Gente que não sabe quem é Carminha
13/10/12 22:38Já fui mais noveleiro. Não deixo, porém, de dar uma espiada e sei, minimamente, quem são Carminha, Nina e Tufão. Com a mineirinha Débora Falabela, aliás, fiz até um clipe –sim, sou um vagabundo pop hahaha- do Sidney Magal. Beijei os pés da lindeza, repetindo meu vício, minha tara na vida real.
Dou uma espiada, vez por outra, nas novelas, desde a genialidade de “Saramandaia” (Dias Gomes). No momento, porém, os personagens que mais tenho admirado são as figuras que não fazem a menor ideia de quem matou o Max. Não sabem e riem dos que querem saber.
Alguém canta “oi, oi, oi” e estas pessoas, genialmente desligadas, acham que é mais um comercial involuntário de uma firma telefônica. Alguém fala do “Divino” e elas pensam apenas no Ademir da Guia, o ex-jogador do Palmeiras que tem esse apelido.
Admiro mesmo estas pessoas. E não estou falando de intelectuais esnobes perdidos em tantas notas de rodapés. Trato dos machos & fêmeas bem normais. Como meu pai, por exemplo. Quase todo mundo lá no Sítio das Cobras, em Santana do Cariri, ligado em “Avenida Brasil” e ele, tranquilamente, ouvindo o canto da mãe-da-lua.
Tudo bem. O velho Francisco não vale. É um exemplo muito sertão-veredas. Então convoco a Wanda, amiga de SP, moderníssima, que ama viver por fora. “Que lixão é esse que tanto falam?”, me perguntou ontem, ao telefone, em pleno horário da novela.
E assim tantos e tantos outros que não fazem parte da massiva audiência. São admiráveis pela capacidade de não se envolverem com as grandes ondas. Caso do amigo Pedro, ex-vizinho do Recife, que saiu do twitter por quase nunca ter ouvido falar nos dez principais assuntos comentados.
Não consigo ser um deles, mas como invejo estes “lesados”, como se diz no Nordeste. Não perdem tempo com a maioria das modas & modinhas. A impressão é que vivem mais a vida deles mesmos. Só impressão. Não tenho tese sobre o tema.
O que você acha, amigo(a)? Você consegue viver longe da novela da vez?
Eu realmente não sei do que se trata essa novela. Há muitos anos perdi o hábito de acompanhar novelas, porque no fundo nunca gostei do gênero. Adoro seriados e filmes. Incomoda-me muito o Brasil inteiro parar para assistir a finais de grandes campeonatos e/ou novelas. É muita alienação para meu gosto.
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Sou orgulhosamente ‘lesada’. Mas confesso sentir falta das minisséries.
Xico, eu vivo fora da ondas mas é por outro motivo: eu não consigo compreender muito bem o que está acontecendo. Até cair a ficha, o assunto já saiu de moda.
Eu consigo viver fora das novelas, mas é tão normal tomar café com conversas sobre Carminha, Max, Tufão, Nino… enfim o café tem outro gosto.
Não rola, minha pós é em teledramaturgia. Adoro novelas e acho que elas fazem parte da trilogia “ópio do povo”: futebol, novela e carnaval.
Meu “fio”, eu era mais noveleira, mas de um ano pra cá, parei geral. Não porque quis, sim pelo fato que a SKY em João Pessoa não pega a Globo, então desencanei da Globo até muito antes da novela começar.
As vezes me sintia uma ET, putz todo mundo só fala em Carminha, até que um dia tive que perguntar a diarista do meu pai:-Quem é essa doida? Confesso que me senti menos ridícula, pois achava que era a única da Paraíba, se não for do mundo, que não assistia Carminha.
Juliana.
Querido Xico Sá, vivo sem novelas! rs
Digo isso sem orgulho e sem pesares…rs
Tenho duas razões nobres…ou não! Filha e tempo! Filha de 7 anos não deve ver novela das 10h. E meu tempo das 9h em diante é consumido pelo o que não deu tempo de fazer no resto do dia: jantinha para marido (risos!), verivicação de lições escolares e finalmente, leitura preparatória do sono! rs Abraços!
ps. tenho uma legião de amigos fãs de Carminha e que zombam de mim carinhosamente por não saber quem é Tufão! risos!
Minha querida, você é aquela mulher madura que todo homem sonha.
