Um pé-na-bunda na noite mais fria do ano
27/09/12 22:19Esperei a primavera como um Bandini, veio o frio e um pé-na-bunda.
Justamente na madrugada mais fria do ano nesta cidade de quase 12 milhões de habitantes.
A cidade que dorme à custa de ansiolíticos e ilusões perdidas.
Estamos acordados como cães na chuva, vinho, muito vinho, relógios quebrados como as promessas… Até parece que a voz daquele disco do Tom Waits (na foto acima) emerge dos bueiros.
Ela me deixou a chupar o frio chicabon da solidão em plena avenida Paulista com Augusta. Sensação térmica menos 50.
Não cometi um grande crime específico, uma grande traição etc. Foi pelo conjunto da obra. Melhor: é que as mulheres mais novas vão mesmo embora.
Deixa quieto. Não foi a primeira vez que fui vítima.
Elas são curiosas, eles querem ganhar mundo ou outros legítimos braços, elas querem morar em Londres, elas querem fazer um curso de sobrevivência longe de casa, fora do mundinho burguês que, em vez de confortá-las, incomoda.
Mulher nova anda mais que Gulliver, anda mais do que índio yanomami.
As mulheres maduras também vão embora do mesmo jeito. As afilhadas de Balzac, que hoje têm 40 para cima, idem. As mulheres vão embora. Ponto.
Estão dando o troco em uma dívida histórica de abandonos.
Homem não pinga mais o ponto final. Só enrola, mesmo quando deseja o fim imediato. O pé-na-bunda hoje é quase monopólio das mulheres. Dizem na lata e partem, destemidas.
Bem feito, vagabundo, digo para mim mesmo. E agora? Compro um aquecedor barato ou saio a desfilar minha ruína bêbada nas tavernas da cidade?
Esperei a primavera, jovem Bandini, veio um pé-na-bunda. Não há de ser o último. Em tempo de homens frouxos, persigo o amor com a santidade e a obsessão de um canalha.
Só os canalhas não desistem da amorosa aventura. Só os canalhas curam mais rápido dos traumas e se põem desarmados para a próxima.
Agora, com licença, na vitrola do bar das Amistosas, o distinto proprietário Libânio, também conhecido como Charles Bronson, entende a minha dor e toca aquela de Adelino Moreira, na voz de Nelson Gonçalves:
“Fica comigo esta noite
E não te arrependerás,
Lá fora o frio é um açoite
Calor aqui tu terás,
Terás meus beijos de amor,
Minhas carícias terás…”
Xico, tens um ombro aqui se quiser chorar. Acendo a lareira e o calor vai tomar conta da tua alma….
Não levei um toco, mas to louca pra abandonar meu osso. Osso duro de roer o meu!!!
Pé na bunda pode ser educativo até… se não for traumático.
Caro Xico… seu texto está no meu mural, pra eu reler sempre que o bicho pega. E o bicho tá pegando, e me mostrando um lado
dessa história que nunca vi. Deve ser o lado real, ou seja, de quem leva o pé na bunda.
Isso pra mulher costuma doer mais, pois vem sem justificativa.
Obrigada pelo alento!
Algo parecido aconteceu comigo nessa madrugada, logo foram as duas noites mais frias do ano!
Xico, você tem toda razão, mulheres novas querem descobrir o mundo
Nós… nós pecamos pelo “conjunto da obra” (risos)
ai Xico!
sofro do mesmo mal, meu cacho, que encaixa perfeitamente no que há de mais modernos nos relacionamentos que obedecem à sequencia sofá-cama-rua, me abandonou nessa noite fria por conta de uma sinusite!SINUSITE!
Eu pergunto, existe algum tipo sinusite que não se cure com uma boa trepada e cafuné?
Mulher nova anda mais que indio yanomami.rss essa foi boa.
lembrei do filme “Os Deuses devem estar loucos” aquele indio andando dia e noite com a garrafa de Coca-Cola na mão, pra jogar no fim do mundo,que era um precipicio.
Experimenta acompanhar uma mulher pra fazer compras no Bom Retiro ou no Bras. Pode calçar um um sapato bem confortável porque vai gastar muita sola na certa, e pede tempo para encher o radiador e tomar suco no meio da caminhada.
Lembre-se de que um pé na bunda sempre te empurra pra frente! E as quarentonas não perdoam mesmo….rs
Adorei o texto! Parabéns.
Atitude 40 (www.atitudequarenta.com)
Xico…e quando o macho fica olhando no relógio o jantar todo?melhor correr?kkk
corra,Lola,corra! bjo
Uma das primeiras vezes que fui pra SP me levaram no amistosas, realmente, um lugar não tão adequado, e seu proprietário se parece com Charles Bronson, prefiro dizer que se chama Bigode Cheiroso, hahaha.
Quanto o pé na bunda, afogue tuas mágoas e aguarde a primavera, há boatos que o clima vai esquentar.
Engraçado, eu fui a mulher dessa história ontem. Você sempre lê meus pensamentos e parece escrever especialmente para mim, Obrigada, Xico. (:
Xico, eu jamais deixaria você nesta noite fria! Desalmada!
Ai, Xico, vem “ni mim”… Beijo.
Os pés na bunda em dias frios parecem doer mais… Tem pagaria um bom rabo-de-galo no famoso bar das Amistosas se pudesse, mas acho que nesses casos é melhor gastar os cotovelos só no balcão do abandono.
Beijo beijo
Querido Xico, meu ombro e qualquer outra parte do meu corpo está a sua disposição para consolo. Mil Bjs Amore
Xico, será que para ter uma relação amorosa mais igualitária não é preciso mudar o paradigma?
A díade homem maduro – mulher jovem e mulher madura – homem jovem não costuma mesmo funcionar por muito tempo. Em geral, as contrapartidas são mais onerosas para o(a) parceiro(a) mais velho(a). Este(a) tem que pagar um preço mais alto – como a insegurança, por exemplo – pela juventude do outro. E isso costuma acontecer mesmo havendo amor e afinidade. Também pesa a diferença entre as gerações e a experiência de vida. O que é mais experiente está mais tranquilo, assentado, enquanto que o outro ainda tem todo um caminho pela frente.
Por outro lado, penso que, diferentemente de muitas mulheres de gerações anteriores, a mulher jovem pós-moderna não se contenta mais com um homem que lhe ofereça aquela porção de experiência de vida e cultura que ela não tem; deseja viver suas próprias experiências e tirar suas próprias conclusões.
Acho que os pés-na-bunda te alimentam.
Outros virão !
opa, ja to pronto pra outro. nesse ritmo ha muitas décadas.eu quero é mais.abrazo
Perfeito, adoro seu jeito de escrever, isso é inspirador para os que estão começando agora. Parabéns
Valeu,Jeferson.Boa sorte ai nas suas escritas. abraço
Xixi, ateh na dor tu consegues tirar um deboche!!!! Apesar do pesar pelo “ate logo” da infame, senti o estômago borbulhar de rir!
Voce eh fantástico!
Me desculpe o comentário anterior, mas mandei sem corrigir a autocorrecao desalmado computador. Xico.
nao é nem no deboche, é a cura na escrita e em alguns tragos.beijos
Poxa, Xico, o rolinho primavera não chegou nem no verão! Que pena, parte pra outra, antes do verão chegar….Quem sabe uma balzaca te entenda melhor! Bjos!