O amor que morreu na saída do feriadão
08/09/12 03:53
Nem precisamos ir ao mar para ver o nosso amor morrer na praia neste feriadão.
Nosso amor morreu na doutor Arnaldo, depois da sala de velórios, na frente das bancas de flores, rosas vermelhas que sustentam amores falidos, girassóis, gerânios, belos arranjos que fazem milagres e livram os maridos culpados no engarrafamento.
Nosso amor morreu na correria para fugir de SP, babilônicos corações de fumaça a 10 km por hora, como os tílburis que conduziam os Bentinhos e Capitus no século XIX do outro lado da via Dutra.
Nosso amor tinha pressa, largou o automóvel e saiu caminhando, melancólico, entre motoboys e miragens, crepúsculo cubatanesco a escorrer do nariz, nosso amor era um boi na frente dos carros.
Nosso amor era um atropelo e a gente mal tinha tempo para fazer-lhe um dengo, um cafuné, uma cócega, um bilu-bilu, nosso amor era um tomagushi, um bichinho virtual criado e nascido como uma planta nesta cidade de 11 milhões de habitantes.
Aí nosso amor, puto da vida, bebeu, cheirou cola, acendeu o cachimbo na Cracolândia, perdeu os óculos, as lentes de contato, fez besteira na rua Augusta e quando alcançou o Tietê já nadava na correnteza em cima de um sofá velho cujo estofado denunciava lágrimas e esperas.
Nosso amor não conseguiu dormir direito de ontem para hoje, zumbizou geral o malaco, perdeu-se como Esperanza, a linda boliviana de Cochabamba, Penélope que tece o interminável manto e nada espera nas fabriquetas de costuras do Bom Retiro.
Nosso amor não tinha norte, bússola ou GPS.
O amor em SP, repito, é como o metrô da Paulista: começa no Paraíso e termina na Consolação. Sinto muito.
Nem se engane!!! Ali acabou nossa paixão. O amor só esta começando. Bjs.
Xico, demorei pa rate descobrir, mas agora que te achei, só tenho a comemorar a opotunidade de ler estes textos deliciosos.
Vou te perseguir pra sempre.
“Como os tílburis que conduziam do outro lado da Dutra” E assim espero ter sempre uma distancia astronômica, sempre a me esquivar do embate com o conformismo, sempre por lograr o grande afã nesta azáfama cidade….Mas ainda conto com poucas primaveras, mas a ingenuidade já vai vasquejando., ou pode ser que eu nao saiba ainda como é dividir o conforto do conhecido, e sempre presente cotidiano controlado com algo aparentemente tao vil como um amor em sampa x)
A distância faz ao amor aquilo que o vento faz ao fogo: apaga o pequeno, inflama o grande.
— Roger Bussy-Rabutin
Dedução
Não acabarão nunca com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente.
— Vladimir Maiakóvski
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Será mesmo que não existe amor em SP? Acho que o caos amoroso de uma grande metrópole é que tudo pode do dia pra noite parar de ser admirável, as pessoas aqui trocam os gostos muito rápido, são muitas opções (e muitas frustrações).
Lindo, Xico. Mais duro, né? Às vezes a gente cansa de ver o lado bom..Até o Xico. Bjo
Xico, esse amor virtual pode ressuscitar, bem em SP, agora que o feriado já passou.
Xico, esse amor virtual pode ressuscitar, bem em SP, agora que já passou o feriado.
“…perdeu os óculos, as lentes de contato”.
Chico, lembrei quando lhe encontrei num bar/teatro chamado Matrix e você perdeu seu óculos no balancê daquela sagrada pista banhada de vodka falsificada e suquinho da turma da mônica. Memorável.
Será que paulistanos também sentem isso? Eu, um paulistano só de nascença, criado em Aracaju, que passeou por Brasília, Recife e hj em BH, sinto essa falta de conexão que sobra em nós, me considero, nordestinos. Não tem wi-fi, bluetooth que melhore uma boa amizade gratuita. Será que é verdade aquela frase do mestre NR, que senti falta na sua lista hehehe, que o pior tipo de solidão é a companhia de um paulista?
meu amor nao morreu, mas minha ex namorada quer que ele morra. Ela se foi, voltou com o ex namorado. E agora? O que eu faço com meu coração cheio de amor, de dor e de solidão?
Muito bom. =D
bravo!
caralho, xico sá
Meu caro Xico, se toda essa cambada de crente votar no mesmo canditado: tá russo mano!
Ser sobrevivente nessa sina do amor , você já tá bem nessa fita né Xico .
Paulistano é isso , vive , sofre , arrisca , sobrevive com muita lembrança boa.
O Arnaldo Baptista é um bravo sobrevivente !!
te conheço da TV, onde vc chama + atençao do q os galâs q estão do teu lado. mulher adora ouvir e vc fala mto bem. Mas hj ao ler o teu texto, vc me ganhou. Sou fã de carteirinha…
O segredo é só descer no Paraíso ou ficar na Liberdade
Augusta, graças a deus,
Entre você e a angélica
Eu encontrei a consolação
Que veio olhar por mim
E me deu a mão.
Quando eu vi
Que o largo dos aflitos
Não era bastante largo
Pra caber minha aflição,
Eu fui morar na estação da luz,
Porque estava tudo escuro
Dentro do meu coração.
da-lhe viejo Tom Zé.valeu.abs
João Pedro, que lindo esse poema,que fofo! amei!! muito bonitinhoooo
O Amor gritou independência e desceu a serra de braços dados entre os fantasmas insaciáveis da Marquesa e do frustrado imperador de 2 Terras, sem nenhuma
sensacional.foi bem isso.abrazo
Lindo texto, mas espero que seja só fantasia… Bjos!
meio real meio pulp fiction,claudia.bjo
Xico, você que gosta do cinema nacional foi ver algum dos 13 filmes nacionais em cartaz?Qual você recomenda?
Por que o cinema nacional esta em ascensão? Deve ter alguma qualidade, pois o povo comparece para prestigiar.
Febre do Rato é o melhor! beijo
simplesmente lindo!
gracias Marcia, foi do fundo del corazon.bjo
Ai vc, caro Xscosa, vem com essa ‘Consolação’.
Sinto mui
rs
“Angustia
de sentirme abandonado
y pensar que otro a su lado
pronto… pronto le hablará de amor…
¡Hermano!
Yo no quiero rebajarme,
ni pedirle, ni llorarle,
ni decirle que no puedo más vivir…”
(Enrique Cadicamo)
fueda.preciso ler mais o sr. Enrique! abrazo
Admiro sua sensibilidade e sua cultura, Xico.
Que bela metáfora sobre o amor!
Que bom que o amor termina na consolação que é do lado da Augusta onde a consolação está em afogar as mágoas e de quebra sempre aparece um amigo pra desabafar! A dor do amor no cinza de São Paulo.
Valeu Xico, tu é o cara!
O meu amor morreu como o Tamaguchi adorei esta definição.
Gostei Xico! Vc é massa até de madrugada
Lindo!
Não é motoboy, agora é motofrete de acordo com o Kassab Nero. Nero, Roma, tá lembrado?