Acho interessante quando escuto que novela não é cultura, que é coisa da massa, que é um lixo.
Sou formada em Relações Públicas e quando estava na faculdade tinha uma matéria chamada “História da Comunicação Contemporânea” e um dos temas abordados – em mais de uma aula por uma professora sensacional, diga-se de passagem – eram as telenovelas.
Parece que não, mas mesmo quando você está “por fora” do mundo da novela, ele está próximo à você.
Existem muitos livros a respeito do assunto que abordam os mais diversos temas: como a sociedade enxerga a novela; como a novela exporta a nossa cultura; como as pessoas se identificam com os personagens e lutam por ele; como a interação sociedade/ficção faz determinado assunto virar pauta ou faz o personagem ter seu destino alterado; como o herói e o bandido são construídos; como alguns julgamentos e comportamentos da sociedade são aceitos ou não através de uma “simples” telenovela; qual o papel da mulher nas telenovelas; como são tratadas e representadas as diferentes classes sociais e por aí vai…
Entendo quem não gosta de novelas porque eu mesma não tenho lá muito interesse por todas elas, mas não posso negar alguns dos exemplos abaixo, que passaram diante do meu nariz durante todos estes anos:
– campanhas de conscientização ganham muita força por meio das novelas (o uso de álcool e drogas por jovens em “O Clone”, aumento do número de inscritos para doação de medula óssea em uma novela em que a Carolina Dieckman raspou a cabeça porque tinha câncer, caminhadas pela paz no Rio de Janeiro com o Tony Ramos, entre outros)
– discussão envolvendo assuntos delicados que muitas vezes eram deixados à margem ou que hoje são mais aceitos exatamente porque levaram a discussão para dentro da casa do telespectador: adoção e inclusão de crianças com síndrome de down, homossexualismo, barriga de aluguel, entre outros.
– Isso sem falar nas discussões mais sutis que têm surgido e, creio eu, serão responsáveis pela mudança de pensamento das pessoas daqui a algum tempo, como por exemplo: o reconhecimento do trabalho das domésticas, o fato de uma “piriguete” ter uma relação moderna e ser casada com dois homens (vivemos em um país claramente machista e isso é assistido todas as noites por milhões de brasileiros e eu não ouvi UMA pessoa falando mal da personagem por causa disso, olha que mudança!), a discussão da monogamia (um dos personagens tem três esposas e isso é aceito pelos telespectadores) e por aí vai…
Enfim, eu poderia ficar horas argumentando a respeito do tema, mas acho que – apesar de todo o drama envolvido nestas produções – muitas vezes elas apresentam uma sociedade nova para uma burguesia antiga nas ideias.
E, honestamente, acho que a atual novela das 21h da Globo, Avenida Brasil, faz tanto sucesso (com quase 80% do share do horário, semana passada ganhou da final da Libertadores, veja só que coisa!) exatamente porque faz hoje o que Mário de Andrade fazia com Macunaíma: descontrói o ideal de herói e faz as pessoas se encantarem pelo anti-herói.
O brasileiro se identifica com quem dá um jeitinho, com quem fala tudo junto em uma boa discussão (aquelas que ninguém entende ninguém e todo mundo se acerta no final), com uma história ritmada (que tem pique de série e faz você surtar porque perdeu um capítulo para jantar fora e não entende mais nada do que está acontecendo…), com quem sofre e, no final, é feliz e merecedor de sucesso.
Ah, quase me esqueci da personagem da última novela das 21h00 que sofre e é feliz no final: a Pereirão, Mulher trabalhadora, batalhou pela educação dos filhos, separada, sofria preconceitos, ganha na mega sena, dá uma virada na vida e, entre muitas idas e vindas, encontra um amor de verdade e tem sucesso pro resto da vida. No começo até achei que iam fazer um paralelo com o Lula, sim, o ex-presidente. Juro que achei. Afinal, ambos personagens construídos eram reflexo do povo trabalhador, certo?
Não estou dizendo que ver novela é bom ou é ruim, apenas que é FATO que isso é uma característica marcante da cultura nacional e não deve, de modo algum, ser ignorada. Pode não ser o tipo de cultura que VOCÊ consome e gosta, mas isso não quer dizer que as novelas não fazem parte da cultura do país.
Não chamam o que passa na televisão de PROGRAMAÇÂO à toa.
Programam nos subconscientes das massas de manobra o que querem.
