Falando aos corações desiludidos
08/10/12 11:24De 89 missivas e mensagens recebidas nos últimos dias por Miss Corações Solitários -a conselheira sentimental deste blog-, 50 tratavam de desilusões amorosas. De machos & fêmeas que dizem categoricamente: não quero mais amar a ninguém.
Pensando nestas almas aflitas, nesta primaveril segunda, rasbiquei esta breve e rasteira filosofia de consolação:
Triste de quem fica desiludido(a) e evita outro amor de novo, cai no conto, blasfema, diz “tô fora”, já era, tira onda, ri de quem ama, pragueja e nunca mais se encontra dentro das próprias vestes.
Como se o amor fosse uma bodega de lucros, fiado só amanhã, um comércio, como se dele fosse possível sair vivo, como nunca tivesse ouvido aquela parada de Camões, a do fogo que arde e não se sente, a da ferida, aquela, o Renato Russo musicou e tudo, lembra?
Triste de quem nem sabe se vingar do baque, sequer cantarola, no banheiro ou no botequim, “só vingança, vingança, vingança!”, o clássico de Lupícinio Rodrigues, o inventor da dor-de-cotovelo, a esquina dos ossos úmero com os ossos ulna (antigo cúbito) e rádio, claro, lição da anatomia e da espera no balcão da existência.
Tudo bem não querer repetir, com a mesma maldita pessoa, os mesmos erros, discussões, barracos e infernos avulsos e particularíssimos.
Triste de quem encerra o afeto de vez, como se aquela mulher e/ou aquele homem “x” fossem fumar o king size, duvidoso e sem filtro, lá fora, e representassem o último dos humanos.
Chega do clichê e do chavão de que todos os homens ou mulheres são iguais.
São, mas não são, senhoras e senhores. Cada vez que uma folha se mexe no universo a vida é diferente.
Todos os machos e todas as fêmeas são novidades. Podem até ser piores, uns mais do que os outros, porém dependem de vários fatores. Não adianta chamar o garçom do amor e passa a régua para sempre por causa de apenas um(a) sujeito(a) –como se representassem a parte pelo todo da panelinha do mundo.
O que não vale mesmo é eliminar o amor como proposta mínima na plataforma política de estar vivo.
Já pensou quantos amores possíveis, como diria o Calvino, você estaria dispensando por essa causa errada?
E quem disse que amor é para dar obrigatoriamente certo?
Amor é uma viagem. De ácido.
Amar é… dar ou levar pé-na-bunda.
Depois, como se diz, a fila anda, mesmo que mais demorada que a do velho INPS ou do que a dos ingressos para a final do campeonato.
E tem mais: a única vacina para um amor perdido é um novo amor achado. Vai nessa, aconselho! Só cura mesmo com outro.
Sim, o amor acaba, se não entenderam ainda… corram a ler o gênio mineiro Paulo Mendes Campos: em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.
Vamos esquecer a ilusão católica do até que a morte separe os pombinhos e viver lindamente o amor e o seu calendário próprio. Muitas vezes não temos o amor da vida, mas temos um belo amor da quinzena, que de tão intenso e quente logo derrete. Foi bonito.
Vale tudo, só não vale o fastio e a descrença.
Bom dia Xico Sá! Você escreve de uma maneira tão maravilhosa. Quando leio os posts, penso em ler devagar para não acabar logo de bão que é.
E este post dos corações desiludidos, me sinto assim desiludida, tomei um pé-na-bunda tão triste que doí já faz 1 ano, como pode doer por tanto tempo, e por alguém que mora a 305 km de mim. E não há um dia que o dito cujo não ocupe os meus pensamentos, e isso chega a doer. A distância nem sempre leva tudo, gostaria de ter virado a página como ele virou. Por que será que alguém sempre tem que ficar com o que vc chama do chicabon da solidão?
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Xico vc é demais, adoro tudo o que vc escreve.
Como faço p escrever ao Miss Corações Solitários????????????????
Procure no google: LIVRO CIBERCÉLULAS. Este livro irá te surpreender!! Recomendo.
Li algo bem parecido na coluna do Ivan Martins, revista Época….
“pois quem entra pelo cano,há de encontrar a saida”
parole parole parole!!!!!
ninguém quer viver só, a vida fica muito chata ame,ame os cães,os gatos, eles sim são verdadeiros!!!
“Como vai? Tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar, não vou chorar
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais
Mas enquanto estou viva e cheia de graça
Talvez ainda faça um monte de gente feliz”
(Saúde – Rita Lee)