O amor e as más companhias. Você acredita?
01/10/12 19:30Ele, de repente, voltou a andar com um canalha convicto. Ela, do nada, recorreu aos dotes de um dublê de madame Simone de Beauvoir ou da mais avoada periguete do bairro etc.
Na tentativa de confortar mais um amigo, este do Recife, que chupava o frio chicabon da solidão na ponte Buarque de Macedo, sofri a acusação de descaminhá-lo.
Sim, a ponte que metia medo até no Augusto dos Anjos, nosso primeiro ensaio de lirismo-punk-brega.
Em plena segunda-feira, recebi a patada da ex do dito cujo, incomodada com suposta má influência sobre o mancebo:
– Não vai descaminhá-lo! –sapecou a princesa. – Quando vi que estavam andando juntos pela noite… Perdi as ilusões de vez, desculpe, amigo, mas tenho que desabafar, pronto, falei, danem-se vocês dois.
Como se alguém, homem ou mulher, precisasse do GPS da vida errada. Como se a vida fosse certa. Quem tiver a fórmula que mande ai nos comentários ou passe lá em casa.
Tem gente que atribui a um amigo ou amiga os desacertos do namorado, caso, cacho ou marido. Já me peguei, primariamente, nesta mesma onda, há muito tempo atrás.
Vociferei, agoniado, para o meu amor da época: “Depois que começaste a andar com essa vadia, só fizeste merda!”
Hoje rio de tal meninice.
Como se o teu desejo precisasse de outras belas e más intenções femininas. Lua cheia, viejo hombre, esquece, perdeste o controle.
O nome dela agora é autonomia. Dançaste.
As três coisas inevitáveis da natureza: água ladeira abaixo, fogo ribanceira arriba e mulher com vontade de dar… Não tem jeito.
Má companhia. Hahaha. Isso não existe. Coisas que botam nas nossas frontes e cabeças. Esqueça.
Só acredito nas influências literárias. E olhe lá. Mesmo assim nas influências dos escritores mortos. Só os mortos governam os ditos vivos.
Já me responsabilizaram muito por desvios de condutas dos seus cônjuges. Como se o meu atávico rapariguismo –do amor alentejano às raparigas- pudesse ser transmitido qual uma enfermidade.
Homem nenhum e mulher alguma influenciam outrem se o desejo latente já não fizer morada naquela perdida carcaça.
Ele(a) pode apenas não saber onde colocar o desejo, como na trilha de “A dama do lotação”, mas tal desejo ali, na espreita, aquele corpo ocupara de muito.
Sei não. Eu não acredito. E você, amigo(a), alguém é capaz de levar o nosso amor para o mau caminho?
O amor é torto mesmo, não existem, más companhias. O teu texto me fez recordar o belo poema de Caeiro – Poema em linha reta.
Bem que a vida podia ser certa, às vezes…
Tem uma música francesa que diz assim: “Eu bebo, sistematicamente para aguentar os amigos da minha mulher”. É só questão de aceitar, a realidade é essa.
Meu estimado Xico vc só confirmou o que já sabia, não há influência que possa dar o veredito para qualquer tipo de ação…Adorei sua reflexão sobre o assunto.
Acho que a má influência depende muito da idade “dele” ou “dela”, tem relação com maturidade na verdade.
Como você mesmo disse, Xico, que já condenara um antigo amor por achar que andava com uma vadia, e reconhece que o fez por imaturidade.
Tudo isso vai da relação em que a pessoa está vivendo, se você vive em um relacionamento legal, que valha a pena não vai se deixar levar por um par de calças deslumbrante ou uma saia irresistível, ninguém irá induzí-lo a erro, e nesse estágio, já existe maturidade o suficiente para discernir o que é bom ou ruim para sí.
Beijo Xico!!
Isso é a mesma coisa que aquela mãe superprotetora diz do filho: “ele é um ótimo menino, mas se envolveu com essas companhias…” Ou seja, no fundo, é só vc mesma querendo acreditar que seu amado é santo, o mundo é que é mau – o que de fato não é verdade.
Se alguém é capaz de levar o nosso amor para o mau caminho?
Depende do alguém, depende do amor… Má companhia seria juntar a fome com a vontade de comer!!
Qm nasce desviado, com o juízo nos pés n precisa de empurrão de ninguém. Sou prova viva da situação.
Ainda bem que a única mã companhia que ando só vejo quando me olho no espelho!!
Na boa…as merdas que fazemos (as vezes não são merdas) são 100% resposa de quem fez e ponto final…procurar em quem colocar a culpa pelo deslize é tapar o sol com a peneira!!