Não é a toa que a Globo recebeu suporte financeiro e tecnológico dos americanos:
“Esta era uma citação que fazia ver o papel que a rede Globo planejava, junto com o grupo Time-Life no futuro imediato do Brasil. O acusador, por outro lado, coincidentemente representante da rede de televisão já existente e líder das comunicações na época (os Diários Associados, proprietários da Rede Tupi), esclarecia à mesma CPI: “E esta é uma guerra – não é uma guerra quente, mas um episódio da guerra fria. Entretanto, se perdermos neste episódio, o Brasil deixará de ser um país independente para virar uma colônia, um protetorado. É muito mais fácil, muito mais cômodo e muito mais barato, não exige derramamento de sangue, controlar a opinião pública através dos seus órgãos de divulgação, do que construir bases militares ou financiar tropas de ocupação”.
Feitas estas considerações, passemos a analisar a montagem do sistema de comunicações durante o período da ditadura militar, que é um ponto importante para compreender a função desse sistema como parte do Capitalismo Autoritário.
A legislação que orienta as concessões de rádio e televisão foi estabelecida logo após o Golpe Militar de 1 de abril de 1964 e conservou-se inalterável até a Constituição de 1988, que apenas confirmou as normas já existentes e somente agora pretende ser alterada, para pior, é claro, dando permissão às empresas estrangeiras participarem do capital da radiodifusão brasileira.”
http://www.umanovaera.com/conspiracoes/A_TV_Globo_e_sua_historia_secreta.htm
O Brasil é o que é devido a essas novelas.
A última boa foi Que Rei Sou Eu. E Vale Tudo.
Esse autor tem texto bom, mas novela é coisa de 3° mundo, e mulheres aposentadas/desempregadas dos 1° (lá só passam à tarde).
Olha grande Xico, eu tenho algumas coisas em comum com o seu amigo Pedro (além do nome). Eu sou total alienado dessas ondinhas da massa, não por birra, mas por ser como meus parentes diziam quando eu era criança…”um menino velho”. Eu ainda sou aquele doido que dorme ouvindo notícia no rádio, fica vidrado em conversas de idosos, abandonei o twitter pelo fato de detestar escrever pouco e por descobrir pessoas extremamente superficiais naquele ambiente. Mas o facebook é o maior espaço de revelação de gente vazia e desesperada, os psicólogos deveriam olhar melhor esse filão de clientes em potencial. Bem, novela devia ser bom no rádio, e atualmente elas (as novelas) andam tão nocivas que essa “da vez” está sendo estendida até depois do segundo turno das eleições. Será que só eu percebi isso? Espero que não.
Eu, não confesso, só vim a saber da Carminha pelo facebook, em uma infindáveis fotomontagem que pululam por Max. Não tenho nenhum aparelho de televisão em casa. Nem quero ter. Não por ideologia ou contra-cultura. Faz falta sim. Na hora do jogo do Fluminense somente, contudo. Nada que o bar da esquina não resolva. Mas hoje, por osmose involuntária, sei que é a Carminha. Sei que ela é má. Sei que o Tufão bateu nela. Sei que o comício do Haddad foi adiado por causa dele. Tudo isso eu sei. Pela internet. A mesma internet que me traz você, querido Xico. Dane-se a Carminha!
Caro escriba da gota serena,
Confesso-te, até meio envergonhado, que no quesito novelístico estou mais por fora do que dedão de franciscano!!! Prefiro gastar meu precioso tempo tomando meu cachorro engarrafado, conversando com a patroa e fazendo uma jantinha bem boa, só pra rimar. Acho que a última novela que assisti foi O Bem Amado, novela que me deu deverasmente um enormemente prazer orgasmático-visual-pseudo intelectual. Grande abraço cabra da mulesta….
Sou como os amigos do Xico Sá e como Arnaldo antunes já dizia: Não tenho paciência pra televisão… as vezes me sinto uma “lesada” por não saber do que se trata, mas fazer o que. Deixo para quem gosta mais!
Vejo muitas pessoas nas filas, nos ônibus etc a vagar sobre as novelas, como se esses personagens fizessem parte de suas próprias vidas. (!) E o que parece, de fato é…a telinha tá na sala de estar, nos bares, nos nossos espaços de convivência.
