurora, Recife, minha cotovia Karina Buhr.
No que Jakson do Pandeiro emenda: Que diferença da mulher o homem tem? Espere ai que vou dizer, meu bem.
Tratemos do pecado da mentira, essa obviedade mais velha que a palavra e a saliva.
Porque deste pecado ninguém escapa. É o mais ecumênico e democrático. Por pensamentos, obras e omissões. Somos amorosamente corruptos, repito um velho mantra do blog.
Com os meios virtuais, meu glorioso São Tomé, ai é que a mentira alonga suas pernas de centopeia mesmo. Para dar conta da sua nova cara, teria que ser revisto e ampliado o mandamento específico das tábuas sagradas.
Mas que diferença da mulher o homem tem? Como em quase tudo na vida, as fêmeas são mais sofisticadas, labirínticas, possuem a arte da burla e das ilusões mais afiladas.
O macho abusa amadoristicamente, como se fosse um recurso tão natural quanto a água e o óleo de peroba.
Até os melhores exemplares da raça masculina cometem as suas trapaças, dissimulações, subterfúgios, maquiagens na face da quase sempre insuportável realidade. Do presidente da corte superiora ao trombadinha.
A diferença é que uns ainda coram, enquanto outros nem se incomodam com as faces infestadas pelos cupins do moralismo.
Todo esse lero-lero para dizer que voltei a folhear, na espera do dentista, “101 mentiras que os homens contam -e por que elas acreditam” (ed. Ediouro), da norte-americana Dory Hollander, um clássico da psicologia vagabunda.
Aliás, nem no dentista foi, o fato deu-se no consultório do homeopata, quer dizer, no psiquiatra…
Minto. Comprei mesmo o livro no sebo, por dever de ofício, e o devorei feito traça. Que mentira que lorota boa, seu intelectual de meia tigela, seu Zelig, que fica inventando desculpa para as leituras mais banais.
Dane-se, comprei, li e gostei, pronto. Melhor assim. E quer saber, é um clássico da boa picaretagem. Dona Hollander fez uma pesquisa séria, ouvindo muita gente, sobre nossas mentiras, nem sempre sinceras, e nossas piores promessas.
Vai de um inocente “estou cansado demais” a um irresponsável “eu te amo” -dito na hora errada à mulher errada, no lugar errado. Começo, meio e fim e a nossa cuca ruim, como na canção do príncipe Ronnie Von regravada pelo Otto.
Por que elas acreditam, então? A psicóloga arrisca respostas: as mulheres acham que ceticismo e romantismo não podem andar juntos, sob pena de estragar as coisas.
Dona Hollander nos separa em dois blocos:
1) os perigosos e, digamos, aéticos, que abusam da mentira, que enganam por “esporte e lucro”, de forma inescrupulosa;
2) os mentirosos ocasionais, que se mostram dissimulados sob pressão e desviam a realidade com pequenas lorotas, artifícios para se livrar da “fúria feminina”, digamos assim.
Na segunda categoria estão aqueles que poderíamos chamar de canalhas líricos, galanteadores como o personagem Bertrand, do filme “O homem que amava as mulheres”, de Truffaut.
De que lado você samba, meu amigo?
Dublês de d. Juans, os Bertrands apenas enfeitam, douram a realidade nas suas peregrinações em busca das crias das suas costelas.
E você aí, amiga, qual a pior mentira que já ouvi de um homem?
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