O espectador pratica a passividade e a vida só clama por movimento.
o mais engraçado de tudo é os manés e manelas não tem o menor distanciamento…tudo é sobre eles mesmo; pq eu isso, eu aquilo, eu aquiloutro….
Prezado Xico, sempre que posso ou te escuto no rádio, podcasts ou mesmo pela leitura da sua coluna. Vim aqui fuçar neste momento, exatamente porque o facebook parece que virou um programa de fim de jogo, onde os comentaristas se encontram para discutir se foi penalti ou não se estava impedido…etc…só falam dessa novela. Aliás, se você observar enquanto passa a novela o face para…como se fosse um aeroporto sem teto, depois qua acaba tudo volta e dá-lhe comentários…para mim é triste, porque não assisto novelas…mas se o pop é a Av. Brasil, pelo menos os comentários a gente fica sabendo. Enquanto isso…na sala da Justiça…o povo já nem sabe mais, com a devida venia, isso me causa espécie…rs…abraços
Sou uma dessas lesadas, graças a Deus!
Me sinto deslocada nas conversas do refeitório do trabalho, mas pra mim, Divino continua sendo o Divino Espírito Santo, Tufão é um ciclone e Av. Brasil é a principal avenida da cidade de Americana-SP. Vivo muito bem longe da novela e perto dos livros, filmes e das conversas com amigos nos bares.
Sou suspeita pq ADORO Avenida Brasil , acho o autor muito bom e sei até que homens estão assistindo a novela …
E as novelas brasileiras são reconhecidamente as melhores do mundo !!!
Como assim as melhores do mundo? São as únicas…
Não são não. Existem as mexicanas que são péssimas ao quadrado!
Procure no google: LIVRO CIBERCELULAS. Este livro irá te surpreender!! Recomendo.
Já fui mais atenta às novelas, mas, ultimamente, só tenho acompanhado mesmo a da vez: Avenida Brasil. Gosto de estar por dentro do que andam falando nos 4 cantos…não consigo ser assim, à toa, alheia…
Xico, muito interessante este seu texto. Filosoficamente, antropologicamente, psicologicamente e socialmente é mais fácil ao humano viver em bandos, e seguir as “ondas”, as modas. Mas há uma pequena percentagem da população que fica fora desses movimentos. Dizem que é mais feliz quem é ignorante. Aí vai da cabeça de cada um, né?…
Se ignorância fosse sinônimo de felicidade, o mundo não estaria atolado nos anti-depressivos…
Coisa que novela nenhuma resolve.
Xico, fazia tempo que não acompanhava uma novela, mas Avenida Brasil me “pegou”. Acho meio bobo mesmo viver a vida dos personagens e deixar de sair apra jantar fora ou ir ao cinema para não perder a “revelação bombástica” do capítulo, mas admito que tenho feito isto nas últimas semanas. Aproveitei que o tema está na boca do povo para escrever sobre ele no meu blog Atitude 40: http://www.atitudequarenta.com/2012/04/avenida-brasil-o-paraiso-das.html
Eu sou viciada em novelas,não perco nem uma da Rede Globo.
Ah gente, quem tem canal pago, tem cerca de 100 canais à disposição. Duvido que não tenha coisa melhor pra assistir. Por exemplo, na quarta, por volta das 22hs às vezes tem o Grande Xico Sá no GNT.
Xico, Xico… posso viver sem qualquer coisa, menos sem você!
Caro Xico Sá,
Não vi a novela, mas sei que a vilã é a Carminha e a vítima, Nina.
Acompanhei apenas a novela Cheias de Charme. Ficar viciada numa novela de tempos em tempos já está de bom tamanho.
Ontem, na volta do feriado, num posto Graal de Castelo Branco, a conversa na fila do caixa era essa: uma garota leu todas as chamadas de capa das revistas de ti-ti-ti que estavam na banca. Contei: tinham 5 publicações e todas falando nos possíveis finais de Av.Brasil.
Não sou como o seu pai, mas gostaria…Tem horas que não resisto a uma novelinha.
abs.
Não vejo, mas sei o que passa pela net, sou da turma do tanto faz…
eu nunca vi essa novela, nunca li nem vou ler 50 tons de cinza e não tenho iphone. não tenho assunto com as amigas da firma…
Claro que depois dessa informação que desconhecia fui procurar o tal clipe do Magal no youtube! Adorei!! Dança muito esse Xico Sá! rsrsrs